quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Cultura - Outubro 2021

29/10: Brasil Paralelo: A SÉTIMA ARTE | EPISÓDIO 3 - A teoria do Parasita Pós-Moderno no Cinema

Vendo esse documentário fiquei quase com a impressão de que alguém na Brasil Paralelo estava lendo meu blog e adaptando as ideias para o público deles (ou que eu devo ser muito alienado, e as coisas que escrevo aqui são muito mais óbvias e mainstream do que eu imaginava). Esse episódio discute várias coisas que venho apontando aqui há anos (falam da Elsa, de Star Wars: Os Últimos Jedi, da decadência do Oscar, da subversão de símbolos como Cinderela/Superman como tática, etc.). Mas claro que a perspectiva conservadora resulta em muitas diferenças também. Por exemplo: enquanto eu falo de autossacrifício como uma das tendências negativas do cinema atual, eles já falam como se fosse um valor positivo e importante (o que me fez pensar que eles nem deveriam então estar tão insatisfeitos com o cinema, já que mensagens cristãs estão por toda parte). Outra diferença interessante é quando eles criticam a tendência dos filmes de focarem na psicologia dos personagens (aquilo que chamo de "cura emocional" no texto sobre 1999). Como os conservadores tendem a ser religiosos, eles não têm como falar que o problema aqui é o "declínio da objetividade". Então eles jogam a culpa no individualismo, na busca da felicidade, sugerindo que o certo seria os personagens aprenderem a servir o outro, a se sacrificar por coisas mais importantes que suas próprias necessidade (o que não bate com meu conceito de herói). Mas até nessas diferenças, achei surpreendente o quanto o debate fica ao redor dos mesmos pontos.


27/10: Why People Don’t Want To Hear or Speak The Truth — Teal Swan

Há uns 2 anos que acompanho a Teal Swan, que é uma guia espiritual controversa mas que eu acho uma das mulheres mais fascinantes no YouTube — especialmente quando ela discute assuntos ligados a relacionamentos, psicologia, emoções etc. (o conteúdo esotérico que eu não acredito eu pulo e fico com o que me interessa). Achei curiosa a semelhança deste novo vídeo dela com meu texto Racionalizações.


14/10: O Hóspede Americano

Vi 2 episódios da mini-série da HBO Max O Hóspede Americano, dirigida pelo brasileiro Bruno Barreto, que mostra a expedição de Theodore Roosevelt pela Amazônia no início do século passado. Barreto diz ter se interessado pela história por causa da "complexidade" de Roosevelt, que comparado aos políticos polarizados de hoje, não seria nem de esquerda nem de direita, algo que ele parece achar raro e admirável (eu já acho esse tipo de inconsistência ideológica a coisa mais comum na política, mas enfim). A série é decente, tem um conteúdo surpreendentemente intelectual, mas o retrato ambíguo de Roosevelt (que não é nem celebrado, nem condenado, mas mostrado de forma meio fria, imparcial) torna difícil de se importar pelo personagem e entender qual o propósito da história. Talvez eu dê mais uma chance e veja o 3º episódio que saiu esta semana.


4/10: Round 6 / Squid Game

Vi só o primeiro episódio pra entender do que se tratava. Achei divertida a sequência final (embora não seja nenhuma novidade - é apenas uma variação de inúmeros filmes com "jogos mortais"), mas ela demora muito pra acontecer, e o resto da história não me interessou. Me pareceu basicamente um Parasita num formato mais pop, levando as mesmas mensagens políticas para as grandes massas, mas sem os requintes cinematográficos que tornavam o filme interessante.

domingo, 24 de outubro de 2021

Duna

Passei boa parte da sessão encantado com o visual, com a escala da produção, com o som poderoso, e realmente querendo aproveitar o filme. No IMAX em particular, o espetáculo audiovisual foi quase o suficiente pra prender minha atenção e fazer o filme parecer bom — como costuma ocorrer com as produções do Christopher Nolan também — e diante dessa "opressão sensorial" (regida muitas vezes por Hans Zimmer), avaliar os méritos reais do filme exige uma atenção maior (imagine um general importante gritando na sua cara, e você querendo julgar o conteúdo de suas palavras primeiro pra decidir se irá respeitá-lo ou não).

Assim como Nolan, Denis Villeneuve é um dos diretores que me arrastam com mais facilidade pro cinema hoje — não por eu gostar sempre de seus filmes, mas por ele ser dos poucos cineastas autorais trabalhando em grandes produções, tentando trazer qualidade artística pro cinema comercial. E embora eu veja muito de Pseudo-Sofisticação na técnica de Villeneuve (o tom sombrio e os toques subjetivos são constantes) o cinema de hoje é tão carente desta combinação que acabo vendo seus filmes com boa vontade.

Mas como costuma ocorrer, lá pela 1 hora e pouco de projeção, a ausência de conteúdo dramático e de uma boa trama começou a diminuir um pouco meu entusiasmo. Eu nunca fui fã de sagas como O Senhor dos Anéis, onde muito da energia é gasta na construção do universo, em apresentar todos os detalhes e regras de um mundo fantasioso. Isto pra mim deveria ser apenas os entornos de uma história, detalhes que vão sendo apresentados em função da trama, pra fazer o universo parecer crível, mas que não deveriam substituir a trama. A trama pra mim precisa ser uma linha de ação simples, baseada em objetivos claros, conflitos envolventes, apresentados logo no início — algo que não temos em Duna, que parece ver a fantasia quase como um fim em si mesmo. O filme acaba parecendo uma grande introdução para a parte 2, uma série de discussões burocráticas que vão nos informando sobre aquele mundo, intercaladas por algumas sequências de ação grandiosas para o filme não ficar muito parado (lembrei um pouco do Snyder Cut, que mesmo com uma duração enorme, ainda precisou acabar com a promessa de que "agora sim as coisas vão começar").

O que falta em grande parte aqui é um protagonista menos passivo, mais motivado, com obstáculos sérios e objetivos atraentes para perseguir (nada na história parece partir de um desejo autêntico dele, e o pai deixa claro que se ele não estiver a fim de embarcar na jornada, que não há problema algum). Meu texto As 5 Histórias Idealistas dá uma boa ideia de qual o problema com esse tipo de narrativa, onde as missões não estão conectadas aos desejos da plateia e às paixões do herói (o filme poderia ter seguido as Histórias 2 ou 3 pra ser mais envolvente, mas não o faz). E embora Timothée Chalamet esteja muito bem como Paul Atreides, o personagem é um pouco distante e genérico. O arquétipo do "Escolhido" é muito popular nesse gênero de filme, mas se você não acrescentar alguns traços de caráter mais específicos e carismáticos, o arquétipo acaba não gerando identidade o bastante pra dar vida ao personagem (no final, quando Paul toma uma decisão importante que definirá a parte 2, sua atitude acaba parecendo forçada, vinda do nada, até porque nada nele parecia precisar de uma conexão com o mundo dos Fremen — ter "visões" não é o mesmo que ter uma necessidade psicológica/emocional).

Essa superficialidade/genericidade caracteriza muito do filme, incluindo a trama e os conteúdos políticos/filosóficos. Nessa esfera, o filme acaba lembrando um pouco Avatar tematicamente (ou Avatar lembrando Duna, levando em conta o livro de Frank Herbert), ao discutir a exploração humana de recursos naturais, o tratamento dado a povos indígenas, etc. Se o ambientalismo de Avatar já era meio maçante mesmo diante da exuberância de Pandora e da dependência dos Na'vi da floresta, os dilemas éticos da exploração de Arrakis já são menos compreensíveis, considerando que o planeta é um enorme deserto, hostil à vida (o que não deve impedir o público atual de aprovar a mensagem, afinal qualquer interferência do homem civilizado na natureza é considerada negativa hoje, mesmo quando a "vítima" é areia). Entre os valores questionáveis no filme, há a velha romantização de culturas primitivas (que aqui vem com ares islâmicos), e uma celebração de tudo o que é místico e esotérico. As forças do herói acabam não sendo muito bem dramatizadas no filme por conta dessa inclinação mística. Paul não é como Neo de Matrix, que começa como um homem comum e aos poucos vai evoluindo, adquirindo habilidades visíveis, até se provar o "Escolhido". Ele é mais como Harry Potter, um garoto que já nasceu com um talento especial, mas que nunca se torna palpável no filme — em geral Paul parece se livrar de enrascadas por sorte, por alguma força vaga, ou pela ajuda de alguém, o que deixa as cenas de ação menos poderosas do que poderiam ser (pense em como a sequência do vôo na tempestade de areia é resolvida sem grandes sacadas e sem realmente explorar as virtudes de Paul).

O elenco é todo muito bem escalado. Jason Momoa traz um toque de leveza muito bem-vindo ao filme, que em geral é excessivamente sério. Charlotte Rampling está assustadora em suas breves aparições. E Rebecca Ferguson é a que mais se destaca na minha opinião, roubando a cena em diversos momentos. A cena na nave onde ela usa seus poderes pra tentar escapar é um dos pontos altos do filme — o que me conscientizou do quão pouco excitante é a narrativa de modo geral; esta cena nem é tão surpreendente ou intensa assim, mas perto da inibição emocional do resto do filme, acaba sendo um momento de destaque.

Apesar desses elementos que não me agradaram, o filme no fim conseguiu me transportar pra um lugar fascinante, com personagens atraentes, e isso me deixou com uma lembrança positiva da experiência. Além disso, a adaptação era um sonho de garoto de Villeneuve, e toda vez que alguém tem o privilégio de poder gastar uma fortuna pra realizar um sonho, de colaborar com os melhores profissionais da indústria, e tem habilidade o bastante pra realizar sua visão, é um filme que eu vou ver com interesse.

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ADENDO (26/10)

Eu nunca li o livro Duna, e esses dias revendo a versão de 1984 de David Lynch, me dei conta das similaridades da história com a de Lawrence da Arábia. Dando uma rápida uma pesquisada na internet, vi que de fato esta tinha sido uma das inspirações de Frank Herbert ao escrever o livro. E só pra reforçar minha impressão de que um dos pontos fracos do filme de Villeneuve tem a ver com ele não se enquadrar nas 5 Histórias Idealistas, reparem como Lawrence não só se enquadra, como se enquadra em 3 delas. A história de Lawrence já é satisfatória do ponto de vista de um homem que é visto como fraco/inadequado para certa missão, e evolui para se provar um líder mais impressionante do que todos esperavam (História 2). Ela também funciona como a história de um homem que sai de um ambiente familiar/comum, e vai pra um lugar fantástico viver uma enorme aventura no deserto (História 3). E ela também funciona como a história de um homem com uma "falha trágica" numa jornada autodestrutiva (História 5). Em Duna (2021), como o protagonista já parece o "escolhido" desde o início, como ele já parte de um mundo fantástico cheio de magias, e como apenas na parte 2 o personagem deverá revelar um lado obscuro de sua personalidade, o filme não tem tantos contrastes e não cumpre direito nenhum desses arcos narrativos que costumam ser necessários pra tornar uma história satisfatória.

Dune: Part One / 2021 / Denis Villeneuve

Nível de Satisfação: 7

Categoria B/C: Idealismo impuro (alguns problemas estéticos e valores negativos)

Filmes Parecidos: Mad Max: Estrada da Fúria (2015) / Interestelar (2014) / Star Wars: O Despertar da Força (2014)

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Halloween Kills: O Terror Continua

Poucas vezes vi uma franquia mudar tanto de tom de um episódio pro outro, quando o diretor e os produtores permaneceram os mesmos. O Halloween de 2018 tinha sido um acerto, respeitado o original, e agradado à maioria das pessoas. Este agora já é daqueles que muitos vão adorar, e muitos vão odiar. E o que mudou basicamente é que, além do roteiro ser muito mais experimental e problemático, alguém parece ter decidido que o filme devia acompanhar as tendências do gênero e aumentar a dose de "humor", de autoparódia (ler: Idealismo Corrompido), incluir toques ridículos para os "fãs" darem risada, além de inserir comentários políticos na narrativa (há uma multidão revoltada na história que serve pra discutir a psicologia do eleitor de extrema-direita). Não é mais um filme de terror honesto, cujo principal propósito é entreter o público... Agora virou algo mais "conceitual", cujo foco é a "esperteza" do cineasta em brincar com o gênero e fazer comentários irônicos nas entrelinhas (às custas da história).

Procurei algumas entrevistas com o diretor David Gordon Green pra entender sua proposta, e estranhamente não achei nada dele comentando sobre essa mudança; como se ele tivesse tentado apenas fazer uma continuação normal pro primeiro filme. Mas há coisas tão bizarras na narrativa que não é possível que tenham acontecido acidentalmente (minha impressão é que o produtor Jason Blum, que tem uma atitude bem mais cínica que Green, seja a principal influência por trás disso). 

O filme já causa estranhamento logo no início, quando em vez de ir direto para a cena do incêndio que encerra a parte 1 (o que seria o natural), gasta diversos minutos em sequências esquisitas que parecem não ter nada a ver com a história: longos flashbacks dos anos 70 mostrando a relação do policial Hawkins com Michael Myers, algo que nem terá um papel tão importante na narrativa; depois vamos para um bar onde sobreviventes de Myers estão celebrando os 40 anos de sua prisão (há muitas referências a outros filmes e fan-services fora de contexto); só depois vamos ver que Myers sobreviveu ao incêndio e continuará a matança. O problema é que mesmo depois disso o filme não parece começar. Há um senso de bagunça e de falta de direção na narrativa que vem muito do fato do filme não ter um protagonista. Naturalmente, se Jamie Lee Curtis está no filme, isso faz com que o espectador fique o tempo inteiro aguardando ela tomar as rédeas da história e partir pra ação (isso faria o filme "começar"). E um dos grandes crimes do roteiro é que isso nunca acontece. Ela passa praticamente o filme todo num hospital, como uma personagem coadjuvante (uma ideia péssima que parece só existir pra criar um paralelo com Halloween 2 de 1981), e em 1 hora de filme, ela ainda não está fazendo nada, achando que Michael continua morto. O filme não assume que ela será coadjuvante, substituindo-a por uma outra protagonista e criando um outro foco de interesse... A história fica simplesmente sem uma âncora, alguém pra gente se importar, torcer, seguir o objetivo. Ficamos acompanhando diversos personagens menos interessantes espalhados pela cidade, enquanto Michael comete seus assassinatos, mas falta um centro dramático pra história, uma linha de ação coesa.

Esses problemas já seriam suficientes pra tornar o filme caótico e frustrante, mas além disso, há todo o lance do "humor" e da tentativa péssima de dar um ar mais alternativo/cult pro filme... Vemos isso em momentos óbvios como o da mulher atirando na própria cabeça, ou nas cenas envolvendo o casal gay caricato (a própria Jamie Lee Curtis, em vez de heroica, está com um ar ligeiramente ridículo aqui). Há também vários detalhes menores inseridos pra dar um tom excêntrico à produção, algo que não fazia parte do outro filme e nem do clássico: a ária “Fígaro” tocando na cena do carro; a cena do boneco de ventríloquo que nem sei pra que existiu; a sequência longa e surrealista da multidão no hospital, etc. É como se o cineasta estivesse mais interessado em mostrar que tem personalidade do que em fazer um filme de verdade. Só que é uma personalidade forçada, inautêntica, que em alguns momentos parece querer imitar o estilo de filmes dos anos 70/80 (que de fato eram mais livres e ousados em estilo), mas acaba refletindo apenas a pobreza artística e os maus valores do cinema de hoje (não diferente de Freaky, MalignoRua do Medo e outras produções recentes que seguiram essa linha).

Halloween Kills / 2021 / David Gordon Green

Nível de Satisfação: 2

Categoria C/F: Idealismo corrompido / toques de Anti-Idealismo

Filmes Parecidos: O Predador (2018) / Rua do Medo (2021) / Freaky - No Corpo de um Assassino (2020)

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

O Último Duelo

Novo filme de Ridley Scott, que é o primeiro roteiro que Matt Damon e Ben Affleck (que também atuam no filme) escreveram juntos desde Gênio Indomável. A história se passa na França em 1386 e acompanha a rivalidade entre 2 amigos (Damon e Adam Driver) que começa por causa de uma disputa de terras, mas acaba evoluindo pra uma traição num nível mais pessoal. O filme é dividido em 3 capítulos, e cada um reconta a mesma história por um ponto de vista diferente (remetendo ao que discuti recentemente na crítica de A Menina que Matou os Pais). Apesar de haver um duelo importante na história, está mais pra um drama do que pra um épico de ação tipo Gladiador. Algumas cenas de batalha foram incluídas, mas parece que só pra não frustrar as expectativas do público em relação ao gênero, pois elas não são fundamentais para a trama.

Achei a história bem interessante, principalmente depois que é estabelecido o conflito entre o trio principal, e versões alternativas do ocorrido começam a ser apresentadas. SPOILER: Uma coisa curiosa (e que pra mim enfraquece um pouco a narrativa) é que as versões não são radicalmente diferentes umas das outras... Seria mais natural que o personagem do Adam Driver fosse apresentado como inocente em sua versão, e culpado na versão de Marguerite - e que a verdade fosse revelada para o espectador só mais para o final. Mas nas duas ele é claramente culpado, o que torna o filme menos previsível, mas tira um pouco do dilema moral e elimina a possibilidade de grandes surpresas.

Outra coisa ligeiramente insatisfatória é que embora o personagem de Damon esteja lutando por justiça, por uma boa causa, qualquer vitória no contexto horrível da Idade Média não parece significar uma vitória de verdade (aliás, o sistema político da época é tão bizarro que qualquer pessoa sensata deve sair da sala um defensor dos direitos individuais e do estado laico). Não é um mundo onde possam existir conceitos como justiça, provas, direitos... Ganhando a luta ou perdendo, ficamos com a impressão de que ninguém de fato conhecerá a verdade, que no fim tudo terá sido resolvido pela força bruta, com base em sorte, e que também não há um futuro realmente feliz para ninguém na história (independentemente do incidente, o casamento de Damon já não era positivo nem baseado em amor).

Mas essas são questões que não comprometem o aproveitamento da história. O roteiro é fundado em bons conflitos, tem um desenvolvimento interessante, e o filme como um todo é muito bem realizado. Ridley Scott está em modus operandi, sem grandes ideias ou esforços extras na direção, mas como a história é sólida e os atores/personagens são bons (gostei particularmente do Affleck loiro), sua competência habitual já é o suficiente pra fazer o filme funcionar.

The Last Duel / 2021 / Ridley Scott

Nível de Satisfação: 8

Categoria A/B: Idealismo com ênfase no negativo

Filmes Parecidos: Gladiador (2000) / As Bruxas de Salém (1996) / O Leão no Inverno (1968)

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Análise musical - They Don't Care About Us

No meu texto Idealismo na Música, o ideal seria que eu tivesse feito uma análise de uma música de fato. Mas como é complicado fazer isso através de texto, acabei incluindo apenas aquela análise do clipe Beat It. Mas como aqui não tenho essa limitação, resolvi gravar este vídeo como complemento, que não chega a ser uma análise da música como um todo, apenas de um aspecto dela, mas um aspecto fundamental que pode começar a dar uma noção mais clara de como os princípios Idealistas se traduzem pra essa outra mídia. Lembrando que gosto musical é algo bastante pessoal e eu não tenho nenhum desejo de influenciar ninguém a gostar dos mesmos artistas e músicas que eu. Mas acho que a discussão pode ser útil e levar as pessoas a apreciarem melhor o trabalho de outros músicos também.




(Uma coisa que acabei não enfatizando no vídeo é o fato de que o clímax aqui não ocorre no refrão da música como de costume, e sim neste retorno ao primeiro verso. Após o bridge, a maioria das músicas segue para o refrão final, que costuma ser o trecho mais aguardado da composição, algo que não ocorre aqui. Então acaba sendo uma ótima ilustração de como a estrutura musical pode ser diversa, quebrar regras, e ainda assim funcionar.)

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Sem Tempo Para Morrer

Gostei do filme. Achei melhor que 007 Contra Spectre e mais próximo da qualidade e do tom de Skyfall. Apesar da pressão externa que deve existir, essa é uma das poucas franquias que conseguiu atravessar a última década sem perder sua essência. A produção é de alto nível (fotografia, direção de arte, som, música, edição — tudo é state-of-the-art), e me fez pensar no quão prazeroso (e raro) é ir ao cinema hoje e ver uma super-produção realmente caprichada visualmente, com cara de "filme de verdade", que não tenha aquela estética artificial de videogame que domina os blockbusters (realmente vale a pena ver na tela grande).

Há um spoiler mais pro final que foi a única coisa meio duvidosa que vi no filme, que provavelmente é reflexo do pessimismo de nossos tempos. Mas até isso foi feito de maneira mais inteligente que de costume, e preservando a estatura do herói.

No Time to Die / 2021 / Cary Joji Fukunaga

Nível de Satisfação: 7

Categoria A/B: Idealismo com alguns toques negativos