sábado, 3 de dezembro de 2016

Elis

Achei melhor não postar minhas anotações pois na primeira hora de filme eu fiquei basicamente reclamando da atriz, que estava achando forçada, antipática, sorrindo de forma inautêntica pra lembrar a Elis Regina - mas que até o final do filme conseguiu virar o jogo e me conquistar. Andréia Horta tem uma personalidade forte dessas que leva um tempo até a gente se acostumar (é a cara da Anitta), e além disso a personagem da Elis vai se tornando mais humana ao longo da narrativa, menos caricata como na primeira parte, ajudando nessa questão da empatia. É uma performance memorável. Visualmente e em termos de produção é um dos filmes brasileiros mais redondos e bonitos que vi nos últimos tempos (fotografia extremamente elegante, ótimo figurino, cenografia, etc), não perdendo em nada pras produções de fora.

Pra mim o grande problema do filme é o roteiro, que segue a estrutura clichê da maioria das cinebiografias. E o problema não é nem o fato de ser um clichê, e sim o fato de ser uma estrutura previsível, tediosa, sem imaginação. Começamos com ela jovem, determinada, antes da fama, acompanhamos sua escalada ao sucesso, ouvimos seus maiores hits, vemos seus dramas pessoais, sua decadência, e o filme termina em morte. É uma abordagem jornalística, não cinematográfica. Quando o filme termina, até o espectador mais casual se pergunta: E daí? Qual o sentido da história? Que mensagem levamos pra casa? Nenhuma. Fica uma sensação de vazio. O filme é apenas um belo registro da vida de Elis e uma forma de apresentá-la pras novas gerações. Nesse ponto, ele é bem sucedido (eu não gosto de MPB mas saí com uma impressão melhor da artista do que entrei; no filme do Tim Maia, por outro lado, eu saí com uma impressão pior do artista, sendo que gostava da música dele).

Elis / Brasil / 2016 / Hugo Prata

FILMES PARECIDOS: Tim Maia (2014) / Gonzaga - De Pai pra Filho (2012) / Cazuza - O Tempo Não Pára (2004)

NOTA: 6.5

Nenhum comentário:

Postar um comentário