Um retrato de jovens imperfeitos, perdidos na vida, tomando uma série de decisões tolas e sofrendo as consequências. O que torna
Anora mais incômodo do que o típico filme
Naturalista com esse tema é o tempero niilista do diretor, que parece se divertir corrompendo a bússola moral da plateia: fazendo ela rir enquanto observa atos revoltantes, humilhando um personagem que ele fez questão de tornar honrado primeiro, criando esperança sobre os rumos da trama que em breve serão frustrados… A arte de Sean Baker parece ser a de identificar possíveis valores em sua história e casualmente quebrá-los — sem muito sensacionalismo, pois transformar essa subversão em um espetáculo trairia seu gosto por ambivalências e paradoxos. Quanto a Mikey Madison: sua atuação é boa no sentido de convencer o público de que ela é alguém como a personagem. Mas, quando estamos falando de uma personagem tão rica em imperfeições quanto Anora, uma grande performance, na minha visão, seria aquela capaz de extrair dela alguma qualidade digna de ser contemplada, o que, infelizmente, não ocorre aqui.
Anora / 2024 / Sean Baker
Satisfação: 3
Categoria: Naturalismo / Anti-Idealismo
Filmes Parecidos: Projeto Flórida (2017) / Docinho da América (2016) / To Leslie (2022) / Joias Brutas (2019) / Red Rocket (2021)
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