sábado, 29 de junho de 2013

O Homem de Aço

Em vez de uma sequência pra Superman - O Retorno (que não fui muito bem recebido pelo público) resolveram fazer um "reboot" da série, agora com Henry Cavill no papel principal e Amy Adams como Lois Lane. O diretor é Zack Snyder (de 300 e Watchmen) e a produção é de Christopher Nolan (dos últimos Batman - o que explica o tom sério e nada divertido). Acontece aqui exatamente o que aconteceu com o Hulk de Ang Lee, que foi detonado pelo público, e acabou sendo "refeito" de uma forma ainda pior.

Achei a produção de mau gosto e uma das experiências mais desagradáveis do ano. São vários problemas então fica difícil isolar 1 ou 2 elementos e dizer como teria sido melhor - vão desde questões superficiais (a direção de arte e os figurinos horríveis dos vilões) até coisas mais graves como a maneira caótica e sem foco em que a história é contada. Há uma falta generalizada de inteligência também que pode ser observada em todas as partes; nos diálogos pobres ou mesmo na maneira em que é imaginada a tecnologia dos kryptonianos. Vou listar abaixo alguns dos meus problemas com o filme, mas aviso que isso é apenas o começo:


- a aparência feia e medieval do planeta Krypton, com pessoas voando nas costas de dragões (nada que se pareça com a sociedade avançada de onde um super-homem viria).
- a falta de estrutura e de ritmo do roteiro; os saltos de tempo na narrativa (a história começa com Superman nascendo, como se fosse contar a história completa dele, mas logo depois corta pra ele adulto na Terra, já no meio de uma cena de ação, sem explicar o que houve nesse intervalo; e o filme continua indo e vindo sem nenhum padrão ou coerência emocional). 
- o fato de Superman ser "super" apenas fisicamente - em espírito ele não parece grande coisa; demonstra ser fraco, se rebela contra seus dons quando jovem, se deixa provocar por valentões no colégio, tem desejos comuns de vingança, vai à igreja ouvir conselhos do padre local, etc. E não tem grandes propósitos na vida, até que aparece o pai e diz que ele tem que ser a salvação da Terra - daí ele veste a fantasia e aceita o cargo obedientemente. 
- o primeiro encontro entre Superman e Lois Lane - uma cena desagradável onde ele cauteriza uma ferida na barriga dela enquanto ela urra de dor.
- a falta de clareza visual; a câmera constantemente tremendo e os excessos de edição que tornam as cenas de ação caóticas e impossíveis de acompanhar.
- as lutas intermináveis no final do filme que não têm drama pois não sabemos se Superman ou o vilão sequer podem ser mortos (não há kryptonita no filme - eles saem lutando pela cidade derrubando dezenas de edifícios, mas há menos suspense do que numa briga de bar de um filme qualquer, pois pra nós eles são indestrutíveis). SPOILER: depois de tudo, o fato do vilão ser morto com uma torcida de pescoço só pode ser uma piada de mau gosto em cima da plateia
- o fato de Lois Lane saber que Clark Kent é o Superman, o que tira boa parte da graça da história, que vinha dele ter uma identidade secreta.

Achei o filme uma agressão à mente, aos sentidos, uma verdadeira aula de como não contar uma história. Ele supostamente quer inspirar valores positivos, enaltecer o homem, mas o faz de maneira tão descuidada que fica difícil de acreditar que havia essa intenção na mente dos produtores. 

Man of Steel (EUA, Canadá, Reino Unido / 2013 / 143 min / Zack Snyder)

INDICAÇÃO: Pra quem gostou de O Incrível Hulk, Transformers: O Lado Oculto da Lua, X-Men Origens: Wolverine, G.I. Joe - A Origem de Cobra.

NOTA: 3.0

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