NOTAS DA SESSÃO:
- Assim como na parte 2, os efeitos especiais estão entre os melhores já vistos no cinema. Visualmente o filme todo é muito bem cuidado - as locações, a direção de arte, a fotografia, etc. A trilha sonora também é ótima - tem temas musicais identificáveis, bem desenvolvidos, etc.
- Continuo não achando o Caesar um protagonista muito gostável, porém aqui ele parece mais "do bem", menos ambíguo moralmente do que nos outros filmes. Ele quer paz com os humanos, só quer ser deixado livre na floresta, e são os humanos (em particular o Woody Harrelson) que forçam ele a entrar em guerra. O filme parece mais sobre uma vingança pessoal, e não um conflito político do tipo "nós vs. eles". Além disso, vemos um lado mais sensível de Caesar nesse filme (por ele perder alguns membros da família) que ajuda a criar mais empatia pelo personagem.
- É ótima a presença da garotinha loira entre os macacos, reforçando a ideia de que eles não são "racistas". Há uns momentos bonitos entre ela e os macacos que dão um clima mais benevolente pra essa história, que parece menos focada em ódio e conflito que os outros filmes.
- Não dá pra entender direito por que o Woody Harrelson não mata o Caesar quando ele é capturado (sendo que antes ele tinha se deslocado até o acampamento dos macacos apenas pra matar o Caesar). Tinha que ter uma motivação melhor pra ele correr o risco de mantê-lo vivo.
- Engraçada a crítica que o filme faz ao Trump, ao muro, ao medo de estrangeiros, ao patriotismo distorcido da extrema direita, etc (se não foi intencional, é uma coincidência bem curiosa). Embora não fique claro pra que o Woody Harrelson precisa construir esse muro (o muro do Trump também não faz muito sentido, mas não é por isso que o roteirista precisa deixar a história mal explicada).
- Há uma conversa interessantíssima entre o Caesar e o Woody Harrelson mais pro final. Em vez de um vilão caricato, com motivações totalmente insanas, o filme consegue mostrar de maneira bem convincente os 2 lados do conflito. Os macacos estão simplesmente lutando em auto-defesa... Mas os humanos também têm uma motivação válida pra atacar os macacos, pois eles têm um vírus que pode (ou não) acabar com toda a raça humana. E esse é o "x" da questão. Se fosse certeza que a medicina não poderia resolver o problema do vírus, daí o Woody Harrelson teria toda a razão em querer exterminar os macacos. Ele deixaria de ser um vilão na história, e os 2 lados seriam moralmente equivalentes. Como essa questão do vírus não é muito bem esclarecida, a gente dá um crédito pros macacos e continua achando que o Woody Harrelson é o vilão (até por seu comportamento detestável). Mas já não é um conflito tão simples de bem vs. mal.
- Legal que a garotinha loira leva água e comida pro Caesar quando ele está preso. Ela não é um elemento irrelevante pra trama. Isso mostra uma preocupação do roteiro em integrar bem os elementos da história, não ter peças sobressalentes, etc.
- SPOILER: A fuga dos macacos não é das mais memoráveis ou inteligentes. O fato de já ter um túnel cavado embaixo da prisão torna tudo muito fácil (ou tanques com líquidos inflamáveis estrategicamente posicionados, etc). Além disso, é meio forçado o guarda entrar sozinho dentro da "jaula"... Óbvio que os macacos iriam atacá-lo e pegar as chaves. Onde estão os outros guardas?
- Outro detalhe que torna o Caesar mais gostável nesse filme é no final, quando ele admite que é como o Koba - que é motivado por ódio, vingança (e não se orgulha disso). Nos outros filmes eu não gostava muito dele justamente por esse motivo. Parecia extremamente rancoroso o tempo todo. Aqui, como ele admite que isso é um defeito, ele acaba parecendo mais decente.
- SPOILER: Meio perturbadora a morte do Woody Harrelson. Não só pelo suicídio, mas também porque fica a ideia de que ele estava certo o tempo todo. Que o vírus dos macacos de fato é uma ameaça à raça humana e eles precisam ser exterminados.
- SPOILER: O final não é dos mais satisfatórios. Primeiro tem aquela avalanche que é um "deus ex machina" um pouco preguiçoso. Depois tem a maneira improvável de como o Caesar morre. Ele foi ferido pela flecha há horas... Depois disso ainda sobreviveu a explosões, avalanches, caminhou durante dias... Por que ele vai morrer só depois de um tempão quando estão todos a salvo? É só pra dar aquela ideia do mártir que se sacrificou em nome do bem comum e precisa morrer no fim. Sem falar que o conflito entre humanos vs. macacos fica meio "no ar", sem conclusão.
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CONCLUSÃO: Nada de muito memorável ou inspirado, mas é um filme feito com muito mais habilidade, capricho e respeito pela plateia do que a maioria dos blockbusters hoje em dia.
War for the Planet of the Apes / EUA, Canadá, Nova Zelândia / 2017 / Matt Reeves
FILMES PARECIDOS: Star Trek: Sem Fronteiras (2016) / Planeta dos Macacos: O Confronto (2014) / Guerra Mundial Z (2013) / Oblivion (2013)
NOTA: 7.3
Olá,
ResponderExcluiresse filme foi realizado em 3D ou convertido?
Obrigada
Oi Claudia, li que foi convertido pra 3D só na pós.. ele foi rodado em película, com câmeras 65mm.. abs!
ResponderExcluirOlá,
ResponderExcluirUma pena. Então não deve ser bom em 3D.
Obrigada.
Eu vi em 3D e achei bem bonito.. mas tb não faço muita questão do 3D.. ainda mais quando é conversão..
ResponderExcluirVerdade,
ResponderExcluirè que assisti A Bela e a Fera em 3D e achei realmente muito ruim.
O pessoal envolvido no visual dos Planeta do Macacos são dos mais competentes.. é tudo muito "state of the art".. claro que filmar em 3D sempre é melhor.. mas entre os filmes convertidos.. esse deve estar entre os mais bem feitos, acho eu.. abs!
ResponderExcluirGostei de seu texto! Amei Woody Harrelson em "Planeta dos Macacos: A Guerra" É um ator lindo, carismático e talentoso. The Edge of Seventeen é um dos seus filmes mais recentes. Adoro esse tipo de histórias para adolescentes, tem uma mensagem para qualquer idade! Realmente a recomendo!
ResponderExcluirJá sacamos a farsa, podem parar agora..
ResponderExcluirAmei o filme... É uma obra linda e é isso que importa...
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