Filme de Steven Soderbergh que mostra a vida de Mike e Adam (Channing Tatum e Alex Pettyfer), 2 amigos que trabalham como strippers num "clube das mulheres" na Flórida.
Durante a sessão esqueci completamente que era um filme de Steven Soderbergh e me espantei ao ver o nome dele nos créditos finais; estava convencido de que se tratava de um diretor estreante - um amador sem a menor noção de como contar uma história, dirigir atores ou filmar uma cena.
O filme realmente é um caso estranho. O problema é que ele faz uma mistura infeliz de estilos e intenções. Parte de uma proposta meio Flashdance / Burlesque / Striptease - uma dessas histórias onde um desconhecido busca algum tipo de fama e enfrenta uma série de obstáculos. Mas ao mesmo tempo, o filme tem um estilo naturalista que foge disso e vai mais pro lado do cinema independente, não-comercial - diálogos improvisados, enquadramentos esquisitos, narrativa solta, protagonista indefinido, cenas sem propósito, etc. Acaba que nenhuma das duas propostas funcionam.
O lado Flashdance / Burlesque do filme é desastroso. Pra começar, os personagens não estão buscando um sonho pessoal; trata-se apenas de um "bico". Os números de apresentação são constrangedores, visualmente feios (há algo naturalmente ridículo num homem exibindo suas curvas para mulheres; fica até difícil imaginar como seria uma boa cena dessas que não fosse pro lado cômico). Alex Pettyfer está apático no papel, sua escalada para o sucesso não é bem ilustrada e não convence... Falta um conflito maior para os personagens, que aceitam muito bem o fato de serem strippers (pra mulheres parece que há sempre um dilema moral quando usam o corpo pra ganhar dinheiro, o que cria automaticamente um conflito pra história; no caso desses personagens, tirar a roupa parece apenas uma profissão meio patética, mas sem esse mesmo tom degradante). O roteiro é uma bagunça. Se a intenção era fazer algo na linha dos filmes que mencionei, o resultado é trágico.
Já se a intenção era a de fazer um filme mais "artístico" - um retrato realista do universo desses personagens, sem a pretensão de contar uma história de sucesso, com começo, meio, fim, etc - então o filme não funciona pela falta de boas caracterizações. Os personagens são incongruentes, se comportam de maneira artificial... Você está constantemente pensando "essa pessoa jamais agiria dessa maneira / jamais se interessaria por essa pessoa / jamais faria tal comentário". As atitudes nunca formam personalidades reconhecíveis. Muito do problema é o elenco. Um bom drama naturalista é sempre sensível, tem personagens verdadeiros e bons atores.
O filme só funciona mesmo no nível do strip - pra quem for ao cinema ver corpos bonitos. E pelos 150 milhões que ele faturou, isso deve ter sido motivo o suficiente pra muita gente.
Magic Mike (EUA / 2012 / 110 min / Steven Soderbergh)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Burlesque; Ela Dança Eu Danço; Show Bar.
NOTA: 4.0
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