Animação musical da Disney dos criadores de Zootopia, com canções originais escritas por Lin-Manuel Miranda (que está em tudo este ano) sobre uma garota na Colômbia que é o único membro de sua família que não nasceu com poderes mágicos. Menos radical que Coco, o filme ainda assim pertence à vertente Não Idealista da Disney cujo foco está mais em educar o público do que em entreter (promover valores como diversidade, esforço coletivo, respeito aos "não especiais" — e ao mesmo tempo desestimular a competição, o individualismo e a busca pela perfeição). É um daqueles roteiros mais água-com-açúcar onde não há grandes sacadas, conflitos (nem há um vilão praticamente) e as soluções para todos os problemas dependem apenas de um abraço afetuoso (a cobiçada "cura emocional"). Algumas canções achei divertidas até (como "Colombia, Mi Encanto"), embora uma ou outra tenha me parecido enfiada à força na história (especialmente a sequência da mulher fortona). Não achei terrível, mas nem preciso dizer que não me encantou.
Encanto / 2021 / Byron Howard, Jared Bush
Nível de Satisfação: 4
Categoria C/F: Entretenimento Não Idealista (foco em educar; remediar dores) / Alguns toques de Anti-Idealismo
Filmes Parecidos: Raya e o Último Dragão (2021) / Viva: A Vida é uma Festa (2017) / Moana - Um Mar de Aventuras (2016)
Esse tom didático já era perceptível no trailer, e não desperta ânimo nenhum de assistir. Mensagens no cinema tem que ser mais sutis para funcionar.
ResponderExcluirPedro.
Pois é.. pros meus padrões também não funciona.. mass.. provavelmente vai ser a animação mais aclamada do ano, rs.
ResponderExcluirCertamente que vai ser aclamado, aliás parece ter sido feito à risca para agradar à crítica e aos influenciadores, mas parece algo desprovido de alma. Aquele Raya e o Último Dragão me dava a mesma impressão.
ResponderExcluirSobre as fórmulas para ser aclamado no cinema, Seth MacFarlane fez uma boa ironia num episódio do American Dad.
https://www.youtube.com/watch?v=_J5MtYNispY
Pedro
Boa hehe.. Só que esses clichês ainda são baseados nos dos anos 90/2000 (o episódio é de 2008).. hoje a sátira já poderia ser atualizada pra parecer mais com Moonlight, Nomadland, etc, rsss.
ResponderExcluirHouve quem dissesse que Moonlight seria uma "isca de Oscar". Tem um ar de sociologia filmada, mas parece um bom filme. Ainda vou tentar assistir todo.
ResponderExcluirPedro
Sim.. é um Oscar bait da nova era.. há 30 anos nem seria indicado provavelmente.. mas conforme o paladar da academia muda, as iscas têm que ir mudando tb, rs.
ResponderExcluirNa verdade, o "Oscar Gold" de Seth Macfarlane poderia render um bom filme. Talvez eu esteja ficando piegas à medida que envelheço. Muito sentimentalismo na arte que antes me irritava já não me incomoda tanto, de uns anos pra cá, p. ex., passei a achar os livros de Charles Dickens muito mais legíveis. E Oliver Twist não é tão irritante como a pornografia de sofrência e hipocrisia que enche muito da programação televisiva.
ResponderExcluirPedro.
Teria que lembrar da dica do Tropic Thunder, daí quem sabe ficaria bom hehe.
ResponderExcluirSentimentalismo é um termo mal definido pelos críticos normalmente.. Eu nunca tive problemas com "excesso de emoção" ou afeto em filmes. Pelo menos não quando o sentimentalismo é voltado a personagens que respeito/admiro. Quem reclama disso normalmente é no caso de filmes que são sentimentais em relação a valores/personagens que a pessoa não se identifica. Não sei se é uma aversão incondicional. Eu por exemplo acho incômodo o sentimentalismo de "Milagre na Cela 7".. ou de "Marley e Eu".. mas não o de certos filmes do Spielberg, que sempre foi um dos diretores mais acusados de pesar a mão na emoção.
1 hora pro filme começar... quando o conflito finalmente acontece, parece que a protagonista vai partir em uma aventura mágica, aí o filme puxa o tapete mostrando que o Bruno estava na casa o tempo todo. Aí o filme engana de novo ao mostrar que o conflito era na verdade a relação da menina com a irmã e com a avó, duas coisas que ficaram em segundo plano durante toda essa enrolação. Quando tudo é resolvido, a protagonista nem consegue o que ela queria, que era ter poderes. Ela olha pra um reflexo de si mesma (igual Kung-fu panda), se aceita e todo mundo aceita ela. E resolver os problemas só falando como a pessoa sofreu no passado, como tomou decisões ruins e daí se abraçar e dizer que perdoa para ficar com a família é a coisa mais católica e conservadora que uma empresa progressista como a Disney poderia fazer. Me impressiona como um povo tão chato quanto a esquerda nunca percebem quando caem em armadilhas cristãs que são do "lado adversário".
ResponderExcluirTambém não sei como as crianças receberam esse filme. Elas entram no cinema esperando uma aventura mágica em uma animação da Disney mas recebem um drama psicológico em que tudo no filme é metafórico. A magia e os poderes são apenas metafóricos e personagens são ao mesmo tempo pessoas/casas e conceitos abstratos ambulantes.
Mas uma hipocrisia sutil que me incomodou mesmo foi mostrar que o Bruno ficou meio louco pelo isolamento. Mas aquela vila já estaria isolada de todo o mundo há pelo menos 3 gerações. Então o problema não é isolamento, mas ficar afastado da comunidade, da vilazinha, não ser aceito pela família, não honrar tradições, etc
Pois é, a Disney sabe jogar nos dois times.. pegam valores como família, tradição, fé.. misturam com temas de diversidade, inclusão, multiculturalismo.. e assim apelam pro altruísmo/coletivismo de cada lado hehe.
ResponderExcluirTenho pouco contato com crianças hoje pra saber como elas reagem aos filmes.. mas fico intrigado também.. pois por um lado, dizem que o "attention span" diminui a cada geração, por conta de coisas como iPads, etc.. mas se as crianças estão se divertindo com filmes como este, então quer dizer que a geração atual na verdade é mais paciente e tem mais tolerância pra tédio do que tinha a minha..!
Essa do Bruno não peguei.. o isolamento dele não seria mais radical, por ele estar escondido de todos, enquanto as outras pessoas da vila ainda tinham companhia, etc?