sexta-feira, 29 de julho de 2022

Julho 2022 - outros filmes vistos

Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez (2022 / Guto Barra)

Satisfação: 7







Boa Sorte, Leo Grande (Good Luck to You, Leo Grande / 2022 / Sophie Hyde)

Satisfação: 4

Categoria: D/B

Filmes Parecidos: Um Divã para Dois (2012) / Alguém tem que Ceder (2003) / Antes de Partir (2007) / Venus (2006)


O Telefone Preto (The Black Phone / 2021 / Scott Derrickson)

Satisfação: 7

Categoria: A/B

Filmes Parecidos: A Entidade (2012) / It: A Coisa (2017) / Corrente do Mal (2014)



Cha Cha Real Smooth (2022 / Cooper Raiff)

Satisfação: 8

Categoria: A

Filmes Parecidos: O Verão da Minha Vida (2013) / O Estado das Coisas (2017) / C'mon C'mon (2021) / Mistress America (2015) / Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (2014) / Espanglês (2004)


Jennifer Lopez: Halftime (Halftime / 2022 / Amanda Micheli)

Satisfação: 7






A Garota da Foto (Girl in the Picture / 2022 / Skye Borgman)

Satisfação: 7



terça-feira, 26 de julho de 2022

Cultura: Arte vs. Mercado

27/7: Hoje achamos corriqueiras as atitudes de estúdios de Hollywood, que tomam decisões criativas puramente com base em interesses comerciais. Até em outras áreas, vemos inúmeros empreendedores, músicos (como a Anitta), que querem ser admirados mais pela "esperteza", pela estratégia de marketing, do que por terem um grande talento ou produtos realmente brilhantes.

Mas pra mostrar como essa nem sempre foi a mentalidade predominante na cultura, leiam o texto abaixo de um jornalista do Meio & Mensagem escrito no final dos anos 90 (que achei num folheto antigo da produtora do meu pai, onde testemunhei muitas discussões dessa natureza). O texto parece quase surreal hoje, pois mostra que até na publicidade (uma área explicitamente voltada para vendas), talento e criatividade já foram tão apreciados, que era normal publicitários ignorarem o lado comercial do ramo.


25 anos depois, a situação se inverteu totalmente. Se a balança entre arte vs. mercado já esteve desequilibrada pro lado do gênio criativo que não ligava pra resultados, hoje ela desequilibrou totalmente pro lado do marketeiro estratégico que não liga pra criação: até no meio artístico, só se pensa em ser "mercadológico". O equilíbrio "chic" proposto pelo autor de fato não durou muito.

domingo, 17 de julho de 2022

Elvis | Crítica

Elvis 2022 filme crítica poster
Grande acerto de Baz Luhrmann, diretor do qual nunca fui particularmente fã. Seu estilo intenso e extravagante de direção se encaixa perfeitamente na biografia de um artista como Elvis Presley, e é usado de forma inteligente pra tornar certos momentos mais dramáticos, acentuar ideias importantes na narrativa — como a de Elvis estar caindo numa armadilha quando assina a residência em Las Vegas, ou a ideia de situar um diálogo sob as ruínas do Hollywood Sign, justo num ponto baixo de sua carreira (e num momento onde todo o entretenimento passava por uma crise nos anos 60, com o avanço da contracultura).

O filme podia ter se desequilibrado pra vários lados: corria o risco de forçar demais a ideia de Elvis como ativista político, e fazer do impacto social o maior trunfo de sua carreira; podia ter transformado os abusos do empresário (Tom Hanks) no foco principal e virado um discurso raivoso contra a indústria; podia ter mostrado a fase final de Elvis de forma indigna como a maioria das biografias fazem; mas o filme não passa do ponto e nunca se perde de sua intenção básica, que é retratar Elvis como um dos maiores ícones da música popular americana, o que ele faz muito bem (mesmo sem se aprofundar em todos os momentos relevantes de sua carreira).

Mas acima de tudo, pra mim um dos grandes prazeres do cinema é testemunhar um ator pouco conhecido como Austin Butler acertando em cheio num "star making role". Vê-lo tão bem no papel, e saber que ele será catapultado para a fama por causa deste filme, acaba tornando o próprio filme melhor, pois torna a ascensão de Elvis muito mais vibrante e convincente na tela (é daqueles fenômenos que discuto no livro, quando uma façanha que diz respeito à produção potencializa o efeito dramático da história: como os efeitos revolucionários de Jurassic Park, que colocam o espectador numa situação de encantamento análoga à dos personagens — o "efeito especial" neste caso seria Butler, que torna a euforia do público muito mais crível para quem está acompanhando a história).

É um bom filme para se refletir sobre a importância do diretor-autor. Pois embora a história de Elvis tenha um potencial incrível, nas mãos de um cineasta menos interessante, podia facilmente ter virado uma dessas biografias esquecíveis com estrutura de "ascensão e queda" que saem todo ano sobre ícones do passado (Marilyn Monroe, Judy Garland, Lady Di, etc.). Ou seja, não é a história apenas, mas as ousadias de Luhrmann na maneira de apresentá-la que tornaram o filme memorável.

Elvis / 2022 / Baz Luhrmann

Satisfação: 9

Categoria: A

Filmes Parecidos: Bohemian Rhapsody (2018) / Nasce uma Estrela (2018)

quarta-feira, 13 de julho de 2022

A Fera do Mar | Crítica

A Fera do Mar critica cartaz
Animação original da Netflix que provavelmente é seu projeto mais ambicioso dentro do gênero até agora. A história mostra marinheiros (num universo meio Piratas do Caribe) que são financiados pela Coroa pra navegar por águas desconhecidas e caçar monstros que supostamente representam uma grande ameaça para a humanidade.

O filme começa dando a impressão que será uma aventura tradicional de "capa e espada", ou algo na linha Tubarão / Moby Dick, mas quando você começa a ver o navio de caça cheio de mulheres, figuras andróginas, uma garotinha negra como protagonista, você já sabe que ele tem uma outra agenda. E logo ele te informa que você estava totalmente equivocado de esperar uma aventura naqueles moldes; que essas histórias no fim foram todas escritas por homens brancos do passado pra controlar e oprimir a população, reforçando certas construções sociais que os favorecem, certos estereótipos de gênero, distorcendo fatos históricos pra fazer o homem "civilizado" parecer o herói, quando na verdade ele que é o monstro. (SPOILERS) A fera do mar (que pode simbolizar povos indígenas, a natureza, até o socialismo — a criatura é apelidada de Red) na verdade é do bem. São os imperialistas (que vivem no Castelo White Rock) que fabricaram toda a ameaça pra justificar seus atos bárbaros, sua exploração cruel da natureza, que no fim é motivada por pura ganância. Mas nossa pequena heroína (um mix de Greta Thunberg com alguém que você veria num encerramento do Criança Esperança) irá colocar os opressores no lugar, e salvar o mundo libertando a fera vermelha.

Até daria pra elogiar o filme pela ótima qualidade da animação, pela narrativa/direção bem mais racionais que de costume, mas todo o capricho na execução é minado por uma história insatisfatória, mais interessada em dar lição de moral do que em entreter (eles enfiam uns mascotes fofinhos na trama pra tentar deixar o clima descontraído, mas os toques de humor nunca combinam com a intenção pesada da história). No centro da ação, temos protagonistas que não formam laços convincentes (até pela representatividade forçada), uma fera que nunca parece amigável (perto dela, a orca de Free Willy parece um bicho caloroso) — algo que só funciona realmente se você comprar a agenda woke do filme.

The Sea Beast / 2022 / Chris Williams

Satisfação: 3

Categoria: C/F

Filmes Parecidos: Como Treinar o Seu Dragão (2010) / Meu Amigo, O Dragão (2016) / Luca (2021)

terça-feira, 12 de julho de 2022

Minions 2: A Origem de Gru | Crítica

Mais uma produção caça-níquel que não arrisca nada de novo ou autêntico pois sabe que basta o filme ser previsível e não cometer nenhum grande deslize que ele já garantirá mais uns bilhões pra franquia. A presença de Gru cria um enredo um pouco mais coeso que o do filme anterior, mas em termos de história ainda é algo bem básico, e tudo o que acontece são coisas que já vimos em inúmeros outros filmes, como se houvesse uma regra na produção dizendo que só pode entrar no filme algo que já seja um clichê consagrado, uma sacada ou beat cômico que já se provou eficaz dezenas de vezes antes — como personagens atrapalhados fazendo poses de kung-fu, ou dilatando a pupila e fazendo a cara de "pidão" do Gato de Botas do Shrek, ou alguém ficando pendurado num ponteiro de relógio como em De Volta para o Futuro / Harold Lloyd, ou entrando num templo antigo cheio de armadilhas pra pegar um tesouro como em Indiana Jones, ou pisando na boca aberta de um crocodilo como em Peter Pan, etc. (Mentalidade Clichê) Os Minions continuam simpáticos, mas não há piadas hilárias de fato, gags bem boladas (como as do gatinho de Lightyear ou as de Red: Crescer é uma Fera, que parecem ter o dedo de algum humorista profissional). Eles inclusive se distanciam do conceito dos Minions serem adoradores do mal, o que seria uma das melhores fontes pra piadas. Tudo parece calculado apenas pra não ofender ninguém e maximizar views: as referências aos anos 70 que buscam apaziguar os pais das crianças, as sequências no Chinatown de São Francisco que fazem um aceno para o mercado chinês, um dos mais lucrativos, etc. Funciona como passatempo infantil, mas o processo "criativo" do filme não deve ter sido muito mais profundo artisticamente que o sketch do Jimmy Kimmel, onde ele e a Katy Perry tentam criar o próximo Baby Shark.

Minions: The Rise of Gru / 2022 / Kyle Balda, Brad Ableson, Jonathan del Val

Satisfação: 4

Categoria: B

Filmes Parecidos: Minions (2015) / Trolls (2016) / O Poderoso Chefinho (2017)

quinta-feira, 7 de julho de 2022

Thor: Amor e Trovão | Crítica

Thor Amor e Trovão crítica poster
Se alguém tinha dúvida que a Marvel no fundo tem aversão a heróis, e que toda a popularidade desses filmes de super-heróis modernos depende não da projeção bem sucedida de heroísmo, mas da capacidade do filme de corromper, diminuir e esvaziar os personagens de qualquer traço inspirador, Thor: Amor e Trovão é o filme pra encerrar a discussão. Nem vou gastar tempo com uma análise detalhada da história, pois eu estaria levando o filme mais a sério que os próprios produtores. Mas além dos problemas habituais do gênero — a narrativa irracional, a falta de inteligência do roteiro, o festival de ideias tolas, o altruísmo/coletivismo que se revela nas entrelinhas — a principal coisa a destacar aqui é que a chacota e o uso de humor pra "desconstruir" o herói (e a aventura) são elevados a um novo patamar (A Invasão Anti-Idealista). Claro, Deadpool já chutou o balde faz tempo, mas era uma franquia mais fácil do público confundir com uma comédia. Já Thor não tem desculpa alguma pra ser ridículo. Mais que um super-herói, ele é supostamente um deus. Ainda assim, ele ganha o mesmo verniz irônico, e agora quase não há mais uma tentativa de equilibrar a bagaceira com toques de seriedade. Está tudo já posicionado pra virar um filme do Didi Mocó ou um Zorra Total... Só que se você trouxesse o Didi pra estrelar o filme de fato, o público provavelmente não acharia graça, pois não haveria mais a corrupção. O "legal" mesmo é pegar figuras sérias como Chris Hemsworth e Russell Crowe pra daí colocá-los em posições ridículas. A intenção não é nem explorar o lado cômico dos atores, fazê-los brilhar como humoristas. Hemsworth pode ser muito engraçado, como mostrou no Caça-Fantasmas de 2016, que era uma comédia assumida e todo mundo detestou. Mas aqui, a ideia não é fazer ninguém brilhar, não é explorar habilidade cômica alguma — é apenas diminuir, ridicularizar, fazer com os "deuses" do cinema o mesmo que é feito com Zeus no filme.

Pra não dizer que nada é levado a sério, há toda a doença da Natalie Portman, além do drama pessoal do personagem do Christian Bale. O filme vai da palhaçada total nos momentos alegres, pra falar de quimioterapia e câncer terminal nos instantes onde quer ser sério — o que parece contraditório, mas que é totalmente coerente, e revela o senso de vida malevolente do filme: como ele não acredita em virtude, aventura, conquistas, a parte "divertida" da história precisa parecer ridícula, já os trechinhos que falam de morte, sofrimento e sacrifícios são os únicos que ele consegue tratar com alguma reverência.

Thor: Love and Thunder / 2022 / Taika Waititi

Satisfação: 1

Categoria: F

Filmes Parecidos: Guardiões da Galáxia Vol. 2 (2017) / Deadpool 2 (2018) / Esquadrão Suicida (2016)

terça-feira, 5 de julho de 2022

Men | Crítica

Men 2022 filme crítica
Filme de terror psicológico dirigido por Alex Garland, o mesmo de Ex Machina (2014) e Aniquilação (2018).

Após uma separação traumática de seu marido, Harper (Jessie Buckley) decide alugar uma casa no campo e passar um tempo sozinha pra se curar emocionalmente, porém acaba sendo assombrada por homens do vilarejo, que começam a persegui-la misteriosamente.

O filme tem um começo promissor e algumas cenas eficazes em termos de suspense, mas apesar de eu já imaginar que ele tomaria um rumo psicológico/subjetivo mais pro final, nada podia me preparar pro enorme besteirol que é a segunda metade do filme. (SPOILERS) O diretor escancara muito cedo o fato de que tudo não passa de uma alegoria, que o "monstro" é simbólico, e a partir deste ponto, o espectador não tem mais por que se preocupar com a ação, com os eventos específicos ocorrendo na tela, com a coerência de qualquer coisa, pois sabemos que a única coisa que importa no fim é a mensagem "genial" que o cineasta está guardando — mensagem que obviamente ele nunca deixa clara, afinal, quando você não tem algo realmente interessante a dizer, a melhor tática é sempre confundir o público, ser vago, interpretativo, e no meio disso inserir várias cenas bizarras e chocantes, pra dar a impressão que o cineasta só pode ter um conceito muito brilhante em mente pra ousar ser tão radical. É um dos exemplos mais tolos do fenômeno que discuto nos textos Pseudo-Sofisticação e Simbolismo e Filmes Interpretativos.

Men / 2022 / Alex Garland

Satisfação: 3

Categoria: C/D

Filmes Parecidos: Mãe! (2017) / Cisne Negro (2010) / Nós (2019) / Saint Maud (2019)

sexta-feira, 1 de julho de 2022

Beavis and Butt-Head Do the Universe | Crítica

Beavis and Butt-Head Do the Universe crítica
Até gosto de comédias sobre duplas idiotas, mas nunca vi tanta graça em Beavis e Butt-Head particularmente, pois além dos personagens não terem muitas qualidades redimíveis (são diferentes dos "heróis" de Quanto Mais Idiota Melhor ou Bill & Ted, por exemplo, que apesar de idiotas têm uma aura doce e inofensiva) eles são caricaturas tão unidimensionais e desconectadas da realidade que fica difícil construir uma narrativa interessante em torno deles. Independentemente de onde eles estão ou da pessoa com quem estão "dialogando", eles agem sempre como se estivessem sob o efeito de alucinógenos, totalmente removidos da situação, reagindo a tudo com os mesmos risinhos nervosos, o que torna os acontecimentos da trama meio irrelevantes. São personagens que parecem melhores pra sketches, tirinhas, episódios curtos, mas que talvez não sejam expressivos o bastante pra carregar um longa-metragem. Até porque no caso de Do the Universe, o roteiro explora mal a ideia de transportar os personagens para os dias de hoje. No longa de 1996, pelo que lembro, não só Beavis e Butt-Head eram alvo de piadas, mas a cultura americana também era um grande palco pro humor, assim como os coadjuvantes torpes com os quais eles trombavam pelo caminho, algo que ajudava a compensar a monotonia do humor envolvendo os dois apenas. Ao viajar no tempo pra 2022, o filme tinha a chance de colocar B&B numa sociedade ainda mais maluca que a dos anos 90, e podia ter usado dessa sátira cultural pra criar um outro ponto de interesse pro espectador — mas o filme opta por uma rota mais segura, evitando polêmicas. Até a cena onde eles criam confusão numa universidade durante uma aula de "Gender Studies" acaba parecendo tímida, como se apenas os protagonistas merecessem ser ridicularizados pelo filme, não a cultura atual e os estereótipos de hoje (as piadas envolvendo smartphones, por exemplo, enfatizam principalmente a dificuldade dos dois de se adaptarem aos novos tempos, não servem como uma crítica maior aos nossos hábitos — não retratam celulares como um instrumento de alienação da juventude, assim como era a TV no primeiro filme). Em 1996, a sociedade era liderada por conservadores antiquados, e B&B representavam uma rebeldia contra esse establishment. O humor dependia em grande parte desse contraste. Mas em 2022, a cultura já não é mais a mesma. E como a essência de Beavis e Butt-Head é a alienação, a rebeldia, a negação, sem um establishment bem definido pra servir de contraponto, eles perdem um pouco de suas funções.

Beavis and Butt-Head Do the Universe / 2022 / John Rice, Albert Calleros

Satisfação: 5

Categoria: B

Filmes Parecidos: Bill & Ted: Encare a Música (2020)