quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Malasartes e o Duelo com a Morte

NOTAS DA SESSÃO:

- São sempre um pouco frustrantes esses filmes brasileiros que tentam imitar superproduções hollywoodianas. Sempre deixam a desejar em termos técnicos: os efeitos especiais nunca são tão bons quanto os americanos, as locações nunca são tão espetaculares, a direção de arte nunca é tão rica, etc. Ainda assim é uma tentativa nobre de se fazer cinema de entretenimento no Brasil (que não sejam comédias trash da Globo, etc). Pros padrões nacionais o filme se destaca.

- O elenco é ótimo. Jesuíta Barbosa está excelente, Ísis Valverde e Milhem Cortaz funcionam muito bem. Não sou muito fã do Malasartes por ser um personagem caricato, difícil de se identificar, e também pela atitude cínica do filme de celebrar a malandragem brasileira, achar divertido o personagem trapacear, enganar a namorada, etc. Mas a performance de Jesuíta consegue tornar o personagem razoavelmente gostável.

- A história é bem contada, embora o determinismo estrague um pouco do envolvimento ao longo do filme: Malasartes e todos os personagens são apenas marionetes do destino - estão sendo controlados por deuses numa outra dimensão, dependendo de milagres, coincidências, e não das próprias escolhas e ações.

- O lado fantasia do filme é um pouco arbitrário e desconectado da realidade... Toda essa ideia das velas amarradas em fios que sobem e descem e ajudam no transporte das pessoas, a ideia de amarrar as 2 velas e isso provocar alteração nas personalidades dos humanos, etc. É o tipo de "excesso de fantasia" que costuma me incomodar por não dizer nada a respeito de valores humanos, questões que vivemos no dia a dia, etc. É apenas um joguinho de ideias. E além disso as regras são mal estabelecidas... Não sabemos o que pode ou não pode acontecer no mundo de lá... A Morte pode matar algum personagem, mas depois a Vera Holtz pode ir lá e trazer a pessoa de volta sem muita explicação... Tudo pode acontecer, então ficamos apenas assistindo o destino dos personagens serem decididos por forças do além.

- Embora não dê pra torcer muito pelo romance (Malasartes não parece de fato apaixonado pela garota e nunca será um bom marido) no final o filme fica mais envolvente, pois queremos saber se ele e Áurea ficarão juntos (e vivos), como será resolvido o conflito com o irmão, como enganarão a Morte depois que os poderes acabarem, etc.

- SPOILER: Como as regras tinham sido mal estabelecidas, acaba não sendo tão satisfatória a maneira como Malasartes derrota a Morte. Como tudo pode acontecer, não chega a ser uma grande surpresa o que ele faz com as velas.

- SPOILER: No fim Malasartes se redime um pouco ao assumir a relação com a Áurea - e como ele consegue mudar o próprio destino, a ideia de determinismo que o filme estava transmitindo fica mais leve. Ainda assim, não dá pra dizer que é um filme com valores muito positivos. A mensagem aqui é a de que a vida é uma grande fuga da morte, e que pra termos sucesso temos que ser malandros.

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CONCLUSÃO: Honesto, bem realizado, mas ainda não é o filme que achou a linguagem do "blockbuster nacional".

Malasartes e o Duelo com a Morte / Brasil / 2017 / Paulo Morelli

FILMES PARECIDOS: O Homem do Futuro (2011) / Romance (2008) / O Auto da Compadecida (2000)

NOTA: 6.0

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