O filme conta a história verídica de um piloto que trabalhou pra CIA nos anos 80 e que se aproveitou de seus acessos pra ganhar montanhas de dinheiro transportando drogas da América do Sul para os EUA. É uma coisa meio Prenda-me Se For Capaz - um desses filmes que contam histórias de personagens que fizeram fortunas de forma corrupta, tentando tornar meio cool a malandragem deles, o mundo do crime, meio que zombando do sonho americano, etc. Não sou muito fã de filmes com essa atitude, mas as qualidades de Feito na América são maiores que esse "porém" e me fizeram aproveitar a sessão. O roteiro é divertido, dinâmico, sempre fugindo do previsível, elevando a situação pra novos patamares, num minuto te convencendo de que tudo está resolvido pro personagem, no outro trazendo uma nova informação que coloca tudo em risco de novo, há momentos de ação tensos, o filme é bem dirigido, bem narrado, etc... E apesar de não ser o ator mais apropriado que poderíamos imaginar pra um personagem desses, é de certa forma agradável ver o Tom Cruise explorando tipos diferentes, que não sejam aquele herói ultra-eficaz, incorruptível e sedutor que ele já fez tantas vezes.
O grande "problema" do filme pra mim não é nenhum defeito na execução, nem mesmo no conteúdo, e sim a natureza pouco ambiciosa da produção em termos artísticos, no impacto que ela deseja causar no espectador. Primeiro pelo filme não trazer nada de muito novo ao gênero, e acabar se parecendo com muitos outros filmes que já vimos antes. Mas além disso, é um filme que chega pro espectador com uma atitude meio despretensiosa, do tipo: "veja que curiosa essa história real que eu tenho pra contar". É difícil um filme assim se tornar uma experiência arrebatadora, memorável, o filme da vida de alguém, por mais bem feito que seja. Ele não pretende lidar com os valores mais importantes pro espectador, não pretende criar grandes emoções, tocar sua alma, não pretende inovar, explorar todo o potencial criativo do cineasta - quer apenas contar uma história curiosa de maneira divertida e competente. Há um limite pro quão satisfeito eu consigo sair de uma sessão assim, mas dentro dessa proposta, é um filme bem feito.
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American Made / EUA / 2017 / Doug Liman
FILMES PARECIDOS: Cães de Guerra (2016) / O Conselheiro do Crime (2013) / Selvagens (2012) / Prenda-me Se For Capaz (2002)
O prenda-me se for capaz ao menos no final o cara acabou criando um sistema anti falsificação, não que isso justificasse ele ter feito o que fez.
ResponderExcluirOi Dood.. aqui rolam umas coisas parecidas também.. o governo acaba usando o cara para o "bem" em certo momento, etc.. abs!
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