quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Predador: Terras Selvagens

Não achei um filme chato de assistir, e a produção é decente (apesar de ter um clima de série do Disney+). O enredo é meio episódico — um daqueles road movies em que os protagonistas só precisam chegar a um determinado local e no meio do caminho enfrentam obstáculos, fazem amizades, sofrem decepções etc. Mas não foi nesse nível que o filme mais me incomodou. Onde ele degrada a franquia é justamente na principal coisa que o Predador original tinha a seu favor — o protagonista e o senso de heroísmo. Ao longo dos anos, fomos ficando tão acostumados com a relativização do bem e do mal no cinema que as pessoas já nem acham estranho ver um filme que nos faz torcer pelo Predador e ficar contra os humanos (daqui a pouco, é capaz de fazerem um remake ambientalista de Jaws, onde o tubarão é a vítima). Aqueles que antes costumavam ser os monstros mais horripilantes e ameaçadores agora são as vítimas incompreendidas. O vilão real, pra variar, são as grandes corporações, a ganância humana, o pai autoritário — tudo aquilo que simbolize o forte, o “opressor”. Torcer por anti-heróis se tornou tão automático para o público que o fato do mocinho aqui ser uma máquina de matar, com um rosto medonho, movido a ódio e vingança, não parece causar nenhuma dissonância cognitiva (o filme, aliás, é lançado no mesmo mês em que Frankenstein também se torna uma vítima da sociedade industrial nas mãos de Guillermo del Toro).

Eu não teria problema em torcer pelo Predador, no contexto dessa história, se ele projetasse virtudes positivas — se fosse um guerreiro minimamente admirável. A questão não é tanto a inversão de papéis, mas a chatice de transformar a franquia nesse drama vitimista sobre pessoas fragilizadas, falando sobre suas dores, buscando aceitação etc.

Predator: Badlands / 2025 / Dan Trachtenberg

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