Don't Breathe 2 / 2021 / Rodo Sayagues
segunda-feira, 16 de agosto de 2021
O Homem nas Trevas 2
Achei a história tão fraca e sem sentido quanto a da primeira parte. Toda a ideia do personagem conseguir superar os invasores sendo cego continua absurda, e na maior parte do tempo, o fato dele ser cego parece não alterar muito a trama. Ele podia muito bem ser um homem que vê, que a maioria das cenas continuariam parecidas. A cena do trailer onde ele sente as ondulações na água, que é uma das poucas que incorporam essa questão da cegueira na ação, acaba não fazendo sentido, já que em outras cenas ele sempre consegue localizar e matar os bandidos, sem precisar de qualquer evidência sensorial (a cena onde ele puxa o cabo que iria eletrocutar a menina é uma das várias que parecem ignorar que ele é cego). A única vantagem deste filme em relação à parte 1 é que, no outro filme, não havia ninguém "do bem": tanto os invasores quanto o cego eram pessoas más, e não havia por quem se importar. Aqui pelo menos temos a personagem da garotinha, que é inocente, e o próprio cego está mais humanizado: em vez de um vilão sinistro, agora ele remete mais a um personagem do Clint Eastwood; um homem solitário, ferido pelo passado, que cometeu erros, mas que no fundo é boa pessoa. Infelizmente ainda não dá pra dizer que o filme é bem intencionado... A ênfase enorme na violência, no gore, no trágico, e absoluta falta de interesse em narrativa, personagens, em qualquer emoção positiva, deixa bem claro o que motiva o filme. E é mais um desses filmes que não têm começo (como falei de Um Lugar Silencioso 2, Viúva Negra e outras produções recentes). A história já começa começada, sem situar o espectador, e durante quase 1 hora você não tem ideia do porquê daquelas pessoas estarem invadindo a casa, quais as motivações de todo mundo, quais os valores em jogo — é apenas um monte de gente lutando, se matando, e o filme espera que você se importe sem ter qualquer contexto. Lembro da frase do Spielberg sobre os cineastas estarem esquecendo como contar histórias — que os filmes não tinham mais um meio e um fim; as histórias apenas "começavam e não paravam de começar". Bem, agora acho que ele teria que atualizar a frase, pois nem o começo temos mais.
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