NOTAS DA SESSÃO:
- Lindo todo o visual da ilha na primeira parte. Interessante a apresentação da personagem, o mistério a respeito de sua origem, Diana desde pequena querendo aprender a lutar, depois de grande começando a descobrir seus poderes especiais. Gal Gadot está simplesmente fenomenal.
- Ótima a sequência da batalha na praia. Visualmente atraente, dá uma dimensão real das forças e das fragilidades das Amazonas (elas podem ser mortas por balas, por exemplo - detalhes importantes de serem estabelecidos que quase todos os filmes de super-heróis ignoram).
- Chris Pine também está excelente como par da Gal Gadot. A história dele é interessante, bem introduzida (toda a mistura da guerra com esse elemento fantástico cria um contraste muito bem dosado).
- A Mulher-Maravilha em si não tem uma motivação muito interessante (como quase todos os super-heróis ela luta pois esse é o seu "dever"). Porém, como disse no vídeo Motivação de Personagem, o mais importante no fim não é a motivação do personagem, e sim a motivação da plateia. E aqui há vários elementos que geram curiosidade na história - a tensão romântica entre o casal, o desejo de ver a heroína explorar seu potencial (é tudo muito contido no começo), o fato dela esconder seus poderes dos humanos e ir revelando suas virtudes pros outros aos poucos, etc.
- Interessante quando a Gal Gadot flagra o Chris Pine pelado na banheira - há uma inversão de papeis divertida aqui: o homem sendo mais sexualizado, virando a figura mais vulnerável, e a mulher na posição de controle (como na cena do barco onde a Gal Gadot praticamente força o Chris a dormir junto com ela).
- Que alívio ver um super-herói que realmente honra a palavra "super". Quando ela escala a torre, pega a espada, começa a se preparar pra missão, a plateia realmente sente que não há limites pra força dela. Diferente da maioria dos filmes atuais do gênero que ficam se esforçando pra mostrar os defeitos do herói, acrescentar detalhes realistas pra tudo. Aqui, mesmo nas batalhas mais intensas, não temos a sensação de que a heroína está sendo danificada, perdendo sua força, ela brilha do começo ao fim.
- Princípio da Ascensão: O roteiro é muito bem estruturado. Estamos em 40 minutos de filme e a protagonista só agora vai pegar o barco e ir pro mundo real. Já aconteceu um monte de coisa interessante mas a sensação é que o melhor ainda nem começou. Em 1 hora de filme temos a primeira luta real dela sozinha no mundo real (na cena do beco).
- A relação entre o casal é ótima: a Gal Gadot sendo extremamente ingênua em relação a tudo e as reações divertidas do Chris Pine (ela falando da guerra como se tivesse indo à feira, as discussões sobre sexo, ela querendo tirar a roupa no meio da rua, etc). Amo a pureza da personagem, não há um pingo de malícia e cinismo nela. E ela parece estar se divertindo na história, não é desses heróis que agem como se a vida fosse trágica (e também não é dessas heroínas mulheres que precisam perder a feminilidade pra se provarem fortes).
- Algo atraente na produção é que a fotografia / direção de arte tem cara de cinema mesmo, e não de vídeo game.
- Outra coisa que gera interesse é a certeza dela de que o Ludendorff é Ares, o Deus da Guerra, algo que soa absurdo tanto pros outros personagens quanto pra plateia. Queremos descobrir se ela está certa.
- Fantástica a cena na guerra onde ela se "veste" pela primeira vez de Mulher-Maravilha e sai enfrentando os alemães (os detalhes lindos das faíscas em câmera lenta quando as balas atingem o traje dela).
- SPOILER: É divertida a sequência em que ela mata o Ludendorff com a espada (beira o politicamente incorreto), mas fica a sensação de que a balha foi muito simples, que ele não era páreo pra ela - frustração que é compensada logo na sequência, quando descobrimos que o vilão no fundo era outro. Agora sim ela parece ter um obstáculo à altura.
- Por sinal, a trilha sonora é ótima!
- O vilão é bom e a conversa que ele tem com ela é fascinante, faz o espectador pensar, questionar se ele está de fato errado, traz toda uma discussão filosófica sobre a natureza humana que aprofunda conflito. No meio disso Diana também aprende sobre suas origens, o que torna a personagem mais interessante, etc.
- SPOILER: Claro que não ia faltar a cena obrigatória de auto-sacrifício. Mas mesmo isso aqui é bem feito. Primeiro porque não é um auto-sacrifício fajuto, onde o personagem depois dá um jeito de sobreviver. Chris Pine decide morrer, e o faz sem hesitar e sem lamentar. Além disso, não foi uma morte inútil, só pra mostrar que o personagem é altruísta - na história, ela é fundamental pra vitória da Mulher-Maravilha, pois após esse ato, ela vê que as afirmações do vilão a respeito da raça humana não são verdadeiras - e assim consegue derrotá-lo. É um conflito de bem versus mal simples mas ao mesmo tempo muito bem elaborado e de certa forma inspirador.
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CONCLUSÃO: O melhor filme de super-herói de toda essa "era".
Wonder Woman / EUA / 2017 / Patty Jenkins
FILMES PARECIDOS: O Espetacular Homem-Aranha (2012) / Capitão América: O Primeiro Vingador (2011) / Supergirl (1984) / Superman: O Filme (1978)
NOTA: 8.5
Eu não believo no que eu to seendo, a mesma nota de Caça Fantasmas. Aparentemente vai entrar pros melhores do ano. Segui tua recomendação pra assistir Caça Fantasmas ano passado e gostei muito do filme, espero gostar desse também. Não tive coragem de ler tua crítica ainda, mas fiquei apreensivo por causa das críticas feministas e pouco técnicas. Ver uma avaliação positiva tua é um sinal de que eu provavelmente goste do filme.
ResponderExcluirAh sim, de 7.5 pra cima quase sempre entra nos meus melhores do ano.. aliás é por isso que muitas vezes eu dou 7.2, 7.3.. pq eu sei que essa é a barreira que divide os filmes ok, daqueles que eu começo a gostar de verdade.. hehe.. então sou mais cauteloso.. Achei um sucesso mesmo o filme..! Vá assistir e me fala! abs.
ResponderExcluirAdorei o filme. Concordo com tua crítica em tudo, mas o que mais me chamou atenção é que ele tem um senso de desenvolvimento, os acontecimentos tem um ponto de partida e estão progredindo para um objetivo, como um carro que passa por todas as marchas da primeira até a quinta. Acho que muitos filmes hoje tentam dar um tom grandioso demais (como se todos fossem a terceira parte do Senhor dos Anéis [tem um artigo sobre a "Síndrome do Anel" no cinema de que todo filme tem que ser mais grandioso do que o anterior]) e nunca saem de um "clímax inicial". Outros filmes eu tenho a impressão de que nunca saem do começo, como se os eventos não estivessem levando a lugar nenhum e as cenas fossem várias sketchs. Agora os piores são aqueles que ficam no meio termo, como um livro sem os primeiros e os últimos capítulos, esperando que o espectador já conheça os personagens de filmes anteriores e não se importe de uma história solta e desconectada de si mesma, que só serve como uma conexão dispensável para outros filmes.
ResponderExcluirEm outras palavras, é um alívio ver um filme de herói com cara de filme e que se comporta como um filme.
Agora os piores são aqueles que ficam no meio termo, como um livro sem os primeiros e os últimos capítulos, esperando que o espectador já conheça os personagens de filmes anteriores e não se importe de uma história solta e desconectada de si mesma, que só serve como uma conexão dispensável para outros filmes.
ResponderExcluir- Isso que mata filmes de heróis hoje em dia.
Marcus, esse senso de desenvolvimento na minha opinião deveria ser um elemento fundamental de qualquer filme.. e não um luxo apenas dos filmes bons.. mais ou menos como digo na postagem do Princípio da Ascensão.. mas hoje em dia acaba chamando atenção quando um filme respeita esse princípio.. Concordo com o que disse.. Me lembra a frase do Spielberg: "As pessoas se esqueceram de como contar uma história. As histórias não têm mais um meio e um fim. Elas normalmente têm um começo que nunca para de começar."
ResponderExcluirHollywood adotou agora o hábito de castigar figuras históricas na tela com mortes violentas fictícias, depois do repulsivo "Bastardos Inglórios" de Tarantino. O General Erich Ludendorff existiu mesmo, foi um dos principais comandantes alemães na I Guerra Mundial, foi um entusiasta fanático da guerra e da luta até o último homem, nunca tendo se conformado com a derrota de seu país. Na vida real ele morreu em 1937, depois de ter sido por algum tempo aliado de Hitler, mas já estava afastado dele antes da ascensão do regime nazista, do qual ele não participou.
ResponderExcluirProvavelmente acharam que a Mulher Maravilha não poderia matar Hitler porque o Tarantino já o matou no cinema, por isso optaram por fazer um filme sobre a I Guerra Mundial. Isso embora a Mulher Maravilha tenha surgido no contexto da propaganda americana da 2a. Grande Guerra.
Interessante é que a criadora do filme falou que se inspirou no Superman de 1978 para fazer o filme. Alguns estão dizendo que ela é mais Superman que o Superman do Snyder.
ResponderExcluirLegal, não sabia que Ludendorff era baseado numa figura real..
ResponderExcluirDood, esse Mulher-Maravilha tem muito mais o espírito do Superman antigo do que o do novo.. certamente.. abs!