
Quando caíram as Torres Gêmeas em 2001, todo mundo sabia que um dia fariam um grande filme sobre aquilo. Quando Bin Laden foi morto, ali também surgiu a oportunidade pra um outro ótimo filme. O grande filme sobre as Torres Gêmeas ainda não foi feito - o outro agora já temos.
Não só o filme funciona como um ótimo suspense, como também parece cumprir uma outra função na cultura popular. Depois que o mundo passou uma década se perguntando onde estava Bin Laden, o desfecho da história foi tão rápido e esquisito que ficou um senso de frustração - como um filme que te envolve num grande mistério e de repente acaba antes da hora, num anticlímax. Esse filme vem corrigir esse "erro da realidade" e apresentar a história da maneira certa, fazendo a gente mergulhar nesse episódio histórico e vivenciar todos os detalhes como se estivéssemos fazendo parte da operação.
Nunca gostei muito desses filmes sobre o Oriente Médio que surgiram depois do 11 de Setembro, mas aqui, em vez de ser um retrato chato sobre terrorismo, tortura, o filme é contado como a história de sucesso de uma jovem agente da CIA (Jessica Chastain, indicada ao Oscar). Capturar Bin Laden é a meta dela, sua obsessão pessoal, e o filme é sobre essa realização (o fato de ser uma mulher numa missão tão violenta torna a situação ainda mais fascinante).
Demora um tempo até a história engatar. No começo a personagem está distante, meio apática (Jessica demora pra se encontrar no papel). É mais depois da primeira hora (em particular depois que morre um personagem importante num atentado), que a coisa se torna pessoal e o filme ganha força. Quando Jessica diz, com uma expressão calma, "eu vou acabar com todos os envolvidos nessa operação, e depois eu vou matar Bin Laden", você sabe que não está mais vendo um documentário glamourizado sobre terroristas... Você está vendo Sigourney Weaver em Aliens ou Linda Hamilton em O Exterminador do Futuro 2 (a diretora Kathryn Bigelow foi casada por 3 anos com James Cameron - alguma coisa ela aprendeu sobre mulheres fortes).
O filme vai se tornando cada vez mais intenso e caminhando sem desvios em direção ao clímax. A partir do momento em que os helicópteros partem no voo silencioso (e belíssimo) em direção à casa onde estaria Bin Laden, é praticamente impossível piscar.
Achei um dos filmes mais envolventes e satisfatórios do ano (é talvez o melhor que já vi dirigido por uma mulher). Está indicado a 5 Oscars incluindo Melhor Atriz, Roteiro Original e Filme.
Zero Dark Thirty (EUA / 2012 / 157 min / Kathryn Bigelow)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Argo, Guerra ao Terror, A Rede Social, Vôo United 93.
NOTA: 9.0
Caio, você acaba de elevar às alturas minhas expectativas quanto ao filme. Como gosto do trabalho de Kathryn Bigelow, acho que não vou me decepcionar...
ResponderExcluirOi Stella, já assistiu o filme? O que achou?
ResponderExcluirAcabei de ver no telecine, achei o filme bacana... mas não consigo acreditar que seja real...
ResponderExcluirAcho que o Bin Laden não foi capturado... mas de qualquer forma o filme funciona muito bem como você descreveu...
Fábio, também tenho dúvidas quanto a essa captura do Bin Laden..!! Mas quando o filme é bem feito, não fico tão preocupado com os fatos.. Aliás, filmes baseados em fatos reais costumam ter sérias desvantagens em termos de narrativa.. A realidade raramente é tão dramática e interessante quanto a ficção.. Deixe ela pros jornalistas.. e deixemos os cineastas livres pra nos entreter, hehe. Abs.
ResponderExcluir