
O Esquema Fenício (The Phoenician Scheme / 2025 / Wes Anderson) — Apesar de ser um dos diretores mais monótonos da atualidade, Wes Anderson pelo menos não é preguiçoso — ele se dedica 100% toda vez que repete a mesma receita. O filme é puro Estilo Acima de Conteúdo — uma trama que ninguém em sã consciência diria que é interessante — mas Anderson executa esse "nada" com imaginação, capricho e leveza, preservando certa dignidade como artista (ainda que eu continue achando que ele é um designer preso no corpo de um cineasta).
Bailarina (Ballerina / 2025 / Len Wiseman) — Gun Fu (filmes que combinam artes marciais com o uso de armas de fogo) é um dos subgêneros que menos me atraem no cinema, e John Wick se tornou, pra mim, uma das piores influências sobre a ação moderna. Dito isso, Bailarina foi uma boa surpresa. Achei o melhor filme da franquia — não por ser inovador ou transcender totalmente os problemas do gênero, mas por ser mais sólido narrativamente e por Len Wiseman se mostrar um cineasta mais hábil que Chad Stahelski, tornando inclusive as cenas de luta mais bem dirigidas, detalhadas e divertidas de assistir.
Predador: Assassino de Assassinos (Predator: Killer of Killers / 2025 / Dan Trachtenberg, Joshua Wassung) — Levar o Predador para o universo de vikings e samurais me pareceu esquisito a princípio, mas não deixa de ser o reconhecimento de um fato: a franquia Predador sempre foi mais sobre músculos e testosterona do que sobre os elementos de ficção científica que sustentam a franquia Alien. A animação até que é bem realizada, mas se você não vê um valor intrínseco no combate físico, na "arte" de dar porrada (o roteiro poderia facilmente ser transformado em um videogame de luta), vai ser difícil se importar com qualquer coisa. O filme ainda "moderniza" a franquia exaltando os oprimidos, dignificando o sofrimento e o sacrifício — toques meio estoicos/cristãos que destoam do Predador original.
Mountainhead (2025 / Jesse Armstrong) — Sátira social fraquíssima que parece mais um descarrego de um hater de bilionários do que um filme com algo útil a dizer. A ideia é mostrar o quão patéticos (e perigosos) são CEOs de big techs, talvez na esperança de promover algum tipo de regulação sobre eles. Há críticas válidas que se poderia fazer a esse tipo de figura, mas para isso, o filme precisaria mostrar uma compreensão minimamente equilibrada de seus alvos, em vez de apenas criar versões caricatas deles e atacar esses estereótipos vazios. O título Mountainhead é uma referência explícita ao livro A Nascente (The Fountainhead), da Ayn Rand — e se o diretor vê alguma semelhança entre a mensagem de The Fountainhead e o caráter dos personagens do filme, isso só prova o quanto seu discurso é raso e tendencioso.
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