Baseado numa novela americana do final dos anos 60, essa comédia sobrenatural de Tim Burton conta a história de Barnabas Collins (Johnny Depp), um vampiro que é aprisionado num caixão e desenterrado 200 depois, nos anos 70, onde ele volta pra sua antiga mansão, agora habitada por seus últimos descendentes (o elenco inclui Michelle Pfeiffer, Helena Bonham Carter e Eva Green). Esse é o 8º filme de Burton com Johnny Depp, que continuam explorando o tema do indivíduo desajustado, com habilidades únicas, mas que é excluído por estar fora de sintonia com a sociedade.
A produção tem um estilo retrô e é extremamente bem feita em todos os aspectos (direção de arte, figurinos, fotografia) como se espera de um filme de Burton. Os pontos fracos do filme vêm da tentativa de traduzir uma novela pra estrutura do cinema: muitos personagens interessantes porém pouco desenvolvidos, a ausência de uma trama forte, etc.
Outra coisa que impede o filme de ser mais memorável (e isso é uma característica de outros filmes de Burton) é uma certa falta de intensidade emocional: ao colocar o filme no meio do caminho entre a comédia e o drama, ele dilui tanto as risadas quanto as emoções mais sérias do filme, contando uma história interessante, mas que não tem nem altos nem baixos. Mas não deixa de ser um filme divertido e rico em ideias.
Dark Shadows (EUA / 2012 / 113 min / Tim Burton)
INDICAÇÃO: Quem gostou de Alice no País das Maravilhas, A Fantástica Fábrica de Chocolates, Edward Mãos de Tesoura, etc.
NOTA: 7.0
terça-feira, 26 de junho de 2012
quinta-feira, 21 de junho de 2012
Madagascar 3 - Os Procurados
O primeiro da série a ser lançado em 3D, o filme continua a história do segundo filme e mostra Alex (o leão), Marty (a zebra), Melman (a girafa) e Gloria (a "hipopótama") tentando voltar da África de volta para o "lar" deles no zoológico do Central Park em Nova York.
O filme tem um ritmo frenético e não se passam 10 segundos sem que haja uma piada ou alguma ação extrema na tela. Essa é uma das maneiras de prender a atenção de crianças pequenas, e até os clássicos da Disney funcionavam mais ou menos assim - o problema é que em Madagascar eles estão dispostos a fazer qualquer coisa pra não deixar a peteca cair, até coisas fora de contexto. Não importa o que esteja acontecendo na história, você vai ter sempre alguém prestes a despencar de um penhasco, de uma corda bamba, de um avião, facas e objetos estarão constantemente sendo arremessados nas pessoas, os personagens estarão explodindo de canhões, voando pelos ares, trombando em qualquer coisa - a técnica é prender a atenção através de ameaças físicas constantes. O problema é quando essas ações não evoluem da história, do contexto, usando imaginação, integração, mas parecem vir de qualquer canto só pra criança não se distrair com outro brinquedo.
Outra coisa que me entedia é que o filme faz parte da tendência atual de valores coletivistas, anti-indivíduo, que diz às crianças que todos individualmente são incompetentes, perdedores, malandros, mas que quando unidos podem realizar grandes coisas (não é acidente que o clímax do filme é ao som de "Firework" da Katy Perry, o hino dos anti-heróis).
Ainda assim, o filme me pareceu melhor que os outros 2, com melhores piadas e menos cenas apelativas.
Madagascar 3: Europe's Most Wanted (EUA / 2012 / 93 min / Eric Darnell, Tom McGrath, Conrad Vernon)
INDICAÇÃO: Quem gostou dos outros 2, das séries A Era do Gelo, Carros, Kung Fu Panda.
NOTA: 5.5
O filme tem um ritmo frenético e não se passam 10 segundos sem que haja uma piada ou alguma ação extrema na tela. Essa é uma das maneiras de prender a atenção de crianças pequenas, e até os clássicos da Disney funcionavam mais ou menos assim - o problema é que em Madagascar eles estão dispostos a fazer qualquer coisa pra não deixar a peteca cair, até coisas fora de contexto. Não importa o que esteja acontecendo na história, você vai ter sempre alguém prestes a despencar de um penhasco, de uma corda bamba, de um avião, facas e objetos estarão constantemente sendo arremessados nas pessoas, os personagens estarão explodindo de canhões, voando pelos ares, trombando em qualquer coisa - a técnica é prender a atenção através de ameaças físicas constantes. O problema é quando essas ações não evoluem da história, do contexto, usando imaginação, integração, mas parecem vir de qualquer canto só pra criança não se distrair com outro brinquedo.
Outra coisa que me entedia é que o filme faz parte da tendência atual de valores coletivistas, anti-indivíduo, que diz às crianças que todos individualmente são incompetentes, perdedores, malandros, mas que quando unidos podem realizar grandes coisas (não é acidente que o clímax do filme é ao som de "Firework" da Katy Perry, o hino dos anti-heróis).
Ainda assim, o filme me pareceu melhor que os outros 2, com melhores piadas e menos cenas apelativas.
Madagascar 3: Europe's Most Wanted (EUA / 2012 / 93 min / Eric Darnell, Tom McGrath, Conrad Vernon)
INDICAÇÃO: Quem gostou dos outros 2, das séries A Era do Gelo, Carros, Kung Fu Panda.
NOTA: 5.5
quarta-feira, 20 de junho de 2012
Weekend
Romance britânico de temática gay que conta a história de 2 rapazes que se conhecem numa balada sexta à noite e acabam vivendo um relacionamento íntimo que dura apenas 1 fim de semana. O filme independente custou apenas 120 mil libras, foi aclamado pela crítica e premiado em vários festivais.
Não gosto do filme porque ele é em grande parte Naturalista - um retrato passivo de diálogos e atividades aleatórias desses personagens. A cena final é interessante e dá uma sensação de desfecho, mas isso não chega a fornecer ao resto do filme um enredo, tornando tudo muito arrastado. O autor parece estar apenas interessado em reproduzir de forma realista pessoas e situações que ele observou na vida real.
Os atores estão convincentes, mas pessoalmente não simpatizo por eles (que ficam usando drogas o tempo todo, frustrados e sem rumo) nem por esse tipo de relacionamento, que não é baseado em admiração, mas em decepções mútuas, consolo, onde um age como se fosse o psicólogo do outro - e o que os une parece ser o fato do parceiro parecer enxergar e aceitar seus traumas pessoais.
O filme passa a impressão de ser um estudo íntimo dos personagens, mas não porque há uma abordagem psicológica interessante, e sim porque ele é fisicamente realista (há cenas bem invasivas de nudez e diálogos envolvendo detalhes corporais desagradáveis). É uma visão materialista das coisas; o diretor imagina que ao revelar fisicamente os personagens ele estará fazendo uma caracterização mais aprofundada deles.
Weekend (Reino Unido / 2011 / 97 min / Andrew Haigh)
INDICAÇÃO: Quem gostou de Paraísos Artificiais, Shame, Canções de Amor, Delicada Relação, Antes do Amanhecer.
NOTA: 4.0
Não gosto do filme porque ele é em grande parte Naturalista - um retrato passivo de diálogos e atividades aleatórias desses personagens. A cena final é interessante e dá uma sensação de desfecho, mas isso não chega a fornecer ao resto do filme um enredo, tornando tudo muito arrastado. O autor parece estar apenas interessado em reproduzir de forma realista pessoas e situações que ele observou na vida real.
Os atores estão convincentes, mas pessoalmente não simpatizo por eles (que ficam usando drogas o tempo todo, frustrados e sem rumo) nem por esse tipo de relacionamento, que não é baseado em admiração, mas em decepções mútuas, consolo, onde um age como se fosse o psicólogo do outro - e o que os une parece ser o fato do parceiro parecer enxergar e aceitar seus traumas pessoais.
O filme passa a impressão de ser um estudo íntimo dos personagens, mas não porque há uma abordagem psicológica interessante, e sim porque ele é fisicamente realista (há cenas bem invasivas de nudez e diálogos envolvendo detalhes corporais desagradáveis). É uma visão materialista das coisas; o diretor imagina que ao revelar fisicamente os personagens ele estará fazendo uma caracterização mais aprofundada deles.
Weekend (Reino Unido / 2011 / 97 min / Andrew Haigh)
INDICAÇÃO: Quem gostou de Paraísos Artificiais, Shame, Canções de Amor, Delicada Relação, Antes do Amanhecer.
NOTA: 4.0
sábado, 16 de junho de 2012
Deus da Carnificina
Parece uma versão cômica de Quem Tem Medo de Virginia Woolf? esse novo filme de Roman Polanski que mostra dois casais num apartamento no Brooklyn discutindo um incidente escolar onde o filho de um deles agrediu o filho do outro, chegando a quebrar dois dentes do garoto.
Jodie Foster e John C. Reilly fazem os pais da vítima. Kate Winslet e Christoph Waltz fazem os pais do agressor. O filme se passa praticamente inteiro dentro do apartamento acompanhando a conversa entre os 4 - que começa prática e formal, mas vai ficando cada vez menos civilizada, expondo a hipocrisia de todos.
A conclusão é: o ser humano é amoral, as pessoas são irracionalmente egoístas, não há entendimento entre ninguém, razão e moralidade são apenas convenções criadas pra camuflar nossos impulsos animais. É o tipo de filme que olha de cima pra baixo pros personagens - no conflito, todos estão errados, todos são patéticos, e o diretor fica por trás da cortina rindo da mediocridade do ser humano (ou tentando justificar a própria, afinal Polanski tem um passado suspeito). Quando me deparo com esse tipo de filme eu sempre penso - se todo mundo é desprezível nessa história, então por que não escolheram outra?
Poderia ter funcionado, o problema é que o conteúdo não é tão rico quanto gostaríamos. Pra um filme que tem a pretensão de expor a amoralidade humana (não se trata de uma comédia completa), o conflito aqui é banal demais e a discussão é superficial, baseada em noções mal formadas sobre o que é certo e errado (a personagem da Jodie Foster é apresentada no começo como um símbolo de ética, pois ela expressa empatia pelos famintos da África e admira a Jane Fonda - se essa é a noção do filme do que seria moralidade - aquela que somos incapazes de atingir - então é uma confissão de que ele não domina o assunto que resolveu tratar).
A situação toda parece forçada; não há motivos pro casal permanecer horas no apartamento de estranhos, discutindo um assunto desagradável que poderia ser resolvido rapidamente - às vezes parece O Anjo Exterminador, como se houvesse uma força sobrenatural os impedindo de ir embora. Filmes desse tipo precisam estar fundados em conflitos sérios, personagens convincentes e diálogos inteligentes. Há alguns bons momentos na história, mas sem essa base, nem um elenco como esse consegue ir muito longe.
Carnage (França, Alemanha, Polônia, Espanha / 2011 / 80 min / Roman Polanski)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de A Separação, Dúvida.
NOTA: 6.0
Jodie Foster e John C. Reilly fazem os pais da vítima. Kate Winslet e Christoph Waltz fazem os pais do agressor. O filme se passa praticamente inteiro dentro do apartamento acompanhando a conversa entre os 4 - que começa prática e formal, mas vai ficando cada vez menos civilizada, expondo a hipocrisia de todos.
A conclusão é: o ser humano é amoral, as pessoas são irracionalmente egoístas, não há entendimento entre ninguém, razão e moralidade são apenas convenções criadas pra camuflar nossos impulsos animais. É o tipo de filme que olha de cima pra baixo pros personagens - no conflito, todos estão errados, todos são patéticos, e o diretor fica por trás da cortina rindo da mediocridade do ser humano (ou tentando justificar a própria, afinal Polanski tem um passado suspeito). Quando me deparo com esse tipo de filme eu sempre penso - se todo mundo é desprezível nessa história, então por que não escolheram outra?
Poderia ter funcionado, o problema é que o conteúdo não é tão rico quanto gostaríamos. Pra um filme que tem a pretensão de expor a amoralidade humana (não se trata de uma comédia completa), o conflito aqui é banal demais e a discussão é superficial, baseada em noções mal formadas sobre o que é certo e errado (a personagem da Jodie Foster é apresentada no começo como um símbolo de ética, pois ela expressa empatia pelos famintos da África e admira a Jane Fonda - se essa é a noção do filme do que seria moralidade - aquela que somos incapazes de atingir - então é uma confissão de que ele não domina o assunto que resolveu tratar).
A situação toda parece forçada; não há motivos pro casal permanecer horas no apartamento de estranhos, discutindo um assunto desagradável que poderia ser resolvido rapidamente - às vezes parece O Anjo Exterminador, como se houvesse uma força sobrenatural os impedindo de ir embora. Filmes desse tipo precisam estar fundados em conflitos sérios, personagens convincentes e diálogos inteligentes. Há alguns bons momentos na história, mas sem essa base, nem um elenco como esse consegue ir muito longe.
Carnage (França, Alemanha, Polônia, Espanha / 2011 / 80 min / Roman Polanski)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de A Separação, Dúvida.
NOTA: 6.0
quarta-feira, 13 de junho de 2012
Prometheus
Prequel de Alien - O 8º Passageiro que marca a volta de Ridley Scott ao gênero que o consagrou (além de Blade Runner, Ridley fez o Alien original). O filme se passa no ano de 2093 (28 anos antes do clássico de 79) e acompanha a tripulação da nave Prometheus a caminho de uma lua distante onde eles esperam encontrar seres avançados e desvendar alguns dos mistérios sobre a origem da vida na Terra.
O filme é ficção-científica de primeira e é uma das entradas mais ambiciosas no gênero desde Avatar - não só pelo altíssimo nível da produção, mas também por explorar temas grandes como a origem da vida, etc. O elenco excelente tem Noomi Rapace (estrela do Os Homens que Não Amavam as Mulheres original sueco) no papel da cientista de personalidade forte, que tenta ser o equivalente à Sigourney Weaver dos outros filmes. Charlize Theron está ótima como a supervisora fria da Weyland Corporation; mas quem se destaca mesmo é Michael Fassbender no papel de David - o androide fã de Lawrence da Arábia que é quase uma versão ambulante do HAL-9000 (em uma das referências do filme a 2001).
Havia dúvidas quanto à conexão de Prometheus com os outros filmes da série Alien - se este faria de fato parte da série ou se seria uma spin-off na linha de Alien VS. Predador. Mas embora a história funcione independentemente dos outros filmes, fica claro que este é de fato um Alien legítimo, se passando no mesmo universo, compartilhando muitos dos elementos dos primeiros filmes - não só em aspectos concretos - como cenários, objetos, etc, mas também no ritmo, na construção das cenas, dos personagens, na estrutura do roteiro - quase como uma mesma música regravada apenas com uma letra diferente.
Ainda assim, o filme não é tão impecável quanto Alien ou Aliens, até porque ele tenta realizar muito mais. Alien era basicamente Tubarão no espaço e era perfeito em sua simplicidade. Prometheus, ao tentar abordar grandes questões filosóficas, acaba deixando várias pontas soltas na história, e o espectador termina mais confuso do que satisfeito (não há aquela clareza de 2001, que conseguia fazer afirmações elaboradas de maneira simples e nítida).
Apesar da trama ligeiramente insatisfatória, o filme é indiscutivelmente bem feito e envolvente - e assim como a famosa cena do jantar de Alien, tem pelo menos 1 sequência "showstopper" que já surge como referência do gênero.
Prometheus (EUA / 2012 / 124 min / Ridley Scott)
INDICAÇÃO: quem gostou de Star Trek, das séries Matrix, O Exterminador do Futuro, e dos primeiros Alien.
NOTA: 8.0
domingo, 10 de junho de 2012
Branca de Neve e o Caçador
Diferente do outro filme da Branca de Neve em cartaz - Espelho, Espelho Meu - esse aqui tem um tom bem mais sério, uma produção mais sofisticada (o visual é excelente - o melhor aspecto do filme), e segue a estética de sagas modernas como Harry Potter e Crepúsculo (parece ser o primeiro filme de uma trilogia). É mais uma dessas "versões sombrias" de contos de fadas, como fizeram com a Chapeuzinho Vermelho em A Garota da Capa Vermelha.
Tirando o aspecto visual (fotografia, figurinos, direção de arte), o filme não tem nada de muito bem feito ou original, e basicamente aposta suas fichas no ato de ser sombrio - nas cenas feias e grotescas, como se o fato de ser desagradável por si só já garantisse ao filme um selo de qualidade. É o que mais me chama a atenção nos filmes voltados pro público jovem e aceitos como entretenimento hoje em dia - a ausência completa de humor, de romance, ou de qualquer sentimento associado a entretenimento. Na maior parte do filme vemos Branca de Neve (Kristen Stewart) sofrer, ser torturada, envenenada, nadar no esgoto com anões, enterrar anões, vemos o rosto perfeito da rainha se deformando, ela degustando tripas de pássaros, e assim por diante. Kristen Stewart está apática o filme todo e seu personagem não tem força - nem a parte romântica do filme funciona, e nem a parte guerra / Joana D'Arc, que exigiria uma heroína mais convincente.
Charlize Theron, embora forçada, é a personagem mais interessante do filme, fazendo a rainha obcecada por beleza. Mas outra coisa que enfraquece a história é o fato de Charlize estar deslumbrante no filme - quando o espelho mágico declara que agora Branca de Neve é a mais bela do reino (o que dá origem a todo o conflito), é difícil não imaginar que, pela primeira vez, o espelho possa estar enganado.
Snow White and the Huntsman (EUA / 2012 / 127 min / Rupert Sanders)
INDICAÇÃO: Quem gostou dos últimos Harry Potter, da saga Crepúsculo, Alice no País das Maravilhas (Tim Burton).
NOTA: 6.0