terça-feira, 26 de julho de 2022

Cultura: Arte vs. Mercado

27/7: Hoje achamos corriqueiras as atitudes de estúdios de Hollywood, que tomam decisões criativas puramente com base em interesses comerciais. Até em outras áreas, vemos inúmeros empreendedores, músicos (como a Anitta), que querem ser admirados mais pela "esperteza", pela estratégia de marketing, do que por terem um grande talento ou produtos realmente brilhantes.

Mas pra mostrar como essa nem sempre foi a mentalidade predominante na cultura, leiam o texto abaixo de um jornalista do Meio & Mensagem escrito no final dos anos 90 (que achei num folheto antigo da produtora do meu pai, onde testemunhei muitas discussões dessa natureza). O texto parece quase surreal hoje, pois mostra que até na publicidade (uma área explicitamente voltada para vendas), talento e criatividade já foram tão apreciados, que era normal publicitários ignorarem o lado comercial do ramo.


25 anos depois, a situação se inverteu totalmente. Se a balança entre arte vs. mercado já esteve desequilibrada pro lado do gênio criativo que não ligava pra resultados, hoje ela desequilibrou totalmente pro lado do marketeiro estratégico que não liga pra criação: até no meio artístico, só se pensa em ser "mercadológico". O equilíbrio "chic" proposto pelo autor de fato não durou muito.

7 comentários:

Leonardo disse...

Olá, Caio.

Qual o nome da produtora de seu pai? ainda existe? tem alguma peça publicitária disponível na internet?

Por fim, tu conhece aquele livro "Em Defesa da Propaganda" do Jerry Kirkpatrick? Ainda está pendente na minha fila de leitura. Meu interesse veio da indicação de uma objetivista que conheci, que avaliou o livro como "uma dissertação singular de um capitalista em defesa do consumismo".

Caio Amaral disse...

Oi Leonardo, a produtora chamava 5.6 Filmes (Cinco Ponto Seis), e não existe mais.. foi fundada no começo dos anos 80, teve o auge lá pela segunda metade dos anos 90.. daí ao longo dos anos 2000 meu pai começou a sentir o mercado em declínio, e foi "passando o bastão" aos poucos.. Vou postar alguns vídeos interessantes:

- meu pai dirigiu mais de 1000 comerciais; esse Demo Reel reune alguns dos mais cinematográficos (não necessariamente os mais conhecidos), pois teve uma época que ele estava querendo se aventurar pelo cinema e resolveu reunir esse material:

https://www.youtube.com/watch?v=52SYzGONWeM&t=1s

- bastidores de uma campanha da Lux com Claudia Ohana, Camila Pitanga, etc.:

https://www.youtube.com/watch?v=STR9bKn-xMY&t=4s

- bastidores de um comercial da Amil gravado nos estúdios da Universal:

https://www.youtube.com/watch?v=qBpVSzNfi6A&t=202s

- um da Fiat que fez sucesso na época:

https://www.youtube.com/watch?v=HbXY0kvunLY

- comercial da Coca-Cola que ele dirigiu com a Christina Aguilera no Canadá:

https://www.youtube.com/watch?v=RZ90mO3g2zg

- esse projeto "Arctia" era um longa de animação que ele escreveu e sonhava em dirigir.. não saiu do papel, porém ele chegou a produzir esse teaser pra tentar vender a ideia.. claro que nada disso estaria na animação final, era só um esboço.. mas o material é todo original:

https://www.youtube.com/watch?v=i8n9e6mWwlk&t=1s

Ele vai lançar um livro em breve contando suas memórias como diretor publicitário desde os anos 70.. é muito legal pra quem se interessa pelo ramo.

Esse Em Defesa da Propaganda eu não conheço não.. parece dessas coisas que circulam mais no meio objetivista né? Abs.

Anônimo disse...

Acho estranho essa crítica: até porque talento artístico junto com a técnica é algo que chama atenção de um produto. Claro que aliado ao conhecimento do que aquele público gosta.

Caio Amaral disse...

Sim, alinhar as 2 coisas é o ideal.. assim como no texto A intenção de um filme eu falo disso no contexto da arte: da relação entre cineasta e plateia. Mas é perfeitamente possível você desequilibrar pra um dos 2 lados.. ou você nunca viu produtos de má qualidade vendendo muito por causa de marketing / ou coisas "sofisticadas" e autorais que ignoram os interesses do público e dão prejuízo?

Anônimo disse...

Sim, geralmente obras autorais demais acabam seguindo esse caminho. Sim, produtos ruins ou que nem são tudo aquilo que dizem acabam difundidos por boas ações de marketing, porque o marketing e conectar o produto a uma necessidade a um público.

Caio Amaral disse...

Ah tá.. Quando li "Acho estranho essa crítica" achei que vc não tinha entendido a *minha crítica a essas tendências hehe.

Anônimo disse...

Desculpa se não expliquei o contexto.