Documentário brasileiro onde a diretora Petra Costa expõe suas lembranças de sua irmã mais velha Elena Andrade, que sonhava em ser atriz de cinema e se suicidou em Nova York nos anos 90 quando viu que seu sonho não se realizaria. O filme é todo narrado pela diretora e contém vários videos caseiros gravados nos anos 80 e 90, o que permite um verdadeiro mergulho da platéia nas memórias da família.
Há algo de extremamente poderoso e apelativo no conceito do documentário; o fato dela ter se matado, o fato de existirem tantos videos caseiros disponíveis, o fato de Elena ser uma menina linda, ambiciosa, aparentemente talentosa, com uma paixão absoluta pela arte - tudo isso torna o documentário fascinante, ainda mais se você pensar na ideia de que ele acaba tornando realidade o sonho de Elena, transformando-a finalmente numa estrela de cinema, agora que é tarde demais.
O que eu não gosto: há no filme uma atitude que eu costumo chamar de "culto à dor" - um certo fascínio pelo trágico, pelo melancólico (há um trecho interessante do filme que mostra uma tática que Petra usava quando criança pra chamar atenção: colocar um Band-Aid na testa pra fingir que estava machucada - é isso que muita gente continua fazendo depois de adulto; buscar admiração pelo fato de sofrer, de ser triste). A tragédia da menina não é mostrada como um erro terrível, mas como algo poético e belo de certa forma - como se fosse o destino natural de alguém com sonhos tão grandes. É o tipo de coisa que pode servir como um falso conforto para aqueles que abandonaram suas ambições, que ao verem uma história como essa poderão pensar: "viu só, é nisso que dá sonhar alto; eu estava certo em optar por uma vida mais modesta".
De qualquer forma, há positivos o bastante pra tornar o filme digno de ser visto. A admiração de Petra pela irmã é algo que comove, e sua narração é cheia de passagens brilhantes e de uma sensibilidade notável.
Elena (BRA / 2012 / 82 min / Petra Costa)
NOTA: 7.5
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