sábado, 2 de maio de 2015

Entre Abelhas


NOTAS DA SESSÃO:

- Fábio Porchat é carismático e tem ótima química com todos os outros atores (em especial com a mãe feita pela Irene Ravache).

- Produção bem feita, bem dirigida, com bons atores e uma premissa intrigante. O filme começa bem, acima do padrão nacional. 

- Depois de uma meia hora, a história das pessoas sumindo começa a ficar um pouco repetitiva. A plateia já entendeu a sacada. E não há uma grande intriga, de forma que a gente queira "entender" o que está acontecendo, como se houvesse uma explicação lógica. Por exemplo: o mapa que ele está fazendo no quarto pouco interessa pra plateia - não temos a impressão de que há um padrão inteligente por trás do sumiço das pessoas. Fica claro que o filme está apenas usando esse artifício pra expressar a solidão do protagonista. O problema é que a alma da história, que deveria ser a relação dele com a ex-mulher, não está no filme. A personagem dela é distante, não sabemos nada sobre os dois. O filme acaba se tornando mais sobre o artifício das pessoas sumindo. Algo mais adequado pra um curta-metragem talvez, mas que não sustenta um longa até o final. 

- Os diálogos são divertidíssimos! 

- Algumas coisas são meio forçadas: depois que ele já percebeu que não está vendo as pessoas, não faz sentido ele continuar por tanto tempo trabalhando como editor, dirigindo carros, etc.

- SPOILER: Gosto quando o filme usa o artifício pro humor, mas quando a cegueira dele começa a trazer consequências trágicas (o atropelamento, a morte da mãe) o filme adquire uma pretensão que não combina com o tom não-sério da premissa. Não há conteúdo aqui pra entrar em grandes questões existenciais. 

- Por que no fim os carros somem também? Não eram só as pessoas que ficavam invisíveis? Ele não pode ser atropelado então?

- SPOILER: Final muito ruim. Parece que o diretor quis deixar o final em aberto pra soar inteligente e esconder o fato de que a premissa era simples no fundo, sem grande conteúdo intelectual. Ele vai atrás da prostituta só porque ela é a última pessoa visível? Ou o filme está sugerindo que eles podem formar um casal? Quer dizer que após um término, a única coisa que faz a vida melhorar é entrar num outro relacionamento? Mesmo que seja com a primeira pessoa que aparece pela frente? Se for isso, a mensagem é horrível. E se não for, não sobra nenhum outro sentido claro. De todas as formas, é um final insatisfatório. 

CONCLUSÃO: Vale pelo elenco, pelos diálogos divertidos, mas a história não é muito bem desenvolvida e frustra no final.

(Entre Abelhas / Brasil / 2015 / Ian SBF)

FILMES PARECIDOS: A Vida Secreta de Walter Mitty / Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças

NOTA: 6.5

14 comentários:

  1. poxa, o legal do filme é exatamente a o desenrolar da estória que dá todos os indícios para entendermos o final do filme. Achei muito bom esse filme, exatamente por não desafiar a inteligência de quem assiste.
    As vezes a gente está tão focado em certas coisas, no caso do filme o protagonista só pensa na ex, que se fecha para outras oportunidades maravilhosas que surgem em nossas vidas. Quando chega esse momento, a gente tem que parar de ver as coisas pra enxergar o que realmente importa, no caso do filme, uma prostituta que se encantou pelo protagonista desde o primeiro momento, afinal não devemos julgar um livro pela capa.
    E tem um outro ponto do filme que também é bem interessante, que é o egoismo do protagonista, isso é refletido nas diversas cenas que aparece ele em reflexos, o egoismo faz com que ele consiga apenas ver a ele mesmo e os problemas dele, tipo, foda-se os problemas do amigo, da mãe, da esposa, ao notar isso é fácil compreender o porque a esposa se separou.

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  2. Procurei no seu blog as criticas de Uma noite no museu 3, por causa das dos primeiros que eu concordo contigo, do sétimo filho e do mortdecai a arte da trapaça e não achei. Vc chegou a fazer? Cola o link do post?

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  3. Oi Rebeca...! o protagonista não demonstrou nenhum interesse na prostituta ao longo do filme.. foi atrás dela no final só porque era a última pessoa visível. Pra dar a ideia de que os dois poderiam ter um relacionamento no futuro, o filme tinha que ter desenvolvido minimamente essa história.. mostrado que os dois tinham coisas em comum.. que o Fabio Porchat estava gostando dela apesar dela ser prostituta.. que ela era uma pessoa decente apesar da profissão.. mas não há nada disso. Essa mensagem (de que o protagonista se fechou pra oportunidades "maravilhosas" por conta da ex) não está no filme. Também não está no filme a história dele ser "egoísta" e isso ter sido o motivo da separação..

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  4. Puts, não vi Uma Noite no Museu 3, O Sétimo Filho, nem Mortdecai! Me pareceram 3 filmes que eu não iria gostar.. Algum vale a pena na sua opinião? Abs.

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  5. Eu cê não responde né? Num comento mais tb

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  6. Ah, tá respondeu. Te perdoô. Eu só vi o museu 3 e odiei, queria ver a sua opinião . Porque eu concordo muito com a sua crítica dos dois anteriores. Quanto aos outros dois filmes, eu queria saber o que pensava você mesmo. Porque eu gosto muito de ler as anotações suas.

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  7. Acredito que na cabeça do diretor o foco era o simples.
    O filme não precisou de grandes sacadas ou artifícios tecnológicos para se mostrar inteligente.
    A intenção era nos fazer refletir.... Você refletiu?

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  8. Anônimo: ando um pouquiiinho mais seletivo ultimamente, então às vezes fico com preguiça de ver certos lançamentos quando há opções melhores.. mas enfim.. se eventualmente assistir algum desses eu comento aqui!! :)

    Fernanda: olha, o filme não me fez refletir não.. achei criativa a maneira de retratar a solidão dele, mas pra mim parou aí a inteligência do filme.. não vi grandes reflexões a respeito de relacionamentos, etc. O filme "Ela" por exemplo foi um que tb teve uma sacada inteligente, uma maneira diferente de falar de amor, mas ao mesmo tempo me fez refletir, pois desenvolve bem o tema, tem maturidade psicológica, etc. Acho que o maior mérito de Entre Abelhas é o humor, os atores ótimos.. não o conteúdo dramático.

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  9. Qual é a logica do filme

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  10. A lógica do filme é ocupar as salas dos cinemas que poderiam estar exibindo filmes estrangeiros e deixar o ingresso para tais bem mais caro.

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  11. Heheh.. a lógica é que o cara se sentiu alienado depois que terminou com a namorada.. e o cineasta resolveu retratar isso de uma maneira literal..

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  12. Não é querer criticar o filme, afinal, não achei tão mal assim. Entretanto o anônimo tem razão. Não sei nas outras regiões do Brasil, mas aqui no RJ, SEMANA PASSADA, o ingresso para este filme e outros nacionais estavam R$ 16,00 inteira num domingo.
    No entanto, para assistir aos filmes estrangeiros (vingadores, Cinderela, Velozes, Atirador) estavam absurdos R$ 32,00 em 2D (a meia é o valor da inteira dos filmes nacionais!!!) e R$ 48,00 em 3D!!!

    O mais engraçado é que naturalmente as salas para os filmes de fora tinham um público considerável (antes que alguém fique de mimimi "ai como é que você sabe", faz fila na frente da sala antes de abrir, daí tenho uma noção). E para os nacionais o oposto.

    A principio me pareceu uma estratégia de ganho desleal por parte do complexo exibidor. Mas daí eu percebi que era para atrair o público para os filmes nacionais por ser metade do valor. Pois o valor do real vem decaindo e a inflação do país tende a fazer o produto importado supervalorizar.

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  13. Achei uma forma muito simples de tratar a depressão. Não são as pessoas que sumiram, ele que se fechou e cada vez se fechou mais ao ponto de perder tudo aquilo que era realmente importante. Mesmo tendo pessoas que se importavam com ele, a Prostituta foi a única mulher além da mãe, com quem ele teve relação no filme e consequentemente foi a unica que sobrou após o abandono da esposa. Mesmo sem a aproximação deles durante o filme, ela passou a ser a única pessoa no qual ele pudesse tentar começar um novo relacionamento.

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  14. Mas ele não demonstrou grande interesse na prostituta ao longo do filme.. Acho que, no caso de uma depressão, apenas algo sério, que realmente motivasse o protagonista, seria capaz de tirá-lo do buraco..

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