segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Humpday
Comédia independente sobre 2 velhos amigos heterossexuais que decidem produzir um vídeo pra um festival de filmes pornôs de arte - o detalhe é que os protagonistas seriam eles próprios! Disso surgem várias complicações; uma delas é que um deles é casado - imagine qual seria a melhor forma de contar à sua esposa que pretende fazer sexo com outro homem em frente às câmeras. E que não é por dinheiro! A idéia pode parecer meio improvável, mas a história se desenrola de maneira bem convincente.
O legal do filme é que, além de ele te fazer pensar sobre coisas estranhas, os atores estão incrivelmente naturais e trazem um realismo pra tela que raramente se vê. Existe uma química natural entre eles e muitos dos diálogos são improvisados, dando a impressão de que todos devem ser ótimos amigos nos bastidores.
É um filme pequeno, com senso de humor, atores carismáticos e um bom conflito. Pagando Bem, Que Mal Tem? tinha uma história parecida, mas enquanto ele apostava mais nas risadas e no choque, este aqui vai mais pra sensibilidade e reflexão.
Humpday (EUA, 2009, Lynn Shelton)
INDICADO PARA: Mulheres e gays.
NOTA: 7.0
sábado, 5 de dezembro de 2009
Abraços Partidos
Abraços Partidos é um melodrama com elementos de film noir e suspense (uma das sub-tramas envolve um garoto com uma câmera que de cara nos remete a Peeping Tom (1960), que inclusive é citado no filme). Mas um filme de Almodóvar não tem gênero, assim como um filme de David Lynch ou de Fellini não tem gênero. É um universo próprio; como sempre, vão ter prostitutas, traições, drogas, acidentes trágicos, personagens gays, pessoas obsessivas e vermelho - muito vermelho!
Esta história em particular se passa em torno de uma problemática produção cinematográfica. Acho interessante que muitos diretores que também escrevem roteiros acabam criando histórias que se passam no mundo do cinema, ou então personagens que sejam escritores, atores, etc. Nada mais natural - Almodóvar faz filmes há mais de 30 anos e este é certamente o assunto que mais domina.
Penélope Cruz está muito bem, como sempre que trabalha com ele. Mas a maior performance do filme acho que é a do próprio Almodóvar por trás das câmeras. Ele é um desses diretores exibidos que estão sempre chamando a atenção do público pro aspecto da direção - mas ele faz isso com estilo e sempre nos momentos certos. Há uma demonstração brilhante numa sequência onde o cineasta dentro do filme assiste a uma montagem ruim do longa que está produzindo; apenas um grande diretor como Almodóvar poderia mostrar a mesma cena 2 vezes; uma mal dirigida e a outra bem dirigida!
Abraços Partidos talvez não seja tão brilhante quanto Volver, seu último trabalho, mas ainda assim é um filme pra todo mundo ver. Tem alguns cineastas que são simplesmente incapazes de serem desinteressantes.
Los Abrazos Rotos (ESP, 2009, Pedro Almodóvar)
INDICADO PARA: Todo o público adulto.
NOTA: 7.5
domingo, 22 de novembro de 2009
Do Começo ao Fim
Pra quem não conhece, esse é o polêmico filme sobre os irmãos gays que vivem uma relação incestuosa. Desde que o trailer caiu na internet, virou a promessa de um Brokeback Mountain brasileiro; um filme que iria quebrar tabus e transformar o cinema nacional.
Mas acabou sendo uma das experiências mais dolorosas e constrangedoras que eu já passei numa sala de cinema. Não me lembro de um caso mais extremo onde um trailer tão forte resultou numa coisa tão horrorosa. Até me cansa pensar sobre o filme, porque tem tanta coisa errada nele que pra dizer como ele poderia ter funcionado seria preciso escrever uma teoria completa do cinema.
O filme tem 2 problemas principais: roteiro e direção. Mas isso, pra citar um amigo meu, é como chegar pra alguém e dizer "só mudaria 2 coisas em você: sua personalidade e sua aparência"! Tudo na tela está errado, principalmente o elenco. Os atores talvez não sejam tão péssimos como estão aqui, mas se o texto é forçado, se os enquadramentos estão errados, se a luz e a trilha sonora vão contra a cena, o que os coitados podem fazer?
E o problema não é só o que está na tela, mas principalmente o que não está. Cadê a história? Cadê os conflitos? Cadê a parte onde os dois começam a desenvolver a sexualidade? Cadê a reação dos pais quando pegam os filhos juntos pela primeira vez? Cadê os amigos e conhecidos da família - e o que eles acham disso tudo? A mãe, que serviria como o centro emocional da história, é eliminada logo no primeiro ato. Nunca vi um filme que fugisse tão furiosamente do próprio assunto que escolheu tratar. E o impensável - não há nenhuma cena de sexo! É um roteiro acéfalo, subdesenvolvido, medroso. Um fracasso tão completo que provavelmente não irá agradar nem ao público gay que já estava completamente vendido. O filme vai realmente do começo ao fim, sem em nenhum momento passar pelo meio.
Do Começo ao Fim (BRA, 2009, Aluízio Abranches)
INDICADO PARA: Fujam deste filme e não comentem com ninguém.
NOTA: 2.5
sábado, 21 de novembro de 2009
Lua Nova
Acho que a maior força deste filme é também seu maior problema - Taylor Lautner (o lobisomem que briga pelo amor de Bella) é muito mais interessante que o vampiro Robert Pattinson! Não só por ele ser mais atraente (e isso não sou eu que estou falando; basta ouvir os gritos no cinema quando Lautner tira a camisa - não ouvi nenhuma reação semelhante voltada pra Pattinson, nem no primeiro filme). Mas o set-up do romance deles é muito melhor. No primeiro filme, Bella bate o olho no vampiro e já está apaixonada, só por ele ser charmoso e misterioso. Com o lobisomem, a gente consegue entender melhor a natureza da atração. Os dois já se conhecem há bastante tempo; agora o menino está malhado e mais bonito... Há também uma tensão pelo fato do garoto ser mais novo que ela... Eles começam a se encontrar, fazer coisas juntos... A gente se envolve e acaba torcendo mais por este romance (que é palpável, realista, leve), do que pelo amor cafona de Pattinson que está sempre gemendo e soltando frases bregas como "Você já me dá tudo ao respirar!". Então nos entediamos no terceiro ato, pois Lautner tem que sair de cena e ficamos apenas com Pattinson citando Shakespeare.
Tirando isso, o filme é claramente superior a Crepúsculo em vários sentidos. Parte porque a história é melhor, parte porque tiraram a desengonçada diretora Catherine Hardwicke e colocaram Chris Weitz no lugar, que apesar de ter errado feio em A Bússola de Ouro, sabe contar uma história e tem algum senso de cinema. Eu não queria gostar do filme, mas minha atitude já foi abalada logo nos créditos iniciais - uma sequência de título cuja simplicidade e elegância me lembrou à do clássico Alien - O 8º Passageiro.
The Twilight Saga: New Moon (EUA, 2009, Chris Weitz)
INDICADO PARA: Meninas de todas as idades. Proibido para meninos adolescentes.
NOTA: 7.0
Código de Conduta
Suspense de vingança onde um único homem (Gerard Butler) planeja destruir o sistema judicial corrupto dos EUA que permitiu que o assassino de sua esposa e filha fosse solto. A sacada é que na maior parte do filme Butler está na cadeia, e mesmo assim consegue caçar um a um os envolvidos, sem que ninguém entenda como.
É um desses filmes de "planos perfeitos", e a história é envolvente do começo ao fim. Mas há um problema: lendo essa sinopse, você logo imagina Butler na posição do mocinho íntegro lutando pelos seus direitos. Mas não é bem assim. Apesar de entendermos a motivação do personagem (afinal, o que pode ser mais revoltante que assistir sua família sendo assassinada?), ele faz coisas tão desagradáveis e violentas que perde completamente a empatia que tínhamos no início. E o "vilão", que seria o promotor (Jamie Foxx), começa a não parecer tão errado assim.
Não sei se eles quiseram fazer um filme propositalmente ambíguo, pra parecer mais "complexo", mas se foi isso deu errado. Algumas coisas são melhores quando são preto-no-branco.
Law Abiding Citizen (EUA, 2009, F. Gary Gray)
INDICADO PARA: Homens. Quem gostou de Um Crime de Mestre, Busca Implacável, O Fugitivo, etc.
NOTA: 6.0
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
O Amor Pede Passagem
Comédia romântica escrita e dirigida pelo estreante (no cinema) Stephen Belber sobre um gerente de motel (Steve Zahn) no interior do estado do Arizona que se apaixona por uma mulher (Jennifer Aniston) que viaja pelo país vendendo quadros baratos para hotéis e empresas... Desses bem safados que a gente vê em consultório médico.
É um filme simpatiquinho sobre pessoinhas vivendo suas vidinhas e seus probleminhas. Eu tenho horror a esse tipo de filme, e sempre fico me perguntando o que motiva um cineasta a investir um ano de sua vida num projeto que provocará menos emoções no público que uma ida casual à padaria. Também é um mistério o que atraiu nomes como Jennifer Aniston e Woody Harrelson - se o filme acabado é completamente morno e esquecível, imagine isso no papel! O filme passou despercebido nos EUA e não faturou nem 1 milhão de dólares, apesar da popularidade de Aniston (sempre desconfie de um filme com um mega astro e que você nunca ouviu falar!).
Management (EUA, 2008, Stephen Belber)
INDICADO PARA: Pacientes em hospitais que não possam rir nem se emocionar muito. Quem gostou de Garçonete, Amantes, etc.
NOTA: 4.0
sábado, 14 de novembro de 2009
2012
Quem entrar na sala pra ver um show de efeitos especiais e cenas de ação espetaculares terá seu ingresso justificado logo após os primeiros 30 minutos de filme (que segue pra completar quase 3 horas de projeção). Acho que nunca houve um filme catástrofe tão completo e grandioso como este. Diferente de Terremoto ou Twister, onde uma única força da natureza é responsável pela tragédia, a premissa de 2012 permite várias catástrofes simultâneas - terremotos, vulcões e ondas gigantes para citar as principais. É algo que o diretor Roland Emmerich (de Godzilla e Independence Day) já havia explorado em O Dia Depois de Amanhã - que foi mais fraco pois além de ter uma desculpa menos convincente (o aquecimento global), tinha um roteiro inferior e metade do orçamento de 2012 (estimado em 260 milhões de dólares!). As imagens são de uma complexidade que eu nunca tinha visto antes. Os efeitos de Transformers 2, por exemplo, foram sofisticados - mas eram totalmente desinteressantes! Neste filme a tecnologia é eficaz - ela se traduz em queixos caídos na platéia.
Esqueça a premissa tola que motiva o filme (toda a baboseira de alinhamento galáctico e explosões solares). O filme não está tentando convencer ninguém seriamente de que estes eventos possam ocorrer em 2012 (se bem que com tanta gente que acredita em horóscopo, homeopatia e coisas ainda mais irracionais que 2012, não duvido que o filme contribua pra uma onda de pânico semelhante à do Bug do Milênio). Mas o fim do calendário Maia é apenas um pretexto para a ação e o show de efeitos - uma desculpa tão boa e ingênua quanto a de que Godzilla surgiu de uma mutação genética provocada por testes nucleares. Se por um lado o filme poderia ter sido mais interessante se entrasse de verdade na discussão e levantasse argumentos sólidos a favor dos Maias, por outro lado poderia correr o risco de soar tolo como Presságio, ou então de ficar completamente datado a partir de 2013!
2012 (EUA, 2009, Roland Emmerich)
INDICADO PARA: Todos os bem humorados.
NOTA: 8.0
Coco Antes de Chanel
O filme irá agradar menos àqueles que estiverem indo atrás de um filme sobre moda do que àqueles que estiverem indo atrás de um bom filme apenas. Não espere grandes desfiles, segredos revelados, detalhes sobre o estilo e técnica de Chanel. O filme é sobre a mulher. Ele foca muito mais nas questões pessoais de Coco do que nas profissionais. E mesmo assim, é um filme envolvente e até emocionante. Audrey Tautou está perfeitamente adequada no papel. Coco é determinada, independente, realista. Ela usa seus relacionamentos amorosos como oportunidades pra subir na vida; e faz isso com tanta naturalidade que você nem se atreve a achar que há algo de errado. Esse personagem forte e bem construído é o coração do filme. Acompanhamos Coco desde que era bem jovem fazia apresentações musicais em casas de quinta categoria. Ela vai em frente, desviando da prostituição, e eventualmente começa a fazer chapéus - não como alguém que recebe um raio de inspiração e descobre um talento divino. A arte não parece ser seu destino final. Ela não fica em nenhum momento deslumbrada com seu próprio talento. Moda é um negócio, um mercado. Ela quer dinheiro, e ela tem as ferramentas necessárias para consegui-lo. Arte é um efeito colateral. Essa visão de Chanel pode parecer um pouco "fria" e sem glamour, mas acho que é exatamente esse realismo que torna o filme convincente.
Preciso elogiar também Anne Fontaine pelo cuidado com a imagem. Tenho um fetiche especial por planos abertos - daqueles bem enormes e estáticos onde os personagens viram pequenos pontos na tela - e Fontaine me presenteou com vários neste filme. Mais um ponto pras cineastas mulheres!
Coco Avant Chanel (FRA, 2009, Anne Fontaine)
INDICADO PARA: Mulheres e fãs de moda e de biografias. Quem gostou de Piaf - Um Hino ao Amor (claro que este é bem mais light!).
NOTA: 7.5
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Besouro
Uma tentativa brasileira de fazer um filme mais "pop", que mistura ação e artes marciais com história, capoeira e mitologia afrobrasileira. Se apenas eles tivessem um bom roteiro...
O filme tem uma narrativa confusa, ambígua. Você nunca sabe se está acompanhando uma história, um sonho, se tudo não passa de uma metáfora... Me parece o trabalho de um cineasta dividido; querendo inovar por um lado, mas se torturando por ser muito comercial. Este é o problema no Brasil; os caras que sabem se comunicar com o povão, têm mau gosto. Os que tem bom gosto, têm receio de serem comerciais. São duas tribos que não se misturam. Enquanto essa ponte não for feita, não haverá entretenimento de qualidade por aqui.
Besouro (BRA, 2009, João Daniel Tikhomiroff)
INDICADO PARA: Capoeiristas.
NOTA: 4.5
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Julie & Julia
Julie & Julia é bastante original ao contar 2 histórias diferentes (que estão relacionadas, mas que nunca se cruzam de fato - algo meio As Horas) pra passar uma mesma mensagem. Uma é a história de Julia Child (Meryl Streep), que foi a mais famosa cozinheira da TV americana. Outra é a de Julie Powell (Amy Adams, a Encantada), uma jovem mulher que décadas depois escreve um blog sobre os pratos de Julia e faz bastante sucesso - este é o primeiro longa-metragem importante baseado num blog!
Dizem que Meryl Streep vai ganhar o Oscar por este filme - a Academia está devendo um pra ela que, apesar de já ter ganho 2 vezes, perdeu outras 13! Outro motivo é que esse ano aparentemente não há candidatas muito fortes na categoria. Não é uma performance de grandes momentos, mas de grandes sutilezas. Meryl muda completamente a postura, o jeito de andar e de falar, e ainda assim consegue fazer parecer natural; ela prova mais uma vez que é um dos grandes gênios da representação. Quem escreveu e dirigiu o filme foi Nora Ephron (Sintonia de Amor, Mensagem para Você), que eu considero uma das únicas cineastas mulheres competentes. Ela faz o que precisa ser feito: a história está bem contada, as performances estão na medida e as imagens de comida estão entre as mais bem fotografadas que eu já vi. Não passava tanta fome desde A Festa de Babette!
Julie & Julia (EUA, 2009, Nora Ephron)
INDICADO PARA: Público feminino; pessoas interessadas em culinária.
NOTA: 8.0
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
This Is It - Michael Jackson
Já disse aqui que Michael sempre foi meu grande ídolo. Então está subentendido que tudo que está nesse documentário pra mim é de uma importância que transcende o próprio cinema. Até porque existe pouco material de Jackson por trás das câmeras, o que torna essas imagens ainda mais preciosas. O jeito que ele dirige os músicos pra chegar ao som que imaginou (incrível que com 45 anos de carreira, ainda existe dificuldade de se comunicar com os músicos!), a forma que ele lida com os problemas técnicos, a insegurança, o cuidado em preservar a voz (que está surpreendentemente em forma).
Mas o principal é poder ter uma noção do que seria esse espetáculo que agora jamais veremos (eu tinha ingressos para o dia 8 de Setembro e estava prestes a comprar a passagem quando Michael morreu). Ver as novas idéias que ele iria incorporar nesse modelo ideal de show que é mais ou menos o mesmo desde a turnê Bad de 1986 (os shows foram ficando cada vez maiores e mais caros, mas o essencial, a estrutura básica sempre foi a mesma e não iria mudar aqui). Fiquei embasbacado com a sequência de The Way You Make Me Feel, que foi inspirada possivelmente em West Side Story (nunca li isso em nenhum lugar, mas tenho certeza que Michael era fã de WSS e usou muito do musical em seus vídeos como Bad, The Way You Make Me Feel e principalmente Beat It).
Sem palavras para descrever o vídeo criado para a apresentação de Smooth Criminal, que é frequentemente o melhor número de seus shows (estranho não fazerem nos ensaios a famosa inclinação para frente que "desafia" a gravidade)
O documentário é o registro de um gênio e prova que Michael iria voltar tão grande quanto sempre foi - mas o documentário em si é genial? Nem tanto, como documentário é apenas bom; Kenny Ortega é brilhante e fez o melhor que pôde pra transformar as imagens dos ensaios em um longa-metragem eficiente. Mas teria sido preciso produzir conteúdo novo após a morte de Michael (como entrevistas com amigos, músicos, membros da equipe) pra ter um documentário 100% satisfatório, que fosse independente de seu assunto. Vou torcer pro DVD ter horas de extras.
This Is It (EUA, 2009, Kenny Ortega)
NOTA: 8.5
Bobeou Dançou / Ela Dança com Meu Ganso
Este é o novo filme da família Wayans (agora além de irmãos tem sobrinhos, tios, cada um numa função). É uma paródia de musicais e filmes de dança como No Balanço do Amor e Flashdance. Este não pertence àquela série de filmes toscos como Espartalhões e Deu a Louca em Hollywood - os Wayans são os autores de Todo Mundo em Pânico, As Branquelas e O Pequenino - não que estes sejam considerados obras de arte (muito pelo contrário, estão sempre levando os Framboesas de Ouro), mas eu tenho que defendê-los! Os Wayans levam humor realmente a sério. Embora falte um cineasta de verdade ali que saiba traduzir as piadas em imagem (muitas delas resultam ridículas simplesmente por serem mal executadas), eles fazem o trabalho com paixão e isso faz toda a diferença. Marlon Wayans pra mim é um dos atores mais carismáticos atualmente e tem um potencial que é muito mal aproveitado... Ou seja, por trás da tosquice óbvia do filme, acho que há talento e algo verdadeiro que deveria ser pelo menos reconhecido.
Agora... Será esse o pior título de todos os tempos? Gostaria de entrevistar o indivíduo responsável por essa tradução (uma brincadeira com Ela Dança, Eu Danço que já era uma tradução horrorosa!). Como foi o processo criativo? Será que alguém é pago pra isso? Distribuidoras, me chamem que eu faço de graça!
ADENDO (07/02/10): Será que alguém me escutou? O título do filme foi alterado para Bobeou Dançou!
Dance Flick (EUA, 2009, Damien Dante Wayans)
INDICADO PARA: Um dia que você estiver se sentindo bobo.
NOTA: 6.0
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Te Amarei Para Sempre
História de amor baseada no livro de Audrey Niffenegger sobre uma garota que se apaixona por um homem que viaja no tempo inexplicavelmente (e incontrolavelmente).
A história nos remete a filmes como o clássico O Retrato de Jennie, Em Algum Lugar do Passado ou até o mais recente A Casa do Lago. Mas enquanto esses outros filmes conseguiram achar uma linearidade emocional dentro da não-linearidade da história, Te Amarei Para Sempre se perde nos saltos de tempo e em sua falta de coerência. A platéia fica confusa, sem saber quais são as regras do jogo (por exemplo, ao mesmo tempo que o personagem de Eric Bana diz que não pode mudar o passado pra salvar a mãe, ele faz isso em várias outras ocasiões e até engravida Rachel McAdams!). O filme não estabelece as regras, e o romance acaba nos parecendo distante, como se tivéssemos pego a história pela metade; não sentimos o que eles sentem, um pouco porque o filme fala de um amor impossível de se relacionar; mais ou menos como o caso de Benjamin Button (curiosamente, foram Brad Pitt e Jennifer Aniston que compraram os direitos do livro; Pitt aparece aqui como produtor executivo). Ou seja, apesar de algumas sacadas interessantes da história, o roteiro é mal adaptado e o resultado é mediano. Não funciona nem chega a ser ruim. Parte da culpa é de Eric Bana que é inexpressivo e só fica mais à vontade quando tira a roupa.
The Time Traveler's Wife (EUA, 2009, Robert Schwentke)
INDICADO PARA: Quem gostou de Benjamin Button pelo lado emocional (não pra quem admirou a produção).
NOTA: 5.0
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
O Desinformante
Novo filme de Steven Soderbergh (Traffic, Erin Brockovich, Onze Homens e Um Segredo, etc) baseado na história verídica de Mark Whitacre, executivo de uma grande empresa da agroindústria que vira informante do governo americano.
O paradoxo entre o título original (que seria "O Informante") e a tradução "O Desinformante" indica o principal motivo desse filme não funcionar muito bem. A história é narrada em tom cômico, e o personagem de Matt Damon é completamente gostável durante a maior parte do filme. Ele nos é apresentado como um homem de família, levemente excêntrico, completamente honesto e bem intencionado. É esta personalidade que torna o filme fluido e nos mantém interessados na trama. Sem esta figura simpática, o filme seria apenas burocracia. Só que em determinado momento, percebemos que Matt não era nada daquilo que imaginávamos. É exatamente o oposto; um cara execrável, mau caráter e filho da puta! Essa decepção da platéia é tratada de forma completamente insensível pelo diretor Soderbergh, que continua dirigindo o filme como se fosse sobre um malandro carismático como Frank Abagnale Jr. de Prenda-Me Se For Capaz. Isso põe em questão o caráter do próprio cineasta e praticamente estraga um filme que poderia ter sido uma comédia decente na linha de Queime Depois de Ler, ainda que não tão boa.
The Informant! (EUA, 2009, Steven Soderbergh)
INDICADO PARA: ?
NOTA: 5.0
sábado, 17 de outubro de 2009
Distrito 9
Sucesso de público e crítica, Distrito 9 (produzido por Peter Jackson, de O Senhor dos Anéis) é visto como uma ficção-científica completamente original e que também traz uma mensagem sobre os direitos humanos, fazendo uma alegoria do Apartheid.
De original eu garanto que não há muito. O filme é uma colagem de idéias de outros filmes melhores como O Dia Em Que a Terra Parou, Aliens, A Mosca, Independence Day e Cloverfield.
Quanto à mensagem, é algo tão vago e antigo que provavelmente está em um dos dez mandamentos. O filme começa apresentando uma premissa bastante elaborada em forma de "mockumentary" (falso documentário), sobre um projeto do governo de acabar com uma favela de extraterrestres no meio de Joanesburgo - mas em pouco mais de 20 minutos percebemos que era tudo um pretexto pra iniciar uma sequência de ação confusa e apelativa que basicamente é o resto do filme inteiro.
Acho que as pessoas em geral ficam impressionadas com o fato de um filme de ET's tratar de temas sérios como guerra e segregação racial, e a partir disso assistem o filme inteiro com atenção e um certo ar de respeito, mas não vêem que esses temas "sérios" foram colocados ali de maneira artificial, apenas para confundi-las e ganhar essa nota de respeitabilidade (é um pouco o problema de Bastardos Inglórios, que pelo menos tem certa beleza cinematográfica enquanto esse aqui parece mais uma galeria de imagens feias - alguém entendeu a escolha do ator principal?!).
Quando o filme quer discutri seriamente um tema, ele te dá argumentos sólidos, você sai da sala com idéias específicas, pode discutir com seus amigos, as pessoas vão ter opiniões sobre o que foi afirmado... Este filme não é sobre o Apartheid, ele só quer dar a impressão que é, o que pra mim é extremamente desonesto. Mas aviso que as pessoas têm gostado.
District 9 (EUA/NZ, 2009, Neill Blomkamp)
INDICADO PARA: Quem gostou de O Nevoeiro. E quem curte esses vídeos no YouTube com OVNI's falsos.
NOTA: 3.0
De original eu garanto que não há muito. O filme é uma colagem de idéias de outros filmes melhores como O Dia Em Que a Terra Parou, Aliens, A Mosca, Independence Day e Cloverfield.
Quanto à mensagem, é algo tão vago e antigo que provavelmente está em um dos dez mandamentos. O filme começa apresentando uma premissa bastante elaborada em forma de "mockumentary" (falso documentário), sobre um projeto do governo de acabar com uma favela de extraterrestres no meio de Joanesburgo - mas em pouco mais de 20 minutos percebemos que era tudo um pretexto pra iniciar uma sequência de ação confusa e apelativa que basicamente é o resto do filme inteiro.
Acho que as pessoas em geral ficam impressionadas com o fato de um filme de ET's tratar de temas sérios como guerra e segregação racial, e a partir disso assistem o filme inteiro com atenção e um certo ar de respeito, mas não vêem que esses temas "sérios" foram colocados ali de maneira artificial, apenas para confundi-las e ganhar essa nota de respeitabilidade (é um pouco o problema de Bastardos Inglórios, que pelo menos tem certa beleza cinematográfica enquanto esse aqui parece mais uma galeria de imagens feias - alguém entendeu a escolha do ator principal?!).
Quando o filme quer discutri seriamente um tema, ele te dá argumentos sólidos, você sai da sala com idéias específicas, pode discutir com seus amigos, as pessoas vão ter opiniões sobre o que foi afirmado... Este filme não é sobre o Apartheid, ele só quer dar a impressão que é, o que pra mim é extremamente desonesto. Mas aviso que as pessoas têm gostado.
District 9 (EUA/NZ, 2009, Neill Blomkamp)
INDICADO PARA: Quem gostou de O Nevoeiro. E quem curte esses vídeos no YouTube com OVNI's falsos.
NOTA: 3.0
sábado, 10 de outubro de 2009
Bastardos Inglórios
O novo filme de Tarantino é longo, entediante, e absolutamente vazio - há uma sensação de futilidade, de falta de importância e de significado envolvendo cada cena do filme. Me lembrou o Spielberg quando começou a querer ficar mais sério em A Cor Púrpura - ele não tinha maturidade e também não entendia nada do assunto; apesar disso A Cor Púrpura foi um grande filme porque tinha emoções genuínas e profundas. Não dá dizer o mesmo desse...
Pegue a sequência inicial - um oficial nazista visita uma casa onde uma família de judeus se esconde sob o piso. A cena é longa, com movimentos de câmera coreografados e bem pontuados, tudo feito de maneira precisa e habilidosa com a intenção de criar suspense. Mas a cena não tem força pois tanto o dono da casa quanto os judeus são vagos pra platéia, não temos nenhum envolvimento com eles (e também não temos a impressão de que Tarantino se importa realmente pela questão dos judeus). Esse sentimento se estende por todo o filme; uma sucessão de conversas longas que quase sempre terminam em tiroteio, que é sempre a saída mais fácil. Não há um personagem central; o filme não é sobre ninguém... E também não é sobre ideais ou valores. O melhor personagem é o vilão, mas não há um contraponto, um herói igualmente forte. Nem os "bastardos" formam um grupo tão interessante assim que mereça o título do filme.
Tarantino é bom pra paródias, filmes de ação, coisas assumidamente rasas que ele transforma em filmes de primeira. Aqui ele tentou fazer algo quase sério mas faltou maturidade - faltou se importar de verdade pelo material. O amor de Tarantino pelo cinema e pelos filmes dos outros fica claro em cada plano, em cada referência; mas ele não investe o mesmo interesse em seus próprios personagens. O filme foi um sucesso de público graças a Brad Pitt (que está ridículo, 100% do tempo com as sobrancelhas curvadas pra cima, se escondendo atrás de uma única expressão de deboche).
O longa parece mais uma homenagem de luxo a esse universo cinematográfico de Quentin Tarantino. Pra mim é o seu mais fraco até agora; só que o filme termina com uma cena de efeito e arranca um aplauso final da platéia - que sempre cai nesse truque e sai vibrando da sala achando que foi tudo genial.
Inglourious Basterds (EUA/ALE, 2009, Quentin Tarantino)
INDICADO PARA: Quem gostou de A Espiã, Planeta Terror, O Albergue 2...
NOTA: 5.0
INDICADO PARA: Quem gostou de A Espiã, Planeta Terror, O Albergue 2...
NOTA: 5.0
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Terror na Antártida
Nunca tinha ouvido falar nesse filme, mas fiquei imediatamente atraído pelo título e fui ver logo na estréia. O que me levou a uma frustração: não há aliens! Pior, não há monstros de qualquer espécie!! Não sei se é vício de ver clássicos como O Monstro do Ártico, de 1951... O título original "Whiteout" se refere a uma tempestade na neve onde não se pode enxergar a um palmo de distância. O filme foi baseado numa história em quadrinhos e é no fundo apenas um filme policial se passado na Antártida; de terror não há nada. Bom, exceto uma cena envolvendo a mão esquerda de Kate Beckinsale que está entre as mais inesperadas dos últimos tempos. Ela por sinal está bem, bonita mas de uma maneira humana, não Megan-Fox.
Tirando isso o filme é surpreendentemente bem feito. Já tinha reparado em A Senha: Swordfish que Dominic Sena não é um diretorzinho qualquer. Logo no primeiro minuto você já saca que está vendo um filme diferente, que pelo menos se leva a sério. Ele sabe construir atmosfera, introduzir personagens, plantar idéias, etc. No geral os cineastas novos são tão ruins que quando eu vejo um que pelo menos entende que existe uma gramática eu já fico feliz. Por outro lado o filme foi um fracasso total de bilheteria. De repente o público não liga muito pra isso. Mas eu ainda acho que o que faltou foram aliens!
Whiteout (EUA/CAN/FRA, 2009, Dominic Sena)
INDICADO PARA: Quem sente falta do clima daqueles suspenses dos anos 90 do tipo Risco Total ou O Fugitivo.
NOTA: 6.5
INDICADO PARA: Quem sente falta do clima daqueles suspenses dos anos 90 do tipo Risco Total ou O Fugitivo.
NOTA: 6.5
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Jogando com Prazer
Drama sobre um rapaz que usa sua beleza e juventude pra seduzir mulheres ricas e viver na alta sociedade de Los Angeles. Com Ashton Kutcher (marido de Demi Moore, que agora é chamado pra contracenar com tudo que é mulher mais velha no cinema) e Anne Heche, a ex-lésbica mais famosa do mundo.
A razão de ver o filme é admirar corpos bonitos, carros bonitos e casas bonitas (há nudez e sexo como raramente se vê). Se isso te despertar o interesse, o filme será um bom passatempo. Em alguns momentos achei que ele estava querendo ser mais alguma coisa; como por exemplo nos créditos finais (um close num sapo que é de longe a sequência de créditos mais apavorante e ao mesmo tempo inapropriada que eu já vi). Mas no fundo o filme é mais sobre corpos, carros e casas mesmo. Não há análise ou um ponto de vista mais interessante. O filme tenta criticar um cara que oferece relações vazias baseadas em sexo... Bom, o que o filme faz com a platéia não é muito diferente.
Spread (EUA, 2009, David Mackenzie)
INDICADO PARA: Quem lê Caras.
INDICADO PARA: Quem lê Caras.
NOTA: 5.5
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
A Onda
Filme alemão onde um professor de colegial faz uma experiência incomum com seus alunos para ensinar os mecanismos do fascismo, demonstrando na própria sala de aula que ele ainda não morreu e pode voltar a acontecer a qualquer momento.
Uma sinopse interessante, mas que o filme não chega a realizar de maneira satisfatória. O filme é irritante, da mesma forma que Ensaio Sobre a Cegueira foi irritante: ele quer provar que o ser humano é mau e corrupto, porém não tem nem os argumentos nem a sensibilidade para fazê-lo. Em apenas alguns dias os alunos de A Onda já estão totalmente transformados, saindo pelas ruas pixando muros, vestindo uniformes e fazendo a saudação nazista. Adolescentes normais de classe média jamais dariam tanta importância pra qualquer coisa que se passasse dentro da escola. Eu não estava acreditando em nada, até que me lembrei de um detalhe: no começo do filme apareceu na tela "baseado numa história real"! Ué... Como um filme baseado numa história real pode parecer falso? Eu já vi filmes sobre coelhos assassinos que me pareceram razoáveis! E aqui está o porque: no cinema a realidade dos personagens importa muito mais do que a realidade dos acontecimentos. Se você acredita no personagem, você acredita na história. E A Onda pode muito bem ter sido baseado numa história real, mas certamente não foi baseado em pessoas reais.
Die Welle (ALE, 2008, Dennis Gansel)
INDICADO PARA: Quem gostou de Edukators, etc.
NOTA: 4.5
INDICADO PARA: Quem gostou de Edukators, etc.
NOTA: 4.5
terça-feira, 22 de setembro de 2009
O Sequestro do Metrô 1 2 3
Remake de O Sequestro do Metrô, suspense de 1974, agora com Denzel Washington e John Travolta. Denzel faz um controlador de tráfego do metrô de Nova York que tem seu dia virado de cabeça pra baixo quando um dos trens é sequestrado (por Travolta, meio ridículo se fazendo de mano) com vários passageiros a bordo. O filme foi dirigido por Tony Scott (irmão de Ridley e diretor de filmes populares como Top Gun, Amor a Queima Roupa e Chamas da Vingança). O filme não é tão ruim quanto o trailer prometia. Apesar de um pouco antiquado, com cara de anos 90, a história é envolvente (se passa quase em tempo real), e os 2 astros dão credibilidade o bastante pros personagens. Só não vá esperando um novo Velocidade Máxima.
The Taking of Pelham 1 2 3 (EUA/RU, 2009, Tony Scott)
INDICADO PARA: Quem gostou de Inimigo do Estado, Déjà Vu, Ponto de Vista.
NOTA: 6.5
NOTA: 6.5
sábado, 19 de setembro de 2009
Uma Prova de Amor
Difícil não lembrar de termos como "tearjerker" ou "disease movie of the week" nesse melodrama sobre uma mãe (Cameron Diaz num papel que não a pertence) que tem uma filha com leucemia e resolve ter uma segunda pra poder prolongar a vida da primeira, utilizando seus órgãos como peças de reposição. Uma boa sinopse pra um filme de terror, mas o filme é contado com sensibilidade e acaba funcionando.
Primeiro porque a história é bastante original e envolvente, contada pelos olhos da filha saudável - ela move uma ação contra a própria mãe se recusando a doar mais órgãos pra salvar a irmã! Outro motivo do filme funcionar é Abigail Breslin, a garotinha de Pequena Miss Sunshine, que é simplesmente um achado. Consegue ser ainda mais encantadora que Dakota Fanning por ser menos "atriz", mais espontânea, e ter um carisma natural que às vezes é mais valioso que qualquer habilidade.
My Sister's Keeper (EUA, 2009, Nick Cassavetes)
INDICADO PARA: Homens e mulheres de qualquer idade a fim de chorar.
NOTA: 7.0
INDICADO PARA: Homens e mulheres de qualquer idade a fim de chorar.
NOTA: 7.0
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
Arraste-Me para o Inferno
Filme de terror nostálgico dirigido por Sam Raimi, baseado num roteiro escrito por ele e seu irmão no início dos anos 90. Raimi é conhecido hoje pelos filmes do Homem-Aranha, mas até então ele era o diretor cult da trilogia Evil Dead - uma série de filmes de terror "trash" dos anos 80 que ficou famosa pela mistura de terror "gore" com comédia pastelão, e também pelo uso inventivo de movimentos de câmera (Uma Noite Alucinante, o segundo filme da série, é até hoje considerado o maior clássico do gênero).
O filme tem alguns problemas de exagero - às vezes fica um pouco "over" e explícito demais, mesmo considerando a proposta do diretor. Outra coisa que me frustrou é que a principal reviravolta da história (existem várias, não se preocupem) pode ser sacada com muita antecedência; o período que se passa entre o momento em que a idéia é plantada, e a hora em que o segredo é revelado, é um trecho frustrante do filme pra quem já sacou (e acho que serão muitos, porque geralmente eu sou bem bobinho pra essas coisas).
Mas enfim! Eu ando tão habituado com a relativa mediocridade dos filmes que estréiam toda semana, que fiquei espantado com Arraste-Me para o Inferno desde a primeira imagem que surgiu na tela (antes mesmo do filme começar, já existe algo de muito estranho e fascinante no logotipo da produtora Ghost House). Apesar dos problemas, tive a sensação de estar vendo um filme de verdade pela primeira vez esse ano. Como se das outras vezes, eu tivesse apenas me sentado em poltronas de cinema feito um zumbi avaliando fotografias que se mexiam na tela.
Drag Me to Hell (EUA, 2009, Sam Raimi)
INDICADO PARA: Homens e mulheres jovens. Fãs de terror e filmes cults.
INDICADO PARA: Homens e mulheres jovens. Fãs de terror e filmes cults.
NOTA: 7.5
terça-feira, 11 de agosto de 2009
G.I. Joe - A Origem de Cobra
Será que um filme com esse nome poderia ser bom? Este é o pior blockbuster do ano até agora, mais fraco ainda que Wolverine e Transformers 2. O filme foi dirigido por Stephen Sommers, de A Múmia e do fraquíssimo Van Helsing. No elenco, há vários rostos conhecidos em papéis constrangedores: Dennis Quaid, Sienna Miller, Marlon Wayans, Joseph Gordon-Levitt e a modelo tcheca Karolina Kurkova. A história é tão incompreensível e maluca quanto a de Transformers 2. Dei algumas risadas com as bobagens que ouvi; por exemplo, uma personagem explicando seriamente como funciona o traje invisível - uma roupa formada por pequenas placas que funcionam como monitores: "Ele fotografa tudo que está atrás da pessoa e projeta do lado oposto". Pense nisso por um minuto... É ridículo, SE funcionasse, só funcionaria para 1 único observador parado - de qualquer outro ângulo a roupa deixaria de ser invisível! Vi o filme anteontem e não lembro mais sobre o que era a história... Acho engraçado quando percebo que é muito mais fácil acompanhar um filme do Bergman do que uma loucura dessas.
"G.I. Joe", pra quem não sabe, são os "Comandos em Ação". Sim, aqueles soldadinhos da Estrela que foram tão populares nos anos 80. Por que isso virou filme? Bom, Hollywood adora apostar em sequências, remakes e adaptações, pois é muito mais fácil vender uma marca já conhecida do que criar uma nova. E como já estão acabando os quadrinhos pra serem adaptados, eles estão tendo que usar a criatividade. Já adaptaram brinquedos da Disney, como Piratas do Caribe e Mansão Mal-Assombrada e agora é a vez dos action figures como este e Transformers. Quem sabe um dia marcas de roupa e produtos de limpeza também terão o seu momento de glória na telona.
G.I. Joe: The Rise of Cobra (EUA, 2009, Stephen Sommers)
NOTA: 2.5
quinta-feira, 30 de julho de 2009
Grey Gardens (2009)
Um dos primeiros textos que postei aqui no blog era sobre Grey Gardens, o documentário cult de 1975 no qual este filme foi baseado. O documentário mostrava alguns dias da vida de Edith Bouvier Beale e sua filha Edie, num registro inesquecível da decadência dessas duas parentes excêntricas e divertidas de Jackie Onassis. Este longa, estranhamente produzido pra TV, foca no mesmo período em que o documentário foi filmado, mas vai além, mostrando através de flashbacks como elas chegaram até aquele ponto, e também o que houve depois do lançamento do documentário.
O filme funciona por dois motivos:
1 - O material é muito especial. A história é triste e fascinante ao mesmo tempo. Qualquer filme feito sobre essas duas seria no mínimo memorável, portanto isso nem entra no mérito do filme... O mesmo material foi explorado brilhantemente pelo documentário.
2 - Jessica Lange e Drew Barrymore. Este é o verdadeiro trunfo do filme. Sem exagero, é um dos maiores shows de interpretação que eu já vi. 2 performances dignas de um Oscar, apoiadas por uma boa direção e uma maquiagem impecável que pra mim funciona ainda melhor que a de um Benjamin Button por exemplo. Por que não lançaram isso nos cinemas? Não sei. Tiraram de Drew Barrymore sua primeira indicação ao Oscar, e possivelmente a terceira estatueta de Jessica Lange.
Apesar de ser deprimente em alguns aspectos, o filme guarda em algum lugar uma mensagem positiva; que grandes vidas não passam despercebidas. Assim como você não poderia esconder 1 bilhão de dólares do mundo mesmo que tentasse, você também não pode esconder um grande valor pessoal. As Edies não fizeram absolutamente nada para merecer dois ótimos filmes sobre suas vidas. Elas simplesmente eram interessantes demais pra serem esquecidas! E claro, um parente famoso também ajuda.
Grey Gardens (EUA, 2009, TV, Michael Sucsy)
INDICADO PARA: Fãs de biografias, bons dramas e grandes atrizes.
NOTA: 8.0
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Hannah Montana: O Filme
Assisti o filme durante a final da Copa das Confederações entre Brasil e Estados Unidos. Um pai ao meu lado escutou o jogo inteiro através do celular durante a projeção. O volume não era tão alto a ponto de eu saber o placar, porém a cada gol ele tirava o fone e informava o outro pai ao lado (foi 3 a 2 pro Brasil). Pensei em mudar de lugar no começo, mas fui ficando ali. Percebi que não estava me incomodando tanto assim. E o motivo disso era que o filme estava funcionando. Já disse isso diversas vezes - quando você fica irritado demais no cinema por causa de alguém chutando a poltrona, fazendo barulho com a pipoca, mesmo que seja errado, geralmente é sinal de que o filme é ruim. Ou melhor - que não está funcionando pra você. Todo filme é como um pequeno relacionamento. E quando eles não funcionam, todos esses sons ao redor viram barulho.
The bottom line: Não é nenhum High School Musical, mas é bem melhor que Camp Rock. A produção parece um especial feito pra TV, mas é honesta e tanto as crianças quanto os adultos (mulheres e homens) pareciam estar se divertindo.
Não sei ainda se Miley Cyrus é uma grande artista multi-talentosa. Mas ela sem dúvida tem carisma - aquela capacidade de encantamento exclusiva das verdadeiras estrelas. Vendo o filme me lembrei dos clássicos menores da Judy Garland. O filme podia não ser excelente, mas com ela ele era no mínimo adorável. Miley é um ótimo produto esperando uma embalagem à altura. Espero que ela esteja em boas mãos.
Hannah Montana: The Movie (EUA, 2009, Peter Chelsom)
INDICADO PARA: Crianças e meninas pré-adolescentes.
NOTA: 7.0
segunda-feira, 29 de junho de 2009
A Era do Gelo 3
Mais um capítulo decente e respeitável dessa série de sucesso dirigida pelo brasileiro Carlos Saldanha. Saldanha co-dirigiu o primeiro A Era do Gelo, depois dirigiu um curta de animação que foi indicado ao Oscar e daí virou diretor principal nos últimos dois A Era do Gelo. Ele trabalha atualmente numa animação entitulada Rio, sobre um garotinho do Minnesota que embarca numa aventura no Rio de Janeiro (um pouco de medo...).
A Era do Gelo 3 é tão bom quanto os outros (lembrando que este pode ser visto em 3D, o que dá uma melhorada na experiência). Não sou nenhum fã da série, mas acho ela acima da média pois o senso de humor é sofisticado - bem melhor que os filmes do Shrek, por exemplo, que se baseiam em referências culturais soltas e piadas de banheiro. Mas não chega ao nível de excelência dos melhores desenhos da Pixar. É um pouco polido demais, certinho, com medo de ir muito longe nas idéias, de esticar as emoções. Todos os clássicos infantis são radicalmente dramáticos, violentos, e muitas vezes até profundos. Pegue Bambi, Dumbo, O Rei Leão... É coisa barra pesada mesmo. Fico me perguntando o que mudou no mundo que o entretenimento de adulto é pesado e sombrio (O Cavaleiro das Trevas, O Exterminador do Futuro 4), enquanto os filmes infantis ficaram mais tímidos e apáticos...
Ice Age: Dawn of the Dinosaurs (EUA, 2009, Carlos Saldanha)
INDICADO PARA: Crianças e adultos em geral.
NOTA: 6.5
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Trama Internacional
O filme é claramente inspirados em thrillers dos anos 50 e 60, principalmente nos filmes de Hitchcock como Intriga Internacional (North by Northwest, de 1959). Vemos isso no estilo, na escolha dos protagonistas, no desenvolvimento do roteiro, temos cenas de ação em pontos turísticos, McGuffin, etc. No entanto há uma enorme diferença entre Trama Internacional e o que seria uma atualização de Intriga Internacional. Os filmes de Hitchcock, apesar de terem esses mesmos elementos, eram antes de tudo entretenimento. Você ria o tempo todo. Os filmes dele não eram "sérios", violentos... Ele era um Spielberg que fazia suspenses. Outra diferença grande está nos personagens. Mesmo em aventuras leves como Intriga, os personagens eram o centro. Você gostava deles, tinha a sensação de conhecê-los de verdade. Aqui eles são instrumentos do enredo, vemos eles de fora.
Dito isso, este é um suspense de primeira linha, interessante do começo ao fim, com algumas cenas memoráveis (a mais brilhante sem dúvida é a do Museu Guggenheim). O grande mérito na verdade é o visual (a combinação de fotografia com direção de câmera, desing de produção, etc). Não é todo dia que se vê uma imagem tão milimetricamente calculada, tão precisa, tão prática e ao mesmo tempo bonita de se ver (o engraçado é que já se percebe isso antes do filme começar, no logo da Columbia). Cinema é imagem e som. Capriche nessa parte e você já andou metade do caminho.
Montei essas comparações pra ilustrar meu argumento:
The International (EUA, ALE, RU / 2009 / Tom Tykwer)
INDICADO PARA: Quem gostou de "A Identidade Bourne", "Cassino Royale", etc.
NOTA: 7.0
domingo, 21 de junho de 2009
LASERMANIA EXIBE "BOTTLE SHOCK"
A Lasermania apresenta "Bottle Shock" em sessão gratuita na próxima terça feira, 23 de Junho, às 20h30, com apresentação do enófilo Ricardo Bohn Gonçalves, especialmente convidado para participar de um bate-papo com a platéia após a apresentação.
"Bottle Shock" é um filme que mostra os primeiros tempos da produção de vinho em Nappa Valley, Califórnia, na década de 70. Na competição internacional de melhor vinho em 1976, em Paris, a vitória foi da vinícola californiana Chateau Montelena, o que colocou a região no mapa dos melhores produtores do planeta. Conhecida como "Julgamento de Paris", esta degustação se tornou antológica e foi um grande marco na produção mundial de vinho.
O home theater da Lasermania tem espaço limitado para somente 32 pessoas, por isso é necessário fazer reserva pelo telefone (11) 3167 0196.
Bottle Shock (EUA, 2008, Randall Miller)
Com: Alan Rickman, Bill Pullman, Chris Pine
Duração: 109 minutos
Legendas em Inglês e Espanhol
Lasermania
Rua Pedroso Alvarenga, 1293 - Itaim Bibi
www.lasermania.com.br
Loose Change: Final Cut
Vi na internet esse documentário chocante sobre os atentados de 11 de Setembro. Não sou do tipo que gosta de teorias da conspiração e vai atrás dessas coisas, mas achei o filme fascinante e terminei ele convencido de que não sabemos a verdade sobre essa história. São tantas perguntas, tantos buracos, alguns até óbvios demais. Fiquei perturbado com o fato disso não estar sendo mais discutido... Será que daqui a 30 anos isso será visto como uma espécie de holocausto? Uma mancha na história da humanidade? Onde estão os destroços do avião que caiu no Pentágono? E os vídeos do impacto? Ninguém nunca VIU de fato esse acidente, apesar do Pentágono ser um dos prédios mais vigiados do mundo, cercado de câmeras por todos os lados. Por que as torres gêmeas desabaram daquela forma? E o 3º prédio, que não foi atingido por nada, mas caiu de uma hora pra outra como numa implosão controlada? É simplesmente um absurdo que a gente não saiba dessas coisas. As pessoas tendem a aceitar, pois parece muito radical a hipótese de alguém ter planejado tudo. Mas foi tudo tão espetacular, tão cinematográfico, que parece até "bem escrito" demais pra ser real. A vida nunca é um filme do Jerry Bruckheimer.
Dia 22 de Setembro, uma nova versão desse documentário chamada "Loose Change 9/11: An American Coup", aparentemente mais bem produzida, estréia nos cinemas do EUA.
Loose Change: Second Edition (EUA, 2006, Dylan Avery)
NOTA: 8.5
Intrigas de Estado
Pelo trailer me parecia um thriller chato e sem personalidade, assim como "Rede de Mentiras", "O Reino" e tantos outros que saíram nos últimos anos (começando pelo título que é inexpressivo e parece qualquer outra coisa que vc já viu). Fui ver porque li uma crítica positiva do Mick LaSalle (do San Francisco Chronicle), que costuma acertar.
A história se passa num jonal de Washington, onde um repórter experiente (Russell Crowe, junto com uma blogueira ambiciosa) se envolve na investigação de 2 assassinatos e na morte da amante de um amigo seu de faculdade - agora um congressista em ascenção (Ben Affleck). O filme foi adaptado de uma série de TV inglesa, portanto a ação está condensada, resultando num filme compacto e cheio de reviravoltas. Não é nada pra Oscar, mas é um filme prazeroso de se ver, sempre intrigante e com algumas cenas de suspense bem eficientes. Até Russell Crowe que eu não costumo gostar está agradável.
State of Play (EUA/RU/FRA, 2009, Kevin Macdonald)
INDICADO PARA: Quem gostou de "Todos os Homens do Presidente" e filmes do gênero.
NOTA: 7.0
quarta-feira, 17 de junho de 2009
A Mulher Invisível
Assim como a de baixo, esta é outra comédia romântica pré-fabricada, previsível, com mulheres que não podem ser vistas. O diferencial é que esta é brasileira! Veja só... 10 anos atrás eu não me imaginaria reclamado de filmes brasileiros por serem comerciais demais, por explorarem todos os clichês do gênero. O elenco é o que funciona melhor. Selton, Luana, Vladimir, Fernanda... Estão todos no lugar certo. A história por outro lado é mal desenvolvida (às vezes pretensiosa, exagerando no final, fazendo referências a filmes muito melhores que este) e parte de uma premissa já meio fracassada - sabemos o tempo todo que a mulher invisível só existe na cabeça do Selton Mello, e filmes sobre alucinações são sempre chatos.
Enfim, o filme é tão fraco quanto qualquer coisa que a Kate Hudson fez nos últimos anos. Mas acho legal que o Brasil tenha aprendido a produzir filmes dentro dessa gramática. Agora nós podemos fazer nossas próprias comédias românticas americanas vagabundas!
A Mulher Invisível (BRA, 2009, Cláudio Torres)
INDICADO PARA: Quem gostou de "O Amor É Cego", "E Se Fosse Verdade...".
NOTA: 4.5
Minhas Adoráveis Ex-Namoradas
Uma comédia romântica tão comum e dentro da linha que fica difícil até de comentar. Não há nada de muito especial, nem nada de muito ruim. Pelo menos não é um filme vergonhoso como a maioria do gênero; dá pra assistir sem incômodos. A história é inspirada em "Um Conto de Natal" de Charles Dickens: Matthew McConaughey faz um mulherengo (ele já interpretou outro papel?) que às vesperas do casamento do irmão é visitado por fantasmas de ex-namoradas que pretendem lhe dar uma lição.
Em inglês existe um termo chamado "typecasting", que é quando um produtor contrata um ator que já é fortemente identificado com um tipo de personagem (o caso do Matthew). É uma ferramenta útil em alguns casos, principalmente em comerciais, onde só há alguns segundos pra se contar uma história. Em longas isso às vezes me passa a impressão de preguiça artística. De alguém que não quer pensar muito a respeito do que está fazendo; que não quer correr riscos. O problema é que o filme pode ficar desinteressante demais (David Lean dizia o contrário: "Sempre escale CONTRA o personagem, e não será chato!"). E aqui parece que o typecasting foi aplicado a tudo - à fotografia, à trilha sonora, ao roteiro... É tudo muito adequado e previsível, parece que o filme foi feito por um comitê. Mas pelo menos tem certa elegância e não constrange.
Ghosts of Girlfriends Past (EUA, 2009, Mark Waters)
INDICADO PARA: Quem gostou de "Como Perder um Homem em 10 Dias" ou "Do Que as Mulheres Gostam".
NOTA: 5.5
segunda-feira, 15 de junho de 2009
A Festa da Menina Morta
Todo filme traz uma lição nova ou reforça uma antiga. A que tirei deste foi da importância da imprevisibilidade, de evitar os clichês. Um filme é quase sempre interessante quando você não sabe pra onde ele está indo - e quase sempre chato quando você pode imaginar como será final, mesmo que no fim você esteja errado! O ritmo de um filme não tem nada a ver com a velocidade dos acontecimentos físicos, e sim com o ritmo das idéias apresentadas (e a qualidade delas, é claro). É por isso que um filme como "Velozes e Furiosos 4" pode te fazer dormir na poltrona, enquanto um filme "parado" como este te deixa com os olhos arregalados do começo ao fim.
O lado ruim: não gosto muito desses filmes de "vanguarda" que tentam chocar a platéia com cenas de nudez, incesto, etc. Parece coisa de cineasta novato que não sabe que nos anos 60 e 70 já tinha gente fazendo coisa muito pior. Ou seja, apesar de ser divertido ver uma galinha sendo decapitada em close, isso não me impressiona. O que importa é o conteúdo, a técnica... E nesse ponto o máximo que posso dizer é que o filme é autêntico, uma expressão artística verdadeira - mas cheia de autocomplacência e um pouco fechada demais pra gerar admiração.
A Festa da Menina Morta (BRA, 2008, Matheus Nachtergaele)
INDICADO PARA: Quem gosta de filmes de arte fortes, não convencionais. Bressane, Sokurov, Fassbinder, coisas do tipo.
NOTA: 6.5
terça-feira, 9 de junho de 2009
O Exterminador do Futuro: A Salvação
Erro #1: Sem James Cameron, é impossível fazer algo à altura dos 2 primeiros.
Erro #2: Sem Schwarzenegger, não há "Terminator". Seria como fazer um novo "Esqueceram de Mim" sem o Macaulay Culkin. Ah... Já fizeram isso.
Erro #3: O filme se passa todo numa guerra no futuro e os personagens são soldados e robôs. Os 2 filmes do Cameron se passavam no presente em ambientes urbanos, e os personagens eram pessoas comuns - até que chegavam os exterminadores. Como dizia Hitchcock, é a justaposição da realidade com a fantasia que cria a fantasia.
Erro #4: Não há humor.
Apesar da alta qualidade técnica (não é uma produção tosca como "Wolverine"), "Salvação" é um filme deprimente que só pode ser considerado uma sequência de "O Exterminador do Futuro" assim como "Hannibal - A Origem do Mal" é considerado uma sequência de "O Silêncio dos Inocentes". É o que se pode esperar de um cineasta chamado "McG" (responsável pelos dois "As Panteras").
Terminator Salvation (EUA, 2009, McG)
INDICADO PARA: Apenas adolescentes, fanáticos pela série ou por efeitos especiais.
NOTA: 4.0
quinta-feira, 28 de maio de 2009
Uma Noite no Museu 2
Li a crítica do Rubens Ewald antes de assistir o filme onde ele dizia que este era melhor que o primeiro pois o roteiro era mais redondo, havia soluções melhores, etc. Estranhei porque os críticos americanos estavam falando o contrário. Daí lembrei algo importante - eu e o Rubens não concordamos em nada quando o assunto é humor! E o primeiro "Uma Noite no Museu" só funcionou porque havia 2 ou 3 piadas realmente fantásticas (como a da índia lendo marcas de pneu na neve). O resto era bobagem; a premissa já é tão bobinha que uma trama mais elaborada não faria nenhuma diferença. Mas o Rubens provavelmente nem ligou pras 2 ou 3 piadas que eu falei; julgou o filme mais pela aventura.
O filme é apenas uma sucessão de gags e sacadas mais ou menos criativas envolvendo os elementos do museu. Não há de fato um enredo, e os conflitos são banais - a situação mais dramática é quando Owen Wilson (em miniatura) é colocado dentro de uma ampulheta pelo vilão (a idéia é que quando o tempo se esgotar ele irá morrer soterrado; o que não faz sentido, pois nenhum lado de qualquer ampulheta fica completamente cheio de areia, ele iria continuar respirando o ar do outro lado do vidro, só que com areia até o pescoço!). Isso é só pra demonstrar que a qualidade de idéias aqui é meio fraca (há uma piada completamente inapropriada quando Ben Stiller troca tapas com um macaco - "bater no macaco" é uma gíria pra masturbação em inglês!). Ou seja, é tudo tão casual e desnecessário que o filme não funciona nem como uma diversão acéfala do tipo "A Lenda do Tesouro Perdido". A única coisa boa no filme inteiro é Amy Adams ("Encantada") como a aviadora Amelia Earhart - uma participação inspirada que apenas confirma o talento dela. Enfim, se for levar as crianças, compre bastante coisa pra comer durante a sessão.
Night at the Museum 2: Battle of the Smithsonian (EUA/CAN, 2009, Shawn Levy)
INDICADO PARA: Crianças apenas.
NOTA: 4.5
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Budapeste
O que esperar de um drama cujo personagem principal é um completo fracassado? Quando você começa a escrever um filme, uma das primeiras coisas que se define é o personagem principal (às vezes até antes da história). E normalmente você tenta criar a pessoa mais interessante e admirável possível. O Woody Allen vive interpretando "losers" - mas perdedores apenas em algumas categorias, como no amor e no trabalho. Fora isso ele é sempre fascinante, engraçado e cheio de frases geniais.
No filme "Trovão Tropical" há uma teoria sobre interpretar retardados no cinema - que você nunca pode fazer um retardado completo, se não a Academia não te reconhece (você pode fazer "Rain Man", que é retardado mas é um gênio da matemática e ganha no blackjack). Com fracassados acho que é a mesma coisa - e José Costa em "Budapeste" é um full-loser. Um quarentão chato, triste, mal nos relacionamentos e com a profissão mais desprezível que existe: um ghost-writer (escritores que são pagos pra escrever biografias para outras pessoas e abrir mão de qualquer crédito de autoria). Ou seja, a não ser que você veja genialidade em frases como "A poesia de verdade desaba por dentro...", poupe-se dessas 2 horas de masturbação pseudo-intelectual.
Contei mais de 12 pessoas que sairam da sala durante a sessão.
Budapeste (BRA, 2009, Walter Carvalho)
INDICADO PARA: Apenas fracassados maiores ainda. Pq no filme pelo menos o cara fracassa na Hungria... Tem umas pontes bonitas...
NOTA: 2.5
terça-feira, 19 de maio de 2009
Anjos e Demônios
No meio de tantas super-produções fracassadas, que deram errado por terem sido entregues às pessoas erradas, dá gosto ver este exemplo perfeito do bom e velho filmão de estúdio. Uma produção hollywoodiana impecável, com um grande astro no elenco, uma história comercial adaptada de um bestseller, e um diretor experiente que faz o serviço com segurança e habilidade. Um entretenimento eficiente e sem pretensões, que entrega exatamente aquilo que vende. É alta cultura? Não, é apenas diversão.
Às vezes me acusam de ser exigente demais com o cinema, que um filme às vezes pode ser apenas diversão. Eu concordo mais do que ninguém! O problema é que a indústria anda tão pobre que até pra uma diversão passageira é necessário um vencedor do Oscar como Ron Howard (ele dirigiu "O Código Da Vinci" além de filmes importantes como "Cocoon", "Apollo 13", "Uma Mente Brilhante", "A Luta pela Esperança" e "Frost/Nixon" - é como um William Wyler ou um George Cukor, não é considerado um grande artista mas um excelente artesão). O filme é uma sequência de ação do começo ao fim, cheia de surpresas e reviravoltas, com uma trilha alucinante de Hans Zimmer e uma direção de arte inacreditável (lembre-se que NADA foi filmado de fato no Vaticano).
Senti falta de alguma coisa? Sim, principalmente de Langdon. É tanta coisa acontecendo que o filme nunca tem tempo de respirar, e não há tempo pro personagem. São raros os momentos em que a câmera para um pouco e podemos curtir a companhia de Tom Hanks. E um filme não pode ser apenas trama; os melhores do gênero sempre mesclam a aventura com uma história pessoal igualmente importante (pegue os Indiana Jones como exemplo). Mas aqui ele está apenas correndo de um lado pro outro a serviço (provavelmente numa tentativa do filme de agradar a quem leu o livro, evitando cortar muitas passagens da história, sem deixar o filme com 3 horas de duração).
Comparando com "O Código Da Vinci", achei este menos emocionante (até porque a história de "Da Vinci" era mais grandiosa), porém mais gostoso de seguir, mais coerente e com menos falhas (começando pelo cabelo de Tom Hanks).
Angels & Demons (EUA, 2009, Ron Howard)
INDICADO PARA: Todos. Quem gostou de "Da Vinci".
NOTA: 7.5
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Divã
Apesar de ter gostado do filme e de ter dado muita risada, saí da sessão meio esgotado. Daí descobri que apesar de parecer uma comédia, o filme tinha sido na verdade um estudo amargo sobre o envelhecimento. O que ele quer te fazer sentir do começo ao fim é que as coisas não duram: o corpo, a família, filhos, maridos, amigos, nem mesmo a terapia. Você sai do filme se sentindo 10 anos mais velho, até porque o próprio roteiro sofre uma espécie de envelhecimento - ele começa cheio de vigor, originalidade, boas piadas... Mas no terceiro ato vai perdendo a força, até um final amarelo e agridoce.
Adorei a produção (perto desse, "Se Eu Fosse Você 2" fica parecendo um vídeo caseiro), o filme tem piadas excelentes, Lília Cabral está ótima e ainda melhor está Alexandra Richter fazendo a amiga engraçada (essa é digna de um filme do Lubitsch!), mas acho que o filme tem algo de contraditório em sua proposta. Ele se apresenta como algo vindo da prateleira de "Sex and the City", mas se eu fosse uma mulher acima dos 30 anos, "Divã" me deixaria realmente desesperada! Ao invés de inspirar e divertir, o que o filme me diz é o seguinte: você pode ser rica, ter saúde, beleza, filhos, ser casada com o José Mayer, ter affairs com o Gianecchini e o Cauã Reymond, mas a vida ainda vai ser a mesma droga. Eu conheço filmes sobre o holocausto que são mais otimistas do que este!
Divã (BRA, 2009, José Alvarenga Jr.)
INDICADO PARA: Público adulto. Quem gosta do cinema comercial italiano ou argentino.
NOTA: 6.5
terça-feira, 12 de maio de 2009
Star Trek
Conheço muita gente que não sabe diferenciar "Star Trek" de "Star Wars", apesar de serem coisas tão distintas. Mas tenho que admitir que esse universo é muito confuso, até pra quem conhece. Imagine que em 1966 foi lançada a série de TV original "Star Trek". Esta foi gerando outras menores, como "Star Trek: The Next Generation" e "Star Trek: Voyager" ao longo dos anos 80 e 90. Mas têm também os filmes para cinema, que foram 10, até "Star Trek: Nemesis" (e tem os "Star Wars" no meio disso tudo pra confundir; são 3 clássicos e 3 modernos, porém cronologicamente invertidos!).
Agora surge este novo "Trek", com atores novos, e todo mundo fica se perguntando; É sequência? É remake? É spin-off? É prequel? Basicamente, o filme é apenas mais uma sequência. Acontece que esta trama em particular envolve viagens no tempo e realidades paralelas, servindo assim como uma perfeita desculpa pros produtores recriarem toda a série, rejuvenecendo os atores e deixando tudo com uma cara mais fresca e pop.
Por enquanto, é o melhor blockbuster de 2009. O filme foi dirigido por J. J. Abrams, criador da série "Lost", que é ao mesmo tempo o ponto forte e o ponto fraco do filme. O lado bom é uma direção envolvente, que agarra a platéia pelo pescoço e deixa ela presa do começo ao fim. O ponto negativo é que falta no filme um certo requinte cinematográfico. Nas interpretações, na direção, na fotografia. Uma dimensão artística que existiria se houvesse um diretor mais sensível por trás. Mas é tão raro ver um filme pipoca que realmente funciona, que a gente tem mais é que bater palma.
O que é legal nos "Star Trek" é que cada episódio traz sempre uma história interessante de ficção científica, que não é apenas um filme de ação ou um melodrama transferido pro espaço. As tramas utilizam o universo sci-fi pra criar dramas e conflitos que só seriam possíveis nesse contexto. Como a cena em que o Capitão Kirk precisa tirar Spok do comando da nave, mas pra isso tem que extrair dele uma reação descontrolada, pra provar que está emocionalmente comprometido. Spok é mestre no controle das emoções, e tirá-lo do sério parece algo impossível. Mas Kirk recebe dicas da única pessoa que realmente conhece Spok por dentro - o próprio Spok, só que mais velho, vindo de uma realidade alternativa! São esses toques que tornam o filme interessante e fazem todo o resto funcionar. Destaque pra Zachary Quinto que faz o Spok e pra Zoe Saldana, que no fim do ano sai no "Avatar" do James Cameron.
Star Trek (EUA/ALE, 2009, J.J. Abrams)
INDICADO PARA: Qualquer um a fim de um bom entretenimento.
Avaliação do público (IMDb): 8.6
Avaliação da crítica (RottenTomatoes): 91%
NOTA: 8.0
domingo, 3 de maio de 2009
X-Men Origens: Wolverine
Não sei o que está acontecendo em Hollywood. Alguns anos atrás esse tipo de filme poderia até ser ruim, mas pelo menos tinha efeitos de primeira linha. Será que eles se renderam à pirataria e assumiram que grande parte do público irá assistir ao filme no computador? Se foi isso erraram - o filme fez 87 milhões só no primeiro fim de semana (mesmo tendo vazado antes na internet). Acho triste ver que mesmo em tempos de crise as pessoas saem de casa, compram o ingresso, enfrentam filas, e a indústria cinematográfica responde com um lixo desse naipe. Um filme de segunda categoria mesmo, longe dos hits do ano passado "Homem de Ferro" e "O Cavaleiro das Trevas", e inferior ainda aos 3 primeiros "X-Men". Logo após os créditos iniciais eu virei pro meu amigo e disse: este filme está complamente fora de controle! E a impressão se manteve até o final. Hugh Jackman, que impressionou o mundo no último Oscar, desce de novo de categoria e se une a Vin Diesel e outros astros de ação cujo maior talento são os bíceps (desafio qualquer pessoa a achar 1 único frame do filme onde Jackman não esteja com as sobrancelhas franzidas!). O filme foi dirigido por Gavin Hood, diretor de "Tsotsi", vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2006. Me dá certa angústia imaginar que os produtores possam ter procurado um diretor estrangeiro (em vez de um diretor de Hollywood competente) na esperança de dar ao filme uma sensibilidade mais artística.
X-Men Origins: Wolverine (AUS/EUA/CAN, 2009, Gavin Hood)
INDICADO PARA: Não dá pra indicar.
Avaliação do público (IMDb): 6.9
Avaliação da crítica (RottenTomatoes): 15%
NOTA: 3.5