Acho que é o primeiro filme que muita gente vê baseado numa canção (além desse só me lembro do Yellow Submarine), o que já torna o filme especial de alguma forma (não necessariamente bom), mas com um apelo "pop", ainda mais se tratando de uma música tão conhecida e que todo mundo sempre disse que daria um filme. Não sou fã de Legião Urbana, então não fui daqueles que já entraram no cinema querendo gostar, mas acabei sendo conquistado pelo filme, nem tanto por aquilo que vem da letra, mas pelo roteiro, elenco, fotografia - os méritos particulares da produção.
A história acompanha João de Santo Cristo (Fabrício Boliveira), que perde os pais ainda criança em Salvador e parte para Brasília pra tentar uma vida melhor. Lá ele se apaixona por Maria Lúcia (Isis Valverde), mas seu envolvimento com as drogas e a rivalidade com um traficante local chamado Jeremias (Felipe Abib, que está perfeito como o vilão) acabam deixando seus sonhos cada vez mais distantes.
Um perigo que o espectador pode cair é o de achar que João de Santo Cristo é um injustiçado, que nasceu num ambiente hostil portanto não tinha escolha a não ser virar criminoso. Depois que vemos ele roubando, matando, traficando, mentindo, fica difícil manter toda a simpatia e vê-lo como vítima. A melhor forma de ver o filme é como uma tragédia - uma história sobre os erros que as pessoas cometem e o preço que elas têm que pagar. O que mantém a gente interessado é que o protagonista não é de todo mau - há um lado positivo nele que faz a gente se importar pelo seu destino - principalmente por causa do romance, que soa verdadeiro, envolve, até pelo fato deles virem de lugares tão opostos e ser uma espécie de amor proibido. A situação da mocinha ter que se entregar pro vilão pra proteger o amado é um conflito antigo que remete à ópera Tosca e dá um ar de tragédia clássica pra história, tornando tudo ainda mais dramático.
Pode não ser meu tipo favorito de história e de personagem, mas achei tudo muito bem feito, com qualidade de produção americana (há um estilo meio Tarantino, mas sem forçar ou parecer plágio). Um acerto do diretor René Sampaio, que veio da publicidade mas no primeiro filme já parece fluente na linguagem do cinema.
Faroeste Caboclo (BRA / 2013 / 105 min / René Sampaio)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Tropa de Elite 2, VIPs, etc.
NOTA: 7.5
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