terça-feira, 7 de abril de 2015

Song of the Sea

- Animação um pouco feia e simples (considerando que é um filme indicado a Oscar). A comunicação visual é meio truncada, sem sutilezas.

- O universo em que se passa o filme é desagradável: os personagens não têm carisma, são feios, os cenários também, a mãe morre, a família que sobra é chata (o pai manda os filhos embora pra morarem com a avó, a avó é horrível, o garoto é revoltado, irrita a irmã sem necessidade, etc). Sem falar na trilha sonora melancólica (o álbum oficial inclui faixas com os títulos "I Hate You", "Something Is Wrong", "Get Away", "Sadness" - não imagino isso tocando em festinhas infantis).

- Fantasia só é de fato mágica quando associada a valores e temas positivos: felicidade, diversão, realização de sonhos, relacionamentos fascinantes, etc. Ela não torna encantadora uma história melancólica onde nada de muito interessante acontece.

- História bagunçada: conchas, casacos, luzinhas mágicas, menina que vira foca, personagens que viram pedra... Os elementos não parecem pertencer à mesma história, criativamente falando.

- Falta um objetivo interessante pro menino. No começo ele só queria voltar pra casa, o que não era muito empolgante, afinal o pai não queria os filhos com ele, e além disso o ambiente familiar era chato (não é um lugar pra onde a plateia deseja voltar). A parte mitológica também não empolga e não há um propósito muito claro. Boa parte da motivação do menino é apenas ajudar a irmã que está ficando cada vez mais fraca, mas como os 2 não se davam bem, acaba sendo um propósito meio chato também. É o tipo de filme que começa num ambiente chato, depois um monte de coisa ainda mais chata acontece, e a meta dos protagonistas é lutar pra voltarem pra chatice original.

- É curioso que a figura que deseja tirar a dor e o sofrimento das pessoas é justamente a vilã do filme! Ou seja: a vida é deprimente e não devemos eliminar a dor.

- Clímax ruim, pouco emocionante (menina cantando e os espíritos sendo liberados, etc). É uma realização desconectada dos valores e interesses dos personagens.

CONCLUSÃO: Personagens e história pouco cativantes. Não impressiona nem pela parte técnica.

(Song of the Sea / Irlanda, Dinamarca, Luxemburgo, Bélgica, França / 2014 / Tomm Moore)

FILMES PARECIDOS: Festa no Céu / Os Boxtrolls / Coraline e o Mundo Secreto

NOTA: 4.0

15 comentários:

Anônimo disse...

Esse tipo de filme é daquele que sempre tem em blogs falando que "a pessoa vai chorar ao assistir este 'curta' emocionante sobre...", daí nos comentário tem alguém falando "caiu uma lágrima aqui".
Típico da nova geração onde acha que vão mudar o mundo com vídeos "fofinhos" ou "moralistas" sobre temas negativos ou polêmicos compartilhados no Facebook.
Acontece que esse aí é um longa que acabou indo parar no cinema, e caiu nas graças do mesmo público, que pensa que só porque fala sobre temas negativos em uma animação infantil e tem um visual simplista é de um teor artístico diferente. O que muitos não enxergam, é que a internet já está saturada de produções neste nível.

Anônimo disse...

E mais uma vez o melhor crítico da atual geração se pronuncia expressando exatamente a minha opinião a respeito do "senso de vida" dos filmes traçando um paralelo com filmes "saudosistas" dos anos 90, que a geração passada teima em dizer que é melhor só porque é da época deles:

http://channelawesome.com/nostalgia-critic-the-dark-age-of-film/

Assim como já tinha exemplificado a criatividade na indústria do cinema hoje em dia:

http://channelawesome.com/nostalgia-critic-why-is-nothing-original-anymore/

Grande crítico!

Caio Amaral disse...

Anônimo 1: Verdade... e como é não-americano e baseado na mitologia Celta, as pessoas acham que o filme já tem um valor artístico/cultural superior.. o que não é necessariamente verdade né..

Anônimo 2: Olha, assisti esses vídeos e não vi muita lógica nas teorias desse cara.. somos bem diferentes, se vc é fã dele, não vai achar muita graça aqui no meu blog, hehe. Abs.

Anônimo disse...

Os personagens desse desenho até que parecem bonitinhos, comparados com os de Coraline, Boxtrols, Paranorman, ou mesmo com as heroínas olhudas, cabeçudas e super-magras desses desenhos novos da Disney (Rapunzel e todos os seus clones), que mais parecem ETs com perucas e roupas femininas...

Caio Amaral disse...

Hmm... É um bonitinho simplinho... não enfeiados mas não atraentes... se fosse live action seriam personagens "realistas"...

Anônimo disse...

Porque não traduziram o título para o português? Ainde se fosse alguma coisa que ficasse sem sentido ou ridículo em português, se jutificava manter o original. Mas porque não chamar "Canção do Mar"? Porque em inglês fica mais imponente?

Caio Amaral disse...

Acho que não foi lançado oficialmente no Brasil... Se for eles devem traduzir, até por ser voltado pro público infantil né (mais ou menos, rs)...

Anônimo 2 disse...

Caio, com relação aos vídeos dos links que postei nos comentários e a sua resposta. Não é questão de concordar com este ou aquele de forma definitiva. Entre todos os críticos atuais, este é o que mais me agrada, pois eu me identifico mais com ele. No entanto, uma característica do ser humano é a capacidade de adaptação, por isso acho importante não colocar um "cabresto" e só ler as críticas de pessoas que eu concorde e "acho graça", tipo fanboys.
Ou só porque determinado crítico falou mal de um filme que eu gosto ou elogiou elementos cinematográficos que eu discordo eu não vou levar o ponto de vista dele em consideração. Penso ser importante estar levando em consideração diversas opiniões mesmo que diferentes da minha. Tipo Voltaire: "Não concordo com uma só palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o vosso direito de dizê-lo", ou no meu caso: "tentarei compreendê-lo e procurar saber porque pensas assim".

Mas para esclarecer, diferentemente do que você acha, sim, eu vejo graça no seu blog e visito todos os dias. Justamente por não concordar em alguns fatores, pois eu posso visualizar os filmes de um ângulo do qual não teria visto. Abs!

Caio Amaral disse...

Ah é que como vc acha ele o melhor de todos os críticos atuais, imaginei que concordasse MUITO com ele.. que não fosse só 1 ponto de vista entre outros tantos q vc aceita.. E alguém que concorde muito com ele, provavelmente irá discordar bastante do que lê aqui (me baseando nesses 2 vídeos).. Mas enfim, acho importante sim ler opiniões diferentes, principalmente quando estamos numa fase de formação.. Eu não tenho muita paciência pra ler críticos com os quais sempre discordo.. Pq com o tempo vai ficando claro o porquê das diferenças de ideias, de valores.. vc não precisa ler mais 200 críticas pra compreender o ponto de vista do outro.. é um pouco que nem política.. depois de um tempo, vc já entendeu pq tal pessoa vota pra tal partido, e continua discordando.. ficar ouvindo ela repetir os mesmos argumentos por horas só te irrita, não te convence mais, hehe (se vc tem convicções firmes). Mas sim, continue lendo tudo que te interessar.. Eu tb leio outros críticos de vez em quando, principalmente quando surgem filmes difíceis, que desafiam minha interpretação. Abs!

Anônimo 2 disse...

Hahaha, Caio eu acredito que me expressei mal quando disse "o melhor crítico da atual geração". Não queria dizer que ele é o MELHOR por ser MUITO BOM, eu quis dizer que ele é o que me parece mais compreender a atual geração do CINEMA e PÚBLICO.

Este cara é uma personalidade da internet que está na ativa desde 2008 fazendo críticas COM FOCO NO HUMOR, e eu sempre o acompanhei, e como o nome diz: nostalgia, ele sempre fez críticas de filmes antigos ou que tem uma relação direta com a infância da atual geração de pessoas.

Por exemplo, na crítica do Transformers 1 ele age como um adulto infantil assistindo um filme sobre um desenho que passava na nossa infância. Na das sequências, ele assume as mesmas características dizendo "o 1 foi bom só porque sim, os outros porque só quem viveu nos anos 90/80 entenderia".

Na das tartarugas ninja ele traça um paralelo direto com os "puristas" que não aceitam a releitura do filme de 2014, porque os filmes mais antigos e o desenho eram melhor e ponto final!!! No entanto, a ATUAL GERAÇÃO não percebe que as tartarugas foram criadas como comercialismo baseado em uma história em quadrinhos, e a HQ originária era uma paródia das HQs da época, nunca foi para ser levado tão a sério, e mais ainda que os filmes antigos não eram tão bons assim pras pessoas ficarem defendendo. Pois agora existe uma nova geração de crianças que precisam de um novo comercial cinematográfico para comprar produtos.

De uns tempos para cá, ele vem criando vídeos editoriais analisando a atual geração de público/cinema e como o cinema tem influencia sobre a psique e sobre o comercialismo do público e como o oposto ocorre, (saliento que ele é formado em artes cênicas, cinema, filosofia política e psicologia, e eu encontro muitos pontos de vista em comum considerando que sou formado nas mesmas disciplinas, com exceção que eu fiz filosofia ocidental e não fiz artes cênicas e sim introdução a teledramaturgia).

Não estou defendendo-o, pois considero isso tolice, estou apenas compartilhando.

Qualquer pessoa formada em filosofia sabe que ela tem por base a incerteza da verdade absoluta e o questionamento acima de tudo e pode mudar de opinião e ponto de vista, por isso estudamos tantos filósofos que estavam errados.

Resumindo: quando eu assisto um filme, eu formulo um pensamento muito similar ao deste cara. Daí eu venho aqui no blog e vejo um ponto de vista diferente. Paro e penso e muitas das vezes eu realmente concordo de você e discordo dele e de mim mesmo.

Como por exemplo Frozen e a personalidade de Elsa. Eu tinha uma idéia, mas observando seu post mais antigo eu mudei completamente de opinião (sem aprofundar-se em questões psicológicas de personagem). Mas é isso, chega de escrever...rsrsrs!! Abraços.

Caio Amaral disse...

Olha, eu não me importo se um filme foi produzido nos anos 40, 80, 2010, se foi criado como "comercialismo", se é a primeira adaptação de algo ou a quinta.. eu procuro julgar os filmes por suas características individuais.. Acho errado defender algo só porque é antigo ou só porque é atual. Mas claro, existem valores que predominam em cada época.. inclusive valores estéticos.. e esses podem ser melhores ou piores, e influenciarem a média dos filmes. Mas em todas as épocas é possível achar exemplos de filmes ótimos e filmes ruins.. Os artistas são livres e não precisam seguir as tendências do momento né.. Abs!

Anônimo 2 disse...

Pois é exatamente este o ponto em que eu quero chegar. A atual geração da internet defende muito os filmes e programas apenas porque são antigos. E este cara analisa bem isso, só que tirando sarro de modo bem profissional, um diferencial dentre tantos.
Eu compartilho deste mesmo pensamento. Sou 100% a favor da releitura e contextualização de época. Desde que na mão de pessoas talentosas.
Muitos filmes queridos pelo público hoje são remakes que ninguém sabe (a bolha, scarface, o enigma de outro mundo, o professor aloprado, Ben-hur, 7 homens e um destino, 11 homens e um segredo, não lembro mais). E se dependesse desta geração atual, eles nunca existiriam.

Caio Amaral disse...

Eu procuro não defender filmes antigos só por serem antigos.. Mas eu defendo sim o "senso de vida" de umas décadas atrás, se comparado com o da atualidade.. Não estou falando de filmes específicos, mas dos valores predominantes na cultura (e estou falando dos EUA, Hollywood, etc)..

Remakes não são necessariamente ruins (quando o filme original pode ser melhorado, e não se trata apenas de uma estratégia comercial vazia). O que acontece é que, como nós estamos agora numa época onde predominam valores que eu não gosto muito, quando eu ouço que vão refilmar algo, minha reação é negativa, pois imagino que será uma versão "dark" ou "realista" de algo que costumava ser mais romântico. Mas se nós estivéssemos em 1959 e eu ouvisse que o William Wyler iria refilmar Ben-Hur, eu ficaria animado - pois era uma época de grandes cineastas e produções espetaculares em Hollywood.

Luiz Cabral disse...

Eu discordo quando você diz que a parte da mitologia não justifica. Ela é muito presente no filme. Os detalhes de animação para mim são presentes e congruentes. O Cabelo do velho quando se está lembrando uma coisa, logo no início do filme, a ilha de frente para a ilha do pai, desde o começo, que é o McLear. Figuras simbólicas se misturam, pois hora a sombra do pai é pai, hora tal ilha, McLear. Hora Macha é bruxa, e hora Velha é bruxa. Hora Macha é bondosa e perguntam-na, como fariam à avó: Você tem carro?
Acho uma linguagem simbólica linda, e imagino, que eu gostaria muito de ver uma criança falar o que achou deste filme, pois acredito que o roteiro do filme não é uma trama que necessariamente vai correndo como em um filme ditamente, mas que está em um quadro sempre presente, e as imagens brincam como um quadro que se move, sendo mais fácil de apreender, mesmo que após terminado. Me parece o tipo de filme para uma criança que está no meio do processo de se acostumar ao cinema.
Gosto de revê-lo muito por perceber estes mínimos detalhes...
Mas reconheço: uma psicóloga recomenda, quando iniciar as crianças em contar histórias, que só se contem primeiro, histórias positivas. E concordo contigo neste aspecto. Mas para uma criança que já amadureceu a imaginação, acho massa mesmo este filme.

Caio Amaral disse...

Oi Luiz.. Imagino que o filme tenha vários detalhes interessantes relacionados à mitologia, etc.. é que aqui no blog eu avalio os filmes de acordo com uma filosofia específica de cinema, voltada mais pra entretenimento, espetáculo.. por mais que alguns detalhes sejam ricos, pra eu gostar mais do filme ele teria que ter uma narrativa forte, personagens carismáticos.. coisas básicas que senti falta em Song of the Sea. Abs.