terça-feira, 20 de novembro de 2012

A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 2

A Parte 1 já tinha uma história muito fraca (se resumia a assistir a uma gravidez parada e desagradável) dando a impressão que muito iria acontecer nesse capítulo final da série, afinal qual seria a justificativa para dividir o livro em 2 filmes? Mas acontece que essa parte tem ainda menos a mostrar que a outra.

A filha de Edward e Bella nasceu, e agora eles correm o risco de serem atacados pelos Volturi (a "família real" dos vampiros que destrói aqueles que desrespeitam suas leis). E tudo por causa de um mal entendido: os Volturi ficam sabendo da existência da criança, mas acham que se trata de uma criança humana transformada em vampira, o que iria contra suas regras.

(SPOILERS) Ou seja, o filme todo é uma expectativa por uma batalha que não tem razão de existir, e que no fim nem acontece: antes da briga eles explicam pros Volturi que a menina é filha deles e tudo se resolve na conversa! Mas o que acontece é ainda pior - há uma batalha de uns 10 minutos onde vários personagens importantes morrem, chocando toda a plateia - mas daí o diretor "volta a fita" e revela que tudo não havia passado de uma visão na mente de Alice, a vampira capaz de ver o futuro. E todos ainda estavam lá parados, conversando pacificamente! É um dos roteiros mais absurdos que eu já vi e um final nada épico pra série - esse grande clímax na cabeça da personagem é um crime dramatúrgico que nenhum roteirista são ousaria cometer.


Fora isso o filme continua surpreendentemente trash pra uma mega-produção de Hollywood: atuações mal ensaiadas, diálogos constrangedores, maquiagem tosca, efeitos especiais de mau gosto... A única coisa que sustenta a série é seu romantismo - a tentativa de retratar uma paixão intensa entre personagens idealizados. O resultado é decepcionante, mas se vê tão pouco disso hoje em dia que até o mal feito acaba se tornando necessário.

The Twilight Saga: Breaking Dawn - Part 2 (EUA / 2012 / 115 min / Bill Condon)

INDICAÇÃO: pra quem gostou da Parte 1.

NOTA: 4.5

domingo, 18 de novembro de 2012

Argo

Terceiro filme dirigido por Ben Affleck, que desta vez acerta em cheio com um ótimo roteiro sobre uma operação secreta da CIA (junto com o governo canadense) que resgatou 6 diplomatas americanos do Irã em meio à uma revolução no ano de 1980. A sacada de Tony Mendez (Ben Affleck), especialista "exfiltrações" da CIA, foi inventar uma falsa produção de Hollywood como fachada para a operação - um filme de ficção científica que seria rodado no Irã.

É um desses filmes com uma situação muito clara: um herói, uma missão com etapas bem definidas, e um vilão perigoso servindo como obstáculo. Tudo se resume a uma pergunta: eles irão escapar ou não? Acho sempre eficientes esses roteiros onde há um momento no terceiro ato pelo qual você espera o filme todo e para o qual todos os eventos apontam. Desde o começo você sabe que o clímax será uma tentativa perigosa de fuga, o que cria uma expectativa e um senso de propósito pra trama que nos mantém interessados até o fim.

O filme foi baseado numa história real, mas obviamente distorce alguns eventos pra tornar o roteiro mais envolvente, o que realmente funciona (a sequência do aeroporto é puro suspense e funciona na maneira em que coloca a vida de todos nas mãos de um telefone que toca, de uma passagem que não chega, etc).


Parte do charme da produção é a cara de filme antigo. Affleck usou um processo fotográfico especial pra deixar a imagem granulada e, segundo o IMDb, copiou cenas e movimentos de câmera de Todos os Homens do Presidente. Toda a produção é impecável e te dá a impressão de estar vendo um desses dramas políticos dos anos 70. Há referências a vários outros filmes da época como Rede de Intrigas, Planeta dos Macacos, Star Wars - e todo esse encontro entre o mundo da CIA com a magia de Hollywood cria um contraste interessante para a história, trazendo um elemento imaginativo e escapista pra uma trama que talvez fosse burocrática demais de outra forma.

Affleck está contido e eficaz no papel principal, mas sua melhor performance mesmo é como diretor. Em seus dois filmes anteriores ele me pareceu apenas uma celebridade brincando de cineasta. Suspeito que agora ninguém o verá mais como o amigo menos talentoso de Matt Damon.

Argo (EUA / 2012 / 120 min / Ben Affleck)

INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Tudo Pelo Poder, Operação Valquíria, Munique, Todos os Homens do Presidente.

NOTA: 8.5

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Magic Mike

Filme de Steven Soderbergh que mostra a vida de Mike e Adam (Channing Tatum e Alex Pettyfer), 2 amigos que trabalham como strippers num "clube das mulheres" na Flórida. 

Durante a sessão esqueci completamente que era um filme de Steven Soderbergh e me espantei ao ver o nome dele nos créditos finais; estava convencido de que se tratava de um diretor estreante - um amador sem a menor noção de como contar uma história, dirigir atores ou filmar uma cena.

O filme realmente é um caso estranho. O problema é que ele faz uma mistura infeliz de estilos e intenções. Parte de uma proposta meio Flashdance / Burlesque / Striptease - uma dessas histórias onde um desconhecido busca algum tipo de fama e enfrenta uma série de obstáculos. Mas ao mesmo tempo, o filme tem um estilo naturalista que foge disso e vai mais pro lado do cinema independente, não-comercial - diálogos improvisados, enquadramentos esquisitos, narrativa solta, protagonista indefinido, cenas sem propósito, etc. Acaba que nenhuma das duas propostas funcionam.

O lado Flashdance / Burlesque do filme é desastroso. Pra começar, os personagens não estão buscando um sonho pessoal; trata-se apenas de um "bico". Os números de apresentação são constrangedores, visualmente feios (há algo naturalmente ridículo num homem exibindo suas curvas para mulheres; fica até difícil imaginar como seria uma boa cena dessas que não fosse pro lado cômico). Alex Pettyfer está apático no papel, sua escalada para o sucesso não é bem ilustrada e não convence... Falta um conflito maior para os personagens, que aceitam muito bem o fato de serem strippers (pra mulheres parece que há sempre um dilema moral quando usam o corpo pra ganhar dinheiro, o que cria automaticamente um conflito pra história; no caso desses personagens, tirar a roupa parece apenas uma profissão meio patética, mas sem esse mesmo tom degradante). O roteiro é uma bagunça. Se a intenção era fazer algo na linha dos filmes que mencionei, o resultado é trágico.


Já se a intenção era a de fazer um filme mais "artístico" - um retrato realista do universo desses personagens, sem a pretensão de contar uma história de sucesso, com começo, meio, fim, etc - então o filme não funciona pela falta de boas caracterizações. Os personagens são incongruentes, se comportam de maneira artificial... Você está constantemente pensando "essa pessoa jamais agiria dessa maneira / jamais se interessaria por essa pessoa / jamais faria tal comentário". As atitudes nunca formam personalidades reconhecíveis. Muito do problema é o elenco. Um bom drama naturalista é sempre sensível, tem personagens verdadeiros e bons atores.

O filme só funciona mesmo no nível do strip - pra quem for ao cinema ver corpos bonitos. E pelos 150 milhões que ele faturou, isso deve ter sido motivo o suficiente pra muita gente.

Magic Mike (EUA / 2012 / 110 min / Steven Soderbergh)

INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Burlesque; Ela Dança Eu Danço; Show Bar.

NOTA: 4.0

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Frankenweenie

No espírito de Hugo de Martin Scorsese, Tim Burton usa o melhor da tecnologia 3D e dos seus talentos visuais pra fazer uma homenagem ao cinema clássico. Frankenweenie foi um curta-metragem que Burton fez em 1984, e que agora ganha um remake estendido e em animação stop motion.

A história é uma paródia / homenagem em preto e branco ao Frankenstein de 1931, e conta a história de Victor Frankenstein, um garoto desajustado que usa seu conhecimento científico pra trazer seu cachorrinho Sparky de volta à vida, após ele ser atropelado.

Mas em vez de voltar como um monstro, o cão permanece do mesmo jeito que ele era, deixando a história sem grandes conflitos. Após ressuscitar Sparky, não há nada de muito envolvente na trama. Victor já realizou seu objetivo principal e suas preocupações passam a ser esconder o cão de seus pais (que no máximo dariam uma bronca nele), e mais para o final, corrigir um erro cometido por seus colegas da escola, que roubam sua ideia e ressuscitam gatos, tartarugas e outros bichos que saem destruindo a cidade (não fica claro por que alguns animais ficam bons, outros maus, uns gigantes, outros não, etc).


O curta foi expandido pra virar longa-metragem, mas não parece ter sido expandido em termos de profundidade, conflito. Burton evita mensagens sérias, situações dramáticas, surpresas, cenas muito intensas - tudo é meio morno, como se ele estivesse preparando um programa para pessoas com problemas cardíacos. O filme é agradável, impecável tecnicamente, mas frustra por não aproveitar os temas de amizade/perda, aceitação/rejeição, e todos os acordes mais dramáticos da história.

Frankenweenie (EUA / 2012 / 87 min / Tim Burton)

INDICAÇÃO: Quem gostou de A Invenção de Hugo Cabret, Os Fantasmas de Scrooge, A Noiva Cadáver, O Estranho Mundo de Jack, Ed Wood, etc. 

NOTA: 6.5

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Atividade Paranormal 4

É uma continuação de Atividade Paranormal 2 (e não do 3), se passando alguns anos depois dos eventos daquele filme. Mas as histórias são tão parecidas e os personagens tão secundários que eu acho um pouco demais esperar que a plateia se lembre de quem era quem em cada um dos filmes - e se importe por eles.

É melhor que a parte 3, que abusava de sustos baratos e tinha personagens que agiam de maneira incoerente. Fora isso, é mais do mesmo e minhas queixas continuam iguais (leia meus comentários sobre o 2 e o 3). Não há um enredo, o que limita as possibilidades do filme e reduz a experiência a aguardar passivamente o próximo susto - que nem sempre é tão forte quanto gostaríamos. Há algumas sacadas novas que são divertidas (como o efeito visual da sala forrada com pontinhos luminosos, provocados pelo sensor do video game).


Mas ideias visuais e estratégias pra provocar medo não compensam a falta que faz uma história, então infelizmente (digo infelizmente porque eu sempre quero gostar de filmes que trazem fantasia e aventura para o ambiente domiciliar) depois de meia hora o filme acaba se tornando monótono - especialmente para aqueles que não acreditam em espíritos (pra quem acredita, pelo menos o filme está falando de um assunto sério e dando explicações assustadoras para as portas que batem sozinhas e para as crianças que acordam no meio da noite).

Paranormal Activity 4 (EUA / 2012 / 88 min / Henry Joost, Ariel Schulman)

INDICAÇÃO: Pra quem gostou dos outros da série, Apollo 18, Quarentena, etc.

NOTA: 4.5