sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

O Chamado 3

NOTAS DA SESSÃO:

- Péssima a sequência inicial no avião. Mal dirigida, sem impacto, com ideias tolas. Sem falar que depois disso há um segundo prólogo, também ruim (por que o cara decide comprar um videocassete antigo e ligá-lo?), que tira toda a necessidade dessa primeira cena.

- O primeiro filme (que eu já não gostava muito) pelo menos era uma produção maior, bonita visualmente (custou 48 milhões de dólares em 2002, esse aqui custou 25 milhões em 2017). Parece um filme de estudante. A fotografia é horrível, a imagem tem uma correção de cor forçada que dá a impressão que o filme inteiro está com um filtro de Instagram. Os atores são péssimos, parecem ter sido escolhido por serem bonitinhos apenas, e não por convencerem como os personagens. O som é ruim também - muitas vezes eles estão em lugares abertos (avião, faculdade) e o som parece o de um estúdio silencioso, sem ruído ambiente, sem pessoas falando ao fundo, etc.

- Por que a Julia tem um pesadelo no começo do filme, sendo que ela não viu a fita e nem sabe que o namorado assistiu ou que ele está em perigo? Ela teve uma premonição? Coisas sobrenaturais já acontecem no dia a dia mesmo sem a fita?

- Não faz nenhum sentido o começo da trama - ela ir atrás do namorado na faculdade sem antes entrar em contato com a família dele, sem insistir em perguntar pros amigos onde ele está (em vez disso ela vai falar com um professor aleatório). Daí tem a história da chave que ela usa no elevador e descobre um andar secreto com uma TV ligada. Como ela foi parar aí?!

- O filme foi feito por uma equipe sem talento: trama é ruim, a direção é ruim, os atores são ruins, a parte técnica é ruim, as cenas de morte são ruins.

- Desde o primeiro filme já acho meio idiota essa ideia de uma fita cassete assassina, uma menina sair da TV, etc. Faria sentido se fosse algo meio simbólico (uma crítica à mídia ou algo do tipo), mas não há nenhum subtexto desse tipo na franquia.

- A história volta um pouquinho pros trilhos depois que a Julia assiste a fita e as regras do jogo mudam (eles acham o vídeo dentro do vídeo, descobrem novas pistas, etc).

- Mas a trama continua totalmente burra. Não conseguimos acompanhar a história como um filme de investigação, onde uma pista leva à outra e há uma progressão coerente de eventos. Os personagens simplesmente vão tendo insights, intuições que vêm do além que dizem o que eles devem fazer em seguida (veja a forma como a protagonista olha o recorte de jornal no mural e lembra que é a mesma igreja que ela viu no vídeo, ou como ela vê o retrato antigo da mulher na parede do hotel e lembra de outra visão que teve). Eu gosto de filmes sobrenaturais - desde que eles abordem o tema da maneira mais racional possível.

- A cena dentro do túmulo da Samara não dá o menor medo. Detesto filmes onde os monstros são apenas alucinações que aparecem do nada só pra dar um susto no personagem, e no segundo seguinte desaparecem sem consequências. Se você for pensar a protagonista não passa por perigos reais ao longo do filme inteiro (na prática ela só estará em perigo mesmo no fim dos 7 dias quando aparecer a Samara). Não há um vilão ao longo do filme criando tensão constante. O filme precisa ficar assustando a plateia de forma barata: visões, um guarda-chuva que abre do nada, um cachorro que late, etc. Quando eles se deparam com o acidente de carro (o poste que cai, etc) eu nem sabia se o que estava acontecendo era uma alucinação ou se a protagonista estava realmente em perigo.

- Odeio essas conexões idiotas que o filme faz como se fossem sacadas inteligentes: por exemplo os vários números 7 que aparecem ao longo do filme (o que tem a ver o 7º andar da faculdade com o fato da Samara ter ficado 7 dias no fundo do poço?!?!?!). Ou então o fato do sino da igreja formar um "anel" quando visto de baixo, semelhante ao do poço. Isso só revela o nível da inteligência de quem escreveu o roteiro.

- SPOILER: Sem sentido a Julia ir sozinha no fim do filme pra igreja, depois pra casa do padre. Por que ela não foi com o namorado? O suspense funciona um pouco melhor nessa parte do filme, pois o perigo fica mais palpável - o padre ser o vilão e ela não saber, etc. Mas ainda assim o filme é todo feito em cima de clichês. Esse final todo parece um mashup de O Homem das Trevas com o final de O Silêncio dos Inocentes.

- O filme esquece o fato de que a Julia tem 7 dias pra viver. Quanto tempo ela ainda tem pra resolver o mistério? Por que eles não usam esse elemento pra gerar mais tensão na história?

- SPOILER: O final todo é fraco e mal explicado. A morte do padre é muito fraca. Quer dizer que depois disso tudo a Samara vai continuar matando como sempre fez? Pra que serviu então tudo o que a protagonista fez? Queimar os ossos, etc? E o que significa "renascimento"? A Samara vai se tornar uma pessoa de carne e osso? Então por que ela continua precisando passar o vídeo adiante?

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CONCLUSÃO: Produção de segunda categoria, sem talento ou inteligência, feita apenas pra lucrar em cima da franquia.

Rings / EUA / 2017 / F. Javier Gutiérrez

FILMES PARECIDOS: O Espelho (2013) / Mama (2013) / O Olho do Mal (2008) / Água Negra (2005)

NOTA: 3.5

8 comentários:

  1. "- Desde o primeiro filme já acho meio idiota essa ideia de uma fita cassete assassina..."
    Só com essa sua OPINIÃO, já vi que você não é bom de crítica, e sim de meter o pau porque simplesmente não te agrada, o famoso do contra. Cara, tu não deu um único ponto positivo no filme, tá com raiva de quê? Podia ao menos ter dito que o Leonard do the big bang theory foi interessante nesse filme, eu particularmente gostei da atuação do casal principal e o professor.
    Eu declaro esse blog como... Profissão: Carrasco !

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  2. Aqui eu dou sim a minha "opinião", como qualquer um que analisa qualquer coisa - com o diferencial de que costumo dar muito mais argumentos lógicos e filosóficos pra apoiar minhas opiniões do que a maioria das pessoas que escrevem sobre cinema.

    Mas claro que sempre temos que assumir certa inteligência no leitor pra preencher algumas lacunas, afinal não podemos entrar em explicações técnicas pra cada ponto que fazemos, se não cada postagem seria um livro. Portanto, quando escrevi que acho a
    premissa de uma fita VHS assassina idiota, assumi esse bom senso básico do leitor pra entender o que quis dizer..

    Não existe alguém que possa avaliar um filme de maneira "impessoal", fora de qualquer contexto intelectual, preferências estéticas, etc. O que existe são críticos que adotam uma postura mais formal, jornalística, e dão a impressão de estarem sendo imparciais, quando na prática também estão analisando o filme por um ângulo específico.

    Quanto ao "carrasco".. O 7º parágrafo foi um pequeno ponto positivo que dei pro filme, mas tiveram vários filmes que falei apenas coisas negativas, outros que falei apenas coisas positivas... embora a maioria seja uma mistura de coisas positivas e negativas.

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  3. Aqui eu dou sim a minha "opinião", como qualquer um que analisa qualquer coisa - com o diferencial de que costumo dar muito mais argumentos lógicos e filosóficos pra apoiar minhas opiniões do que a maioria das pessoas que escrevem sobre cinema.


    - É esse um dos pontos que me faz gostar de muitas de suas críticas.

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  4. Valeu Dood.. acho que até pelo fato de muitas vezes eu falar mal de filmes que são populares, me sinto na obrigação de ir mais a fundo nas justificativas..

    Mas não acho que seria certo eu ter uma experiência no cinema, sair da sala revoltado por exemplo, e daí na sequência escrever um texto ameno, enfatizando pontos positivos, etc.. talvez isso me trouxesse mais leitores, mas iria contra meu propósito aqui. Abs!

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  5. Caio, pelo menos comigo suas análises abrem minha mente para possibilidades. Principalmente em animações, acho legal a discussão que tivemos em Zootopia: me fez até escrever um artigo sobre o desenho no meu blog, pretendo assistir Sing para até fazer um texto sobre o tema e esse problema nas animações em geral. Assim como outros filmes, me ajudou a perceber algo diferente que os mainstreams da net não foram capazes de passar adequadamente e até subestimando certas produções.

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  6. É o que máximo que espero aqui Dood.. não convencer quem pensa o oposto, mas pelo menos abrir os olhos de alguns pra um ponto de vista que pode ser válido..

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  7. Cara mais chato que eu já vi,pqp. Vai falar até da mosca que estava no lugar errado

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