- Visão do futuro meio sombria mas a parte de tecnologia é interessante! A cena dele no chat com a outra mulher (do gato morto) é boa pra mostrar a frustração dele na vida pessoal - embora seja pouco provável que no futuro as pessoas usem chat apenas por áudio (pensando no Google Glass, o filme já parece um pouco ultrapassado).
- Maravilhosa a computadora! Muito carismática e cheia de personalidade. A relação entre os dois já funciona logo do começo. Não me lembro de um personagem tão convincente do qual só ouvimos a voz - exceto o HAL-9000, claro. Elenco ótimo, premissa interessante, diálogos inteligentes e sensíveis.
- Linda a cena em que ele está triste na cama e a Samantha anima ele. Ela é realmente apaixonante (isso é tão mais bem feito que
Ruby Sparks!). Pena que o filme não explora o processo de criação dela. Queria saber mais dos critérios que o sistema usou pra criar um par perfeito pra ele. Filme não discute valores - por que motivos umas pessoa se atrai por uma e não por outra, etc.
- Amy Adams está bem em todos os filmes que ela faz? Jogo que ela inventa da "mãe perfeita" muito divertido. Roteiro é cheio de ideias criativas.
- Boa a discussão entre ele e a ex-mulher! Ela joga na cara dele o óbvio que a plateia já está pensando - que ele não consegue se relacionar com pessoas reais e resolveu sair com o lap-top!
- Interessante como, apesar da situação ser fantasiosa, o filme a aborda de uma maneira realista, socialmente falando. Quando ele fala pra ex que está saindo com um OS, a reação dela é como se ele estivesse saindo com uma menina muito mais nova e fútil. A reação dos amigos, é como se ele tivesse se assumido gay - reagem com excesso de naturalidade, como se quisessem enfatizar que não têm preconceito.
- Samantha não devia começar a ficar neurótica e pirar. Porque, se o relacionamento deles não der certo, isso vai ser só porque ela foi mal programada. Vai deixar sem resposta a pergunta fundamental do filme - é possível um relacionamento satisfatório entre uma pessoa e um computador?
- Filme faz a gente refletir, mas é cínico. Sugere que a tecnologia é tão maligna que irá fazer mesmo um homem sensível como Theodore eventualmente abandonar as relações interpessoais - algo que não acredito.
- SPOILER: Final parece sugerir que ele e Amy Adams é que deviam ser um casal - e que eles só não estão juntos pois a tecnologia ("vilã") criou experiências tão idealizadas que um relacionamento real passou a ser frustrante. É como se o filme dissesse: esse tipo de felicidade não existe - fique com pessoas pelas quais você não está apaixonado, se não você terminará sozinho.
CONCLUSÃO: Retrato brilhante e sensível de um relacionamento entre um homem e uma máquina (e de relacionamentos em geral). Só discordo um pouco do tom de crítica à tecnologia.
(Her / EUA / 2013 / Spike Jonze)
FILMES PARECIDOS: O Mestre, Ruby Sparks, Meia-Noite em Paris, O Curioso Caso de Benjamin Button, Adaptação, etc.
NOTA: 8.0