Achei tão mal feito que tive quase o impulso de voltar e abaixar a nota que dei pro primeiro filme. Mas a verdade é que a primeira parte funcionou apesar das incompetências dos criadores, tudo por conta das forças da peça. A parte 2 da peça, por já ser fraca, não tinha como sustentar a continuação. Agora, todas as inaptidões de Jon M. Chu e dos roteiristas vêm à tona sem nada pra disfarçar. A história não tem nenhum senso de direção, as relações entre os personagens não têm coerência, várias cenas musicais parecem desnecessárias e destoam em tom da narrativa, e os eventos no final parecem apressados e costurados de qualquer jeito só pra se ajustarem à cronologia de O Mágico de Oz. Sem falar nos temas marxistas, que agora se tornaram mais centrais, já que Elphaba virou revolucionária e sua luta contra o sistema é o foco desta parte. (Além de Frankenstein e do Predador que comentei recentemente, temos aqui mais um “monstro” do cinema recaracterizado como vítima oprimida.) Outra coisa chata é o tom constante de rivalidade e desarmonia entre todos os personagens: Glinda vs. Elphaba, Fiyero vs. Glinda, Nessa vs. Boq, o Mágico vs. Elphaba — e não porque uns estão certos e outros errados, mas porque todos são imperfeitos, têm impulsos irracionais conflitantes e inevitavelmente precisam se chocar. (Em uma das letras, o Mágico canta: “Há pouquíssimos que se sentem à vontade com ambiguidades morais, então agimos como se elas não existissem” — refletindo aquela visão de que bem e mal são noções imaturas.)
Fala-se muito da crise atual em Hollywood, do suposto desinteresse das gerações mais jovens em ir ao cinema. Mas saí de Wicked: Parte II com a sensação oposta — se, com filmes tão medíocres, você ainda consegue ter estreias lotadas como essa (minha sala estava repleta de fãs vestidos de verde e rosa), isso é uma prova de que as pessoas realmente amam ir ao cinema! Pensando na qualidade dos filmes que têm sido lançados, o que surpreende não é o fato de haver uma crise, mas ela não ser muito maior do que é.
Wicked: For Good / 2025 / Jon M. Chu
"Wicked: Parte 2" pode até não superar as nossas expectativas, mas cumpre a sua missão de nos emocionar e fazer a gente desejar que haja mais filmes feitos de coração como esse para serem levados às telas do cinema.
ResponderExcluirFica latente que se explore esses temas mais marxistas em filmes: ne no caso de Wicked isso fica mais lantente com isso. E vejo que sempre foi um padrão da industria criar isso de muito tempo atrás, mas agora essa mensagem tem se colocado acima de qualquer aprumo artístico convincente. Lembrei de seu trabalho ao ver esse vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=gHsRoUf7oY8&t=875s
ResponderExcluirNossa.. ele acha que filmes para criança com mensagens marxistas foi uma trend que ficou nos anos 2000 hehe.
ExcluirRecebi esse vídeo entre os recomendados aqui do youtube enquanto trabalhava num projeto aqui. No final as pessoas percebem em algum nível essas mensagens, e ficam surpresas. Não sei a mente do autor, mas ele ter percebido isso foi bem interessante no que eu costumo receber como recomendado da plataforma.
ExcluirA análise dele é bem duvidosa.. mas foi bom pra lembrar dessas animações mais antigas que, na época, eu ainda não via como anticapitalistas.
ExcluirÉ aquela: veja a mensagem em si do que como o mensageiro transmite, sem contar que o prefil do criador é jovem: talvez ele aprimore mais isso, ou não.
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