Esse filme pra mim foi um grande experimento científico: no cinema, você raramente consegue testar hipóteses de forma controlada, como na ciência, pois não é simples levar um filme para um laboratório e manipular variáveis específicas (como a escolha de um ator) pra medir com precisão o impacto de cada elemento. Mas este remake live-action de Como Treinar o Seu Dragão (do qual eu não gostei na época) cria essa oportunidade, pois segue à risca a animação de 2010, mas com uma alteração crucial (na perspectiva do Idealismo): ele substitui o protagonista sem graça — que se tornou um dos meus exemplos favoritos de "herói envergonhado" no cinema — por um ator bastante talentoso e carismático, que "descorrompe" o herói ao interpretá-lo de maneira atraente, eliminando as caretas, os trejeitos abobalhados, o tom azedo e sarcástico de voz, etc. Com isso, o filme ficou surpreendentemente melhor. Tive até dificuldade de acreditar que estava acompanhando o mesmo enredo do original — parecia que eu estava vendo novas cenas, ações e falas, não apenas um novo ator. Mas, ao rever trechos da animação chegando em casa, vi que muito pouca coisa foi alterada de fato. Isso reforçou, pra mim, a teoria do Spielberg de que o casting representa de 40% a 60% de um filme. O filme de 2010 é tecnicamente bem feito, tem um roteiro bem estruturado, mas fica difícil investir emocionalmente em uma história quando o próprio protagonista passa o tempo todo agindo para descreditá-la.
Acho que o final continua deixando um pouco a desejar — Hiccup matar o dragão, apesar disso ir contra seus princípios, e depois ter a perna amputada (uma cicatriz teria sido um sinal de bravura mais que suficiente). Mas, desta vez, essas foram queixas isoladas dentro de um filme sólido — em vez de evidências de um problema mais profundo.
How to Train Your Dragon / 2025 / Dean DeBlois
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