segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Filho de Saul

NOTAS DA SESSÃO:

- Impactante a cena inicial. A câmera apenas no rosto do personagem mostrando os horrores do nazismo nos cantos da tela, como se fosse algo banal, cotidiano.

- Médico sufocando o menino que sobreviveu: uma das cenas mais terríveis dos últimos tempos.

- SPOILER: O menino morreu? Saul vai tentar reanimá-lo?! Não acredito a história vai ser apenas sobre Saul tentando enterrar o corpo. Premissa péssima. Pelo visto o cara nem conhecia o garoto (e mesmo que conhecesse, com ele morto a história não seria muito mais interessante). A plateia não tem nada de bom pra esperar dessa situação.

- Achei que a técnica de deixar a câmera no rosto do personagem seria apenas pra fazer um plano-sequência inicial de impacto. Mas fazer o filme inteiro assim deixa tudo muito monótono, cansativo. O cineasta parece estar se escondendo atrás dessa única ideia pra não precisar mostrar se sabe contar uma história direito, utilizando mais recursos cinematográficos.

- Naturalismo: narrativa solta, desestimulante, sequências longas e realistas que não movem a história adiante, caracterização superficial (não sabemos quase nada sobre Saul, suas motivações, etc), retrato do homem como uma vítima indefesa, sem poder sobre seu destino.

- Não acho muito admirável o que Saul está fazendo: arriscando a própria vida e a vida de outras pessoas pra "salvar" alguém que já morreu.

- Que tédio! 90% do filme são imagens de Saul seguindo ordens, sendo submisso, fazendo seu trabalho, sendo vítima dos nazistas opressores. E daí de vez em quando ele faz algum movimento em busca de seu humilde objetivo, que não é interessante em termos de narrativa - não é que ele está armando um plano de fuga excitante, tentando salvar uma vida real, querendo se vingar dos nazistas, etc.

- SPOILER: Confuso o final. Como exatamente eles escaparam? A história é mal contada, até por causa da câmera que só fica na cabeça do protagonista.

- SPOILER: Depois disso tudo Saul ainda perde o corpo do garoto? Dessa maneira tão banal?? E no fim todo mundo morre??! Por que o detalhe do menino loirinho aparecendo? Deu a impressão que ele que iria entregar os fugitivos, mas não é isso que acontece, então ficou sem sentido.

CONCLUSÃO: História tediosa com um protagonista desinteressante, cuja intenção parece ser a de contemplar o homem como uma vítima indefesa.

Saul fia / Hungria / 2015 / László Nemes

FILMES PARECIDOS: Ida / Timbuktu

NOTA: 2.0

11 comentários:

  1. Coisa que eu acho terrível ao retratar o holocausto é a extrema caracterização que os lados tem. Me irrita que os perseguidos pelo nazismo são um bando de coitados, que só sofrem, aguardam a próxima tragédia, não fazem nada, não lutam, são as vítimas absolutas. Apenas um bando de coitados.

    Já os nazistas são retratados como soldados desmiolados que ficam humilhando e tirando sarro dos prisioneiros como se fossem bullys adolescentes. Desconstruindo a principal finalidade que os campos de concentração tinham. Pois a "solução final" de Hitler veio perto do fim da guerra, antes disso, os campos de concentração não eram de extermínio mas de prisioneiros e escravos.

    Sobreviventes do holocausto declararam que os guardas eram cruéis, mas extremamente disciplinados. Não ficavam fazendo gracinhas infantis, principalmente na frente de oficiais superiores. Relatos afirmam que os nazistas apenas davam ordens em alemão sem ao menos olhar na cara dos prisioneiros. Encostar neles e sair cantarolando seria o absurdo da fantasia.

    Soldados alemães que eram flagrados interagindo de forma íntima com "raças inferiores", tinham que ser descontaminados. Dependendo da patente, alguns eram executados e outros exonerados do seu posto.

    Não estou "aliviando" o nazismo, mas como estamos assistido a filmes, seria interessante ter personagens menos clichês e caricatos. Na verdade, acredito que esse tipo de filme que na verdade alivia pro nazista, pois ele é retratado na tela como um palhação gritão, e o judeu como um pobre coitado com carinha de triste.

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  2. Perfeito... Também acho péssimo isso nesses filmes. No Filho de Saul tem essa cena patética onde os oficiais começam a ridicularizar o protagonista... Não é nada convincente. Mesmo o Hitler (como naquele filme A Queda) às vezes é caracterizado de uma maneira caricata, o tempo inteiro gritando enfurecido. Isso mostra que o cineasta não tem muita ideia do que é maldade, do que permite que alguém cometa tais atrocidades, etc.

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  3. Também achei aquela cena patética. E o diretor utilizar este método de focar na cara sofrida do protagonista é o cúmulo do "sofrismo". Uma mensagem tão barata que parece aqueles posts de lição de moral do face que a tia mais velha compartilha.

    Sempre encarei filmes ambientados no holocausto como uma desculpa para o sadismo enrustido. Por exemplo, filmes com personagens fortes e bem definidos não precisam mostrar em tela os horrores do holocausto para que a plateia goste do filme. Temos "A vida é bela", "O diário de Anne Frank", "O menino do pijama listrado", "A garota que roubava livros". Todos filmes bem aceitos pelo público sem usar a desculpa do sofrimento alheio.

    Fora que existiu um campo de concentração (não lembro o nome) onde 100% dos internos sobreviveram após a guerra, outros que a maioria lutou e sobreviveu. E casos como o de Schindler, onde oficiais nazistas na verdade ajudaram pessoas a fugirem para estados neutros na Europa.

    Ou seja, Hollywood deve parar de inventar sofrimento alheio pra satisfazer a ânsia por negativismo da plateia, e começar a produzir histórias mais bonitas, baseadas em eventos reais.

    Com relação a Hitler, ele era notável por conquistar a lealdade das pessoas pelo seu carisma. Sempre sorridente e educado. Tirava o quepe na presença de damas e se levantava quando alguém mais velho vinha em sua direção. Pregava disciplina e ordem e aplicava em sua vida. Tratava os soldados rasos de forma íntima, pessoalmente colocava a medalha no peito de heróis de guerra, e toda a Alemanha tinha um carinho especial por ele. E mesmo assim era o vilão da história. Temos o exemplo do melhor monstro de filme de terror possível, um que realmente existiu, mas os clichês do gênero não permitem que aconteça.

    Gritar em discursos, até os pastores gritam.

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  4. Concordo.. Acho que tudo depende da intenção do filme né.. Da "agenda" do cineasta.. Você pode contar a história mais trágica do mundo, e ainda assim não ter essa atitude de "sofrismo" (por exemplo: O Quarto de Jack, que comentei esses dias).. Mesmo a Escolha de Sofia eu acho ótimo.. que poderia ser visto como o cúmulo do sofrimento.. Mas acho a atitude do filme positiva, porque ele foca na construção de uma amizade.. na tentativa da personagem de manter o otimismo, a força, o auto-controle, apesar da situação toda.. e mostra toda a beleza da personagem, numa performance incrível da Meryl Streep, etc. A Lista de Schinder também. É totalmente diferente de um filme como Filho de Saul.
    Hitler realmente devia ter uma personalidade fascinante pra liderar tanta gente.. pouco provável ele ter sido esse senhor rabugento retratado em alguns filmes.

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  5. Deem uma olhada: https://www.youtube.com/watch?v=pY4FCKlQISA

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  6. Tem havido um número meio exagerado de filmes sobre o holocausto, o que, apesar do valor memorialístico, causa algum desgaste do tema, talvez por filmes sobre o tema sejam vistos como um passaporte para o Oscar. A Kate Winslet numa participação num seriado chamado "Extras", onde fazia papel dela mesma, disse que 'se você faz um filme sobre o Holocausto, seu Oscar é garantido'. E ela nessa época ainda não havia recebido o Oscar por "O Leitor".

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  7. É tema que não morre né... Em geral tenho um pouco de preguiça desses filmes... Seria legal um que mostrasse os nazistas como estatistas, anti-capitalistas, etc.
    Não sabia dessa da Kate Winslet, hehe.

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  8. Chegou uma hora que torci pro Saul morrer logo. Colocou a vida dos amigos em risco, do médico, Não ajudou quando precisou... Merecia morrer.rs

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  9. Chegou uma hora que torci pro Saul morrer logo. Colocou a vida dos amigos em risco, do médico, Não ajudou quando precisou... Merecia morrer.rs

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  10. Haha... realmente... muito chato esse personagem, Roberta.

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