domingo, 29 de novembro de 2015

Ausência

ANOTAÇÕES:

- Em 5 minutos de projeção eu já estou com preguiça do filme. Naturalismo extremo: ritmo lento, ausência de narrativa, registro passivo de cenas banais do cotidiano, de pessoas comuns, em lugares feios, nada de notável acontece (nem positivo, nem negativo).

- A produção parece amadora, a fotografia é uma das mais feias que já vi, e os atores não parecem muito experientes. Os diálogos frequentemente soam estranhos e artificiais. A Casa de Alice (do mesmo diretor) apesar de ter uma atmosfera similar, parecia mais profissional.

- Pelo menos o protagonista e os personagens centrais são figuras inocentes (o filme não foca no negativo, em pessoas detestáveis, etc.).

- O cineasta parece jogar um jogo desonesto com a plateia. Ele fica mostrando um monte de coisa insignificante, desinteressante, e depois de 1 hora disso a plateia começa a imaginar que deve haver algo de genial por trás da banalidade. Afinal, por que alguém faria um filme sobre esses eventos? Em lugares tão horríveis? Sobre pessoas tão comuns? O problema é que não há esse algo de genial por trás. A "graça" pra ele é justamente contemplar o comum, o que não é notável, especial, atraente, etc.

- OK, o menino sente falta da figura paterna, já entendi. Tenho empatia por ele, mas isso ainda não dá um significado pra história nem produz uma experiência cinematográfica interessante. Filmes como Juventude Transviada ou E.T. também abordam esse tema, mas não abrem mão de um bom roteiro por causa disso.

CONCLUSÃO: O garoto é gostável mas o naturalismo extremo da produção torna o filme vazio e monótono. Ele parece querer crédito mais por ser "socialmente sensível" do que por ter qualquer mérito artístico.

(Ausência / Brasil, Chile, França / 2015 / Chico Teixeira)

FILMES PARECIDOS: O Som ao Redor / A Casa de Alice

NOTA: 3.5

sábado, 28 de novembro de 2015

A Visita

ANOTAÇÕES:

- O ponto de partida da história não é muito convincente. Essas crianças não iam querer passar vários dias na casa dos avós que são completos desconhecidos, sendo que nem a mãe fala com eles. Teria que haver uma motivação melhor.

- Os atores estão bem e o garotinho que faz o Tyler é excelente (Ed Oxenbould). O Shyamalan tem talento pra criar personagens carismáticos.

- Não sou muito fã dessa linguagem "bruxa de blair" onde só vemos as coisas através das câmeras dos personagens. Quando é um gênero found-footage até tudo bem, mas aqui parece mais limitar o filme e o diretor do que criar suspense.

- O comportamento dos avós acaba sendo mais engraçado do que assustador. Não sei se essa era a intenção do filme (a avó engatinhando embaixo da casa, etc.). Acaba não sendo um filme como Atividade Paranormal, onde há um clima sério de perigo e uma expectativa pela aparição do monstro. As crianças reagem às vezes de maneira descontraída aos eventos. O filme é mais sobre 2 irmãos se divertindo e convivendo com velhos excêntricos do que um filme de terror - mas é interessante de assistir.

- Bizarro o garoto encontrando as fraldas! O retrato de pessoas idosas aqui é politicamente incorreto ao máximo. Será que existe uma palavra como "misoginia" só que direcionada para idosos? É como se o monstro do filme fosse a velhice em si.

- SPOILERS: A cena da reviravolta é um bom momento mas levanta uma série de questões que tornam o filme meio ilógico. Se os velhos são apenas loucos, não há nada de sobrenatural na história, por que então a história de não sair do quarto após as 21h30? E aqueles vômitos tipo exorcista? As crianças foram encontrar os avós sem nunca terem visto fotos deles? E a mãe nem falou com os pais pelo telefone pra saber se as crianças estavam bem? Outra coisa: os avós já eram insanos e assustadores bem antes da revelação... Não faz sentido as crianças só ficarem com medo deles quando descobrem o que está acontecendo.

CONCLUSÃO: Divertido e com personagens carismáticos, mas não muito assustador e com uma história nada plausível. Ainda assim, o melhor filme de Shyamalan desde A Vila.

FILMES PARECIDOS: Fim dos Tempos / A Vila

(The Visit / EUA / 2015 / M. Night Shyamalan)

NOTA: 6.5

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Chatô - O Rei do Brasil

NOTAS DA SESSÃO:

- Por que esse começo bizarro? Essa montagem incoerente de momentos da vida do Chatô? O filme não apresenta os personagens, parece que estamos vendo um trailer...

- O personagem do Chatô é desprezível e o ator (Marco Ricca) está detestável. Em vez de uma crítica e uma condenação dele, o filme parece achar graça no comportamento inconsequente de Chatô. A trilha sonora é frequentemente cômica. Tenta tornar o personagem carismático, como se as coisas que ele fizesse fossem crimes banais, algo de que se pode rir, quando na verdade ele é uma pessoa animalesca, imoral. Só pode ser exagero do filme. Não é possível que uma pessoa tão irracional se tornaria bem sucedida em qualquer carreira.

- O filme tem bastante energia e as cenas individualmente prendem a atenção, mas uma cena parece não se conectar direito com a outra. A história parece estar sendo contada por um esquizofrênico... É como se o filme tivesse sido pra ser uma mini-série, e o que estamos vendo é uma montagem aleatória dos momentos mais importantes.

- A produção parece pobre pros dias de hoje e feia visualmente. Pra um filme que na época foi um dos nacionais mais caros de todos os tempos, acaba sendo decepcionante.

- Não há uma trama planejada, uma mensagem ou ideia que integre os eventos da história. É só um retrato jornalístico excêntrico da vida dele. Roteiro ruim.

- Será possível ele ter feito essas coisas todas? Chantagear o presidente da república pra conseguir de volta a guarda da filha?

- O final é tão teatral e bizarro que não dá pra entender se o que está acontecendo é real ou uma alucinação.

- A cena de sexo final no hospital é ridícula e nojenta. O filme acaba do nada, sem nenhum propósito.

CONCLUSÃO: Conteúdo explosivo que podia ter rendido um bom filme se não fosse pela abordagem positiva do personagem e pela narrativa caótica.

(Chatô - O Rei do Brasil / Brasil / 2015 / Guilherme Fontes)

FILMES PARECIDOS: O Lobo de Wall Street

NOTA: 4.5

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Jogos Vorazes: A Esperança - O Final

ANOTAÇÕES:

- As mesmas coisas que me incomodaram na Parte 1 se repetem aqui. A trama é chata, o vilão é fraco e ausente, a protagonista parece movida por um senso de obrigação, o romance não empolga, politicamente o filme é vago (tendendo pra esquerda), há várias das Tendências Irritantes em Hollywood, etc.

- Os blockbusters estão ficando cada vez mais com cara de série de TV em termos de técnica. Ninguém sabe mais contar uma história cinematograficamente. Eles apenas apontam a câmera pros atores e pra onde a ação está acontecendo e explicam tudo através de diálogos.

- Por que eles têm que passar por todos esses obstáculos surreais pra chegar ao Snow? As armadilhas não fazem muito sentido (o líquido preto, etc). É só pra encher linguiça e atrasar a chegada. Não há uma boa trama - eles caminham um pouco e encontram um obstáculo, caminham mais um pouco, e encontram um outro obstáculo. E as cenas de ação não são empolgantes.

- O que são esses aliens/zumbis no subsolo? De repente parece que estamos vendo O Hobbit...!

- SPOILER: Péssimo a gente esperar essa enrolação toda só pra ver a Katniss invadindo a Capital, e no último momento haver um bombardeio e tudo ser resolvido sem a participação dela! Parece o último filme do Crepúsculo onde o tempo todo ficávamos aguardando a batalha final, e no fim era tudo resolvido numa conversa sem graça.

- SPOILER: A morte da irmã da Katniss é rápida e pouco dramática. Nem entendemos direito que ela de fato morreu até umas cenas depois. E como ela mal existe no filme, não chega a ser comovente.

- SPOILER: É meio "do nada" essa flechada que ela dá na Julianne Moore. Não soa como uma solução inteligente e satisfatória pra um conflito bem estabelecido ao longo do filme. E será que ela conseguiria sair impune assim?

- SPOILER: Reconciliação entre Katniss e Peeta não emociona nem empolga. Só no primeiro filme esse romance entre os dois tinha alguma autenticidade. Final fraquíssimo.

CONCLUSÃO: Um filme apático, vazio de estilo, de conteúdo, que só consegue forjar certa respeitabilidade por ser uma produção cara e por ter atores competentes fazendo expressões sérias e discutindo temas que soam "adultos" como guerra e política.

(The Hunger Games: Mockingjay - Part 2 / EUA / 2015 / Francis Lawrence)

FILMES PARECIDOS: Maze Runner: Prova de Fogo / A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 2 / Divergente / Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2

NOTA: 4.5

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

45 Anos

ANOTAÇÕES:

- Curiosa a premissa da ex-mulher ser literalmente desenterrada/descongelada e vir interferir na vida de Geoff quase 50 anos depois.

- Charlotte Rampling e Tom Courtenay são ótimos e trazem bastante nobreza pro casal. A relação dos dois é bonita e os personagens são retratados com sensibilidade.

- Nas entrelinhas o filme promove ideias suspeitas e meu Alerta Vermelho quase soa, mas não chega a comprometer pois é algo bem secundário na história (Geoff se interessar pelas ideias de Kierkegaard, as discussões sobre mudança climática, as alfinetadas na Margaret Thatcher, etc.).

- Achei que a revelação sobre a outra mulher fosse desencadear uma série de acontecimentos dramáticos e abalar seriamente a relação do casal, mas o que acontece é sutil demais. Não há um motivo real pra Charlotte ter ciúmes do marido, suspeitar que ele nunca a amou. Ela é madura e sofisticada demais pra deixar algo assim perturbá-la. É um ciúme natural, porém bobo, superficial, que não tem força pra transformar os personagens. O tema do filme acaba sendo fraco e a história um pouco tediosa.

- Naturalismo. O ritmo é lento. Há alguns planos longos onde nada de relevante acontece.

- Bonito o discurso do marido na festa e a reação da Charlotte, embora isso não signifique muito e não acrescente algo de novo à história.

CONCLUSÃO: Retrato sensível de um casal de idosos, com um bom elenco, mas além das caracterizações, não há uma boa história ou um conteúdo profundo por trás.

(45 Years / Reino Unido / 2015 / Andrew Haigh)

FILMES PARECIDOS: Amor / Longe Dela

NOTA: 5.0

sábado, 14 de novembro de 2015

Aliança do Crime

ANOTAÇÕES:

- Produção de bom nível (direção, fotografia, reconstituição de época). O elenco é impressionante (Depp, Cumberbatch, Bacon, etc.).

- Não gosto desse tipo de roteiro onde você tem que ficar decorando nomes de estranhos e lendo diálogos pra entender quem matou quem, quem traiu quem, quem está interessado em que, etc. Pelo menos a premissa básica (Depp ser um criminoso e formar uma aliança com o FBI) é clara.

- A vida pessoal do Depp (a esposa, o filho doente) é mal integrada ao roteiro e parece enfiada ali só pra criar momentos dramáticos.

- Não há uma boa trama. Apenas um relato documental de quem foi 'Whitey' Bulger e o que aconteceu com ele. Mas que interesse eu tenho na vida de um bandido? A história é uma chatice sem fim. Não traz nada de novo ao gênero. Não tem uma narrativa envolvente (são "fotografias de pessoas conversando"). Só funciona pro tipo de espectador que admira mafiosos... Que tem alguma obsessão por poder e gosta de ver homens poderosos dominando, humilhando e derrotando outros homens.

- Muitos clichês. Quantas vezes teremos que ver cenas onde o Depp (ou qualquer outro personagem) executa "surpreendentemente" alguém que pensávamos ser um amigo. Ooh, como eles são frios!

- Depp começa como bandido e termina como bandido. Não há nenhum arco, nenhuma evolução do personagem (ou mesmo uma decadência interessante).

- O filme é uma imitação de outros filmes (Trapaça, filmes do Scorsese, etc.). O cineasta não parece ter um interesse específico na história, na mensagem que está passando, nos personagens. Tudo isso é vazio. Assim como o Johnny Depp parece muito mais um ator fantasiado do que um personagem convincente, o filme também parece mais interessado na aparência, no estilo, em passar a impressão externa de um filme sofisticado de máfia, do que no conteúdo em si.

CONCLUSÃO: A prova de que não adianta nada ter uma boa direção e um bom elenco se o roteiro é horrível.

(Black Mass / EUA, Reino Unido / 2015 / Scott Cooper)

FILMES PARECIDOS: O Ano Mais Violento / Vício Inerente / Trapaça / O Homem da Máfia / Atração Perigosa

NOTA: 3.0

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Grace de Mônaco

ANOTAÇÕES:

- Achei que fosse ver um filme glamouroso sobre a vida da Grace Kelly, mas o filme fica o tempo inteiro mostrando o marido em discussões políticas confusas que não acrescentam nada à história dela.

- A relação dela com o marido é péssima. Não dá pra entender por que ela se casou com ele. Ele parece ser uma pessoa horrível.

- Nicole Kidman tem uma aparência adequada pro papel, mas a personagem não é gostável. Por que ela casou com esse homem? Pelo status? E pra isso abandonou uma carreira fantástica em Hollywood?

- Qual o conflito dela? Ela quer aceitar o papel no filme do Hitchcock e o marido já disse que está de acordo. Ela deveria ir pros EUA sem pensar 2 vezes. O fato dela se preocupar tanto pelas fofocas e pelo que os outros irão pensar a torna ainda menos admirável.

- Detesto que o filme queira passar a mensagem de que "contos de fadas não existem" nesse contexto. É muito tolo da parte dela achar que se casar com um príncipe (literalmente) a tornaria realizada, independentemente dos dois não se amarem, dela odiar o cargo de princesa, etc. É uma abordagem muito infantil do tema.

- O único desejo que eu tenho nessa história é que ela volte pra Hollywood e aceite o papel em Marnie, mas como eu sei que ela vai recusar, a história se torna meio chata.

- Horrível a sequência em que ela tem aulas de francês, de etiqueta, etc. O filme trata tudo com humor, como se estivéssemos vendo My Fair Lady, encantados de ver uma garota simples se tornando uma princesa, mas aqui o contexto é totalmente diferente. Primeiro porque Grace já era extremamente elegante. Exigir mais classe dela parece piada. Além disso, essa sequência toda representa a submissão da personagem... Ela está sacrificando o desejo dela em nome de um marido péssimo, de seus "deveres" altruístas como princesa, em nome das aparências e de tradições sem sentido. Não é algo divertido de se ver.

- Roteiro ruim. A subtrama da Parker Posey (Madge) é confusa... A história do padre parece descartável. A trama política não é nada envolvente (e a música de suspense sugere que a plateia deveria estar altamente interessada).

- É dada uma ênfase inadequada pra apresentação das Maria Callas como se isso fosse um clímax, quando não tem relevância pra história.

- Discurso final de Grace é um horror. Ela fala de auto-sacrifício como se fosse algo maravilhoso. As noções dela de política e amor também são péssimas.

- O tom épico do final não faz sentido. Ela não fez nada de tão importante. Não é uma grande heroína. E o que é a montagem final dela no estúdio? E a música moderninha nos créditos finais? Que bagunça de filme!

CONCLUSÃO: Uma das cinebiografias mais fracas dos últimos tempos.

(Grace of Monaco / França, EUA, Bélgica, Itália, Suíça / 2014 / Olivier Dahan)

FILMES PARECIDOS: Hitchcock / Diana / A Dama de Ferro / Sete Dias com Marilyn

NOTA: 4.0

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Straight Outta Compton: A História do N.W.A.

ANOTAÇÕES:

- Caracterizações superficiais. Não sabemos muito da vida pessoal de cada um, se eles tinham algum talento especial, uma visão artística, etc.

- Primeira apresentação no clube: a música é horrível! Se há alguma virtude nessas composições e nessas performances, o filme deveria se esforçar minimamente pra explicar. Ele não funciona pra quem não curte o gênero de música. Não consegue transformar a história em um interesse universal (como 8 Mile conseguiu). É pra um público mais limitado.

- O sucesso deles parece inexplicável, rápido demais. É contado através de narração, em vez de ser dramatizado. Como eles conseguiram todos os contatos? Dinheiro pra produzir, gravar, tocar na rádio? O filme parece estar mais interessado em mostrar que eles vieram de um bairro violento, que eram criminosos, do que em mostrar quem eles eram e por que deram certo.

- As apresentações ao vivo são fracas. O único "mérito" do grupo parece ser falar um monte de palavrão. Não dá pra ver qual grande o talento deles.

- Apesar dos atores serem bons e carismáticos, os personagens não são admiráveis. Vivem em orgias, se relacionando com pessoas detestáveis, se comportam de maneira irresponsável, destrutiva, têm um estilo de vida horrível - em vez de inspirar, a história faz o sucesso parecer um pesadelo.

- O filme tem certa força como registro da trajetória da banda. Mas é apenas "correto", literal, sem algo de mais artístico em termos de roteiro, direção, fotografia, etc.

- Ice Cube quebrando o escritório do empresário: é pra gente achar ele "macho", "durão"? Pra mim ficou parecendo um ignorante.

- Muito longo!! Eles já se tornaram famosos logo no começo do filme, então não há algo de muito interessante pra aguardar. O filme se torna episódico, fica mostrando eventos aleatórios do tipo: o irmão de um morre, tal pessoa sofre um acidente, outro fica doente, etc. Mas não há um tema maior por trás disso tudo, uma ideia abstrata ou mensagem que costure todos os acontecimentos. Ele tem uma mentalidade de documentário.

CONCLUSÃO: Tem bons atores e uma produção respeitável, mas só é recomendável pra quem gosta de hip hop.

(Straight Outta Compton / EUA / 2015 / F. Gary Gray)

FILMES PARECIDOS: Jersey Boys: Em Busca da Música / Magic Mike / Ritmo de um Sonho / Ray

NOTA: 5.5

sábado, 7 de novembro de 2015

007 Contra Spectre

ANOTAÇÕES:

- Plano-sequência inicial impressionante.

- A produção é ótima e Daniel Craig funciona, mas isso já meio que esperado.

- Cena de ação no helicóptero parece meio tola e mal feita. Por que o James Bond iria estrangular o piloto?

- Sequência de créditos beira o ridículo!

- Como em muitos filmes do gênero, a trama é confusa, genérica, o protagonista não tem nada de muito pessoal em jogo, tem apenas uma missão qualquer pra cumprir, pessoas desinteressantes pra encontrar, lugares exóticos pra visitar, etc. As cenas de diálogos são tediosas, o filme só ganha certo interesse quando parte pra ação bruta (e nem essas aqui são das melhores).

- A cena da reunião (onde Bond vê o vilão feito pelo Christoph Waltz pela primeira vez) é estranha, sem ritmo. Por que Bond iria se expor desse jeito? É óbvio que alguém o reconheceria ali, e que a a cena terminaria num grande tiroteio.

- Perseguição de carro à margem do rio é fraca. A música é épica, mas nada de muito envolvente está acontecendo. Ação sem conteúdo.

- Sam Mendes parece estar se esforçando pra ser brega, "kitsch", pra se enquadrar na tradição da série, mas não soa autêntico. O natural dele é fazer filmes mais elegantes, sofisticados, emocionalmente complexos.

- SPOILERS: As cenas de ação são fracas e não fazem muito sentido (Bond tentando jogar o avião em cima dos carros, a luta de braço dentro do trem quebrando as paredes, a cena de tortura onde Oberhauser perfura o crânio de Bond, a cena em que a instalação toda explode como se fosse um tanque de gasolina, o salto onde Bond e Madeleine caem misteriosamente sobre uma rede de segurança, a lancha derrubando o helicóptero em cima da ponte - e a polícia que aparece instantaneamente e bloqueia a ponte, etc.).

CONCLUSÃO: Surpreendentemente fraco, considerando que a equipe é quase a mesma de 007 - Operação Skyfall (que foi bem melhor).

(Spectre / Reino Unido, EUA / 2015 / Sam Mendes)

FILMES PARECIDOS: Missão: Impossível - Nação Secreta / Velozes & Furiosos 7 / 007 - Quantum of Solace

NOTA: 5.5

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Beasts of No Nation

ANOTAÇÕES:

- Criativa a ideia das crianças brincando com a televisão no início. Considerando que este é o primeiro longa-metragem produzido pela Netflix, é uma sacada divertida da fotografia começar o filme usando a caixa da TV pra produzir uma moldura 4:3 (o formato clássico da televisão), e depois afastar a câmera transformando o quadro no formato retangular de cinema.

- Os personagens são gostáveis e a apresentação do universo deles é interessante, dinâmica.

- Comovente a cena em que o garoto é separado da mãe. O garotinho que faz o Agu é excelente!

- Pesada a cena em que os homens são executados, deixando Agu sozinho. A fotografia realmente é boa. No momento em que o menino fica sozinho pela primeira vez, vemos o plano mais aberto do filme, mostrando ele pequeno no meio do mato, enfatizando o senso de abandono.



- Curiosa a trilha sonora. Há uma melodia quase subliminar nesse momento em que Agu é abandonado que parece uma sirene. Tive que pausar o filme pra ver se isso era da trilha ou se tinha de fato uma ambulância passando no bairro.

- Horríveis esses rituais que os garotos têm que passar pra virarem "homens". O Idris Elba devia ser retratado como um monstro detestável e não como um líder por permitir esse tipo de coisa.

- SPOILERS: Até a primeira meia hora eu estava achando o filme pesado, porém sensível, focando no lado positivo do personagem (mais ou menos como em Império do Sol). Mas a partir do momento em que Agu mata o primeiro homem (abrindo a cabeça dele com um facão) o filme me perde completamente como espectador. Virou sensacionalismo, glamourização da violência. O menino mata, usa cocaína, é abusado sexualmente pelo comandante... O roteiro não tem nenhuma intenção positiva - não temos mais a expectativa de que o garoto irá encontrar a mãe, voltar pro lar, de que ele irá conseguir preservar parte de sua inocência, aprender lições importantes, fazer algo de bom... O filme só está interessado em mostrar o quão "barra pesada" ele é, registrando a destruição completa de uma pessoa de maneira realista e nada divertida.

- Eu oficialmente detesto a Netflix enquanto produtora de conteúdo original.

CONCLUSÃO: Boas performances e uma ótima fotografia e direção não compensam a superficialidade do roteiro e o conteúdo negativo e apelativo da produção.

(Beasts of No Nation / EUA / 2015 / Cary Joji Fukunaga)

FILMES PARECIDOS: Corações de Ferro / Indomável Sonhadora / Quem Quer Ser um Milionário? / Cidade de Deus

NOTA: 4.5