sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

O Destino de uma Nação

NOTAS DA SESSÃO:

- A estética dos filmes do Joe Wright é sempre tão deslumbrante que aqui chega a causar estranhamento por conta do tema mais burocrático da história (versus romances com a Keira Knightley, etc). A luz, os movimentos de câmera, os enquadramentos, a edição quando a secretária datilografa os discursos, é tudo tão perfeito que dá a impressão que a qualquer momento os políticos vão começar a cantar e a dançar (Joe, por favor, dirija um musical!).

- A cena de apresentação do Winston Churchill é muito boa (o primeiro encontro dele com a secretária). O filme encontra o tom certo ao mostrar o temperamento difícil dele mas ainda o fazendo parecer humano e carismático. A performance de Gary Oldman é impecável (o elenco coadjuvante também é um acerto; Kristin Scott Thomas, Lily James, etc).

- Diálogos inteligentes e divertidos.

- Em geral acho biografias um pouco chatas, pois quase sempre a prioridade do filme é a de informar/educar o espectador a respeito de certos eventos históricos, o que costuma limitar o cineasta e tornar a experiência morna emocionalmente. É mais ou menos o caso aqui, embora seja uma história bem contada, que foca no momento mais crucial da vida do personagem, em vez de tentar retratar sua vida inteira, "ascensão e queda", o que tende a ser mais tedioso e mal intencionado (outro alívio é que o filme é respeitoso em relação às virtudes de Churchill, e não algo feito pra manchar sua imagem como é comum em biografias).

- Bom o primeiro discurso dele pro rádio (e os detalhes curiosos de direção, como a lâmpada tornando o quarto inteiro vermelho, ou a transição onde o solo bombardeado se transforma na face de um soldado morto).

- Aos poucos a situação da guerra vai se complicando e colocando mais responsabilidade em cima de Churchill, o que torna a história mais "quente". Muito legal ele tomando decisões importantes como a de usar barcos civis pra resgatar os soldados em Dunkirk, ou o telefonema que ele faz pro Roosevelt pra pedir ajuda, etc. E além desse conflito externo envolvendo a guerra, há o conflito interno entre Churchill e as pessoas que querem tirá-lo do cargo de primeiro ministro, criando armadilhas, etc.

- A dúvida de Churchill entre assinar um acordo de paz ou não com Hitler também gera ótimos momentos e uma discussão moral interessante pra parte final do filme. Não é uma escolha óbvia, e o futuro do país (e da carreira dele) parece depender dessa única decisão. A maneira como ele vai se convencendo de que não deve se render é bastante satisfatória (a conversa com o rei no quarto e depois a cena incrível no metrô).

- O final é apenas Gary Oldman brilhando e fazendo um discurso incrível após o outro. A cena dos lenços no final é uma maneira linda de transmitir visualmente o triunfo do personagem (o simbolismo funciona pois no começo o lenço foi bem estabelecido com um símbolo de aprovação/rejeição).

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CONCLUSÃO: Um pouco familiar e convencional, mas uma história inspiradora, incrivelmente bem filmada e com uma atuação impecável de Gary Oldman.

Darkest Hour / Reino Unido / 2017 / Joe Wright

FILMES PARECIDOS: Snowden: Herói ou Traidor (2016) / O Jogo da Imitação (2014) / Lincoln (2012) / O Discurso do Rei (2010) / Frost/Nixon (2008)

NOTA: 7.5

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