terça-feira, 30 de junho de 2020

Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars


Um dos grandes problemas das comédias atuais é que elas dificilmente têm um conceito claro do que é humor, raramente seguem uma linha definida e consistente de humor, e acabam na prática dando tiros pra todo lado em busca de uma risada. O resultado é que pra cada tiro acertado, você tem vários outros que erram o alvo, e a experiência acaba sendo um misto de diversão e constrangimento (parte do problema é que muitas vezes o filme faz piadas internas que podem ter certa graça para quem conhece o universo do Eurovision, mas ficam sem sentido pro resto do público). Felizmente o filme não apela pro tipo de humor grotesco / escatológico que costuma ser o refúgio das comédias sem talento, então o elemento "vergonha alheia" não chega a níveis tão perturbadores. Do lado positivo, quando o filme acerta, ele acaba gerando alguns momentos realmente memoráveis, como a ideia da canção "Ja Ja Ding Dong" por exemplo (as canções originais e o trabalho musical do filme é surpreendentemente bem feito). Rachel McAdams é sempre agradável mas me parece mal escalada aqui - ela deveria ser uma mulher excêntrica e sem noção tanto quanto Will Ferrell para suas cenas terem graça (uma Melissa McCarthy teria se encaixado melhor) mas como o roteiro requer que o vilão se apaixone pela personagem por ela ser bela e encantadora, isso cria uma contradição no centro da história que torna a personagem um pouco inverossímil (falando em vilão, Dan Stevens está ótimo como uma espécie de Cary Elwes moderno é um dos pontos altos do filme). Então é um daqueles casos mistos - um filme ruim com muitas coisas boas, ou um filme bom com muitas coisas ruins, mas que ganhou minha simpatia pela boa índole e pelos momentos cômicos que funcionam.

Eurovision Song Contest: The Story of Fire Saga / EUA / 2020 / David Dobkin

NOTA: 6.5

quarta-feira, 24 de junho de 2020

O Rei de Staten Island

Comédia dramática de Judd Apatow que faz um retrato brilhante da falta de propósito e do niilismo de certa parcela da geração atual (imagine se a canção Royals da Lorde fosse um filme). Não é bem meu tipo de comédia, mas é um filme muito bem escrito, perspicaz, com ótimas atuações... Algumas atitudes do protagonista são tão auto-destrutivas que não consigo dar risada ou simpatizar por ele, mas em muitos momentos o filme adota um humor mais leve que torna a experiência razoavelmente divertida. Scott parece a encarnação perfeita do Senso de Vida Malevolente... Reparem como ele reage com repulsa a qualquer coisa que remeta a otimismo, por exemplo o cinismo em relação à canção Oh, What a Beautiful Mornin' cantada pela garotinha, ou a maneira como ele fica empolgado ao descobrir que seu pai tinha inúmeros defeitos - não era o herói que imaginava. Outra cena curiosa é quando ele está no bar conversando com uma garota que quer ser atriz, e fica completamente enojado com o entusiasmo ingênuo dela - mas no minuto seguinte, quando encontra uma garota mais desiludida, que faz discursos sobre os males do capitalismo, ele fica altamente excitado e vai para a cama com ela imediatamente. É o tipo de filme que trata o protagonista com um misto de simpatia e deboche, deixando o espectador sempre numa posição desconfortável, mas pelo menos tem o mérito de não vitimizá-lo totalmente.

The King of Staten Island / EUA / 2020 / Judd Apatow

NOTA: 6.0

terça-feira, 23 de junho de 2020

You Should Have Left


(Esta crítica está no formato de anotações - em vez de uma crítica convencional, os comentários a seguir foram baseados nas notas que fiz durante a sessão.)

ANOTAÇÕES:

- Produção de bom nível, atores decentes...

- A abertura consegue criar alguns momentos de tensão, mas acaba sendo um truque barato ter sido um sonho apenas. Fica parecendo uma dessas regras artificiais de que um filme precisa começar já num clímax para prender a atenção do espectador, mesmo que a cena não tenha qualquer necessidade para a trama.

- O roteiro não é completamente clichê. Existe um ou outro toque que dão certa autenticidade, por exemplo a cena onde a Amanda Seyfried está gravando a cena de sexo e o Kevin Bacon chega no set. Mas é apenas um detalhezinho ou outro que indica algum nível de imaginação e impulso criativo. Quando você pensa no macro, o filme é totalmente baseado em clichês. A trama é a mais batida possível, os personagens parecem pré-fabricados, tirados de um catálogo. Roteiristas iniciantes costumam cometer esse erro de quererem escrever o "suspense quintessencial", ficam obcecados em chegarem na estrutura mais pura do gênero.. e no fim terminam com algo completamente familiar, sem personalidade, que parece um destilado de 200 filmes que você já viu antes. O detalhe é que o roteirista neste caso não é iniciante, e sim David Koepp, o famosíssimo roteirista de Jurassic Park, Missão: Impossível, o que torna tudo mais frustrante.

- É o tipo de filme que não provoca nenhuma reação forte, pois não projeta nenhum valor que se destaque (me referindo aos valores básicos do Idealismo). O filme parece mais preocupado em parecer um "filme profissional", reproduzir aquilo que todos os outros filmes já fizeram, seguir as regras com competência, do que em causar algo interessante no espectador. Para causar alguma emoção e realmente projetar algum valor, é preciso sair da média, fazer algo fora do padrão para que aquele valor se sobressaia e se torne evidente. Se tudo parece dentro do padrão do gênero, o filme se torna inexpressivo, medroso, sem identidade.

- Não gosto muito de filmes de terror subjetivistas demais, sem um vilão / obstáculo concreto, onde tudo o que acontece parece uma projeção psicológica dos personagens, e a solução para o problema é sempre algum tipo de insight ou amadurecimento emocional.

- Esses paradoxos temporais / espaciais também são muito batidos, e deixam o protagonista sem ter o que fazer, apenas uma vítima passiva de uma realidade caótica onde qualquer ação dele acaba sendo inútil. O filme só não cai no tédio total pois a direção consegue criar alguns momentos levemente assustadores.

- SPOILER: As reviravoltas finais não podiam ser mais óbvias.

You Should Have Left / EUA / 2020 / David Koepp

FILMES PARECIDOS: A Janela Secreta (2004) / Campo do Medo (2019)

NOTA: 4.0

domingo, 14 de junho de 2020

Outros filmes vistos - Junho 2020

Destacamento Blood (Da 5 Bloods / 2020): 0.0




A Missy Errada (The Wrong Missy / 2020): 5.5



Arremesso Final (The Last Dance / 2020): 10















365 Dias (365 dni / 2020): 1.0