quinta-feira, 12 de março de 2015

Para Sempre Alice


(Esta crítica está no formato de anotações - em vez de uma crítica convencional, os comentários a seguir foram baseados nas notas que fiz durante a sessão - um método que adotei para passar minhas impressões de forma mais objetiva.)

ANOTAÇÕES:

- Produção simples mas elegante, visualmente bonita (fotografia, locações, elenco).

- Julianne Moore está perfeita e carismática desde a primeira cena. Interessante ela ser uma mulher inteligente, professora, especialista em cognição. Torna o Alzheimer um evento ainda mais dramático. Sem falar na possibilidade de ser genético, dela transmitir a doença pros filhos. Kristen Stewart também está muito bem. 

- Direção interessante. Legal a cena em que ela se perde correndo na universidade e o fundo fica fora de foco. Também a consulta médica onde não há cortes e a câmera permanece fixa no rosto dela. 

- Todas as cenas do filme são relevantes: a consulta médica, ela dando a notícia pros filhos, o suspense na sala de aula quando ela começa a esquecer as coisas, a filha fazendo o teste pra ver se herdou a doença. O roteiro explora bem o tema e organiza os eventos de uma maneira envolvente. 

- É um tema triste mas o filme foca na resistência dela, então acaba sendo positivo. Sem falar que é um prazer ver a Julianne Moore linda e em uma ótima performance. É mais ou menos como ouvir uma cantora talentosa numa canção de amor - as palavras podem ser melancólicas, mas a experiência pro espectador é agradável. É como se o artista dissesse que até no pior dos momentos houvesse beleza e as pessoas pudessem manter sua dignidade. 

- Forte ela planejando o suicídio! O legal é que a atitude dela não é de vítima, mas de alguém que quer ser independente, ter controle sobre a própria vida, e não se permite sofrer além de um certo ponto.

- SPOILER: Boa a cena da palestra sobre Alzheimer (ela marcando o texto pra lembra o que já leu). Apesar dela derrubar os papeis e ter algumas dificuldades, o texto é bom e o final da sequência é satisfatório. O problema é que depois disso parece que já houve o ponto alto do filme (a luta dela), e que daqui pra frente não pode acontecer muito mais coisa em termos de desenvolvimento de história. Só falta ela se deteriorar e morrer!

- SPOILER: Inesperada a reviravolta do suicídio! Primeiro por ela abrir a pasta por engano e quase se matar antes da hora. Depois por ela derrubar os remédios - agora nem na hora certa ela vai poder fazer isso! É horrível, mas é legal que o roteiro continua dinâmico.

- Às vezes lembro de Laços de Ternura - um filme que lida com morte de uma forma positiva também. Só que o Laços é uma experiência bem mais forte - não só os momentos de tristeza são mais profundos, como os momentos de alegria também são bem mais intensos (a extensão emocional é maior). Além da maturidade psicológica.

- SPOILER: Um pouco "decepcionante" o filme acabar antes dela morrer, no sentido de que isso confirma a observação anterior - sobre o filme ser meio brando (considerando o tema).

CONCLUSÃO: Drama comovente que lida com o Alzheimer de uma maneira delicada e tem uma performance impecável da Julianne Moore.

(Still Alice / EUA, França / 2014 / Richard Glatzer, Wash Westmoreland)

FILMES PARECIDOS: A Teoria de Tudo / Uma Prova de Amor / Laços de Ternura / Vitória Amarga

NOTA: 7.0

Um comentário:

Anônimo disse...

Minha avó materna teve alzheimer. Foi uma experiência terrível para ela e para toda a família. Ela passou os últimos anos da vida dela pedindo todos os dias e todo o tempo para voltar para a casa dela no interior, onde ela não tinha condições de ficar, porque a família não tinha como cuidar dela lá.