22/10 — Nunca estive tão pouco motivado pra ir ao cinema (ou pra escrever críticas) quanto em 2025. A média de qualidade dos filmes anda tão baixa que já não tem me bastado mais dividi-los entre “bons” e “ruins”. É preciso criar uma nova categoria — algo que distinga filmes de verdade de meros conteúdos audiovisuais.
Digo isso porque acho que nem todo vídeo com mais de 70 minutos é automaticamente um “filme” no sentido tradicional — assim como nem toda substância comestível em quantidade suficiente pra encher a barriga pode ser chamada de uma “refeição”. Pra que um vídeo longo se torne um filme, na minha concepção, ele precisa oferecer uma quantia mínima de nutrientes: um mínimo de investimento criativo, de estrutura narrativa, de ideias originais, de talento, ambição, escapismo etc.
É o que quis dizer no texto Filmes Nota 6 Salvariam a Indústria. Mas, dos cinquenta e poucos longas de ficção de 2025 que vi até agora, diria que apenas uns sete ou oito eram realmente filmes. Não estou dizendo que eram bons filmes ainda — apenas que me deram a sensação de estar vendo um filme. Todo o resto se encaixava melhor na categoria de “conteúdo audiovisual”.
Pegue as principais estreias das últimas semanas: O Telefone Preto 2, O Bom Bandido, A Casa Mágica da Gabby, The Mastermind, Tron – Ares, Depois da Caçada, Casa de Dinamite, GOAT, Coração de Lutador – The Smashing Machine, Os Estranhos: Capítulo 2 — nenhum desses filmes me fez ir animado ao cinema, com a convicção de que, se eu comprasse o ingresso, eles me divertiriam, me fariam sair inspirado da sala, energizado ou algo do tipo. Os que arrisquei ver dessa lista, de fato, não fizeram isso.
Sem falar que ninguém fora da bolha cinéfila parece saber que esses filmes existem. Quando um filme é fraco, mas é um evento cultural, ainda há certo interesse em vê-lo, discuti-lo. Mas não há graça em discutir filmes medíocres que não têm o menor impacto na cultura.
Não me parece acidental que 2025 — além de ser o ano cinematográfico mais tedioso de que me lembro — tenha se tornado também o ano dos relançamentos. A programação está tão lotada de clássicos que, numa cidade como São Paulo, quando você abre o Ingresso.com, os filmes novos se perdem no meio de tantas opções antigas. Quando os lançamentos deixam de cumprir suas funções enquanto entretenimento, reexibir filmes antigos começa a se tornar um negócio cada vez mais lucrativo.
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