sábado, 24 de abril de 2010
Alice no País das Maravilhas
Não sou nenhum grande fã de Tim Burton. Ele é excelente criador de cenários e imagens, mas como cineasta acho apenas eficiente. Seus filmes são cheios de personagens diferentes, bizarros, o que leva muitas pessoas a acreditarem que os filmes em si são diferentes e bizarros, quando na verdade são bastante convencionais. A união de Burton com Alice no País das Maravilhas (que a primeira vista parece ideal, pois Alice é o mais estranho dos clássicos da Disney) portanto, não é tão inteligente assim. Acabou gerando um filme que parece ainda menos ousado e assustador que o desenho de 1951. Na verdade nem é Alice no País das Maravilhas e sim uma espécie de continuação, com Alice já adolescente retornando a Wonderland. Acho que eles podiam ter colocado um outro título pelo menos - daria menos dinheiro mas evitaria frustrações.
Não sei o que veio antes, mas pra mim Alice é uma história prima de O Mágico de Oz. Mas enquanto Oz traz uma mensagem universal (Dorothy faz amizades e aprende a valorizar seu lar e sua família), este filme parece não querer dizer nada. Qual o significado do filme? O que Alice aprende em sua aventura? Antes de cair no buraco ela já era uma menina rebelde, independente, segura. Já não queria aquele casamento arranjado. Quando volta, só está um pouco mais impaciente e resolvida. Mas mais por cansaço mesmo, não por amadurecimento... Nada do que ela viveu em Wonderland tem qualquer relação com seus conflitos pessoais. A garota fica o filme todo vagando à toa numa aventura banal, vazia, sem grandes medos ou desejos, achando que tudo não passa de um sonho (está mais pra um novo Labirinto).
Além disso o roteiro é confuso, indefinido... Por exemplo, em que momento foi dito que Alice tinha que beber o sangue do dragão pra poder voltar pra casa? E as coisas que aparecem na vida real no começo do filme (como a lagarta azul no ombro do noivo); o que isso quer dizer? Que o que acontece depois não passa de um sonho? Mas esse não é o sonho que Alice afirma ter todos os dias desde criança? Então ela deveria se lembrar de Wonderland!
Do elenco, a que melhor se sai é Helena Bonham Carter (esposa de Burton) como a rainha de Copas. A protagonista a gente quase não nota. Anne Hathaway, além de horrorosa, está equivocada no papel achando que está numa paródia. Johnny Depp consegue criar um novo personagem excêntrico, não tão carismático como seu Jack Sparrow (ou mesmo Willy Wonka), mas ainda interessante. Pena que ele termine o filme num anticlímax, fazendo uma dancinha ridícula que arruina toda a performance.
Enfim, achei o filme pouco emocionante, banal. Estranhamente, fica a lembrança de um lugar cinza e sem magia... Não há nenhuma cena espetacular... Nem a direção de arte é grande coisa (o castelo da rainha chega a ser feio por fora). Talvez tudo tenha sido um pouco ofuscado pela memória recente de Avatar.
Alice in Wonderland (EUA, 2010, Tim Burton)
INDICADO PARA: Quem gosta de As Crônicas de Nárnia, Harry Potter ou filmes de Burton como A Noiva Cadáver e Sweeney Todd. AMIGOS: ??? Tá difícil hein...
NOTA: 6.0
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Caçador de Recompensas
Incrível como é medíocre a carreira de Jennifer Aniston, que deve toda sua fama a Friends e ao casamento com Brad Pitt. Desde que migrou para o cinema, ela não estrelou 1 único filme de prestígio, pelo qual será lembrada.
Com intermináveis 110 minutos, essa "batalha dos ex" comete o erro de muitas comédias do gênero, que acreditam que sub-tramas policiais irrelevantes e mal escritas tornarão o filme mais interessante. Acho que no fundo é uma fuga do roteirista, que logo percebe que é muito mais fácil inventar uma historinha policial qualquer do que tentar ser realmente engraçado. O filme imita a velha fórmula: um homem ideal (Gerard Butler repetindo seu único papel) e uma mulher ideal têm tudo para estarem juntos, mas fingem que se detestam o filme todo (pra ter um pouquinho de conflito pelo menos) só pra no final acabarem juntos mesmo.
Além de não funcionar como passatempo, acho o filme prejudicial, pois se você for parar pra pensar, a mensagem que ele passa nas entrelinhas é a seguinte: se um relacionamento estiver complicado, cheio de brigas e de incompatibilidades (como a maioria), é porque ele pode estar no caminho certo! É uma mentirinha que as pessoas vão sempre pagar pra ouvir.
The Bounty Hunter (EUA, 2010, Andy Tennant)
INDICADO PARA: Quem amou Separados pelo Casamento, Sr. e Sra. Smith, A Verdade Nua e Crua, etc. AMIGOS: Nenhum... Não vou ficar indicando filmes que dou nota baixa se não a pessoa pode se sentir ofendida...
NOTA: 4.0
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Zona Verde
Mais um filme sobre a Guerra do Iraque, agora de Paul Greengrass (diretor do genial Vôo United 93). Este foca na questão das armas de destruição em massas que o Iraque supostamente possuía, quando na verdade foi tudo uma invenção dos EUA que precisavam de uma desculpa qualquer pra invadir o país.
Não sou a melhor pessoa pra falar desse filme pois não tenho muito interesse em guerra e política - e Zona Verde é apenas sobre isso. O filme não funciona em outros níveis (até enfiaram um monte de cena de ação no meio da história pra ver se o filme ficava mais comercial, mas o público não comprou). O problema é que o filme é absolutamente impessoal - não dá pra se identificar com nada nem ninguém. Quando um filme tem uma dimensão mais humana, bons personagens, ele pode ser sobre o assunto que for. Frequentemente cito Frost/Nixon como um filme bem sucedido nesse sentido, mas existem vários outros (até Guerra ao Terror que eu não acho grande coisa consegue um diálogo mais próximo com o espectador). Zona Verde é uma matéria de jornal de 100 milhões de dólares estrelando Matt Damon. Infelizmente, a matéria está em um caderno que eu não leio (eu e muita gente, o filme só faturou US$34 milhões nos Estados Unidos).
Green Zone (FRA/EUA/ESP/ING, 2010, Paul Greengrass)
INDICADO PARA: Quem gostou de Syriana, Rede de Mentiras, O Reino, Falcão Negro em Perigo, etc. AMIGOS: ???
NOTA: 4.5
terça-feira, 13 de abril de 2010
Uma Noite Fora de Série
Engraçado que logo nos primeiros segundos já senti que o filme não era muito pro meu gosto. Imaginava uma comédia sarcástica no estilo As Aventuras de Dick & Jane, mas a cena inicial (os filhos pulando na cama pra acordar os pais) já anunciava um humor comportado, simpatiquinho, que pra mim destrói qualquer possibilidade de risada. Se não fosse por Tina Fey o filme seria completamente descartável. Mas ela consegue com certa frequência colocar seu toque pessoal nas cenas, dando até a impressão de que está improvisando (idéia reforçada nos créditos finais que mostram erros de gravação). Mas o filme fica no meio do caminho. Não quer ser engraçado demais pra não ofender ninguém, ou simplesmente não sabe o que é isso (o diretor Shawn Levy, de Uma Noite no Museu 1 e 2, parece estar construindo uma carreira em cima da moderação). Além disso, a trama policial e o lado romântico do filme também não oferecem muito ao espectador (algumas comédias têm histórias suficientemente interessantes pra manter a gente na poltrona mesmo quando não estamos rindo). Ou seja, não é grande coisa. Mas pelo menos a dupla Fey e Carell tem química. E é uma tentativa de fazer uma comédia de verdade, à moda antiga, sem essa noção recente de que pra fazer rir é necessário contranger o público.
Date Night (EUA, 2010, Shawn Levy)
INDICADO PARA: Quem gosta da Tina Fey e precisa enrolar no shopping por 88 minutos.
NOTA: 6.0
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