NOTAS DA SESSÃO:
- A história começa bem: os personagens principais são bem apresentados (o desejo do garotinho de salvar o pai), a entrada divertida do Johnny Depp no cofre (a cena de ação subsequente é meio falsa, mas é bem dirigida).
- O personagem do Brenton Thwaites é unidimensional, mas é um herói atraente. A mocinha não substitui a Keira Knightley, mas convence como uma garota inteligente, interessada em ciência, etc.
- É um pouco mal explicado como os 3 personagens principais se encontram na ilha - parece que foi uma grande coincidência eles estarem todos ali (Depp trocar sua bússola por uma bebida também pareceu um pontapé meio forçado na história).
- A direção é surpreendentemente boa (não conhecia essa dupla de diretores - eles fizeram Expedição Kon Tiki em 2012). Nada acontece na tela sem um propósito, tudo o que precisa ser comunicado em termos de ação é comunicado de maneira objetiva... Até nas ideias absurdas (a ação às vezes passa do ponto em termos de exagero, como por exemplo a cena da gilhotina) há um esforço admirável em ser claro visualmente (nos blockbusters em geral, é tudo uma grande bagunça, você nunca sabe o que está acontecendo, mesmo quando a ação é plausível). Independentemente do conteúdo, os bons filmes acabam proporcionando também esse prazer mais sutil que vem da apreciação da linguagem.
- Um aspecto duvidoso da história é que dá a impressão que o vilão (Javier Bardem) na verdade é inocente, afinal ele só estava querendo se defender de piratas, que na prática são os criminosos! A gente "torce" pro Johnny Depp não porque ele está certo moralmente, mas sim porque ele é mais divertido.
- Costumo reclamar que nos filmes de fantasia atuais os heróis nunca estão atrás de um tesouro interessante o bastante (é sempre um "orbe" ou um objeto estranho que nem sabemos direito pra que serve). Nesse ponto o filme acerta: não só o Tridente de Poseidon é um objeto atraente em si, como também sabemos o poder que ele tem e como isso impactará as vidas dos protagonistas.
- Bonita a ilha das estrelas, a sequência no fundo do mar... O filme tem alguns cenários divertidos (ao contrário de alguns episódios da série que ficavam sempre em ambientes sujos, chuvosos, porões escuros de navios, etc).
- SPOILER: Meio desnecessário o Geoffrey Rush se sacrificar. É confuso os vilões continuarem maus após a maldição ser quebrada. A gente não torce pra eles morrerem, como acaba acontecendo quando o mar se fecha.
- SPOILER: Bonito o final (o reencontro com o Orlando Bloom). E de quebra ainda temos uma participação da Keira! O comentário do Jack Sparrow ao ver os casais é ótimo.
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CONCLUSÃO: Nada de muito inovador em termos de história, mas um dos Piratas mais agradáveis até agora.
Pirates of the Caribbean: Dead Men Tell no Tales (EUA / 2017 / Joachim Ronning, Espen Sandberg)
FILMES PARECIDOS: X-Men: Apocalipse (2016) / Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros (2015) / Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas (2011)
NOTA: 7.0
segunda-feira, 29 de maio de 2017
terça-feira, 23 de maio de 2017
O Rastro
NOTAS DA SESSÃO:
- Legal a intenção de se fazer um filme de gênero, a cara internacional da produção (filmes brasileiros raramente prestam atenção em tratamento de cor, design de som, etc).
- Bom o diálogo da garotinha quando ela diz pro médico que ele não tem "cara de pai". Mas alguns jump scares nesse começo soam tolos (a garotinha agarrando subitamente o braço dele, depois o protagonista trombando com a mulher quando acaba a luz, etc).
- Uma coisa que incomoda na fotografia são os enquadramentos descentralizados, que colocam o foco da ação nos cantos da tela, chamando atenção pra técnica e tirando o espectador da história (em momentos em que deveríamos estar focados apenas no diálogo).
- Em A Autópsia (2016) reclamei da natureza intangível do "monstro", e aqui ocorre o mesmo problema. Não sabemos se o protagonista está tendo alucinações, se existe um fantasma real, se ele está possuído - fica apenas a sensação de que o hospital é um lugar meio assustador, mas não sabemos exatamente o que temer, qual a intenção da entidade por trás de tudo.
- Uma coisa que funciona bem no filme é o elenco. Alguns filmes nacionais de gênero acabam se sabotando ao darem um tom alternativo demais pras performances, o que tira o tom comercial da produção. Na minha visão, o "certo" pra esse tipo de filme seria vermos performances que falem a linguagem que o público está acostumado, como as que vemos em novelas da Globo, etc.
- O maior problema aqui é que a história simplesmente não é muito boa. Após 1 hora de filme, ainda não sabemos o que esperar, se há um vilão que quer prejudicar protagonista, se a garotinha morreu e ela está tentando se comunicar... Fica apenas um clima de mistério com alguns jump scares desnecessários.
- E é difícil se identificar com o protagonista também. Ele vai ficando cada vez mais perturbado, distante, a culpa que ele sente em relação à morte da menina não é muito compreensível...
- SPOILER: Muito esquisito matarem o protagonista "por telefone" sem uma cena memorável. E como não nos identificávamos tanto com ele, acaba nem sendo tão frustrante.
- SPOILER: A ideia de vilanizar políticos é interessante (nada mais convincente no Brasil), porém em termos de narrativa o final é bagunçado e não satisfaz as expectativas criadas na primeira hora de filme (até por terem matado o mocinho). A ideia do menino reconhecer o pai pelo coração também parece forçada e enfiada no roteiro sem preparo.
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CONCLUSÃO: Se fosse americano, seria apenas mais um filme de terror fraco cheio de problemas de roteiro. Por ser brasileiro, é possível ressaltar alguns méritos da produção.
O Rastro / Brasil, EUA / 2017 / J.C. Feyer
FILMES PARECIDOS: O Caseiro (2016) / Mama (2013)
NOTA: 5.0
- Legal a intenção de se fazer um filme de gênero, a cara internacional da produção (filmes brasileiros raramente prestam atenção em tratamento de cor, design de som, etc).
- Bom o diálogo da garotinha quando ela diz pro médico que ele não tem "cara de pai". Mas alguns jump scares nesse começo soam tolos (a garotinha agarrando subitamente o braço dele, depois o protagonista trombando com a mulher quando acaba a luz, etc).
- Uma coisa que incomoda na fotografia são os enquadramentos descentralizados, que colocam o foco da ação nos cantos da tela, chamando atenção pra técnica e tirando o espectador da história (em momentos em que deveríamos estar focados apenas no diálogo).
- Em A Autópsia (2016) reclamei da natureza intangível do "monstro", e aqui ocorre o mesmo problema. Não sabemos se o protagonista está tendo alucinações, se existe um fantasma real, se ele está possuído - fica apenas a sensação de que o hospital é um lugar meio assustador, mas não sabemos exatamente o que temer, qual a intenção da entidade por trás de tudo.
- Uma coisa que funciona bem no filme é o elenco. Alguns filmes nacionais de gênero acabam se sabotando ao darem um tom alternativo demais pras performances, o que tira o tom comercial da produção. Na minha visão, o "certo" pra esse tipo de filme seria vermos performances que falem a linguagem que o público está acostumado, como as que vemos em novelas da Globo, etc.
- O maior problema aqui é que a história simplesmente não é muito boa. Após 1 hora de filme, ainda não sabemos o que esperar, se há um vilão que quer prejudicar protagonista, se a garotinha morreu e ela está tentando se comunicar... Fica apenas um clima de mistério com alguns jump scares desnecessários.
- E é difícil se identificar com o protagonista também. Ele vai ficando cada vez mais perturbado, distante, a culpa que ele sente em relação à morte da menina não é muito compreensível...
- SPOILER: Muito esquisito matarem o protagonista "por telefone" sem uma cena memorável. E como não nos identificávamos tanto com ele, acaba nem sendo tão frustrante.
- SPOILER: A ideia de vilanizar políticos é interessante (nada mais convincente no Brasil), porém em termos de narrativa o final é bagunçado e não satisfaz as expectativas criadas na primeira hora de filme (até por terem matado o mocinho). A ideia do menino reconhecer o pai pelo coração também parece forçada e enfiada no roteiro sem preparo.
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CONCLUSÃO: Se fosse americano, seria apenas mais um filme de terror fraco cheio de problemas de roteiro. Por ser brasileiro, é possível ressaltar alguns méritos da produção.
O Rastro / Brasil, EUA / 2017 / J.C. Feyer
FILMES PARECIDOS: O Caseiro (2016) / Mama (2013)
NOTA: 5.0
quinta-feira, 18 de maio de 2017
O Dia do Atentado
NOTAS DA SESSÃO:
- Vai ser a mesma crítica que fiz de Horizonte Profundo (que aliás é do mesmo diretor desse aqui) Horas Decisivas, Sully, etc. História verídica mediana sobre um evento físico não especialmente épico que serve de pretexto pra celebrar valores republicanos, o heroísmo do trabalhador americano, a eficácia do governo, etc. Os personagens são todos superficiais, Mark Wahlberg está fazendo o mesmo papel que faz em todos os filmes, o personagem é um homem comum sem qualidades muito interessantes (sua grande "virtude" é cumprir seu dever direitinho e servir o povo americano).
- Os vilões são 2 garotos tolos sem grande poder, o que torna o conflito meio fraco. O filme é apenas sobre um evento físico, sem uma dimensão mais abstrata, psicológica, etc. Os mocinhos só querem consertar o problema criado, não buscam algo pessoal, emocional além disso. Nem há um protagonista claro... O protagonista é coletivo: o povo americano como um todo, versus a ameaça estrangeira.
- Tecnicamente o filme é meio televisivo, não tem nada que de muito destaque. O propósito aqui é mais jornalístico do que artístico. Se a informação foi passada, o diretor está satisfeito - ele não se importa com o "como". Um cineasta ambicioso teria criado um momento cinematográfico memorável na cena da explosão. Aqui é tudo mostrado de forma direta, sem linguagem, sem invenção.
- O filme melhora um pouco depois do atentado, quando começam as buscas pelos terroristas. Nos outros filmes que citei (Horizonte Profundo, Sully, etc) não havia muito o que fazer após o acidente pra manter o roteiro interessante até o final. Acontecia o acidente, as pessoas sobreviviam, e daí a história acabava. Aqui já há essa perseguição que deixa a estrutura bem melhor.
- Os terroristas fazem coisas tão ilógicas (matar o policial, sequestrar o japonês e contar quem eles são) que a gente começa a questionar se isso foi o que de fato ocorreu. Esse tipo de filme muitas vezes me parece feito sob encomenda pro governo americano pra "acalmar" a população, dizer que está tudo sob controle, reforçar certas narrativas, etc. Eles até aproveitam pra falar do 11 de Setembro - dizer que quem duvida da narrativa oficial só pode estar do lado dos terroristas, etc.
- Bem tensa a cena em que os terroristas começam a jogar bombas nos carros da polícia, o atropelamento, etc.
- A interrogadora (Khandi Alexander) rouba totalmente a cena quando interroga a esposa do terrorista. Performance excelente!
- A captura no barco não é das mais empolgantes, mas ainda assim é um final aceitável considerando as limitações da história.
- Os depoimentos das pessoas reais no fim me parecem sempre inapropriados. Passa a ideia de que o filme só tem relevância por ser baseado em fatos reais.
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CONCLUSÃO: Bem feijão com arroz, mas não é dos piores.
Patriots Day / Hong Kong, EUA / 2016 / Peter Berg
FILMES PARECIDOS: Horizonte Profundo: Desastre no Golfo (2016) / Sully: O Herói do Rio Hudson (2016) / Horas Decisivas (2016) / Evereste (2015) / Capitão Phillips (2013)
quinta-feira, 11 de maio de 2017
Alien: Covenant
NOTAS DA SESSÃO:
- Chatíssima a cena de introdução: David e Weiland com essa conversa pretensiosa, falando de música clássica nesse ambiente "chique". É um prólogo que não serve pra muita coisa, exceto pra tirar a gente totalmente do clima dos Aliens clássicos.
- A nave Covenant é bem elaborada e interessante em termos de tecnologia, design, etc. O acidente dá uma movimentada na história, embora não pareça tão essencial pra trama (só serviu pra acordar a tripulação convenientemente na hora em que eles recebem a transmissão de rádio).
- Sinto dizer, mas a Katherine Waterston simplesmente não convence como heroína de ação (claro que a sombra da Sigourney Weaver engole qualquer "concorrente", mas essa aqui é especialmente sem sal).
- A história deixa de convencer quando eles decidem mudar de rota. Até parece que com milhares de pessoas à bordo, uma viagem planejada por anos e anos, eles iam decidir em 5 minutos ir pra um outro planeta que acharam no meio do caminho! Fica óbvio que é só uma desculpa pra eles encontrarem os aliens. Teria que haver uma motivação melhor (eles podiam descobrir algum problema inesperado no destino original que colocasse a missão em risco, etc).
- Estranho esse planeta com árvores iguais às da Terra! Fica parecendo que faltou dinheiro na produção pra criar uma locação mais convincente.
- Não há originalidade nenhuma no roteiro. É o velho esquema: eles recebem um sinal misterioso, vão atrás, acabam infectados, daí paralelamente surge uma tempestade que atrapalha a comunicação, eles acham a nave dos aliens (que devem ser péssimos pilotos, pois elas sempre caem nos planetas em vez de pousar).
- Frustrante esse alien branco que parece o Gollum. Tem menos presença ainda que aquela "planta" do filme Vida. Aliás, toda a ambientação do filme é frustrante - essa coisa de civilizações antigas, o Michael Fassbender fazendo a linha Robinson Crusoé, as discussões filosóficas rasas sobre Deus, etc. Além de ruim, isso descaracteriza totalmente a franquia, que era sobre gente comum num ambiente high-tech fugindo de monstros.
- SPOILER: Os personagens são todos chatos, não tem ninguém carismático por quem você torça. O capitão é odioso (foi ele quem colocou a vida de todos em risco), e em vez de ser um dos antagonistas, a mocinha (Daniels) continua sendo amiga dele, o perdoa por tudo. Aliás, não há um vilão forte ao longo do filme. Os aliens são secundários na história, e o vilão de fato acaba sendo o David mais pro fim... mas que tem uma motivação chatíssima com a qual ninguém se identifica - ele simplesmente é meio sinistro, tem uma filosofia deturpada, é obcecado pela "perfeição" (vejam como ele é assustador: ele fala de filosofia, arte e tem tendências homossexuais!).
- Beira o ridículo o nascimento do primeiro Xenomorph (ele levantando os braços com aquela música emocionante). A aparição dele adulto também é casual, não gera nenhum clímax. É 1 cena errada após a outra - como esse filme pode ser do mesmo diretor de Alien, o Oitavo Passageiro?!
- SPOILER: Clichê o alien mais uma vez subir na nave bem na hora da decolagem. Essa cena de ação do lado de fora da nave é um pavor (a Daniels pendurada na corda tentando matar o bicho). No fim como ele morreu? Ele explode de um jeito que nem entendemos o que houve. E como se não bastassem os clichês, temos o robô que vira do mal, e mais um alien inesperado na nave que tem que ser ejetado pro espaço (péssima a cena da Daniels abaixando e o alien sendo empalado por aqueles ferros do caminhão que nem estavam vindo em alta velocidade). Final todo horrível.
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CONCLUSÃO: Tentativa deprimente de Ridley Scott de reviver seu clássico.
Alien: Covenant / EUA, Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido / 2017 / Ridley Scott
NOTA: 4.5
- Chatíssima a cena de introdução: David e Weiland com essa conversa pretensiosa, falando de música clássica nesse ambiente "chique". É um prólogo que não serve pra muita coisa, exceto pra tirar a gente totalmente do clima dos Aliens clássicos.
- A nave Covenant é bem elaborada e interessante em termos de tecnologia, design, etc. O acidente dá uma movimentada na história, embora não pareça tão essencial pra trama (só serviu pra acordar a tripulação convenientemente na hora em que eles recebem a transmissão de rádio).
- Sinto dizer, mas a Katherine Waterston simplesmente não convence como heroína de ação (claro que a sombra da Sigourney Weaver engole qualquer "concorrente", mas essa aqui é especialmente sem sal).
- A história deixa de convencer quando eles decidem mudar de rota. Até parece que com milhares de pessoas à bordo, uma viagem planejada por anos e anos, eles iam decidir em 5 minutos ir pra um outro planeta que acharam no meio do caminho! Fica óbvio que é só uma desculpa pra eles encontrarem os aliens. Teria que haver uma motivação melhor (eles podiam descobrir algum problema inesperado no destino original que colocasse a missão em risco, etc).
- Estranho esse planeta com árvores iguais às da Terra! Fica parecendo que faltou dinheiro na produção pra criar uma locação mais convincente.
- Não há originalidade nenhuma no roteiro. É o velho esquema: eles recebem um sinal misterioso, vão atrás, acabam infectados, daí paralelamente surge uma tempestade que atrapalha a comunicação, eles acham a nave dos aliens (que devem ser péssimos pilotos, pois elas sempre caem nos planetas em vez de pousar).
- Frustrante esse alien branco que parece o Gollum. Tem menos presença ainda que aquela "planta" do filme Vida. Aliás, toda a ambientação do filme é frustrante - essa coisa de civilizações antigas, o Michael Fassbender fazendo a linha Robinson Crusoé, as discussões filosóficas rasas sobre Deus, etc. Além de ruim, isso descaracteriza totalmente a franquia, que era sobre gente comum num ambiente high-tech fugindo de monstros.
- SPOILER: Os personagens são todos chatos, não tem ninguém carismático por quem você torça. O capitão é odioso (foi ele quem colocou a vida de todos em risco), e em vez de ser um dos antagonistas, a mocinha (Daniels) continua sendo amiga dele, o perdoa por tudo. Aliás, não há um vilão forte ao longo do filme. Os aliens são secundários na história, e o vilão de fato acaba sendo o David mais pro fim... mas que tem uma motivação chatíssima com a qual ninguém se identifica - ele simplesmente é meio sinistro, tem uma filosofia deturpada, é obcecado pela "perfeição" (vejam como ele é assustador: ele fala de filosofia, arte e tem tendências homossexuais!).
- Beira o ridículo o nascimento do primeiro Xenomorph (ele levantando os braços com aquela música emocionante). A aparição dele adulto também é casual, não gera nenhum clímax. É 1 cena errada após a outra - como esse filme pode ser do mesmo diretor de Alien, o Oitavo Passageiro?!
- SPOILER: Clichê o alien mais uma vez subir na nave bem na hora da decolagem. Essa cena de ação do lado de fora da nave é um pavor (a Daniels pendurada na corda tentando matar o bicho). No fim como ele morreu? Ele explode de um jeito que nem entendemos o que houve. E como se não bastassem os clichês, temos o robô que vira do mal, e mais um alien inesperado na nave que tem que ser ejetado pro espaço (péssima a cena da Daniels abaixando e o alien sendo empalado por aqueles ferros do caminhão que nem estavam vindo em alta velocidade). Final todo horrível.
------------------
CONCLUSÃO: Tentativa deprimente de Ridley Scott de reviver seu clássico.
Alien: Covenant / EUA, Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido / 2017 / Ridley Scott
NOTA: 4.5
domingo, 7 de maio de 2017
A Autópsia
NOTAS DA SESSÃO:
- Intrigante a cena do crime com o cadáver da "Jane Doe" intacto.
- Talvez o que mais chame atenção no começo seja o fato do filme não soar tolo como a maioria dos filmes do gênero. Há uma certa classe na direção, no visual, os personagens principais parecem pessoas inteligentes, o casting é decente, etc.
- Mas o que há de positivo na execução do filme, há de desagradável na ambientação, no conteúdo das imagens (um necrotério durante uma autópsia não é o lugar mais atraente pra você convidar o espectador pra passar 1 hora e meia!). Ainda mais quando a autópsia é mostrada em tantos detalhes.
- O fato dos protagonistas parecerem pessoas racionais, "pés no chão", na prática acaba agindo um pouco contra o filme. Não há tanta graça em ver homens como esses se surpreendendo com o sobrenatural, com a aparição de fantasmas, etc. Por algum motivo é muito mais gratificante ver pessoas burras e convencionais fugindo de monstros.
- Outro problema do filme é a natureza imaterial e intangível do vilão. Vultos aparecem de uma hora pra outra pra dar um susto nos personagens, mas logo depois desaparecem e a história continua como se nada tivesse acontecido (foi só pra ter um "jump scare" gratuito e quebrar a monotonia). A Jane Doe que seria o "monstro" principal é apenas um corpo imóvel que não sai do lugar o filme inteiro. Sem um vilão mais concreto fica difícil criar set pieces legais de terror. O filme fica apenas brincando com antecipação, com a ameaça de que algo assustador irá acontecer, mas daí foge sem satisfazer a expectativa.
- A namorada é um personagem desnecessário que só foi apresentado no começo pra viabilizar essa reviravolta arbitrária mais pra frente.
- SPOILER: Interessante a ideia da Jane ser uma das supostas bruxas de Salém. Foge um pouco do universo de clichês do gênero.
- SPOILER: O clímax é meio confuso (o Emile Hirsch matando o pai). Como eles já sabem das regras do mundo sobrenatural, do que precisa ser feito pra quebrar a maldição, etc? Pareceu tudo muito apressado.
- Há um momento bem sinistro mais pro final, quando chega o "resgate" e o Emile Hirsch está tentando abrir o alçapão.
- SPOILER: Apesar do final deprimente, há certa satisfação nesse final circular - a história terminando exatamente como começou.
------------------
CONCLUSÃO: Não muito divertido, situado num ambiente desagradável, mas feito com mais sensatez que a média.
The Autopsy of Jane Doe / Reino Unido, EUA / 2016 / André Ovredal
FILMES PARECIDOS: Ouija: Origem do Mal (2016) / Livrai-nos do Mal (2014) / O Último Exorcismo (2010)
NOTA: 5.5
- Intrigante a cena do crime com o cadáver da "Jane Doe" intacto.
- Talvez o que mais chame atenção no começo seja o fato do filme não soar tolo como a maioria dos filmes do gênero. Há uma certa classe na direção, no visual, os personagens principais parecem pessoas inteligentes, o casting é decente, etc.
- Mas o que há de positivo na execução do filme, há de desagradável na ambientação, no conteúdo das imagens (um necrotério durante uma autópsia não é o lugar mais atraente pra você convidar o espectador pra passar 1 hora e meia!). Ainda mais quando a autópsia é mostrada em tantos detalhes.
- O fato dos protagonistas parecerem pessoas racionais, "pés no chão", na prática acaba agindo um pouco contra o filme. Não há tanta graça em ver homens como esses se surpreendendo com o sobrenatural, com a aparição de fantasmas, etc. Por algum motivo é muito mais gratificante ver pessoas burras e convencionais fugindo de monstros.
- Outro problema do filme é a natureza imaterial e intangível do vilão. Vultos aparecem de uma hora pra outra pra dar um susto nos personagens, mas logo depois desaparecem e a história continua como se nada tivesse acontecido (foi só pra ter um "jump scare" gratuito e quebrar a monotonia). A Jane Doe que seria o "monstro" principal é apenas um corpo imóvel que não sai do lugar o filme inteiro. Sem um vilão mais concreto fica difícil criar set pieces legais de terror. O filme fica apenas brincando com antecipação, com a ameaça de que algo assustador irá acontecer, mas daí foge sem satisfazer a expectativa.
- A namorada é um personagem desnecessário que só foi apresentado no começo pra viabilizar essa reviravolta arbitrária mais pra frente.
- SPOILER: Interessante a ideia da Jane ser uma das supostas bruxas de Salém. Foge um pouco do universo de clichês do gênero.
- SPOILER: O clímax é meio confuso (o Emile Hirsch matando o pai). Como eles já sabem das regras do mundo sobrenatural, do que precisa ser feito pra quebrar a maldição, etc? Pareceu tudo muito apressado.
- Há um momento bem sinistro mais pro final, quando chega o "resgate" e o Emile Hirsch está tentando abrir o alçapão.
- SPOILER: Apesar do final deprimente, há certa satisfação nesse final circular - a história terminando exatamente como começou.
------------------
CONCLUSÃO: Não muito divertido, situado num ambiente desagradável, mas feito com mais sensatez que a média.
The Autopsy of Jane Doe / Reino Unido, EUA / 2016 / André Ovredal
FILMES PARECIDOS: Ouija: Origem do Mal (2016) / Livrai-nos do Mal (2014) / O Último Exorcismo (2010)
NOTA: 5.5
terça-feira, 2 de maio de 2017
Invasão Zumbi
NOTAS DA SESSÃO:
- Divertida a cena do veado ressuscitando após o atropelamento. O filme começa bem - apesar de alguns clichês (o pai que só trabalha e não dá atenção pra filha, etc) o filme consegue criar um universo convincente (a maneira como os primeiros ataques zumbis vão sendo mostrados nos noticiários, o clima de confusão, etc).
- O primeiro ataque no trem é divertido, bem dirigido. Os zumbis são impressionantes fisicamente, as reações dos passageiros são boas. Legal a ideia de cobrir a janela com jornais pra que eles não sejam vistos (a sacada de que os zumbis são estimulados pela visão apenas).
- Um dos problemas desse tipo de filme é a monotonia - depois do primeiro ataque, não há muito mais pra esperar, a história perde um pouco a energia. A gente sabe que daqui pra frente será apenas uma série de situações onde os mocinhos são quase pegos pelos zumbis, escapam, há um momento de descanso, e daí tudo acontece de novo (o fato do filme se passar quase todo no trem contribui também pra isso). A história não está caminhando pra algo maior, pra um confronto final que será mais interessante do que os que já vimos, não há um plano pra acabar com as infecções, etc.
- Algumas manobras do roteiro pra gerar ação são meio forçadas. Não faz muito sentido o pai se separar da filha e ela ir parar naquele banheiro num outro vagão. É só pra ele ter que ir resgatá-la e se redimir, provar que é um bom pai.
- Alguns valores irritantes: o filme promove altruísmo, auto-sacrifício. Por exemplo, quando a filha exige que o pai salve os outros passageiros, não pense apenas neles. O filme fica criando uma série de situações desagradáveis onde alguém precisa escolher entre se salvar, ou arriscar a própria vida pra salvar outra pessoa.
- Outro ponto fraco do filme é que não há protagonistas interessantes. O pai é meio patético, a menina também não tem muita personalidade. A história funciona mais na base da ação física.
- Falsa a ideia da senhora abrir a porta de propósito e deixar os zumbis entrarem.
- Esse culto ao auto-sacrifício vai tornando tudo uma chatice. E claro, onde há altruísmo e auto-sacrifício como valores, tem que haver também uma certa dose de anti-capitalismo: o filme sugere que o apocalipse zumbi no fim é tudo culpa de investidores, homens de negócios gananciosos, etc.
- SPOILER: No fim o pai é mordido e se sacrifica pra salvar a filha, provando de uma vez por todas que é uma "boa pessoa" (só que depois de 20 cenas de sacrifício, ninguém mais se impressiona).
- Meio pretensioso todo esse final (a menina chorando no túnel, como se fosse um filme sério de holocausto, etc).
------------------
CONCLUSÃO: Algumas cenas de ação bem feitas, mas os personagens são desinteressantes e a história é uma competição tediosa pra ver quem se sacrifica mais pelo outro.
Train to Busan / Coréia do Sul / 2016 / Yeon Sang-ho
FILMES PARECIDOS: Guerra Mundial Z (2013) / O Hospedeiro (2006)
NOTA: 5.5
- Divertida a cena do veado ressuscitando após o atropelamento. O filme começa bem - apesar de alguns clichês (o pai que só trabalha e não dá atenção pra filha, etc) o filme consegue criar um universo convincente (a maneira como os primeiros ataques zumbis vão sendo mostrados nos noticiários, o clima de confusão, etc).
- O primeiro ataque no trem é divertido, bem dirigido. Os zumbis são impressionantes fisicamente, as reações dos passageiros são boas. Legal a ideia de cobrir a janela com jornais pra que eles não sejam vistos (a sacada de que os zumbis são estimulados pela visão apenas).
- Um dos problemas desse tipo de filme é a monotonia - depois do primeiro ataque, não há muito mais pra esperar, a história perde um pouco a energia. A gente sabe que daqui pra frente será apenas uma série de situações onde os mocinhos são quase pegos pelos zumbis, escapam, há um momento de descanso, e daí tudo acontece de novo (o fato do filme se passar quase todo no trem contribui também pra isso). A história não está caminhando pra algo maior, pra um confronto final que será mais interessante do que os que já vimos, não há um plano pra acabar com as infecções, etc.
- Algumas manobras do roteiro pra gerar ação são meio forçadas. Não faz muito sentido o pai se separar da filha e ela ir parar naquele banheiro num outro vagão. É só pra ele ter que ir resgatá-la e se redimir, provar que é um bom pai.
- Alguns valores irritantes: o filme promove altruísmo, auto-sacrifício. Por exemplo, quando a filha exige que o pai salve os outros passageiros, não pense apenas neles. O filme fica criando uma série de situações desagradáveis onde alguém precisa escolher entre se salvar, ou arriscar a própria vida pra salvar outra pessoa.
- Outro ponto fraco do filme é que não há protagonistas interessantes. O pai é meio patético, a menina também não tem muita personalidade. A história funciona mais na base da ação física.
- Falsa a ideia da senhora abrir a porta de propósito e deixar os zumbis entrarem.
- Esse culto ao auto-sacrifício vai tornando tudo uma chatice. E claro, onde há altruísmo e auto-sacrifício como valores, tem que haver também uma certa dose de anti-capitalismo: o filme sugere que o apocalipse zumbi no fim é tudo culpa de investidores, homens de negócios gananciosos, etc.
- SPOILER: No fim o pai é mordido e se sacrifica pra salvar a filha, provando de uma vez por todas que é uma "boa pessoa" (só que depois de 20 cenas de sacrifício, ninguém mais se impressiona).
- Meio pretensioso todo esse final (a menina chorando no túnel, como se fosse um filme sério de holocausto, etc).
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CONCLUSÃO: Algumas cenas de ação bem feitas, mas os personagens são desinteressantes e a história é uma competição tediosa pra ver quem se sacrifica mais pelo outro.
Train to Busan / Coréia do Sul / 2016 / Yeon Sang-ho
FILMES PARECIDOS: Guerra Mundial Z (2013) / O Hospedeiro (2006)
NOTA: 5.5
segunda-feira, 1 de maio de 2017
Corra!
Uma ideia que teria sido mais apropriada pra um sketch do Saturday Night Live (exceto que não há tantas risadas quanto se poderia esperar), e que acabaram extendendo pra duração de um longa. O resultado é um filme de 1 "piada" só, uma sacada mais ou menos cômica (transformar o racismo no vilão de um filme de terror) mas que é absurda demais pro espectador embarcar na história de fato.
SPOILERS: Pra começar, a trama não faz muito sentido - por que o trabalho todo de seduzir o protagonista, construir uma relação ao longo de meses, se em outros casos eles simplesmente raptam as vítimas direto das ruas? E por que apenas negros, se o transplante não exige isso? Sem falar em detalhes como a ideia da mãe poder hipnotizar o protagonista à força, etc.
O objetivo do filme obviamente não é contar uma história inteligente, criar um universo crível, e sim exibir o cinismo do autor, sua superioridade moral, atacar a sociedade mostrando que, apesar do esforço, ela ainda é racista nos pequenos detalhes, ainda não trata os negros bem o bastante, etc.
Por trás da fachada divertida fica sempre o senso de que o filme é motivado por sentimentos destrutivos, pelo desejo de dar o troco - quer se divertir sendo racista com os brancos da mesma forma que os brancos já foram (ou são) racistas com os negros. E é tudo extremamente auto-consciente - a crítica social se coloca acima da experiência cinematográfica, tornando os eventos todos forçados e artificiais.
Daniel Kaluuya está bem, o filme é razoavelmente bem dirigido, mas não é cômico o bastante pra funcionar como paródia, e nem sério o bastante pra funcionar como um verdadeiro thriller. É tudo apenas um pretexto pro cineasta fazer suas observações cínicas a respeito da sociedade.
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Get Out / EUA / 2017 / Jordan Peele
FILMES PARECIDOS: O Homem nas Trevas (2016) / Entre Abelhas (2015) / A Visita (2015) / Django Livre (2012)