domingo, 25 de junho de 2017

Ao Cair da Noite

NOTAS DA SESSÃO:

- Fortíssima a sequência inicial (eles tendo que sacrificar o pai da Sarah). Pra quem ainda não sabe sobre o que é a história (como eu), é um início intrigante que levanta uma série de perguntas e gera curiosidade.

- Tudo no filme soa bastante autêntico, autoral, a direção soa "simples" e (talvez por isso) diferente da maioria dos filmes atuais. A fotografia é ótima - os planos mais abertos, sem muitos cortes - há uma qualidade orgânica na imagem que dá a impressão que o filme foi rodado em 35mm (o que eu duvido), e que acaba remetendo a produções dos anos 70/80 (a locação na floresta ajuda também).

- O protagonista (Joe Edgerton) não é um personagem muito gostável - a atitude dele em relação ao invasor (Will) é excessivamente violenta, e mesmo a relação dele com a própria família é meio dura e desagradável.

- Depois que as 2 famílias se juntam na casa e começam a conviver, a história dá uma estacionada. Falta uma ameaça mais específica, algo pro espectador temer, pros personagens buscarem. Dá a impressão que nem monstro vai ter no filme. Que vai ser apenas um filme sobre pessoas confinadas numa casa (tipo Rua Cloverfield, 10). O problema é que nenhum dos personagens é muito gostável e não há nada de divertido pra aguardar na história. O filme é totalmente focado em relações conflituosas. Um grupo não confia no outro, todos são ameaças em potencial, o filme insiste o tempo todo em criar situações desagradáveis entre os personagens: o filho adolescente sendo inconveniente ao dar em cima da mulher do Will, ou então quando ele corre pra floresta atrás do cachorro e leva uma dura do pai, ou quando os 2 homens vão tomar um drink (e quase surge um clima de amizade), mas tudo é arruinado com a mentira que o Will conta a respeito do "irmão", ou a porta vermelha que aparece aberta e cria um clima de medo e desconfiança entre todos. Ninguém vivencia nada de positivo na história do começo ao fim. É só um retrato de gente paranóica, obcecada por segurança, vivendo numa situação horrível pra não serem infectadas por algo que nem sabemos o que é.

- Se formos pensar, a premissa não é muito realista e parece ter sido criada só pelos problemas que iria causar (juntar as 2 famílias na mesma casa, etc). No começo do filme, o Will invadiu a casa pois achou que ela estava vazia. Mas o cachorro latiu dentro da casa enquanto ele tentava arrombar a porta. Como ele achou que ela estava vazia? Por que ele invadiu a casa então se sabia que tinha gente dentro e estava correndo perigo?

- SPOILER: Quando eles começam desconfiar que o filho pequeno do Will pode estar infectado, eles deviam simplesmente expulsar a família da casa, e assim ficaria tudo bem. Mas não: eles decidem permanecer juntos, e claro que não dá certo. O final todo é apenas uma desculpa pra mostrar violência. Não faz nenhum sentido toda essa matança, é um conflito forçado que só serve pra expressar o senso de vida negativo do cineasta - como se tragédia e brutalidade em si fossem sinal de sofisticação, maturidade artística.

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CONCLUSÃO: Bem dirigido, autêntico, bonito visualmente, mas a história é pouco divertida e excessivamente focada no negativo.

It Comes at Night / EUA / 2017 / Trey Edward Shults

FILMES PARECIDOS: O Homem nas Trevas (2016) / Rua Cloverfield, 10 (2016) / A Bruxa (2015) / Ex_Machina: Instinto Artificial (2014)

NOTA: 5.5

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