quarta-feira, 17 de junho de 2015

Divertida Mente

ANOTAÇÕES:

- Conceito muito divertido. Lembra o curta Reason and Emotion e um pouco o segmento dos espermatozoides de Tudo o Que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo E Tinha Medo de Perguntar, mas ainda assim é uma ideia bastante diferente. Os diálogos iniciais entre as emoções são ótimos.

- Não dá pra se envolver com o drama da menina Riley, afinal ela não parece uma pré-adolescente, e sim uma marionete controlada pelas emoções em sua mente. Também não dá pra se identificar muito com os personagens das emoções, afinal elas são caricaturas, não têm vida própria, não podem ser destruídas, etc.

- A ideia funcionaria mais pra um curta ou pra um sketch do que pra um longa. Mas como é de se esperar da Disney/Pixar, toda a parte visual é incrível, a direção também, o tema musical principal é muito bonito, etc.

- SPOILER: O filme é cheio de sacadas divertidas: a ideia da Alegria e da Tristeza saírem da sala de comando quando a Riley fica deprimida (mostrando que ela está emocionalmente "anestesiada"); a cena em que a Nojinho tenta se passar pela Alegria e não dá certo; a música do comercial de chiclete que não sai da cabeça; as memórias das aulas de piano que vão sendo excluídas, etc. O problema é que filme parece mais uma coleção de sacadas do que de fato uma boa história. O roteirista fica fazendo "malabarismo conceitual", mas os personagens e a história não são reais o bastante pra gente se importar.

- Não dá pra se envolver com a viagem da Alegria e da Tristeza como se fosse um road movie, uma jornada física, real, afinal sabemos que essas emoções não podem sumir pra sempre, e não podem ficar tanto tempo assim fora da sala de controle. Como ação não funciona. O que prende são as inúmeras observações psicológicas que vão sendo jogadas ao longo da narrativa.

- Será que mudar de cidade é uma experiência tão traumática assim, a ponto de destruir todas as "ilhas" da Riley? Acho que ela poderia estar passando por algo realmente grave, algo que desse à história um senso maior de importância.

- O filme é criativo, esperto, mas não é exatamente profundo em suas ideias. Ele não nos diz nada de realista e útil a respeito da mente. Não diz o que leva uma pessoa a ficar triste, o que podemos fazer pra ficarmos alegres, etc. Sugere apenas que somos controlados por nossas emoções, o que é uma mensagem ruim. E onde está o personagem da Razão? O do Livre Arbítrio? O curta Reason and Emotion do Walt Disney tem uma visão bem mais sensata e positiva de como funciona a mente.

- SPOILER: Outra mensagem negativa é a de que a Tristeza não deve ser superada - que ela deve ter uma participação constante em nossas vidas para que a Alegria seja possível. Isso seria como dizer que a doença deveria participar tanto das nossas vidas quanto a saúde. Claro que doença faz parte da vida, assim como a tristeza, mas isso não quer dizer que o natural seja carregá-las conosco diariamente, que "equilíbrio" signifique ter um pouco das duas coisas em todas as nossas experiências.

CONCLUSÃO: Criativo e bem feito tecnicamente, mas o conceito teria sido mais apropriado pra um curta do que pra um longa. 

(Inside Out / EUA / 2015 / Pete Docter, Ronaldo Del Carmen)

FILMES PARECIDOS: Universidade Monstros / Toy Story 3 / WALL-E / Ratatouille

NOTA: 7.5

4 comentários:

  1. Pedro disse...
    Talvez a idéia original desse filme tenha vindo do desenho “Reason and Emotion”, uma animação da Disney de 1943, produzida para propaganda de guerra. Só que ali havia o personagem da Razão, e as emoções eram todas concentradas num personagem só, cujas reações emocionais variavam conforme a situação.
    www.youtube.com/watch?v=nvp3zAPraF4

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  2. Demais Pedro, obrigado pela dica!!! Acrescentei o link na crítica.. Acho que o Walt Disney foi brilhante nesse curta.. Isso sim é uma mensagem inteligente e saudável... Abs!

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  3. Pedro disse...
    Não tem de quê. Lembrava desse desenho porque ele passou no programa Disneylândia, que era exibido na Globo no meu tempo de infância.

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