sábado, 14 de janeiro de 2012

Precisamos Falar Sobre o Kevin


As sinopses do Guia da Folha e do IMDb entregam o acontecimento principal dessa história, o que pra mim acabou sendo um verdadeiro spoiler - recomendo que não leiam nenhuma sinopse!

Embora o trailer dê a impressão de um filme de terror psicológico, o filme é apenas um drama sobre uma mãe que começa a suspeitar que há algo de errado com seu filho, que desde os primeiros anos de vida parece ser meio desequilibrado e ter uma espécie de maldade inata. Lembra do filme Anjo Malvado com o Macaulay Culkin? É um esboço daquilo, mas sem o suspense, sem as cenas marcantes, e tudo meio pretensioso, com uma roupagem "cult".

Um dos problemas do filme é falta de realismo psicológico. Quando o menino ainda é uma criança pequena a situação até convence. Mas depois que ele se torna adolescente, fica difícil de acreditar que a mãe ainda está começando a descobrir que o menino tem problemas. Ela reage às atitudes dele com cara de surpresa e a gente fica se perguntando: Eles não moram juntos na mesma casa? Isso não é assim todo dia desde que ele era bebê? Por que o distúrbio dele ainda não se tornou uma questão explícita na família? Por que ela ainda não o levou ao psiquiatra?

Além disso nenhum tipo de explicação é dada pro comportamento do menino e pro ódio que ele sente pela mãe. Se estivéssemos falando de Sexta-Feira 13 essas perguntas seriam irrelevantes, mas num drama pretensioso sobre relacionamentos isso se torna importante.

Outro problema é a narrativa fragmentada que fica saltando do futuro pro presente pro passado sem nenhuma razão. Aqui é a diretora tentando substituir estilo por conteúdo. Achando que, ao contar uma história simples de maneira confusa ela a tornará mais interessante ou mais profunda.

We Need to Talk About Kevin (ING, EUA / 2011 / 112 min / Lynne Ramsay)

INDICAÇÃO: Quem gostou de Reencontrando a Felicidade, Elefante...

NOTA: 4.0

2 comentários:

  1. Concordo que o fato de a personagem de Tilda (ÓTIMA! Inconcebível ela ter sido esnobada pelo oscar por esse filme)demorar pra perceber que ele tem um distúrbio é bizarro. Mas não acho que o filme falha em nos dar explicações (aliás, tenho ressalvas com filmes que explicam demais, como se subestimassem a inteligencia de quem assiste).É bem óbvio que o Kevin tem um grau de psicopatia (o que é uma condição que não está relacionada a um motivo específico, ou a um trauma, etc...) e que tudo o que ele faz é para punir a mãe de alguma forma. Ele odeia toda a família, mas a mãe sempre foi sua maior antagonista e vice e versa.

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  2. Algum distúrbio psicológico poderia explicar o nível de psicopatia que ele chega no final.. cometer aqueles assassinatos, etc.. mas não explicaria o ódio pessoal que sente da mãe, a ironia, as caras de mau que faz, etc.. Hitler podia matar milhares de pessoas e ainda assim ser carinhoso com seus parentes, cachorros.. Enfim, achei artificial o relacionamento entre ele e a mãe.. o que pra mim tornou o filme todo meio artificial.. E também tive problemas com a narrativa..

    Mas emocionalmente, o que me distanciou do filme foi mais o fato dele parecer estar do lado do mal.. no sentido de mostrar o garoto com certo glamour.. inteligente.. eficaz.. e a mãe impotente, apenas reagindo de maneira tola.. Ele não parece julgar o menino negativamente.. Por mais que ele vá preso no fim, a sensação é a de que o mal triunfa.. é diferente de um filme como "O Anjo Malvado" por exemplo.. Mas esse é só meu lado pessoal.. Se eu achasse o roteiro brilhante, os personagens convincentes psicologicamente, etc, isso não teria me impedido de admirar o filme..

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