sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Atômica

NOTAS DA SESSÃO:

- Isso não é uma crítica ao filme em si, mas à versão brasileira: detesto quando eles refazem o logotipo do filme nos créditos iniciais pra traduzir o título pro português. Causa o mesmo estranhamento que a dublagem, só que num nível visual.

- O filme tem um visual chamativo, bem cuidado, mas já começa com uma atitude meio duvidosa: a tentativa de tornar a violência cool, ou a atitude mal humorada da Charlize Theron (que pelo visto era pra torná-la uma heroína mais atraente). Apesar da Charlize ser boa atriz, não acho que esse seja o papel ideal pra ela. Ela é uma atriz sofisticada, madura... E a Lorraine é pra ser uma personagem ousada, perigosa, sexy - combinaria mais com uma Scarlett Johansson, por exemplo.

- A trama começa mal. É um típico "filme de serviço" onde a protagonista recebe ordens e parte numa missão desinteressante, atrás de um McGuffin qualquer (o microfilme), sem nada que de fato envolva a plateia.

- O grande problema é que o filme está mais preocupado com estilo do que com história. Em vez de começar com um bom roteiro, e depois pensar na aparência, o cineasta parece ter começado com um look - com essa coisa anos 80, colorida, cheia de neons, femme fatales, músicas pop da época - e depois pegou uma trama genérica de espionagem qualquer só pra encher linguiça.

- Essa ideia de colocar músicas inadequadas de fundo (como "Father Figure" do George Michael) durante cenas de violência ainda soava original quando John Woo fez A Outra Face em 1997, mas já foi tão usado que hoje em dia parece um artifício barato (além de ser uma atitude cínica que não tem muito a dizer, apenas banaliza a violência, tira o drama da cena em favor do estilo).

- A cena de ação dentro do cinema também não tem a menor necessidade de existir. Eles só entraram aí pois o diretor achou que seria legal ter um tiroteio em frente a uma tela de cinema passando Tarkovsky. A personagem ter um romance lésbico também parece bem aleatório, só pro filme ficar mais "edgy" e estimular o público masculino.

- As cenas de luta / tiroteio / perseguição de carro não são das melhores. Até porque o filme está sendo contado em flashback, narrado por ela, então sabemos que ela não pode morrer em nenhum desses confrontos. E não há conflitos morais, carga dramática... Todo mundo é suspeito no filme, ninguém é confiável, então se alguém se revelar um traidor não será a menor surpresa (até porque em filmes de espionagem isso é o maior clichê).

- Bem, pelo menos há 1 sequência "show stopper" no filme - o tiroteio que começa na escadaria e depois termina na perseguição de carro. Os stunts são muito bem feitos (parece mesmo a Charlize Theron fazendo boa parte das lutas), há um realismo que torna tudo ainda mais aflitivo, há uns planos sequência impressionantes principalmente na fuga de carro... Parece uma cena dirigida por outra pessoa, e não pelo mesmo cara que estava dirigindo as cenas de ação até agora.

- SPOILER: Mais pro final a história fica um pouco melhor, ganha uma dimensão mais pessoal quando a Charlize descobre que foi enganada, começa a tramar a vingança contra o James McAvoy, etc. Embora nos últimos minutos a trama fique confusa demais - há um excesso de reviravoltas e já não se sabe direito quem estava enganando quem ao longo do filme (e como não há relações bem construídas no filme, essas revelações não chegam a empolgar a plateia).

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CONCLUSÃO: Visual marcante, 1 sequência memorável de ação, mas a trama é genérica e pouco envolvente.

Atomic Blonde / Alemanha, Suécia, EUA / 2017 / David Leitch

FILMES PARECIDOS: A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell (2017) / John Wick: Um Novo Dia Para Matar (2017) / Lucy (2014)

NOTA: 5.5

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