NOTAS DA SESSÃO:
- A fotografia é brilhante (em conjunto com o design de produção e toda a parte visual).
- Muito bem dirigida a sequência inicial sem diálogos.
- O protagonista e a trama são bem apresentados e moderadamente interessantes.
- Não gosto do relativismo da história! Tom Hanks dá muito crédito moral pro espião russo pelo fato dele estar fazendo o seu trabalho corretamente... É como se não houvesse diferença entre pessoas que trabalham pela liberdade e pessoas que trabalham pela tirania, desde que elas sejam "íntegras".
- Como nós não temos nenhuma dúvida de que o cara é um espião, fica difícil simpatizar totalmente pela causa do Tom Hanks. Imagine se, em 12 Homens e Uma Sentença, nós soubéssemos o tempo todo que o garoto acusado fosse um assassino. Mesmo não havendo provas, não seria tão interessante ver o Henry Fonda lutando para salvá-lo.
- Hanks é um advogado disciplinado, meio "cdf", que faz seu trabalho "direitinho", mas não chega a ser um personagem inesquecível, admirável, etc.
- Apesar dos princípios duvidosos do protagonista, essa primeira parte do filme prende a atenção pois levanta questões morais interessantes. Quando o filme abandona esse tema e parte pra Alemanha, a história se torna mais fraca. O filme criou a expectativa de que Hanks iria defender os direitos do espião até as últimas consequências, que as coisas ficariam cada vez mais difíceis. Ficamos curioso pra saber qual seria o posicionamento dele, mas depois essa história é deixada de lado, é resolvida sem um clímax, e o filme fica menos dramático, mais burocrático, focando na negociação entre EUA, Alemanha e Rússia. Não há mais uma grande expectativa em relação ao que vai acontecer com o protagonista. Não há um vilão interessante, argumentos fortes contrariando o que Hanks está fazendo, então há pouco apelo emocional. O grande prazer do filme é estético, afinal Spielberg sabe realizar um filme como ninguém. Mas a história não é das mais fortes.
- Spielberg devia parar de se associar com pessoas que não têm nada a ver com a sensibilidade dele (os irmãos Coen escreveram o roteiro) e também devia evitar temas mais intelectuais que não é onde ele brilha mais. Ele é muito melhor com ação, suspense, aventura, escapismo, emoções fortes, etc.
CONCLUSÃO: Um prazer puramente estético pra quem gosta de ver um filme bem realizado, mas a história não é das mais estimulantes emocionalmente/intelectualmente. Spielberg praticando "minimalismo emocional".
(Bridge of Spies / EUA / 2015 / Steven Spielberg)
FILMES PARECIDOS: O Jogo da Imitação / Argo / Munique
NOTA: 8.0
O que significa minimalismo emocional? Nunca ouvi antes.
ResponderExcluirNão é um termo, inventei agora só pra descrever o filme.. o Spielberg sempre gostou de criar emoções intensas.. e aqui ele parece estar se "segurando" de propósito..
ResponderExcluirEm alguns filmes do Spielberg o emocionalismo acaba sendo meio irritante, como em "O Terminal", que em alguns momentos descamba abertamente para a chantagem emocional,querendo obrigar todo mundo a chorar pelo personagem de Tom Hanks. Talvez seja bom que Spielberg se contenha um pouco.
ResponderExcluirÉ preciso diferenciar "emoções intensas" de "pieguice"... Acho que E.T., A Lista de Schindler, A Cor Púrpura, Contatos Imediatos, são todos filmes com emoções intensas... mas não soam piegas ou tolos como O Terminal... Então a questão não é a presença ou a ausência de emoções... E sim se o filme é bom ou não / se funciona ou não... No caso do Spielberg eu sou quase sempre a favor de emoções - desde que por baixo delas haja um bom conteúdo, inteligência, maturidade, etc. Mas claro, nem ele acerta sempre.
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