quarta-feira, 17 de julho de 2013

Sharknado

Filme catástrofe produzido pra TV que virou sucesso na internet por causa de sua sinopse genial: um tornado que passa pelo mar e leva milhares de tubarões pra Los Angeles, que atacam a cidade por via aérea.

É o tipo de sinopse que de tão louca faz as pessoas pensarem "eles só podem estar brincando". A princípio me pareceu algo totalmente único e incomparável, mas depois fui pesquisar sobre essas produções do canal SyFy e vi que filmes B nessa linha são uma tradição antiga do canal, como por exemplo Sharktopus (mistura de tubarão com polvo), Ice Spiders, Mansquito ou Piranhaconda.

Sharknado está longe de ser único - a diferença é que um tornado com tubarões, além de uma ideia cômica, é uma sacada 10 vezes mais brilhante que a de um tubarão-polvo, por exemplo. Até por ela ter certa base lógica (tornados podem levar barcos e até peixes pra terra). Como exercício, imagine se, em vez de tubarões reais num tornado, a cidade fosse atacada por tubarões voadores de outro planeta. Seria uma fantasia completa e não haveria tanta graça. A situação é absurda, mas é justamente o aspecto plausível que torna tudo divertido (e a ideia de um animal não-voador num tornado parece ser intrinsecamente engraçada, basta lembrar do sucesso que fez a vaca do Twister).


O legal de filmes B é que eles se levam a sério, e esse é um dos motivos pelo qual gostei de Sharknado. Apesar da precariedade da produção, da direção, etc, o filme se porta como se fosse um filme de aventura sério - uma mistura de Tubarão com Twister. O lado trash acaba sendo divertido, mas não como quem gosta de rir das falhas dos outros; é mais como ver uma criança brincando de adulto, e fazendo tudo de maneira desajeitada porém inocente (é como o Friday da Rebecca Black - a coisa toda se transforma numa comédia; você fica aguardando por cenas absurdas, e é nesse nível que o filme funciona). É bem diferente de filmes como Piranha 3D, Serpentes a Bordo, Ovelha Negra ou Malditas Aranhas, que são auto-conscientes e obviamente estão tirando sarro do gênero. Esses acabam tendo um elemento desagradável de crítica, como quem diz pra plateia num tom de sarcasmo "veja como são ridículos esses filmes americanos, sempre apresentando dramas impossíveis na tela".

Mas se levar a sério não basta pra tornar o filme divertido. Existem filmes como A Noite dos Coelhos (de 1972, sobre coelhos gigantes assassinos) ou mesmo o Sharktopus, que se levam a sério mas têm um roteiro cansativo e situações repetitivas. É por isso que é preciso dar certo crédito pra Sharknado - um dos erros que o filme poderia ter cometido, por exemplo, seria o de trazer o tornado pra cidade logo no começo do filme, e entregar cedo demais aquilo que a plateia estava aguardando. Mas não - primeiro nós temos maremotos, depois enchentes, e o tornado só aparece de fato na cidade no terceiro ato. Ou seja, o roteiro pode não ter diálogos geniais, uma trama inteligente, mas é estruturado de maneira satisfatória e tem um bom senso de espetáculo. Achei divertido, ousado, e o exagero no fundo são os criadores dizendo "sim, nós gostamos do fantástico, de situações fora do comum, de heroísmo, e não estamos nem aí pras suas limitações".

Sharknado (EUA / 2013 / Anthony C. Ferrante)

INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Eu Sei Quem Me Matou, Anaconda, Twister, Aracnofobia, Orca - A Baleia Assassina, etc.

NOTA: 7.5

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