quarta-feira, 21 de maio de 2025

Filmes Nota 6 Salvariam a Indústria

Astros às vezes são definidos como aquele ator capaz de fazer o público ir ao cinema só para vê-lo, independentemente do filme — e a visão de muitos hoje é que não existem mais astros como antigamente, pois nenhum ator atualmente garante bilheteria. Mas me ocorreu que isso nunca foi literalmente verdade. Se nomes como Schwarzenegger ou Tom Cruise eram suficientes para garantir bilheteria, isso não se devia apenas ao carisma deles, mas também ao fato do público ter certa confiança na qualidade básica dos filmes: a vasta maioria dos filmes que você via, até algumas décadas atrás, cumpria sua função mínima como entretenimento. Um filme "Nota 6" pode não virar o favorito de ninguém, mas rende um programa divertido e faz valer o ingresso.

O problema hoje é que não há mais essa confiança. Princípios e critérios foram jogados pela janela, e é extremamente comum você ver filmes que são uma completa perda de tempo, que não arrancam uma emoção positiva sequer da plateia. Alguns atores atuais teriam potencial para garantir bilheteria "apenas com seus nomes" se aparecessem consistentemente em filmes "Nota 6" ou melhores (em uma métrica Idealista). O público não é tão rigoroso quanto se imagina. O sucesso recente de filmes como Um Filme Minecraft ou Premonição 6: Laços de Sangue mostra que, quando um filme entrega o básico em termos de diversão, o público comparece e responde. Mas esse "básico", que costumava estar presente na vasta maioria dos lançamentos comerciais (o que permitia que as pessoas saíssem de casa para ir ao cinema e escolhessem o filme às vezes só quando chegavam no multiplex), hoje é raridade.

Pegue a Sandra Bullock, por exemplo. Velocidade Máxima (1994) foi o filme que a lançou ao estrelato, e é de fato um filme de ação bem acima da média. Mas quase qualquer filme que você visse com ela nos anos 90 seria no mínimo um passatempo agradável, ainda que não atingisse o mesmo patamar: Enquanto Você Dormia, A Rede, Tempo de Matar e até Velocidade Máxima 2, considerado uma "bomba" pela crítica. O mesmo pode ser dito de Eddie Murphy, Harrison Ford, Meryl Streep, Gene Hackman e até de astros da Era de Ouro (muitos musicais da Judy Garland ou do Fred Astaire eram apenas OK). Era como se o sistema e as práticas estabelecidas na indústria criassem um piso mínimo (em termos de valor de entretenimento) abaixo do qual pouca coisa se sustentava.

Hoje há tantos produtos completamente ocos nesse sentido que é necessário um trabalho de curadoria enorme só para você descobrir algo que atinja esse piso mínimo e pareça um filme legítimo: algo que tenha uma trama minimamente instigante, fácil de acompanhar, com atores/personagens atraentes, "Princípio da Ascensão", uma mensagem digna etc. Portanto, não é primeiramente a ausência de gênios isolados e de atores carismáticos no cinema que está fazendo a indústria colapsar. É a falta de um Sistema, de padrões, dessa base sólida de filmes "Nota 6", entregando entretenimento consistentemente, semana após semana, que fazia do cinema uma opção confiável de lazer — mesmo quando deixava a desejar no aspecto artístico.

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