Após o acerto com Divertida Mente 2, a Pixar volta ao patamar inferior que se tornou a norma nos últimos anos e entrega mais um filme de "herói envergonhado" enlatado e sem nenhum senso de entretenimento.
A história é sobre um garoto que sonha em ser abduzido por extraterrestres — não por um verdadeiro senso de aventura, mas porque isso seria um bom remédio para sua solidão e seu sentimento de inadequação na Terra. Da forma mais conveniente possível, aliens resolvem fazer contato com o planeta e abduzem justamente Elio. Enquanto está sendo teletransportado para a nave, em vez de ficar apavorado como qualquer ser humano crível, Elio comemora como se fosse um garoto que acabou de fazer um gol. Nesse momento, é como se o filme dissesse: este é apenas um filme bobinho para passar o tempo — não leve a sério nada do que está acontecendo. E é só com essa atitude despretensiosa mesmo que se pode acompanhar o resto da trama, que não faz o menor esforço para soar inteligente ou plausível (Elio, que era um garoto tímido e vítima de bullying, subitamente se torna embaixador da Terra no espaço e enfrenta, sem hesitação, monstros dez vezes maiores que ele).
Recentemente assisti a O Voo do Navegador (1986) e fiquei impressionado com como o roteiro, com toda a sua simplicidade, parecia saber o tempo todo o que havia de divertido na possibilidade de aliens contatarem um garoto na Terra — e estruturava o enredo ao redor disso. Essa é uma noção que passa longe de Elio, que tem uma trama chata de "política externa" que nunca se conecta com as emoções do espectador (o grande "sonho" do protagonista é receber um crachá que o torna membro de uma espécie de ONU intergaláctica — alguém se importa?).
Como de costume, o foco do filme acaba não sendo a aventura, mas o drama familiar, a cura de traumas, etc. Elio começa o filme deprimido porque perdeu os pais e está sendo criado pela tia, com quem não se dá muito bem. (SPOILER) Ele se volta para o espaço como forma de fugir dessas frustrações, mas, no fim, em vez de ter seus sonhos realizados, ele apenas se conecta melhor com a tia (principalmente após descobrir que ela também é solitária e imperfeita como ele) e volta para a vida que tinha antes — só que agora mais conformado e com uns amiguinhos novos.
Não estou dizendo que as lições do filme seriam completamente inválidas para uma família quebrada do mundo real, mas será que alguma criança ficaria empolgada de ir ao cinema pra aprender esse tipo de coisa? Em vez de um momento de diversão, levar as crianças ao cinema hoje tem se parecido vez mais com levá-las para uma conversa com a psicopedagoga da escola.
Elio / 2025 / Adrian Molina, Madeline Sharafian, Domee Shi
Nenhum comentário:
Postar um comentário