Foi lançado em Cannes semana passada e está virando sensação na internet esse curta sueco de meia hora feito através de financiamento coletivo que satiriza filmes de ação e fantasia dos anos 80 - além de video games, propagandas, séries, tecnologias e outras coisas da época.
O curta foi feito com esforço e dedicação pelos realizadores e tem um visual impressionante, mas como alguém que respeita esse universo cultural dos anos 80 achei o filme sem graça, imaturo - ele tem aquele tipo de cinismo nerd dos filmes do Robert Rodriguez que não me diverte particularmente (pelo menos o filme não chega a cansar como os de Rodriguez e tem a duração certa pra esse tipo de brincadeira). É um exemplo perfeito de Idealismo Corrompido e provavelmente cai em mais de 1 das 7 categorias que eu listo na postagem.
sábado, 30 de maio de 2015
sexta-feira, 29 de maio de 2015
Terremoto: A Falha de San Andreas
ANOTAÇÕES:
- Como assim o helicóptero vai "inclinar" pra descer no meio da fenda? O que que é isso gente? Nunca vi algo tão absurdo!! O carro estar colado na parede também já é puro nonsense!
- O filme tem exatamente o tom dos filmes catástrofe dos anos 90 (que eu amo). Só que é muito mais exagerado, parecendo até o Sharknado, mas ainda tentando ser sério.
- Chocado com a cena na Hoover Dam! Nunca vi filme de terremoto dar susto! O som do filme é muito eficiente... Mas não é muito cedo pra algo dessa magnitude estar acontecendo?
- Muito engraçado o clichê da menininha chorando perdida dos pais na represa (parece algo tirado do Titanic).
- História do Dwayne Johnson com a ex-mulher (o novo namorado dela, os papéis do divórcio pra assinar) parece cópia de Twister. Além da trama dos cientistas tentando descobrir métodos de prever terremotos, etc. Todo o filme parece uma coleção de clichês, mas não dos clichês atuais, e sim dos clichês de 20 anos atrás, que pelo menos eram mais divertidos.
- Um absurdo a mulher no topo do prédio sendo resgatada pelo helicóptero - e depois o helicóptero desviando dos prédios caindo, etc. Se isso já está acontecendo em 40 minutos de filme, o que mais pode acontecer? O terremoto já atingiu o estágio máximo de destruição!
- Apesar de muita coisa ser forçada, a ação é visualmente compreensível e tem uma lógica própria, então consegue deixar o espectador tenso.
- O filme só tem clichês! Tudo... As frases, as caracterizações, etc. Ficamos na dúvida se o diretor está homenageando os filmes dos anos 90, ou se de fato é alguém sem imaginação, com conceitos extremamente limitados de narrativa. O filme precisava ter pelo menos um toque ou outro de inteligência, de sofisticação.
- Sinto falta de ver a catástrofe pelo ponto de vista da mídia, da população, do resto do mundo, do presidente americano, etc. O filme foca mais nos personagens centrais e não passa uma noção da grandiosidade da tragédia.
- A personagem da mãe (Carla Gugino) é muito ruim. Ela não tem jeito de mãe... E ao longo do filme, em vez de estar preocupada com a filha, ela parece estar curtindo a aventura, jogando charme pro ex-marido, etc.
- Piada da "segunda base" no campo de baseball é muito ridícula! Rs.
- SPOILER: Tensa a cena da lancha subindo a tsunami! Pulei quando apareceu o navio! Ótimo "twist" pra uma cena já vista antes em outros filmes (dentro dos clichês, o filme se esforça pra entreter o público, e acaba surpreendendo).
- Muito falso a onda não derrubar o prédio onde está a filha com os 2 garotos. E toda a história dos pais indo resgatar a menina no meio da tsunami é ridícula. Seria impossível encontrá-la. Sem falar que a menina é incrivelmente forte e preparada pra sobreviver a desastres. Os pais estão se comportando como se ela fosse uma menininha de 10 anos. Toda a irrealidade do filme vai cansando um pouco mais pro final (até por ele ter atingido o clímax cedo demais).
CONCLUSÃO: Um dos filmes-catástrofe mais divertidos dos últimos tempos, embora os clichês e a falsidade da ação deem um ar "trash" pra produção.
(San Andreas / EUA / 2015 / Brad Peyton)
FILMES PARECIDOS: Sharknado / 2012 / Poseidon / O Núcleo - Missão ao Centro da Terra / Twister
NOTA: 7.0
O Vendedor de Passados
ANOTAÇÕES:
- Personagem da Alinne Moraes é muito antipática. Ela tem uma atitude de mal humor e desprezo em relação ao Lázaro Ramos que não parece natural e não tem justificativa. É só pra dar um clima "dramático" pro filme, de que os relacionamentos são "complexos".
- Trabalho dele ("vender" passados) é interessante e o filme parte de uma premissa original (até onde sei). O pedido da Alinne Moraes (querer ser uma criminosa) intriga, deixa a gente curioso.
- Os atores não me parecem convincentes. Não acho que seja problema de casting e sim de direção, pois todos os atores estão meio estranhos, sem naturalidade, principalmente os coadjuvantes.
- Algumas frases parecem pretensiosas, forçadas nos diálogos pra dar uma profundidade que o filme não parece ter ("A gente só é feliz quando é pra sempre").
- O romance que vai surgindo entre os 2 não me atrai nem um pouco. Eles são imorais e no fundo se atraem pela dor que veem no outro, pelos problemas. Depois que a Alinne mente no jantar pros amigos, o Lázaro Ramos vai atrás dela no banheiro e a beija intensamente, como se ela tivesse acabado de fazer algo admirável.
- O filme vai ficando tedioso. Em vez desenvolver o mistério do passado da Alinne, o filme foca num relacionamento chato que não parece ter futuro nenhum.
- SPOILER: Meio forçada a reviravolta dela virar escritora, fazer um enorme sucesso com uma história falsa, etc. Não convence. E como o Lázaro Ramos pode dar lição de moral nela, sendo que o trabalho dele também é bastante discutível moralmente?
- Detesto esse clima constante de rivalidade entre os dois. Eles nem parece ter intimidade, se conhecer o bastante pra brigarem desse jeito.
- Detesto esse clima constante de rivalidade entre os dois. Eles nem parece ter intimidade, se conhecer o bastante pra brigarem desse jeito.
- SPOILER: Pavoroso o final! Um dos piores dos últimos tempos!! O filme acha que criou uma grande surpresa, mas já estava muito óbvio que a relação não daria certo. Será que alguém na plateia estava torcendo por esses dois, ou achou que o filme teria um final feliz??
- O filme parece curto demais, parece que acabou a criatividade do roteirista e ele desistiu de escrever o terceiro ato.
CONCLUSÃO: Tem um ponto de partida promissor, mas o que havia de interessante na história não é bem desenvolvido, e o final é terrível.
(O Vendedor de Passados / BRA / 2015 / Lula Buarque de Hollanda)
FILMES PARECIDOS: Boa Sorte / 360 / Budapeste
NOTA: 3.0
- O filme parece curto demais, parece que acabou a criatividade do roteirista e ele desistiu de escrever o terceiro ato.
CONCLUSÃO: Tem um ponto de partida promissor, mas o que havia de interessante na história não é bem desenvolvido, e o final é terrível.
(O Vendedor de Passados / BRA / 2015 / Lula Buarque de Hollanda)
FILMES PARECIDOS: Boa Sorte / 360 / Budapeste
NOTA: 3.0
terça-feira, 26 de maio de 2015
O Labirinto de Kubrick
Documentário sobre O Iluminado onde diversos estudiosos dão suas interpretações sobre o filme e tentam expor significados ocultos que dão a ele uma temática maior daquela percebida pelo público.
Esse foi provavelmente o documentário mais ridículo que eu já vi na vida. Me surpreende alguém ter conseguido encontrar não só 1, mas diversas pessoas capazes de acreditar em teorias tão dementes e de dizer isso em público (na verdade o rosto dos entrevistados nem aparece, o que deve tê-los deixado mais à vontade pra falarem qualquer abobrinha).
Em uma das investigações, eles projetam O Iluminado numa tela com uma 2ª projeção sobreposta - esta do filme passando de trás pra frente (de forma que sobre a primeira cena do filme, há um "fantasma" da última cena do filme, e as 2 projeções vão seguindo em direções opostas, uma por cima da outra). Uma das revelações desse experimento é que, em um determinado momento, o nome do Jack Nicholson nos créditos iniciais está perfeitamente alinhado com carro do Jack Nicholson no centro da imagem, e com uma foto dele na parede do Hotel Overlook. Não porque Jack Nicholson é o protagonista do filme e aparece em muitas cenas, nem porque é comum o fotógrafo enquadrar os objetos no centro da tela (principalmente em filmes do Kubrick onde tudo é muito simétrico), mas porque Kubrick quis passar uma mensagem oculta pra quem eventualmente assistisse ao filme dessa forma (os entrevistados não explicam qual é essa mensagem, apenas ficam satisfeitos em saber que há "algo mais" no filme além do que os olhos podem ver).
Isso é misticismo do pior tipo e não me surpreende em nada que no documentário eles tenham dado um jeito de falar de física quântica, de teorias da conspiração sobre a ida do homem à lua, etc. O pior é que O Iluminado é de fato um filme muito rico onde há muitas coisas pra serem estudadas. Mas pros entrevistados, não são os méritos reais do filme que o tornam importante. É o número 42 na blusa de um personagem, que revela que o filme na verdade é sobre o Holocausto.
(Room 237 / EUA / 2012 / Rodney Ascher)
NOTA: 0.0
Esse foi provavelmente o documentário mais ridículo que eu já vi na vida. Me surpreende alguém ter conseguido encontrar não só 1, mas diversas pessoas capazes de acreditar em teorias tão dementes e de dizer isso em público (na verdade o rosto dos entrevistados nem aparece, o que deve tê-los deixado mais à vontade pra falarem qualquer abobrinha).
Em uma das investigações, eles projetam O Iluminado numa tela com uma 2ª projeção sobreposta - esta do filme passando de trás pra frente (de forma que sobre a primeira cena do filme, há um "fantasma" da última cena do filme, e as 2 projeções vão seguindo em direções opostas, uma por cima da outra). Uma das revelações desse experimento é que, em um determinado momento, o nome do Jack Nicholson nos créditos iniciais está perfeitamente alinhado com carro do Jack Nicholson no centro da imagem, e com uma foto dele na parede do Hotel Overlook. Não porque Jack Nicholson é o protagonista do filme e aparece em muitas cenas, nem porque é comum o fotógrafo enquadrar os objetos no centro da tela (principalmente em filmes do Kubrick onde tudo é muito simétrico), mas porque Kubrick quis passar uma mensagem oculta pra quem eventualmente assistisse ao filme dessa forma (os entrevistados não explicam qual é essa mensagem, apenas ficam satisfeitos em saber que há "algo mais" no filme além do que os olhos podem ver).
Isso é misticismo do pior tipo e não me surpreende em nada que no documentário eles tenham dado um jeito de falar de física quântica, de teorias da conspiração sobre a ida do homem à lua, etc. O pior é que O Iluminado é de fato um filme muito rico onde há muitas coisas pra serem estudadas. Mas pros entrevistados, não são os méritos reais do filme que o tornam importante. É o número 42 na blusa de um personagem, que revela que o filme na verdade é sobre o Holocausto.
(Room 237 / EUA / 2012 / Rodney Ascher)
NOTA: 0.0
segunda-feira, 25 de maio de 2015
Poltergeist: O Fenômeno
Por ser remake de um dos meus filmes de terror favoritos, entrei na sala com um pé atrás. A surpresa mais positiva foi que eles mantiveram o clima divertido do Poltergeist original - não o transformaram num filme agressivo, de tom melancólico, como os filmes de terror mais modernos. O casting é correto e a relação entre os membros da família é muito divertida - é uma casa onde você gostaria de passar algumas horas. Já a casa em si perde pra do clássico - a locação não é tão atraente, a direção de arte é mais pobre - toda a produção parece mais barata, o que acaba sendo um pouco decepcionante.
E embora o roteiro não tenha uma construção tão orgânica e satisfatória (as coisas parecem acontecer rápido demais) o filme ainda se beneficia do fato de que Poltergeist tinha uma história bem estruturada. Não era um desses filmes monótonos de assombração, onde os personagens são passivos e nada acontece até os 20 minutos finais. A garotinha sumia logo na primeira meia hora, o que dava uma meta pros familiares e criava uma série de obstáculos.
Ainda assim, acaba soando um remake desnecessário. Por mais divertido que seja, ele não acrescenta nada de importante e não supera o original em nenhum aspecto (que tinha a mãozinha de ninguém menos que Spielberg na direção). O medo era mais intenso (a árvore dava mais medo, 1 palhaço é melhor do que uma caixa de palhaços, o "lado de lá" ficava mais pra imaginação do espectador, o que era mais assustador), havia momentos de beleza e contemplação mais intensos, a médium feita pela Zelda Rubinstein era incomparável, a fotografia era mais criativa (o clímax tinha um dos melhores usos do "efeito Vertigo" no cinema). Até mesmo os efeitos especiais eram mais impressionantes na versão de 82 (o bife se movendo, o armário que sugava objetos do quarto, etc). Sem falar que o lance da estática na TV fazia mais sentido nos anos 80 do que faz hoje.
CONCLUSÃO: Pode render uma sessão divertida pra quem nunca viu o original, mas apesar de bem intencionado, soa desnecessário e redutivo pra quem já viu.
(Poltergeist / EUA / 2015 / Gil Kenan)
FILMES PARECIDOS: Annabelle / Sobrenatural: Capítulo 2 / Carrie, a Estranha (2013)
NOTA: 6.5
E embora o roteiro não tenha uma construção tão orgânica e satisfatória (as coisas parecem acontecer rápido demais) o filme ainda se beneficia do fato de que Poltergeist tinha uma história bem estruturada. Não era um desses filmes monótonos de assombração, onde os personagens são passivos e nada acontece até os 20 minutos finais. A garotinha sumia logo na primeira meia hora, o que dava uma meta pros familiares e criava uma série de obstáculos.
Ainda assim, acaba soando um remake desnecessário. Por mais divertido que seja, ele não acrescenta nada de importante e não supera o original em nenhum aspecto (que tinha a mãozinha de ninguém menos que Spielberg na direção). O medo era mais intenso (a árvore dava mais medo, 1 palhaço é melhor do que uma caixa de palhaços, o "lado de lá" ficava mais pra imaginação do espectador, o que era mais assustador), havia momentos de beleza e contemplação mais intensos, a médium feita pela Zelda Rubinstein era incomparável, a fotografia era mais criativa (o clímax tinha um dos melhores usos do "efeito Vertigo" no cinema). Até mesmo os efeitos especiais eram mais impressionantes na versão de 82 (o bife se movendo, o armário que sugava objetos do quarto, etc). Sem falar que o lance da estática na TV fazia mais sentido nos anos 80 do que faz hoje.
CONCLUSÃO: Pode render uma sessão divertida pra quem nunca viu o original, mas apesar de bem intencionado, soa desnecessário e redutivo pra quem já viu.
(Poltergeist / EUA / 2015 / Gil Kenan)
FILMES PARECIDOS: Annabelle / Sobrenatural: Capítulo 2 / Carrie, a Estranha (2013)
NOTA: 6.5
quinta-feira, 21 de maio de 2015
A Espiã Que Sabia de Menos
Novo filme do diretor Paul Feig, que faz agora sua terceira comédia consecutiva com a Melissa McCarthy (as outras 2 foram Missão Madrinha de Casamento e As Bem-Armadas). Aqui ela faz uma analista da CIA que, após a morte de um agente, parte em sua primeira missão como espiã (o título nacional da a entender que ela não sabe nada sobre ser uma espiã, mas na verdade ela é bastante inteligente e eficiente, apenas não tem a aparência típica de uma espiã). Melissa é divertida e perfeita pra esse tipo de papel (acho ela melhor assim, mais fofa, do que quando faz personagens grosseiros e sem-noção). Acho que o filme podia até ter focado mais nela e no humor, e tentado menos ser um filme de ação/policial com uma trama inteligente, pois o roteiro nesse aspecto é bastante comum e previsível. Lembra muito esses filmes nacionais com a Ingrid Guimarães ou o Leandro Hassum, com uma linguagem bem popular e que parecem mais um veículo pro ator do que comédias mais elaboradas que conseguem interessar pelo roteiro (na verdade eu só vi 1 filme com o Hassum e que era bem pior que esse, então a comparação é um pouco injusta). O filme tem umas participações especiais curiosas como 50 Cent (que não tem muito jeito pro humor), Jason Statham, Jude Law... Dos coadjuvantes a que eu mais gostei foi a vilã feita pela Rose Byrne, que tem uma química boa com a Melissa.
Acaba valendo mais pela protagonista e por alguns diálogos divertidos.
CONCLUSÃO: Comédia popular sem muita originalidade, mas bem intencionada e com uma protagonista carismática.
OBS: Eu não abandonei o formato de anotações; é que eu vi esse filme numa pré-estréia onde eles nos forçaram a lacrar os celulares dentro de sacos e eu fiquei sem meu bloco de notas.
(Spy / EUA / 2015 / Paul Feig)
FILMES PARECIDOS: As Bem-Armadas / Anjos da Lei 2 / Uma Ladra Sem Limites / Miss Simpatia
NOTA: 5.5
Acaba valendo mais pela protagonista e por alguns diálogos divertidos.
CONCLUSÃO: Comédia popular sem muita originalidade, mas bem intencionada e com uma protagonista carismática.
OBS: Eu não abandonei o formato de anotações; é que eu vi esse filme numa pré-estréia onde eles nos forçaram a lacrar os celulares dentro de sacos e eu fiquei sem meu bloco de notas.
(Spy / EUA / 2015 / Paul Feig)
FILMES PARECIDOS: As Bem-Armadas / Anjos da Lei 2 / Uma Ladra Sem Limites / Miss Simpatia
NOTA: 5.5
domingo, 17 de maio de 2015
O Sal da Terra
Documentário indicado ao Oscar sobre a carreira do fotógrafo Sebastião Salgado, dirigido por Wim Wenders e por Juliano Ribeiro Salgado, filho de Sebastião.
Como um relato da carreira de Sebastião, o documentário é muito bem feito e cheio de imagens deslumbrantes, mas o quanto você irá apreciar o filme depende muito do quanto você se identifica com Salgado e com seu trabalho - o que pra mim foi difícil pois ele tem uma visão de mundo muito distante da minha. Certamente acho ele talentoso como fotógrafo (os enquadramentos, o uso lindo do preto e branco, etc) e admiro sua dedicação ao trabalho - mas não me identifico em nada com seus valores e com o tema de suas fotos. Ele é um homem obcecado pela morte, pelo sofrimento, pela violência... Sua missão parece ser mostrar que o ser humano é mau e que a vida é um horror. Ele acha que há algo de belo e nobre na miséria. Ele vive usando a palavra "profundo" pra descrever qualquer coisa que esteja distante da felicidade, da saúde, do progresso - sejam gorilas ou moradores do nordeste. Por que a figura de uma pessoa doente e faminta é bela e "profunda"? Sofrimento pra mim é algo a ser corrigido, não contemplado. As pessoas que ele fotografa provavelmente dariam tudo pra trocar de lugar com ele. Elas não enxergam nada de belo na situação em que estão. Me parece até uma agressão à dignidade delas fotografa-las em condições tão horríveis: nuas, feias, deterioradas, mortas - e ainda buscando enquadramentos bonitos e luzes interessantes pra mostrar o horror de maneira visualmente sensual.
Mais pro final o tom se torna um pouco mais leve quando a atenção se volta pro Instituto Terra (um projeto lindo de reflorestamento em Minas Gerais). Salgado se cansa de fotografar o sofrimento humano, e passa a se interessar mais pelo meio-ambiente. Primeiro ele quer montar um livro mostrando a natureza destruída pelo homem (desmatamentos, etc). Mas depois ele descobre que o mundo não está tão devastado assim - ainda há muitas florestas intactas, índios, lugares onde o homem civilizado não chegou, então ainda há esperança (cultura ocidental = mal). E mesmo aí seu interesse pelo sofrimento está presente. Numa caminhada por uma floresta jovem e exuberante, o que chama sua atenção é uma cigarra morta no tronco de uma árvore. "Ela cantou até morrer", ele diz (em suas falas há esse tema recorrente da beleza que se transformou em morte, do paraíso que virou deserto, etc).
O documentário não fala nada sobre a técnica dele como fotógrafo (algo que eu amaria saber), não se aprofunda em suas ideias sobre política (um tema que grita em suas fotos), não vai a fundo em sua vida pessoal - se limita a contar de maneira mais externa a trajetória de sua carreira: quais foram seus principais projetos, pra onde ele viajou, quanto tempo ficou em cada lugar, o que viu nesses lugares, etc. É uma carreira impressionante, digna de um documentário - eu só não gosto muito das lentes pelas quais Salgado enxerga o mundo.
(The Salt of the Earth / França, Brasil, Itália / 2014 / Juliano Ribeiro Salgado, Wim Wenders)
NOTA: 6.5
Como um relato da carreira de Sebastião, o documentário é muito bem feito e cheio de imagens deslumbrantes, mas o quanto você irá apreciar o filme depende muito do quanto você se identifica com Salgado e com seu trabalho - o que pra mim foi difícil pois ele tem uma visão de mundo muito distante da minha. Certamente acho ele talentoso como fotógrafo (os enquadramentos, o uso lindo do preto e branco, etc) e admiro sua dedicação ao trabalho - mas não me identifico em nada com seus valores e com o tema de suas fotos. Ele é um homem obcecado pela morte, pelo sofrimento, pela violência... Sua missão parece ser mostrar que o ser humano é mau e que a vida é um horror. Ele acha que há algo de belo e nobre na miséria. Ele vive usando a palavra "profundo" pra descrever qualquer coisa que esteja distante da felicidade, da saúde, do progresso - sejam gorilas ou moradores do nordeste. Por que a figura de uma pessoa doente e faminta é bela e "profunda"? Sofrimento pra mim é algo a ser corrigido, não contemplado. As pessoas que ele fotografa provavelmente dariam tudo pra trocar de lugar com ele. Elas não enxergam nada de belo na situação em que estão. Me parece até uma agressão à dignidade delas fotografa-las em condições tão horríveis: nuas, feias, deterioradas, mortas - e ainda buscando enquadramentos bonitos e luzes interessantes pra mostrar o horror de maneira visualmente sensual.
Mais pro final o tom se torna um pouco mais leve quando a atenção se volta pro Instituto Terra (um projeto lindo de reflorestamento em Minas Gerais). Salgado se cansa de fotografar o sofrimento humano, e passa a se interessar mais pelo meio-ambiente. Primeiro ele quer montar um livro mostrando a natureza destruída pelo homem (desmatamentos, etc). Mas depois ele descobre que o mundo não está tão devastado assim - ainda há muitas florestas intactas, índios, lugares onde o homem civilizado não chegou, então ainda há esperança (cultura ocidental = mal). E mesmo aí seu interesse pelo sofrimento está presente. Numa caminhada por uma floresta jovem e exuberante, o que chama sua atenção é uma cigarra morta no tronco de uma árvore. "Ela cantou até morrer", ele diz (em suas falas há esse tema recorrente da beleza que se transformou em morte, do paraíso que virou deserto, etc).
O documentário não fala nada sobre a técnica dele como fotógrafo (algo que eu amaria saber), não se aprofunda em suas ideias sobre política (um tema que grita em suas fotos), não vai a fundo em sua vida pessoal - se limita a contar de maneira mais externa a trajetória de sua carreira: quais foram seus principais projetos, pra onde ele viajou, quanto tempo ficou em cada lugar, o que viu nesses lugares, etc. É uma carreira impressionante, digna de um documentário - eu só não gosto muito das lentes pelas quais Salgado enxerga o mundo.
(The Salt of the Earth / França, Brasil, Itália / 2014 / Juliano Ribeiro Salgado, Wim Wenders)
NOTA: 6.5
sábado, 16 de maio de 2015
Mad Max: Estrada da Fúria
Tinha dito que ia fazer algumas postagens no formato antigo de vez em quando, então vou começar com Mad Max: Estrada da Fúria, que apesar de ter algumas coisas que me incomodam, é um dos filmes de ação mais espetaculares dos últimos anos.
Eu já estava curtindo muitas coisas nesse filme antes mesmo de assisti-lo: o fato do diretor ser o mesmo da trilogia original (e o prazer extra de ver um cara de 70 anos mostrando "como é que se faz" num gênero dominado por cineastas mais jovens e menos talentosos), o fato do filme priorizar efeitos práticos em vez de computação gráfica (numa época em que os blockbusters estão insuportavelmente digitais), o fato do filme ter um visual quente, colorido, indo contra a tendência atual de fotografia dessaturada que eu costumo reclamar aqui.
Todo o visual é espetacular. As locações, os enquadramentos, o tratamento da imagem, a direção de arte (os carros são lindos), a maquiagem... As cenas de ação são tensas e estão entre as mais épicas que o cinema já viu (apesar do caos físico, George Miller se esforça pra fazer a gente entender o que está acontecendo), as acrobacias são impressionantes... Ele realmente leva a coisa pra um outro nível.
Ainda assim fica a impressão de que o maior mérito do filme está no estilo, na forma em que tudo é feito. Que no fundo estamos vendo apenas uma brincadeira de pega-pega, sem uma grande história e sem grandes personagens - mas um pega-pega produzido pelo Cirque du Soleil. É essa parte física, concreta, que enche os olhos e coloca o filme num nível bem acima dos outros. Claro, há mais imaginação aqui do que num Velozes e Furiosos. Todo o futuro pós-apocalíptico é bem elaborado, cheio de ideias criativas (como pessoas sendo usadas como bolsas de sangue, detalhes insanos como o guitarrista que toca durante as perseguições, ou aquele spray prateado que não entendemos muito bem pra que serve).
Talvez o que tenha me incomodado mais no filme seja o foco excessivo na agressividade, sem nada de mais sensível pra contrabalancear. Se em estilo o filme procura ir contra as tendências atuais, em conteúdo ele já não inova tanto. Do começo ao fim, o que se vê na tela são elementos como caveiras, pessoas machucadas, membros amputados, pessoas comendo animais nojentos, grávidas sendo mutiladas, metal, rock - tudo o que transmite força e agressividade. O filme não chega a ser desagradável pois a violência é mais sugerida do que mostrada de perto, o que é um avanço, e o fato da fotografia ser linda também ajuda. Mas há muito pouca diversão, humor, intelecto, relacionamentos positivos - coisas que estimulam o lado mais sensível do espectador.
O que o filme apresenta é extremamente bem feito, só achei a "refeição" um pouco desequilibrada - pra ser nota 10 ele precisaria de alguns outros nutrientes importantes pro organismo.
(Mad Max: Fury Road / Austrália, EUA / 2015 / George Miller)
FILMES PARECIDOS: Planeta dos Macacos: O Confronto / Além da Escuridão - Star Trek / Prometheus / Matrix
NOTA: 8.0 / 7.0 (2ª vez)
Eu já estava curtindo muitas coisas nesse filme antes mesmo de assisti-lo: o fato do diretor ser o mesmo da trilogia original (e o prazer extra de ver um cara de 70 anos mostrando "como é que se faz" num gênero dominado por cineastas mais jovens e menos talentosos), o fato do filme priorizar efeitos práticos em vez de computação gráfica (numa época em que os blockbusters estão insuportavelmente digitais), o fato do filme ter um visual quente, colorido, indo contra a tendência atual de fotografia dessaturada que eu costumo reclamar aqui.
Todo o visual é espetacular. As locações, os enquadramentos, o tratamento da imagem, a direção de arte (os carros são lindos), a maquiagem... As cenas de ação são tensas e estão entre as mais épicas que o cinema já viu (apesar do caos físico, George Miller se esforça pra fazer a gente entender o que está acontecendo), as acrobacias são impressionantes... Ele realmente leva a coisa pra um outro nível.
Ainda assim fica a impressão de que o maior mérito do filme está no estilo, na forma em que tudo é feito. Que no fundo estamos vendo apenas uma brincadeira de pega-pega, sem uma grande história e sem grandes personagens - mas um pega-pega produzido pelo Cirque du Soleil. É essa parte física, concreta, que enche os olhos e coloca o filme num nível bem acima dos outros. Claro, há mais imaginação aqui do que num Velozes e Furiosos. Todo o futuro pós-apocalíptico é bem elaborado, cheio de ideias criativas (como pessoas sendo usadas como bolsas de sangue, detalhes insanos como o guitarrista que toca durante as perseguições, ou aquele spray prateado que não entendemos muito bem pra que serve).
Talvez o que tenha me incomodado mais no filme seja o foco excessivo na agressividade, sem nada de mais sensível pra contrabalancear. Se em estilo o filme procura ir contra as tendências atuais, em conteúdo ele já não inova tanto. Do começo ao fim, o que se vê na tela são elementos como caveiras, pessoas machucadas, membros amputados, pessoas comendo animais nojentos, grávidas sendo mutiladas, metal, rock - tudo o que transmite força e agressividade. O filme não chega a ser desagradável pois a violência é mais sugerida do que mostrada de perto, o que é um avanço, e o fato da fotografia ser linda também ajuda. Mas há muito pouca diversão, humor, intelecto, relacionamentos positivos - coisas que estimulam o lado mais sensível do espectador.
O que o filme apresenta é extremamente bem feito, só achei a "refeição" um pouco desequilibrada - pra ser nota 10 ele precisaria de alguns outros nutrientes importantes pro organismo.
(Mad Max: Fury Road / Austrália, EUA / 2015 / George Miller)
FILMES PARECIDOS: Planeta dos Macacos: O Confronto / Além da Escuridão - Star Trek / Prometheus / Matrix
NOTA: 8.0 / 7.0 (2ª vez)
sábado, 9 de maio de 2015
Super Velozes, Mega Furiosos
- Produção sem talento. Não é por ser uma comédia "besteirol" que o filme está livre de ter que ter bons atores, personagens carismáticos, inteligência, uma boa direção, boas ideias, timing, etc. As piadas são previsíveis e muito pouco ousadas, mesmo pros padrões de Aaron Seltzer e Jason Friedberd. Esses diretores realmente não deviam estar trabalhando com comédia!
- Falta um tom de seriedade na produção pra contrastar com as piadas. Aqui tudo já parece obviamente cômico à primeira vista (a aparência e o comportamento dos atores, o visual colorido, etc). Não há surpresa alguma quando alguma coisa idiota acontece.
- Exceto pela sequência final (que é muito simples e sem graça) não há nenhuma cena de perseguição de carro o filme inteiro! E o filme é uma paródia de uma série que SÓ tem perseguições de carro!! Obviamente eles não tinham dinheiro pra sequências de ação complicadas. Mas então pra que fazer o filme? Eles tentam compensar focando nos atores, que não são bons pra comédia (ou estão sem um bom material pra trabalhar).
- Surpreendentemente o filme não apela pra escatologia e pra piadas de sexo. Eu geralmente não gosto desse tipo de piada, mas o filme está tão sem graça que eu já estou começando a implorar por baixaria.
- Na sala em que eu vi o filme tinha 20 pessoas no começo. Apenas 3 ficaram até o final!
CONCLUSÃO: Paródia sem talento e sem boas piadas.
(Superfast! / EUA / 2015 / Jason Friedberg, Aaron Seltzer)
FILMES PARECIDOS: Uma Comédia Nada Romântica / Espartalhões / Os Vampiros Que Se Mordam
NOTA: 2.5
- Falta um tom de seriedade na produção pra contrastar com as piadas. Aqui tudo já parece obviamente cômico à primeira vista (a aparência e o comportamento dos atores, o visual colorido, etc). Não há surpresa alguma quando alguma coisa idiota acontece.
- Exceto pela sequência final (que é muito simples e sem graça) não há nenhuma cena de perseguição de carro o filme inteiro! E o filme é uma paródia de uma série que SÓ tem perseguições de carro!! Obviamente eles não tinham dinheiro pra sequências de ação complicadas. Mas então pra que fazer o filme? Eles tentam compensar focando nos atores, que não são bons pra comédia (ou estão sem um bom material pra trabalhar).
- Surpreendentemente o filme não apela pra escatologia e pra piadas de sexo. Eu geralmente não gosto desse tipo de piada, mas o filme está tão sem graça que eu já estou começando a implorar por baixaria.
- Na sala em que eu vi o filme tinha 20 pessoas no começo. Apenas 3 ficaram até o final!
CONCLUSÃO: Paródia sem talento e sem boas piadas.
(Superfast! / EUA / 2015 / Jason Friedberg, Aaron Seltzer)
FILMES PARECIDOS: Uma Comédia Nada Romântica / Espartalhões / Os Vampiros Que Se Mordam
NOTA: 2.5
quarta-feira, 6 de maio de 2015
O Lobo Atrás da Porta
- O filme começa envolvente (sequestro de criança, marido escondendo traição, etc). Interessante a estrutura de flashbacks. Não é tão Naturalista quanto a maioria dos filmes brasileiros.
- Os personagens são imorais mas o filme não os retrata positivamente. Mostra eles sofrendo as consequências de suas ações, então não é mal intencionado.
- Não é muito convincente a Leandra Leal topar ajudar a sequestrar a garota só pra amiga não expor a relação dela com o Milhem Cortaz.
- SPOILER: As relações são convincentes e bem construídas. Milhem e Leandra têm boa química. Apesar da cara de boazinha, ela convence que é manipulativa, desequilibrada - é uma vilã divertida de assistir. Ótima a sequência em que ela finge ser conhecida da Silvia.
- Forte a cena em que o Milhem agride a Leandra, quando ele descobre que ela está virando amiga da esposa dele. Mas é um pouco falso a Leandra continuar se encontrando direto com a Silvia mesmo depois disso, sem o Milhem ficar sabendo.
- SPOILER: O filme mentiu pra plateia quando mostrou o flashback da Bete chantageando a Leandra pra buscar a menina na escola???? É um pouco desonesto, mas divertido. Agora entendi porque a tal cena não foi tão convincente. De fato não era a versão verdadeira da história.
- SPOILER: Milhem provoca um aborto na Leandra?? Chocado! O legal é que como ninguém é totalmente inocente, você não fica com pena dos personagens. Apenas curte o espetáculo de ver esse relacionamento se transformando num filme de terror.
- Pra onde a Leandra está levando a menina depois que a busca na escola? Suspense ótimo!
- Final incrível! Roteiro impecável.
CONCLUSÃO: Suspense bem escrito, com uma ótima performance de Leandra Leal, e um final memorável.
(O Lobo Atrás da Porta / Brasil / 2014 / Fernando Coimbra)
FILMES PARECIDOS: Os Suspeitos / Garota Exemplar
NOTA: 7.5
segunda-feira, 4 de maio de 2015
Cake: Uma Razão para Viver
- Muito aflitiva a dor da personagem! O que aconteceu com ela? Não sou fã de filmes sobre doença, luto, mas esse tem um tom cômico que ajuda. Ele não fica tentando fazer a Jennifer Aniston de vítima indefesa. Ela tem uma atitude mal humorada, grosseira, que acaba sendo divertida. Jennifer está ótima no papel. E não está tão enfeiada quanto eu imaginava. Apenas natural.
- Ela perdeu um filho? É legal a forma sutil (porém inconfundível) que o filme vai revelando o passado da protagonista.
- Como não há uma trama, um desejo de saber o que vai acontecer, etc, o filme vai ficando chato depois da primeira hora (Naturalismo). Uma reflexão sobre a dor, o suicídio, a morte, etc. Mas pelo menos tem uma protagonista carismática, bem escrita. E o roteiro não é de todo ruim. Não há cenas arrastadas onde nada acontece. Há sempre algo novo e interessante surgindo na história.
- Todos os relacionamentos do filme são gostáveis. Aniston com a empregada, Aniston com o ex marido, com o Sam Worthington e o filho dele, com a mulher do grupo de apoio. O filme tem um toque de benevolência que acaba compensando o tema triste. No fundo é sobre uma mulher que tem vários "anjos da guarda" que se importam por ela e cuidam dela num momento difícil.
- Forte a cena em que ela bate no William H. Macy. Nem é preciso dizer quem é o cara.
- Estranha a história da ladra que a Jennifer convida pra fazer o bolo! Pra que isso? Final um pouco estranho. Mas termina numa nota positiva (a cena do carro).
CONCLUSÃO: Um pouco cansativo, mas bem realizado, com uma boa performance de Aniston, e bem intencionado, pois foca na luta da personagem, não na deterioração dela.
(Cake / EUA / 2014 / Daniel Barnz)
FILMES PARECIDOS: Simplesmente Alice / Livre / Álbum de Família / Reencontrando a Felicidade / O Casamento de Rachel
NOTA: 6.5
- Ela perdeu um filho? É legal a forma sutil (porém inconfundível) que o filme vai revelando o passado da protagonista.
- Como não há uma trama, um desejo de saber o que vai acontecer, etc, o filme vai ficando chato depois da primeira hora (Naturalismo). Uma reflexão sobre a dor, o suicídio, a morte, etc. Mas pelo menos tem uma protagonista carismática, bem escrita. E o roteiro não é de todo ruim. Não há cenas arrastadas onde nada acontece. Há sempre algo novo e interessante surgindo na história.
- Forte a cena em que ela bate no William H. Macy. Nem é preciso dizer quem é o cara.
- Estranha a história da ladra que a Jennifer convida pra fazer o bolo! Pra que isso? Final um pouco estranho. Mas termina numa nota positiva (a cena do carro).
CONCLUSÃO: Um pouco cansativo, mas bem realizado, com uma boa performance de Aniston, e bem intencionado, pois foca na luta da personagem, não na deterioração dela.
(Cake / EUA / 2014 / Daniel Barnz)
FILMES PARECIDOS: Simplesmente Alice / Livre / Álbum de Família / Reencontrando a Felicidade / O Casamento de Rachel
NOTA: 6.5
sábado, 2 de maio de 2015
Entre Abelhas
NOTAS DA SESSÃO:
- Fábio Porchat é carismático e tem ótima química com todos os outros atores (em especial com a mãe feita pela Irene Ravache).
- Produção bem feita, bem dirigida, com bons atores e uma premissa intrigante. O filme começa bem, acima do padrão nacional.
- Depois de uma meia hora, a história das pessoas sumindo começa a ficar um pouco repetitiva. A plateia já entendeu a sacada. E não há uma grande intriga, de forma que a gente queira "entender" o que está acontecendo, como se houvesse uma explicação lógica. Por exemplo: o mapa que ele está fazendo no quarto pouco interessa pra plateia - não temos a impressão de que há um padrão inteligente por trás do sumiço das pessoas. Fica claro que o filme está apenas usando esse artifício pra expressar a solidão do protagonista. O problema é que a alma da história, que deveria ser a relação dele com a ex-mulher, não está no filme. A personagem dela é distante, não sabemos nada sobre os dois. O filme acaba se tornando mais sobre o artifício das pessoas sumindo. Algo mais adequado pra um curta-metragem talvez, mas que não sustenta um longa até o final.
- Os diálogos são divertidíssimos!
- Algumas coisas são meio forçadas: depois que ele já percebeu que não está vendo as pessoas, não faz sentido ele continuar por tanto tempo trabalhando como editor, dirigindo carros, etc.
- SPOILER: Gosto quando o filme usa o artifício pro humor, mas quando a cegueira dele começa a trazer consequências trágicas (o atropelamento, a morte da mãe) o filme adquire uma pretensão que não combina com o tom não-sério da premissa. Não há conteúdo aqui pra entrar em grandes questões existenciais.
- Por que no fim os carros somem também? Não eram só as pessoas que ficavam invisíveis? Ele não pode ser atropelado então?
- SPOILER: Final muito ruim. Parece que o diretor quis deixar o final em aberto pra soar inteligente e esconder o fato de que a premissa era simples no fundo, sem grande conteúdo intelectual. Ele vai atrás da prostituta só porque ela é a última pessoa visível? Ou o filme está sugerindo que eles podem formar um casal? Quer dizer que após um término, a única coisa que faz a vida melhorar é entrar num outro relacionamento? Mesmo que seja com a primeira pessoa que aparece pela frente? Se for isso, a mensagem é horrível. E se não for, não sobra nenhum outro sentido claro. De todas as formas, é um final insatisfatório.
CONCLUSÃO: Vale pelo elenco, pelos diálogos divertidos, mas a história não é muito bem desenvolvida e frustra no final.
(Entre Abelhas / Brasil / 2015 / Ian SBF)
FILMES PARECIDOS: A Vida Secreta de Walter Mitty / Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças
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