Olha que coincidência. Eu ia lhe mandar uma mensagem esta semana no WhatsApp para verificar se tu poderia fazer a gentileza de me enviar uma versão em alta resolução do mapa de valores, pois eu gostaria de colocar na parede do meu consultório e usar com os meus pacientes. Aí eu vejo que já tem um na parede rsrsrs. Mesmo assim, mantenho o pedido, caso puder me mandar pelo WhatsApp uma versão para que eu possa imprimir grande, fico agradecido.
Este mês tive dois casos em que usei suas teorias de cinema no meu método terapêutico. Vou resumir bem superficialmente. Paciente com depressão e sensação de estar completamente desconectado da realidade (que é um sintoma dissociativo). Sem produtividade, acreditava que um bom coping seria consumir séries modernas. A queixa piorou, pois havia perdido também a capacidade de julgar o conteúdo da produção: “não sei o que está acontecendo na história. Quando parece que estou entendendo, tudo muda. Estou ficando louco”. Então trabalhei o seu texto “1999” e insisti que o paciente visse filmes verdadeiramente inspiradores. A primeira reação foi de total espanto com seu texto. E em poucas semanas o paciente melhorou. Acabou vendo Contato, Dr. Jivago e outros épicos e descobriu um gênero que lhe inspira e que reconecta sua mente à realidade. Seu último relato foi muito genial e eu anotei (mas modifiquei totalmente aqui para não violar sigilo): “a sensação que eu tinha era de saber que eu estava dentro da Matrix, mas que o meu corpo estava em algum lugar, que não sei onde e nem o que acontecia com ele. Eu sabia que a Matrix era falsa, ou seja, nada na minha mente era real. Mas meu corpo estava inativo, inoperante para mudar isso. Meus esforços eram todos na direção de tentar sair da Matrix, como se a grande revelação fosse eu saber que estava na Matrix e meu propósito fosse escapar da minha própria mente. Quando a real revelação era de que a Matrix nunca existiu em primeiro lugar e que eu era uma pessoa absolutamente saudável o tempo todo. Pouco a pouco eu fui convencido do contrário”.
O outro caso é sobre a relação de Platão com os super-heróis modernos. Argumentei que eles são inadequados à inspiração, pois seus poderes vêm de outra dimensão, de um universo nada prático. São causados por acidentes, genética, espíritos, etc. Mesmo os sem poderes como Batman e Homem de Ferro, suas inteligências são absurdamente irreais. Seu dinheiro vem de outra fonte herdada, mas corrupta, manchada com o sangue dos explorados. O que elimina a relação entre esforço, produtividade, habilidade e riqueza. Seus filmes não são inspiradores. Pelo contrário, eles desmotivam a pessoa, conformam ela ao grupo, à mediocridade. Transformam conquistas que são possíveis fora das telas em feitos milagrosos e fantasiosos. Por esta razão, tentam se conectar ao público pelos defeitos, vícios, falhas e inseguranças dos personagens, isso sim é possível de realizar no mundo real. O que revela a visão grotesca e negativa que os filmes fazem do público e da existência. A realidade é passível de milagres. Habilidades são resultado do acaso, de golpes de sorte. Virtudes não existem. Vícios são definidores de caráter. Indivíduos são inaptos, o grupo é a máxima. Etc, etc. O chocante é ver relatos (aqui alterados) como: “me sinto inspirado pelo Tony Stark, que é um personagem exatamente como eu. Sou um bêbado, irresponsável e autodestrutivo. Por isso sou mais que um herói comum, sou um SUPER-herói” Ou “o Peter Parker foi feito para adolescentes como eu. Também me sinto no dever de abandonar minha vida pessoal para salvar ‘strangers drowning’ o tempo todo. E no final do dia, continuo inseguro e sem poder pagar o aluguel. Igualzinho à mim. Quem sabe um dia um bilionário caridoso me ajude”.
Oi Leonardo, muito legal esse espírito inovador e sua disposição pra testar ferramentas diferentes no processo terapêutico..! E esses relatos me deixam quase incrédulo, porque quando faço essas análises como a do texto 1999, é algo meio distanciado do dia a dia das pessoas.. pelos filmes e pelas reações do público geral, concluo que esses são grandes conflitos presentes na população.. mas tem sempre um lado meu que pensa "não é possível que as pessoas realmente pensem essas coisas, que elas realmente caiam nessas armadilhas sem perceber, deve ser só um modismo, algo da boca pra fora".. e daí de tempos em tempos eu me deparo com algum exemplo como esses, que me dão a sensação de estar vendo uma caricatura só que de carne e osso.
Esse design do mapa de valores eu fiz pra poder colocar na parede mesmo hehe! Esse meu geralmente fica pendurado em cima do meu piano aqui na sala, daí não aparecia nos vídeos. Pode deixar que te mando um link..!
Olá, Caio.
ResponderExcluirOlha que coincidência. Eu ia lhe mandar uma mensagem esta semana no WhatsApp para verificar se tu poderia fazer a gentileza de me enviar uma versão em alta resolução do mapa de valores, pois eu gostaria de colocar na parede do meu consultório e usar com os meus pacientes. Aí eu vejo que já tem um na parede rsrsrs. Mesmo assim, mantenho o pedido, caso puder me mandar pelo WhatsApp uma versão para que eu possa imprimir grande, fico agradecido.
Este mês tive dois casos em que usei suas teorias de cinema no meu método terapêutico. Vou resumir bem superficialmente.
Paciente com depressão e sensação de estar completamente desconectado da realidade (que é um sintoma dissociativo). Sem produtividade, acreditava que um bom coping seria consumir séries modernas. A queixa piorou, pois havia perdido também a capacidade de julgar o conteúdo da produção: “não sei o que está acontecendo na história. Quando parece que estou entendendo, tudo muda. Estou ficando louco”. Então trabalhei o seu texto “1999” e insisti que o paciente visse filmes verdadeiramente inspiradores. A primeira reação foi de total espanto com seu texto. E em poucas semanas o paciente melhorou. Acabou vendo Contato, Dr. Jivago e outros épicos e descobriu um gênero que lhe inspira e que reconecta sua mente à realidade. Seu último relato foi muito genial e eu anotei (mas modifiquei totalmente aqui para não violar sigilo): “a sensação que eu tinha era de saber que eu estava dentro da Matrix, mas que o meu corpo estava em algum lugar, que não sei onde e nem o que acontecia com ele. Eu sabia que a Matrix era falsa, ou seja, nada na minha mente era real. Mas meu corpo estava inativo, inoperante para mudar isso. Meus esforços eram todos na direção de tentar sair da Matrix, como se a grande revelação fosse eu saber que estava na Matrix e meu propósito fosse escapar da minha própria mente. Quando a real revelação era de que a Matrix nunca existiu em primeiro lugar e que eu era uma pessoa absolutamente saudável o tempo todo. Pouco a pouco eu fui convencido do contrário”.
O outro caso é sobre a relação de Platão com os super-heróis modernos. Argumentei que eles são inadequados à inspiração, pois seus poderes vêm de outra dimensão, de um universo nada prático. São causados por acidentes, genética, espíritos, etc. Mesmo os sem poderes como Batman e Homem de Ferro, suas inteligências são absurdamente irreais. Seu dinheiro vem de outra fonte herdada, mas corrupta, manchada com o sangue dos explorados. O que elimina a relação entre esforço, produtividade, habilidade e riqueza. Seus filmes não são inspiradores. Pelo contrário, eles desmotivam a pessoa, conformam ela ao grupo, à mediocridade. Transformam conquistas que são possíveis fora das telas em feitos milagrosos e fantasiosos. Por esta razão, tentam se conectar ao público pelos defeitos, vícios, falhas e inseguranças dos personagens, isso sim é possível de realizar no mundo real. O que revela a visão grotesca e negativa que os filmes fazem do público e da existência. A realidade é passível de milagres. Habilidades são resultado do acaso, de golpes de sorte. Virtudes não existem. Vícios são definidores de caráter. Indivíduos são inaptos, o grupo é a máxima. Etc, etc.
O chocante é ver relatos (aqui alterados) como: “me sinto inspirado pelo Tony Stark, que é um personagem exatamente como eu. Sou um bêbado, irresponsável e autodestrutivo. Por isso sou mais que um herói comum, sou um SUPER-herói” Ou “o Peter Parker foi feito para adolescentes como eu. Também me sinto no dever de abandonar minha vida pessoal para salvar ‘strangers drowning’ o tempo todo. E no final do dia, continuo inseguro e sem poder pagar o aluguel. Igualzinho à mim. Quem sabe um dia um bilionário caridoso me ajude”.
Oi Leonardo, muito legal esse espírito inovador e sua disposição pra testar ferramentas diferentes no processo terapêutico..!
ResponderExcluirE esses relatos me deixam quase incrédulo, porque quando faço essas análises como a do texto 1999, é algo meio distanciado do dia a dia das pessoas.. pelos filmes e pelas reações do público geral, concluo que esses são grandes conflitos presentes na população.. mas tem sempre um lado meu que pensa "não é possível que as pessoas realmente pensem essas coisas, que elas realmente caiam nessas armadilhas sem perceber, deve ser só um modismo, algo da boca pra fora".. e daí de tempos em tempos eu me deparo com algum exemplo como esses, que me dão a sensação de estar vendo uma caricatura só que de carne e osso.
Esse design do mapa de valores eu fiz pra poder colocar na parede mesmo hehe! Esse meu geralmente fica pendurado em cima do meu piano aqui na sala, daí não aparecia nos vídeos. Pode deixar que te mando um link..!