sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Megatubarão


Sempre que eu entro pra ver um filme, talvez meu desejo mais profundo e essencial (e raramente satisfeito) é o de ver uma união entre arte e entretenimento (ou, num nível mais profundo, entre intelecto e felicidade). Então se externamente o filme se apresenta como uma obra séria, autoral, minha primeira pergunta antes de começar o filme é: será que ele fará um esforço pra também ser prazeroso? E por outro lado, se o filme se apresenta como pura diversão, escapismo (como Megatubarão) minha primeira pergunta é: será que ele fará um esforço pra também ser sofisticado, inteligente, criativo? E aqui logo que começa o filme já percebemos que a resposta é não: o roteiro é composto basicamente de clichês e ideias emprestadas de outros filmes, não há grande respeito pela lógica e pelas leis da física, a ação é inacreditável, os personagens estão sempre se colocando em situações desnecessárias de risco, há alguns personagens tolos que dão um clima meio Zorra Total pra certas cenas... Outro ponto fraco é que o filme não consegue dar uma personalidade forte pro monstro, tornar o tubarão uma figura assustadora, mítica, como no clássico de 75. Aqui é apenas um efeito digital que precisa ficar apelando pra jump scares pra causar qualquer reação no público.

Em termos de valores há também algumas coisas que dão preguiça - a romantização do auto-sacrifício, tentativas de tornar o filme "inclusivo" e multicultural que soam artificiais e às vezes enfraquecem o herói, etc. Não chega a ser um filme ruim - a produção é bem feita, Jason Statham é carismático, a história tem uma boa estrutura - mas a não ser que você tenha 15 anos e nunca tenha assistido nada pra trás dos anos 2000, ficará claro que se trata apenas de uma reciclagem não muito inspirada de velhas fórmulas.

The Meg / China, EUA / 2018 / Jon Turteltaub

NOTA: 5.5

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