Um Lindo Dia na Vizinhança (A Beautiful Day in the Neighborhood / 2019): 7.5 - Quando começou, achei um pouco frustrante e enganoso o fato do filme não ser uma biografia de Fred Rogers (como o pôster sugere), e sim a história de um jornalista que vai escrever um artigo sobre ele e acaba tendo sua vida transformada. Não me importei tanto pelos dramas pessoais do jornalista, mas no momentos em que Rogers está em cena, o filme é um retrato fascinante de uma personalidade única, de uma generosidade quase sobre-humana, e Hanks está perfeito no papel.
O Caso Richard Jewell (Richard Jewell / 2019): 6.5 - Tenho um pouco de preguiça desses filmes atuais de Clint Eastwood que são sempre histórias reais de americanos comuns que arriscam suas vidas pra salvar outros americanos de desastres e ataques terroristas. Não acho que esse tipo heroísmo torne alguém automaticamente interessante como foco de um filme, e o compromisso com as histórias reais às vezes impede Clint de criar uma narrativa satisfatória, dramática, surpreendente o bastante, como é o caso de Richard Jewell, que prende a atenção na maior parte, mas acaba tendo um desfecho um pouco morno, nunca atinge os picos de tensão que uma obra de ficção atingiria. Ainda assim é um filme decente, provavelmente o melhor dele desde Sniper Americano (2014).
1917 (2019): 8.0 - É daqueles filmes que você admira mais pela técnica e pela enorme dificuldade de realização do que pelo conteúdo em si. Não há personagens muito memoráveis, uma mensagem interessante, uma narrativa particularmente prazerosa, mas é um show tão incrível de direção, produção, fotografia, que a cada 5 minutos você se vê perguntando "como eles fizeram isso?". É uma experiência imersiva, um espetáculo audiovisual estilo Dunkirk, porém feito com inteligência e uma noção superior de cinema.
Jumanji: Próxima Fase (Jumanji: The Next Level / 2019): 5.0 - Não basta ser sequência de um remake, o filme ainda copia vários elementos de Indiana Jones e o Templo da Perdição (1984), refletindo a crise de imaginação e criatividade em Hollywood. É uma aventura bem intencionada, fácil de assistir, mas a pobreza do roteiro e a completa falta de estímulo intelectual me deixaram entediado na poltrona apesar de toda a ação física rolando na tela.
Judy: Muito Além do Arco-Íris (Judy / 2019): 4.0 - Biografia ofensiva, rasa, pobre em roteiro, sem o menor respeito por quem foi Judy Garland. É um desses filmes medianos que saem todo ano apenas como veículos pra atores ganharem prêmios, como foi Hitchcock, Sete Dias com Marilyn, Diana, A Dama de Ferro, onde todo o foco é a performance central (a intenção é sempre a mesma: não celebrar talento, mas expor os males do sucesso, da fama, do poder). Não dá pra dizer que Renée está mal, mas os dentes falsos e a voz ruim para canto (por que não chamaram uma dubladora?) incomodam em vários momentos, então pra mim não chega a ser a performance do ano.
Apollo 11 (2019): 7.5 - Não é um documentário com grandes méritos criativos pois ele consiste apenas de imagens de arquivo da missão Apollo (imagens sensacionais, devo dizer, algumas nunca antes vistas), mas não há novos conteúdos criados pra esse filme em particular (tirando trilha e algumas animações explicativas), não há nem uma narração pra tentar dar um novo ângulo pro evento. Mas talvez nem precisasse mesmo, pois a realidade da missão é tão fantástica que as imagens falam por si mesmas. Vale no mínimo como um documento histórico impressionante, me senti realmente testemunhando a missão pela 1ª vez.
Jojo Rabbit (2019): 3.5 - Não dei 1 risada sequer, Taika Waititi me parece extremamente equivocado na ideia de que humor é seu ponto forte. O filme tem sérios problemas de tom, não consegue achar um equilíbrio satisfatório entre comédia e drama, e no fim não funciona nem como um, nem como outro. Vale no máximo como um exercício em excentricidade no estilo Wes Anderson (mas sem o mesmo requinte visual).
Adoráveis Mulheres (Little Women / 2019): 8.0 - História um pouco Naturalista, focada no retrato de uma época, sem uma narrativa muito forte, porém perfeitamente produzido, atuado (melhor elenco que vi esse ano), a trilha sonora é lindíssima e o final satisfatório compensa algumas das mensagens menos otimistas que absorvemos ao longo da história. Merecidas as 6 indicações ao Oscar.
O Escândalo (Bombshell / 2019): 7.0 - Me lembrou um pouco Spotlight (2015); é um daqueles filmes que apesar de terem uma pauta de esquerda e atacarem alguns símbolos do conservadorismo, não são tão polarizadores, daqueles que agradam apenas os militantes de um lado ou de outro. O roteiro consegue apresentar o problema de forma equilibrada, e o que vemos são apenas mulheres íntegras, lutando honestamente contra um problema real. Destaque pras 3 atuações centrais e pra John Lithgow também.
Frozen II (2019): 6.5 - Alguns dos meus problemas com o primeiro filme foram amenizados aqui; Elsa não é mais aquela princesa rancorosa e niilista, as canções se encaixam melhor na narrativa... A força do filme está nos elementos de fantasia (há algumas ideias ótimas como o cavalo de água) e também nos momentos musicais "showstopper" de Elsa. Não é grande coisa, as mensagens continuam bem duvidosas, mas dá pra aproveitar como um divertimento despretensioso.