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quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Script Doctor

O que é?

Script Doctors são roteiristas ou especialistas em roteiro que são contratados para reescrever ou polir roteiros existentes para produções de cinema, TV ou teatro. Script Doctors, Consultores de Roteiro ou Analistas de Roteiro oferecem serviços ligeiramente diferentes. Normalmente o Script Doctor é aquele que é chamado pra de fato reescrever um roteiro com problemas, ou reescrever partes dele. Minha proposta aqui não é essa, e sim a de fazer uma consultoria / análise de roteiro - avaliar o roteiro como um todo, apontar problemas de estrutura, narrativa ou conteúdo que possam eventualmente impedir o roteirista de atingir seu objetivo. Posso até dar ideias, sugerir caminhos, mas deixando a reescrita em si e as decisões finais para o próprio autor. Script Doctors normalmente não levam crédito por seus trabalhos por questões comerciais e artísticas, mas nem por isso são menos importantes e procurados no mercado. Nos EUA, pessoas como Robert Towne e Carrie Fisher (a atriz de Star Wars) tiveram carreiras lucrativas como Script Doctors, e muitos dos filmes mais famosos do cinema foram "consertados" ou melhorados em processos de script doctoring, como Bonnie e Clyde, O Poderoso Chefão, A Lista de Schindler, Mudança de Hábito, O Ultimato Bourne, etc.

Qual a importância?

O Script Doctor é o primeiro crítico de um filme, oferecendo um feedback técnico e imparcial para o autor ainda em tempo de mudanças serem feitas. O roteirista iniciante muitas vezes se apega emocionalmente ao seu trabalho e teme qualquer tipo de análise que possa abalar a fé que ele tem em seu projeto. Assim, ele mostra seu roteiro apenas para pessoas próximas que não são grandes conhecedoras de cinema, e que também não darão uma opinião 100% honesta por considerações pessoais. Ele só irá descobrir que seu roteiro tem problemas quando já for tarde demais, através da rejeição de produtores ou de reações inesperadas do público.

Minha escola:

É importante que o roteirista escolha o script doctor certo para o seu trabalho. Nenhum filme irá agradar a todos, pois as pessoas têm valores e sensos estéticos diferentes. O roteiro tem que funcionar para espectadores que entendam e gostem do tipo de cinema que o roteirista pretende criar, e que estarão comparando o roteiro com os mesmos filmes que o roteirista tem como referência. Embora eu esteja habituado com todo tipo de cinema, minhas opiniões serão mais úteis para aqueles que desejam produzir filmes dentro de uma estrutura narrativa clássica. Eu aprendi sobre dramaturgia com "gurus" de roteiro como Syd Field, Robert McKee, cineastas como Alfred Hitchcock, e também com a filosofia estética de Ayn Rand. Em geral, meus critérios estão em harmonia com o cinema tradicional de Hollywood, com cineastas como Steven Spielberg, James Cameron, Billy Wilder, David Lean, Alfred Hitchcock, produções da Disney — mas não se aplicam muito ao cinema naturalista, político ou experimental predominante na Europa e fora dos EUA (que de qualquer forma não costuma exigir script doctoring).

Minha bagagem:

Sou cinéfilo desde criança, filho de cineasta, estudei cinema em Los Angeles, fiz diversos cursos de roteiro, direção, fotografia, participei da produção de longa-metragens, curtas, comerciais, videoclipes, escrevo críticas de cinema há mais de 15 anos, trabalhei anos em locadora e já assisti a mais de 5.000 longas. Minhas críticas e textos teóricos disponíveis aqui do blog dão uma noção bem clara da minha visão e dos critérios que uso para avaliar filmes.




Contato:
Caio Amaral
caiorodriguesamaral@gmail.com
São Paulo / Brasil / SP

sábado, 5 de dezembro de 2009

Abraços Partidos


Abraços Partidos é um melodrama com elementos de film noir e suspense (uma das sub-tramas envolve um garoto com uma câmera que de cara nos remete a Peeping Tom (1960), que inclusive é citado no filme). Mas um filme de Almodóvar não tem gênero, assim como um filme de David Lynch ou de Fellini não tem gênero. É um universo próprio; como sempre, vão ter prostitutas, traições, drogas, acidentes trágicos, personagens gays, pessoas obsessivas e vermelho - muito vermelho!

Esta história em particular se passa em torno de uma problemática produção cinematográfica. Acho interessante que muitos diretores que também escrevem roteiros acabam criando histórias que se passam no mundo do cinema, ou então personagens que sejam escritores, atores, etc. Nada mais natural - Almodóvar faz filmes há mais de 30 anos e este é certamente o assunto que mais domina.

Penélope Cruz está muito bem, como sempre que trabalha com ele. Mas a maior performance do filme acho que é a do próprio Almodóvar por trás das câmeras. Ele é um desses diretores exibidos que estão sempre chamando a atenção do público pro aspecto da direção - mas ele faz isso com estilo e sempre nos momentos certos. Há uma demonstração brilhante numa sequência onde o cineasta dentro do filme assiste a uma montagem ruim do longa que está produzindo; apenas um grande diretor como Almodóvar poderia mostrar a mesma cena 2 vezes; uma mal dirigida e a outra bem dirigida!

Abraços Partidos talvez não seja tão brilhante quanto Volver, seu último trabalho, mas ainda assim é um filme pra todo mundo ver. Tem alguns cineastas que são simplesmente incapazes de serem desinteressantes.

Los Abrazos Rotos (ESP, 2009, Pedro Almodóvar)

INDICADO PARA: Todo o público adulto.

NOTA: 7.5