Baseado num livro autobiográfico, tornou-se o 2º filme francês mais visto de todos os tempos (atrás apenas de A Riviera Não É Aqui). A comédia dramática conta a história de Philippe, um milionário tetraplégico de meia-idade que contrata Driss, um jovem inexperiente para ser seu auxiliar de enfermagem. Philippe é reservado, apreciador de arte e tem dificuldade de se relacionar com mulheres. Driss é expansivo, inculto, mulherengo - e dessa diferença de personalidades nascerá uma amizade improvável.
Driss representa o mito da figura mágica que surge pra transformar nossas vidas, trazendo diversão, aventura, nos ajudando a resolver nossos problemas. Essencialmente, o filme está próximo a fantasias como Mary Poppins ou E.T. (alguns de meus favoritos) só que num contexto realista. É interessante notar que essas figuras frequentemente estão associadas ao poder da cura, à música alegre e ao voo (aqui, a cura vem da maconha, o som é do Earth, Wind and Fire e o voo é de paraglider, mas mesmo assim existe o padrão). Driss também aprende coisas com Philippe, como a conviver na alta sociedade e a desenvolver sua sensibilidade artística.
A única razão de eu não amar o filme da mesma forma que amo outras histórias desse tipo é o fato dos personagens serem comuns e não apresentarem grandes valores de caráter (enquanto as figuras "mágicas" de Hollywood costumam estar ligadas a grande sabedoria e integridade, as virtudes de Driss parecem vir simplesmente do fato dele ser espontâneo e comum). De qualquer forma, é uma história simples, universal e o filme é bem feito em todos os níveis. Não é difícil de entender o seu sucesso.
Intouchables (FRA / 2011 / 112 min / Olivier Nackache, Eric Toledano)
INDICAÇÃO: Quem gostou de Um Sonho de Liberdade, O Discurso do Rei, Melhor É Impossível, etc.
NOTA: 8.0
Achei muito interessante a seguinte observação: "É interessante notar que essas figuras frequentemente estão associadas ao poder da cura, à música alegre e ao voo (aqui, a cura vem da maconha, o som é do Earth, Wind and Fire e o voo é de paraglider, mas mesmo assim existe o padrão)".
ResponderExcluirPoderia discorrer mais sobre isso? de onde veio esta teoria? de onde vc viu/leu esse padrão? poderia indicar algum material onde esse padrão possa ser percebido?
Caramba, que observação! vou ficar mais atento a estes elementos nas histórias. Nunca vi esse tipo de coisa em outras críticas.
ResponderExcluirRepostei o comentário pois tinha uns errinhos, hehe.. vc foi mais rápido ao responder.
ResponderExcluirValeu, que bom que curtiu!
Isso é uma observação minha, não tirei de lugar nenhum.. é que são elementos presentes em muitos filmes que gosto, que fazem parte da narrativa nº 1 (da postagem As 5 Histórias Idealistas). O filme é geralmente sobre alguém com algum problema, e daí uma figura externa chega pra trazer as soluções e proporcionar experiências ligadas a "escapismo" e "benevolência" principalmente (diversão, um senso de esperança). A cura, o vôo e a música são apenas algumas maneiras de fazer isso.. Não que seja uma regra nem nada, nem todos os filmes reúnem os 3 elementos, mas muitos sugerem.
ResponderExcluirPegando exemplos de filmes que sempre comento aqui.. Pegue E.T.: este literalmente tem o poder da cura, e literalmente pode voar.. ele não chega a trazer música na história, mas a trilha sonora (o tema principal) é totalmente ligado ao E.T. e ao vôo (os personagens não ouvem a trilha no filme, mas a plateia vincula a música ao personagem.. e no fim é isso que importa hehe - é a plateia que o personagem veio "curar" no fim). Em Mary Poppins, você também tem a figura externa chegando, trazendo música, vôo obviamente.. nesse acho que não tem uma cura tão explícita na história, no máximo a canção "just a spoonful of sugar helps the medicine go down", rs, preciso rever pra lembrar. Em Titanic, a cena na proa do navio é Jack fazendo Rose "voar", como em E.T... ela literalmente diz "I'm flying!". De certa forma Jack traz cura também, mas não uma cura física, e sim emocional.. lembrando que Rose está prestes a se suicidar quando ele aparece. Até no brasileiro Hoje Eu Quero Voltar Sozinho que seria uma versão mais naturalista disso, o protagonista é cego e se apaixona por um outro garoto que não é cego.. e que de certa forma passa a ser seus "olhos" a partir daí: uma versão mais realista de cura. Ele também traz música (tenta ensinar o protagonista a dançar numa cena), e o filme termina numa grande cena de "vôo" numa bicicleta.. claro que não literal.. mas o equivalente à cena de Titanic. A Noviça Rebelde traz música para uma família onde música era explicitamente proibida.. ela cura feridas emocionais de vários personagens.. a filha mais velha quando é rejeitada pelo namorado.. os traumas do Capitão ligados à morte da esposa.. São exemplos mais sutis.. Ela não voa, mas há sempre esse tema de "escalar as montanhas", subir as colinas, se aproximar do céu, do "divino".. a cena final é ela escapando com todos no alto de uma montanha. Esse tipo de história parece convidar esses elementos e associações. Abs!