Assim como a dupla Aaron Seltzer e Jason Friedberg, Marlon Wayans continua insistindo em filmes de paródia apesar de suas produções serem constantemente massacradas pela crítica e terem notas baixas no IMDb (nem de bilheteria vão tão bem assim pra justificar). Eu acho Wayans carismático como ator, mas ele não devia se meter a produzir e a escrever roteiros também.
Em paródias desse tipo, a graça vem da subversão de um filme ou gênero de tom sério. Mas é preciso primeiro que o filme consiga recriar o espírito de pretensão do material original pra que a subversão seja divertida. Não há muita graça (pois não se cria o contraste necessário) quando tudo no filme, em particular os atores, já parecem tolos. Na teoria da Violação Benigna, sem o elemento sério não é possível criar uma "violação" adequada.
Surpresa, inteligência e imaginação são outros elementos importantes em comédias. Piadas previsíveis e cheias de clichês não geram muitas risadas, e aqui o filme raramente sai do óbvio. A estratégia básica é apenas exagerar elementos de Cinquenta Tons de Cinza: em vez de apenas chicotear a menina na cama, Wayans quebra bancos em seu traseiro; em vez de um contrato de poucas páginas, a garota tem que ler algo da espessura de uma bíblia antes de se relacionar com Black. Nos bons filmes do gênero, por trás das piadas "tolas" você sempre sente que há um cérebro, uma mente criativa dizendo algo de interessante sobre a sociedade, sobre a natureza humana, ou apenas brincando com lógica e cognição de maneira inteligente. Aqui em geral nós vemos apenas caretas, pessoas tropeçando, piadas requentadas envolvendo órgãos sexuais, etc.
É interessante pensar também que, em casos como Apertem os Cintos... o Piloto Sumiu, a ideia do filme é brincar com filmes respeitáveis - tentar imitar o tom dramático e heróico de sucessos como Aeroporto (1970), mas cometendo trapalhadas no processo, como se fosse feito por uma pessoa ingênua ou simplesmente maluca. Agora no caso de Cinquenta Tons de Preto, ele está parodiando um filme que é considerado péssimo pela maioria das pessoas. Então a atitude deveria ser outra. Quem zomba de produções ruins é quem que se coloca numa posição superior: alguém mais maduro e inteligente que a obra, que é capaz de enxergar as falhas e fazer comentários brilhantes e cômicos a respeito do filme (como um Felipe Neto, por exemplo). Só que Cinquenta Tons de Preto é tão tolo quanto o filme que ele quer parodiar, o que tira a graça do seu lado crítico.
Não é tão péssimo quanto os filmes de Seltzer e Friedberg, mas Wayans (junto com o diretor Michael Tiddes) ainda não produz bobagens no nível de seu irmão Keenen (que já é meio trash), que dirá de um Mel Brooks ou ZAZ.
Fifty Shades of Black / EUA / 2016 / Michael Tiddes
FILMES PARECIDOS: Inatividade Paranormal / Ela Dança com Meu Ganso
NOTA: 3.5
quinta-feira, 31 de março de 2016
sexta-feira, 25 de março de 2016
Batman vs Superman: A Origem da Justiça
NOTAS DA SESSÃO:
- Legal a cena da morte da mãe (o colar de pérolas se rompendo).
- O filme tem ejaculação precoce: nos primeiros minutos já mostra todo tipo de destruição, prédios caindo, ação extrema, entrega todos os efeitos especiais, sem que haja nenhum envolvimento da plateia nesse momento, afinal nem sabemos o que está acontecendo. E a narrativa é confusa, fragmentada: vemos a Lois com os terroristas, a kriptonita sendo descoberta no Índico, o Superman sendo acusado pela justiça por coisas que não entendemos bem... É como se tivéssemos pego um seriado já da 3ª temporada sem saber o que houve antes (O Homem de Aço foi tão ruim que eu nem lembro mais dos detalhes).
- Por que a polícia quer atirar no Batman? Por que ele amarrou o cara e o queimou com a marca do morcego? Ele é sádico? Os heróis são vilões agora? O contexto da história é mal apresentado.
- Confusa a cena em que o Bruce Wayne vai na festa do Lex Luthor... O objetivo dele ali não fica muito claro. Há várias sub-tramas mal desenvolvidas: a mulher na festa (que será a Mulher Maravilha), o cara de cadeira de rodas que o Lex Luthor vai atrás, as investigações da Lois, etc.
- Interessante parte da população de Metrópolis estar se voltando contra o Superman pelo fato dele ser superior, poderoso, e isso causar um senso de inferioridade nos humanos. Da mesma forma, o público na vida real está querendo destruir os heróis do cinema, exigindo que eles apareçam cada vez mais impotentes, moralmente ambíguos, etc. Se o filme tivesse explorado melhor esse tema e ficado do lado do Superman teria sido brilhante.
- Os pesadelos do Batman soam desnecessários e geram péssimas cenas. A sequência em que ele aparece na guerra de sobretudo com aqueles mosquitos gigantes é feia e longa demais.
- Todo o conflito entre o Batman e o Superman é uma bobagem sem muito fundamento. O filme apenas achou que seria "legal" a ideia dos dois virarem inimigos. É o que digo na postagem das 10 Tendências Irritantes em Hollywood: hoje em dia o cool é mostrar relacionamentos desagradáveis, pessoas em conflito, ambiguidade moral, desconfiança, rivalidade, e nem os heróis estão escapando.
- O Batman não tem razão pra odiar tanto o Superman e querer vê-lo sangrar. Ele é quase um vilão nesse filme. Por que o Superman não se defende publicamente? Por que ele deixa a explosão no capitólio acontecer, sendo que ele é capaz de antecipar acidentes bem menores com facilidade (como a Lois caindo de prédios, etc)? É tudo forçado pra tornar as relações conflituosas, relativizar os poderes do Superman, justificar os movimentos anti-heróis, etc.
- Lex Luthor consegue falsificar impressões digitais pra entrar numa nave alienígena? Toda essa sub-trama também é fraca e mal contada.
- Pra não falar só mal, acho que o elenco em geral está bem. Gostei do Ben Affleck como Batman, Henry Cavill é pouco expressivo mas adequado, e eu adoro a Amy Adams, porém a relação dela com o Superman é mal desenvolvida e ela não serve pra muita coisa nessa história. Jesse Eisenberg como Lex Luthor acho meio irritante. Eles tentaram criar um vilão tipo Coringa (alguém maluco porém genial) só que as falas dele são tolas, e não de alguém brilhante.
- SPOILER: Os novos heróis (Flash, Mulher Maravilha, etc.) são enfiados na história de maneira forçada - não surgem de uma necessidade do roteiro.
- A sequência de luta entre Batman e Superman não empolga. O filme não está a favor de um nem de outro (quando nesse caso deveria estar a favor do Superman). A "graça" aqui parece ser o conflito pelo conflito. Mostrar o espetáculo de 2 figuras heroicas se rebaixando ao nível de 2 brutos. E em termos de ação a cena não é tão convincente: até parece que o Superman iria cair 2 vezes no truque do gás de kriptonita. Da primeira vez tudo bem, mas na segunda ele teve tempo o bastante pra impedir o Batman de atingi-lo. A cena tem que ser forçada, afinal o Superman em uma situação "realista" venceria do Batman com facilidade.
- SPOILER: Ridículo o Superman conseguir terminar a luta usando psicologia barata, sensibilizando o Batman ao citar o nome da mãe... Daí toda a batalha "épica" acaba e os 2 viram parceiros! Isso mostra o quão frágil era o conflito (e a premissa do filme).
- SPOILER: Por menos que eu goste da briga entre os 2, ela ainda estava mais interessante do que esse "hulk" criado pelo Lex Luthor. A batalha final é fraca e feia visualmente... Como eles conseguiram lançar em poucos segundos um míssil com uma bomba nuclear pro espaço e ainda atingir o Superman em movimento?
- A entrada da Mulher Maravilha é ruim pois foi mal preparada. Foi um personagem "jogado" na história de qualquer jeito, não alguém importante pra trama, pros protagonistas, cuja aparição tem uma significância dramática.
- SPOILER: 10 Tendências Irritantes em Hollywood: além dos anti-heróis, dos relacionamentos negativos, da imagem escura, sem cor, do tom sombrio, temos agora a obrigatória cena onde o herói (no caso, o Superman) comete um ato de auto-sacrifício. Se eles estavam lutando em time, por que ele não pediu pro Batman ou pra Mulher Maravilha levar a kriptonita até o monstro?
- SPOILER: Pronto, era tudo que eles sonhavam: matar o Superman!! Temos até um Supercaixão! E tinha gente no cinema que parecia estar vibrando com isso, pra ver como o público pode ser doentio.
Batman v Superman: Dawn of Justice / EUA / 2016 / Zack Snyder
FILMES PARECIDOS: Vingadores: Era de Ultron / O Homem de Aço
NOTA: 4.0
- Legal a cena da morte da mãe (o colar de pérolas se rompendo).
- O filme tem ejaculação precoce: nos primeiros minutos já mostra todo tipo de destruição, prédios caindo, ação extrema, entrega todos os efeitos especiais, sem que haja nenhum envolvimento da plateia nesse momento, afinal nem sabemos o que está acontecendo. E a narrativa é confusa, fragmentada: vemos a Lois com os terroristas, a kriptonita sendo descoberta no Índico, o Superman sendo acusado pela justiça por coisas que não entendemos bem... É como se tivéssemos pego um seriado já da 3ª temporada sem saber o que houve antes (O Homem de Aço foi tão ruim que eu nem lembro mais dos detalhes).
- Por que a polícia quer atirar no Batman? Por que ele amarrou o cara e o queimou com a marca do morcego? Ele é sádico? Os heróis são vilões agora? O contexto da história é mal apresentado.
- Confusa a cena em que o Bruce Wayne vai na festa do Lex Luthor... O objetivo dele ali não fica muito claro. Há várias sub-tramas mal desenvolvidas: a mulher na festa (que será a Mulher Maravilha), o cara de cadeira de rodas que o Lex Luthor vai atrás, as investigações da Lois, etc.
- Interessante parte da população de Metrópolis estar se voltando contra o Superman pelo fato dele ser superior, poderoso, e isso causar um senso de inferioridade nos humanos. Da mesma forma, o público na vida real está querendo destruir os heróis do cinema, exigindo que eles apareçam cada vez mais impotentes, moralmente ambíguos, etc. Se o filme tivesse explorado melhor esse tema e ficado do lado do Superman teria sido brilhante.
- Os pesadelos do Batman soam desnecessários e geram péssimas cenas. A sequência em que ele aparece na guerra de sobretudo com aqueles mosquitos gigantes é feia e longa demais.
- Todo o conflito entre o Batman e o Superman é uma bobagem sem muito fundamento. O filme apenas achou que seria "legal" a ideia dos dois virarem inimigos. É o que digo na postagem das 10 Tendências Irritantes em Hollywood: hoje em dia o cool é mostrar relacionamentos desagradáveis, pessoas em conflito, ambiguidade moral, desconfiança, rivalidade, e nem os heróis estão escapando.
- O Batman não tem razão pra odiar tanto o Superman e querer vê-lo sangrar. Ele é quase um vilão nesse filme. Por que o Superman não se defende publicamente? Por que ele deixa a explosão no capitólio acontecer, sendo que ele é capaz de antecipar acidentes bem menores com facilidade (como a Lois caindo de prédios, etc)? É tudo forçado pra tornar as relações conflituosas, relativizar os poderes do Superman, justificar os movimentos anti-heróis, etc.
- Lex Luthor consegue falsificar impressões digitais pra entrar numa nave alienígena? Toda essa sub-trama também é fraca e mal contada.
- Pra não falar só mal, acho que o elenco em geral está bem. Gostei do Ben Affleck como Batman, Henry Cavill é pouco expressivo mas adequado, e eu adoro a Amy Adams, porém a relação dela com o Superman é mal desenvolvida e ela não serve pra muita coisa nessa história. Jesse Eisenberg como Lex Luthor acho meio irritante. Eles tentaram criar um vilão tipo Coringa (alguém maluco porém genial) só que as falas dele são tolas, e não de alguém brilhante.
- SPOILER: Os novos heróis (Flash, Mulher Maravilha, etc.) são enfiados na história de maneira forçada - não surgem de uma necessidade do roteiro.
- A sequência de luta entre Batman e Superman não empolga. O filme não está a favor de um nem de outro (quando nesse caso deveria estar a favor do Superman). A "graça" aqui parece ser o conflito pelo conflito. Mostrar o espetáculo de 2 figuras heroicas se rebaixando ao nível de 2 brutos. E em termos de ação a cena não é tão convincente: até parece que o Superman iria cair 2 vezes no truque do gás de kriptonita. Da primeira vez tudo bem, mas na segunda ele teve tempo o bastante pra impedir o Batman de atingi-lo. A cena tem que ser forçada, afinal o Superman em uma situação "realista" venceria do Batman com facilidade.
- SPOILER: Ridículo o Superman conseguir terminar a luta usando psicologia barata, sensibilizando o Batman ao citar o nome da mãe... Daí toda a batalha "épica" acaba e os 2 viram parceiros! Isso mostra o quão frágil era o conflito (e a premissa do filme).
- SPOILER: Por menos que eu goste da briga entre os 2, ela ainda estava mais interessante do que esse "hulk" criado pelo Lex Luthor. A batalha final é fraca e feia visualmente... Como eles conseguiram lançar em poucos segundos um míssil com uma bomba nuclear pro espaço e ainda atingir o Superman em movimento?
- A entrada da Mulher Maravilha é ruim pois foi mal preparada. Foi um personagem "jogado" na história de qualquer jeito, não alguém importante pra trama, pros protagonistas, cuja aparição tem uma significância dramática.
- SPOILER: 10 Tendências Irritantes em Hollywood: além dos anti-heróis, dos relacionamentos negativos, da imagem escura, sem cor, do tom sombrio, temos agora a obrigatória cena onde o herói (no caso, o Superman) comete um ato de auto-sacrifício. Se eles estavam lutando em time, por que ele não pediu pro Batman ou pra Mulher Maravilha levar a kriptonita até o monstro?
- SPOILER: Pronto, era tudo que eles sonhavam: matar o Superman!! Temos até um Supercaixão! E tinha gente no cinema que parecia estar vibrando com isso, pra ver como o público pode ser doentio.
Batman v Superman: Dawn of Justice / EUA / 2016 / Zack Snyder
FILMES PARECIDOS: Vingadores: Era de Ultron / O Homem de Aço
NOTA: 4.0
sexta-feira, 18 de março de 2016
Zootopia: Essa Cidade É o Bicho
FILMES PARECIDOS: Operação Big Hero / Enrolados / Detona Ralph
quarta-feira, 16 de março de 2016
Um Homem Entre Gigantes
NOTAS DA SESSÃO:
- A produção é boa (trilha, fotografia...), o tema é diferente e o personagem principal é admirável, íntegro - embora Will Smith não convença 100% nesse papel na minha opinião (não acho injusto ele não ter sido indicado ao Oscar).
- David Morse está assustador como Mike Webster! Boa performance, apesar de curta.
- É interessante a investigação do Dr. Omalu, a cena em que ele descobre os problemas no cérebro do Mike Webster, etc. Mas ainda fica a sensação de que o filme está tentando criar um grande suspense em cima de uma história que não é tão empolgante assim pra plateia. Não temos a impressão que os fatos irão revolucionar a medicina ou ter um grande impacto no mundo do futebol (afinal ninguém parou de jogar). E não chega a ser uma revelação espantosa a de que jogadores de futebol americano ou lutadores de boxe sofrem lesões no cérebro... É quase senso comum.
- A atriz que faz a roommate do Will Smith está péssima! O romance não é nada convincente/envolvente e parece irrelevante pra história. Se eles tivessem focado mais nas dificuldades do Will Smith de se relacionar com os outros (por ele lidar com a morte diariamente em seu trabalho), o romance soaria mais integrado ao filme e não como uma sub-trama gratuita.
- Futebol americano não é jogado há mais de 1 século? Por que então de uma hora pra outra um monte de gente começou a morrer? O filme não explica direito isso. Parece uma epidemia que começou agora sem motivo.
- A história ganha força no segundo ato, quando o filme vira um conflito entre a ciência e os interesses financeiros da NFL. O roteiro é bem estruturado: Smith tendo que acumular vários casos pra provar sua teoria, as ameaças por telefone, a persistência diante das pressões, etc.
- SPOILER: Realmente esse papel da namorada é muito ingrato! Esse papo motivacional/religioso parece livro ruim de autoajuda. E a história dela perder o filho (supostamente por causa da "perseguição" de carro) também parece uma tentativa artificial de tornar a trama menos morna; mostrar que o Dr. Omalu enfrentou coisas extraordinárias em sua luta.
- SPOILER: O desfecho e a eventual vitória do protagonista não são tão empolgantes. Ele simplesmente espera anos até que a morte do Dave Duerson reacende a discussão e ele passa a ser levado mais a sério. Mas fica a impressão que as coisas não mudaram muito, que a NFL não tomou medidas importantes por causa dele, etc.
CONCLUSÃO: Filme honesto, bem intencionado, mas um pouco morno por se basear numa história sem um grande apelo cinematográfico.
Concussion / Reino Unido, Austrália, EUA / 2015 / Peter Landesman
FILMES PARECIDOS: Spotlight: Segredos Revelados / O Homem Que Mudou o Jogo / Erin Brockovich - Uma Mulher de Talento
NOTA: 6.5
- A produção é boa (trilha, fotografia...), o tema é diferente e o personagem principal é admirável, íntegro - embora Will Smith não convença 100% nesse papel na minha opinião (não acho injusto ele não ter sido indicado ao Oscar).
- David Morse está assustador como Mike Webster! Boa performance, apesar de curta.
- É interessante a investigação do Dr. Omalu, a cena em que ele descobre os problemas no cérebro do Mike Webster, etc. Mas ainda fica a sensação de que o filme está tentando criar um grande suspense em cima de uma história que não é tão empolgante assim pra plateia. Não temos a impressão que os fatos irão revolucionar a medicina ou ter um grande impacto no mundo do futebol (afinal ninguém parou de jogar). E não chega a ser uma revelação espantosa a de que jogadores de futebol americano ou lutadores de boxe sofrem lesões no cérebro... É quase senso comum.
- A atriz que faz a roommate do Will Smith está péssima! O romance não é nada convincente/envolvente e parece irrelevante pra história. Se eles tivessem focado mais nas dificuldades do Will Smith de se relacionar com os outros (por ele lidar com a morte diariamente em seu trabalho), o romance soaria mais integrado ao filme e não como uma sub-trama gratuita.
- Futebol americano não é jogado há mais de 1 século? Por que então de uma hora pra outra um monte de gente começou a morrer? O filme não explica direito isso. Parece uma epidemia que começou agora sem motivo.
- A história ganha força no segundo ato, quando o filme vira um conflito entre a ciência e os interesses financeiros da NFL. O roteiro é bem estruturado: Smith tendo que acumular vários casos pra provar sua teoria, as ameaças por telefone, a persistência diante das pressões, etc.
- SPOILER: Realmente esse papel da namorada é muito ingrato! Esse papo motivacional/religioso parece livro ruim de autoajuda. E a história dela perder o filho (supostamente por causa da "perseguição" de carro) também parece uma tentativa artificial de tornar a trama menos morna; mostrar que o Dr. Omalu enfrentou coisas extraordinárias em sua luta.
- SPOILER: O desfecho e a eventual vitória do protagonista não são tão empolgantes. Ele simplesmente espera anos até que a morte do Dave Duerson reacende a discussão e ele passa a ser levado mais a sério. Mas fica a impressão que as coisas não mudaram muito, que a NFL não tomou medidas importantes por causa dele, etc.
CONCLUSÃO: Filme honesto, bem intencionado, mas um pouco morno por se basear numa história sem um grande apelo cinematográfico.
Concussion / Reino Unido, Austrália, EUA / 2015 / Peter Landesman
FILMES PARECIDOS: Spotlight: Segredos Revelados / O Homem Que Mudou o Jogo / Erin Brockovich - Uma Mulher de Talento
NOTA: 6.5
domingo, 13 de março de 2016
Boa Noite, Mamãe
(Os comentários a seguir foram baseados nas notas feitas durante a sessão.)
* Para a crítica do REMAKE de 2022, CLIQUE AQUI.
* Para a crítica do REMAKE de 2022, CLIQUE AQUI.
--------------------------
- O prólogo (o filme clássico com a mulher e as crianças cantando) não parece ter nada a ver com o filme, visualmente e conceitualmente, o que me deixa desconfiado.
- As locações, a floresta, a casa - visualmente o filme é muito elegante. Lembra o clima do Ex Machina.
- Por que o filme tenta criar momentos de medo aleatoriamente, quando não há nada acontecendo e nada na história a ser temido (os meninos no milharal, no lago)?
- SPOILER: Já fica meio óbvio desde o começo que o Lukas não existe, espero que o filme não tente tornar isso uma surpresa lá pra frente.
- Não sabíamos como era a mãe antes da cirurgia, então a plateia não tem por que estranhar ou ficar com medo do comportamento dela. Falta um "objeto" no filme pra originar e justificar o terror. Sem falar que os garotos também se comportam de maneira bizarra, não só a mãe (colecionam insetos horríveis, brincam em cemitérios). Achei que ia ser um filme sobre 2 garotos normais contra uma mãe "possuída" por algo, o que seria mais envolvente, mas não é o caso. O cineasta parece apenas ter tido a "sacada" de que esse tipo de curativo de rosto parece uma máscara de monstro, e achou que isso bastaria pra tornar a mãe assustadora.
- Dá quase pra ligar um Alerta Vermelho aqui pela crítica sutil a cirurgias plásticas, famílias ricas, etc. E há algo de Idealismo Corrompido também, pois o cineasta flerta com o terror sobrenatural, como se secretamente fosse fã do gênero, mas nunca veste a camisa e realiza esse interesse.
- A história é vazia de ideias, de conceitos, parece que foi gravada sem roteiro, só pra aproveitar a locação da casa. É uma cena sem propósito após a outra. Uma produção amadora, que só não parece medíocre porque o visual elegante disfarça.
- Os personagens não se comportam de maneira natural, coerente psicologicamente. Na brincadeira de colar o post-it na testa, por que a mãe não adivinha quem é? Por que os irmãos colocam o gato dentro do aquário? Por que eles começam a dar tapas um na cara do outro? Até quando eles saem da casa e vão até a igreja, o cara se comporta de maneira irreal. É tudo forçado - o filme apela pro ilógico pra criar um clima de filme de "arte", "alternativo", mas não convence.
- SPOILER: Até parece que os garotos iriam decidir (ou mesmo conseguir) amarrar a mãe na cama! A história é uma tolice. Se a mãe estivesse possuída por algo, pelo menos seria interessante (ou algo na linha de Vampiros de Almas). Mas a ideia de que ela é apenas uma impostora não parece plausível enquanto trama e nem assusta. Seria fácil pros filhos (ou pro filho) perceberem que não é a mãe deles.
- SPOILER: A sequência da Cruz Vermelha é falsa e desnecessária. Eles não iriam entrar na casa sem permissão. E a cena não gera nenhum suspense. Não é como em Louca Obsessão ou O Que Terá Acontecido a Baby Jane?, onde estamos torcendo pela pessoa inocente sequestrada.
- SPOILER: Odioso eles passarem super bonder na boca da mãe! Agora é quando o roteiro, que não tem conteúdo, começa a se desesperar e a apelar pra tortura e pro desagradável só pra ter um final de impacto. É o tipo de filme que quer ser sofisticado, "artístico", mas que você percebe que o autor não teria talento pra fazer nem um suspense de segunda linha se tentasse algo mais comercial.
- SPOILER: A "surpresa" envolvendo Lukas não é surpresa alguma e o final é uma chatice. Por que a mãe aparece reunida com os 2 gêmeos, sendo que 1 está vivo?
CONCLUSÃO: Roteiro amador que quase se passa por um filme respeitável por causa do estilo e do visual bonito.
Ich seh, ich seh / Áustria / 2014 / Severin Fiala, Veronika Franz
FILMES PARECIDOS: A Bruxa / Corrente do Mal / Ex Machina / The Babadook (todos melhores)
NOTA: 3.5
- As locações, a floresta, a casa - visualmente o filme é muito elegante. Lembra o clima do Ex Machina.
- Por que o filme tenta criar momentos de medo aleatoriamente, quando não há nada acontecendo e nada na história a ser temido (os meninos no milharal, no lago)?
- SPOILER: Já fica meio óbvio desde o começo que o Lukas não existe, espero que o filme não tente tornar isso uma surpresa lá pra frente.
- Não sabíamos como era a mãe antes da cirurgia, então a plateia não tem por que estranhar ou ficar com medo do comportamento dela. Falta um "objeto" no filme pra originar e justificar o terror. Sem falar que os garotos também se comportam de maneira bizarra, não só a mãe (colecionam insetos horríveis, brincam em cemitérios). Achei que ia ser um filme sobre 2 garotos normais contra uma mãe "possuída" por algo, o que seria mais envolvente, mas não é o caso. O cineasta parece apenas ter tido a "sacada" de que esse tipo de curativo de rosto parece uma máscara de monstro, e achou que isso bastaria pra tornar a mãe assustadora.
- Dá quase pra ligar um Alerta Vermelho aqui pela crítica sutil a cirurgias plásticas, famílias ricas, etc. E há algo de Idealismo Corrompido também, pois o cineasta flerta com o terror sobrenatural, como se secretamente fosse fã do gênero, mas nunca veste a camisa e realiza esse interesse.
- A história é vazia de ideias, de conceitos, parece que foi gravada sem roteiro, só pra aproveitar a locação da casa. É uma cena sem propósito após a outra. Uma produção amadora, que só não parece medíocre porque o visual elegante disfarça.
- Os personagens não se comportam de maneira natural, coerente psicologicamente. Na brincadeira de colar o post-it na testa, por que a mãe não adivinha quem é? Por que os irmãos colocam o gato dentro do aquário? Por que eles começam a dar tapas um na cara do outro? Até quando eles saem da casa e vão até a igreja, o cara se comporta de maneira irreal. É tudo forçado - o filme apela pro ilógico pra criar um clima de filme de "arte", "alternativo", mas não convence.
- SPOILER: Até parece que os garotos iriam decidir (ou mesmo conseguir) amarrar a mãe na cama! A história é uma tolice. Se a mãe estivesse possuída por algo, pelo menos seria interessante (ou algo na linha de Vampiros de Almas). Mas a ideia de que ela é apenas uma impostora não parece plausível enquanto trama e nem assusta. Seria fácil pros filhos (ou pro filho) perceberem que não é a mãe deles.
- SPOILER: A sequência da Cruz Vermelha é falsa e desnecessária. Eles não iriam entrar na casa sem permissão. E a cena não gera nenhum suspense. Não é como em Louca Obsessão ou O Que Terá Acontecido a Baby Jane?, onde estamos torcendo pela pessoa inocente sequestrada.
- SPOILER: Odioso eles passarem super bonder na boca da mãe! Agora é quando o roteiro, que não tem conteúdo, começa a se desesperar e a apelar pra tortura e pro desagradável só pra ter um final de impacto. É o tipo de filme que quer ser sofisticado, "artístico", mas que você percebe que o autor não teria talento pra fazer nem um suspense de segunda linha se tentasse algo mais comercial.
- SPOILER: A "surpresa" envolvendo Lukas não é surpresa alguma e o final é uma chatice. Por que a mãe aparece reunida com os 2 gêmeos, sendo que 1 está vivo?
CONCLUSÃO: Roteiro amador que quase se passa por um filme respeitável por causa do estilo e do visual bonito.
Ich seh, ich seh / Áustria / 2014 / Severin Fiala, Veronika Franz
FILMES PARECIDOS: A Bruxa / Corrente do Mal / Ex Machina / The Babadook (todos melhores)
NOTA: 3.5
sexta-feira, 11 de março de 2016
A Série Divergente: Convergente
segunda-feira, 7 de março de 2016
Kung Fu Panda 3
NOTAS DA SESSÃO:
- Idealismo Corrompido: assim como nos outros filmes, não vejo muita graça no conceito do personagem (a mistura de virtudes com características patéticas, cômicas, etc). A emoção por trás do humor do filme é: a sociedade quer que sejamos virtuosos, heroicos, mas na realidade somos todos losers.
- A animação continua bem feita, no nível dos filmes anteriores, a direção de arte é bonita, etc.
- O vilão do filme não é nada assustador. Logo que é apresentado, já tem atitudes cômicas que tiram todo o peso do personagem e do conflito. Isso também é sintoma do Idealismo Corrompido - nada no filme pode soar dramático, ambicioso, romântico. Se o filme quisesse de fato mostrar o panda como uma figura admirável, ele teria criado obstáculos mais desafiadores pra ele superar.
- As mensagens coletivistas também são chatas. Reparem nas contradições: por um lado, o filme parece dizer que você pode ser tornar o que você quiser, independentemente de sua raça. Que um panda, apesar de gordo e lento, pode ser um mestre do kung fu se praticar o bastante (mensagem "inspiradora" que aqui não funciona - Po nunca convence que poderia ter essas habilidade de fato). Ao mesmo tempo, o filme diz que Po tem que aprender a ser um panda, a viver como um panda, a honrar sua raça, sua tribo, sua genética, e que sua força virá daí. São 2 mensagens opostas, e nenhuma das tentativas de inspirar funciona, pois no fundo o filme não acredita nessas ideias... O que é muito mais convincente aqui é a ideia de que somos todos cômicos, comuns, preguiçosos, dependentes uns dos outros, etc.
- Outra ideia péssima: pra treinar sua equipe pra derrotar o vilão, Po diz que basta que as pessoas sejam "elas mesmas". Não são necessárias técnicas específicas de luta, habilidades especiais. Se você é bom em abraçar, abrace o inimigo até a morte. Se você é bom em ser feio, use sua feiura pra assustar o oponente. E assim, coletivamente, todos serão vitoriosos (!).
- Como todo filme que cai na categoria Idealismo Corrompido, a maneira em que o herói supera o vilão soa falsa e artificial. A ideia do Po dar o golpe fatal nele mesmo enquanto abraça o touro, e assim levá-lo junto pro mundo dos espíritos é um absurdo (além de não fazer sentido, vemos de novo o elemento de auto-sacrifício presente em muitos desses filmes). E pra piorar isso não é o bastante pra derrotá-lo - afinal, teria sido uma sacada "genial" de Po e isso traria a ideia de individualismo. Portanto, o filme precisa de uma segunda etapa, onde o vilão é eliminado não por Po, mas pelo esforço coletivo de todos os pandas e amigos.
- Quando Po volta vitorioso (flutuando em frente a todos numa pose heroica), isso dura por uns poucos segundos e logo depois ele já e tropeça, faz algo ridículo pra quebrar o clima (uma das estratégias que cito no post Idealismo Corrompido).
CONCLUSÃO: No mesmo nível dos anteriores, bem produzido e eficiente como diversão pra crianças, mas o roteiro não é dos mais inteligentes e o filme é permeado de ideias que subvertem o conceito de autoestima.
Kung Fu Panda 3 / EUA, China / 2016 / Alessandro Carloni, Jennifer Yuh
FILMES PARECIDOS: Operação Big Hero / A Era do Gelo (série) / Madagascar (série)
NOTA: 4.5
- Idealismo Corrompido: assim como nos outros filmes, não vejo muita graça no conceito do personagem (a mistura de virtudes com características patéticas, cômicas, etc). A emoção por trás do humor do filme é: a sociedade quer que sejamos virtuosos, heroicos, mas na realidade somos todos losers.
- A animação continua bem feita, no nível dos filmes anteriores, a direção de arte é bonita, etc.
- O vilão do filme não é nada assustador. Logo que é apresentado, já tem atitudes cômicas que tiram todo o peso do personagem e do conflito. Isso também é sintoma do Idealismo Corrompido - nada no filme pode soar dramático, ambicioso, romântico. Se o filme quisesse de fato mostrar o panda como uma figura admirável, ele teria criado obstáculos mais desafiadores pra ele superar.
- As mensagens coletivistas também são chatas. Reparem nas contradições: por um lado, o filme parece dizer que você pode ser tornar o que você quiser, independentemente de sua raça. Que um panda, apesar de gordo e lento, pode ser um mestre do kung fu se praticar o bastante (mensagem "inspiradora" que aqui não funciona - Po nunca convence que poderia ter essas habilidade de fato). Ao mesmo tempo, o filme diz que Po tem que aprender a ser um panda, a viver como um panda, a honrar sua raça, sua tribo, sua genética, e que sua força virá daí. São 2 mensagens opostas, e nenhuma das tentativas de inspirar funciona, pois no fundo o filme não acredita nessas ideias... O que é muito mais convincente aqui é a ideia de que somos todos cômicos, comuns, preguiçosos, dependentes uns dos outros, etc.
- Outra ideia péssima: pra treinar sua equipe pra derrotar o vilão, Po diz que basta que as pessoas sejam "elas mesmas". Não são necessárias técnicas específicas de luta, habilidades especiais. Se você é bom em abraçar, abrace o inimigo até a morte. Se você é bom em ser feio, use sua feiura pra assustar o oponente. E assim, coletivamente, todos serão vitoriosos (!).
- Como todo filme que cai na categoria Idealismo Corrompido, a maneira em que o herói supera o vilão soa falsa e artificial. A ideia do Po dar o golpe fatal nele mesmo enquanto abraça o touro, e assim levá-lo junto pro mundo dos espíritos é um absurdo (além de não fazer sentido, vemos de novo o elemento de auto-sacrifício presente em muitos desses filmes). E pra piorar isso não é o bastante pra derrotá-lo - afinal, teria sido uma sacada "genial" de Po e isso traria a ideia de individualismo. Portanto, o filme precisa de uma segunda etapa, onde o vilão é eliminado não por Po, mas pelo esforço coletivo de todos os pandas e amigos.
- Quando Po volta vitorioso (flutuando em frente a todos numa pose heroica), isso dura por uns poucos segundos e logo depois ele já e tropeça, faz algo ridículo pra quebrar o clima (uma das estratégias que cito no post Idealismo Corrompido).
CONCLUSÃO: No mesmo nível dos anteriores, bem produzido e eficiente como diversão pra crianças, mas o roteiro não é dos mais inteligentes e o filme é permeado de ideias que subvertem o conceito de autoestima.
Kung Fu Panda 3 / EUA, China / 2016 / Alessandro Carloni, Jennifer Yuh
FILMES PARECIDOS: Operação Big Hero / A Era do Gelo (série) / Madagascar (série)
NOTA: 4.5
domingo, 6 de março de 2016
A Bruxa
(Esta crítica está no formato de anotações - em vez de uma crítica convencional, os comentários a seguir foram baseados nas notas que fiz durante a sessão - um método que adotei para passar minhas impressões de forma mais objetiva.)
ANOTAÇÕES:
- Filmes de terror em geral são tão enlatados e parecidos que esse acaba chamando a atenção por ter uma estética diferente, parecer um filme sério, bem fotografado, com elementos históricos, com um estilo menos "pop" de direção, retratando uma época e locações incomuns nesse gênero.
- SPOILER: A primeira aparição da bruxa é bem assustadora. Achei que fosse demorar mais pra ela ser mostrada. O que ela fez com o bebê? O filme não mostra direito o que está acontecendo, o que irrita um pouco - mas por outro lado aumenta o senso de estranheza e mistério.
- Os atores são bons mas os personagens não são muito gostáveis (difícil se identificar com essa religiosidade extrema, fanática); isso nos faz acompanhar a história de uma certa distância, sem torcer pra ninguém em particular, etc.
- O roteiro não é muito bom.. O filme fica mostrando conflitos pouco importantes (a história da taça vendida), discussões entre os familiares, o pai cortando lenha, etc. O único interesse é aguardar o próximo momento de terror. Os personagens e a história em si não são tão envolventes. O filme se destaca mais por causa da atmosfera que é bem construída e assustadora (por méritos da direção, da trilha sonora dissonante, que às vezes lembra O Iluminado).
- SPOILER: A bruxa matou o Caleb quando ele acha a cabana na floresta?
- Bem escrito o monólogo da esposa sobre ter perdido a fé depois da morte do bebê.
- SPOILER: Meio insatisfatório em termos de roteiro a história do Caleb reaparecer "possuído", só pra depois morrer, sem que isso tenha uma utilidade maior pra história. Qual a intenção da bruxa ao fazer isso? Ela segue alguma lógica? O filme parece criar eventos aleatórios só pra ter cenas assustadoras, sem que haja muito sentido. A cena do Caleb falando com Deus antes de morrer não funciona, talvez pela performance do garoto que não é convincente.
- A história da Thomasin se tornar suspeita de bruxaria também é ruim e não convence (ou ela depois jogando a culpa nos gêmeos). Os pais teriam que ter motivos mais fortes pra suspeitarem dos próprios filhos. A plateia está interessada em ver a bruxa, e não acompanhar conflitos domésticos de uma família com crenças irracionais. O terror sobrenatural acaba ficando em segundo plano, o que é frustrante.
- SPOILER: Sinistra a sequência em que a mãe revê os filhos mortos e a bruxa aparece no estábulo - e depois o corvo bicando o peito da mãe. Mas acho chato quando o filme deixa na dúvida se as coisas estão acontecendo concretamente, ou se é tudo uma alucinação.
- SPOILER: O monstro agora é o bode (que mata o pai)? O filme não devia ser sobre uma bruxa? Estranha a história da mãe tentar estrangular a Thomasin, e depois ser morta a facadas... Os eventos e as atitudes dos personagens parecem forçados só pra criar momentos dramáticos. Não soam integrados a uma história coesa, bem escrita.
- SPOILER: Não ficamos sabendo direito se os gêmeos morreram no estábulo após a aparição da bruxa. Agora só sobrou a Thomasin?
- Outra sequência sinistra é a garota conversando com o bode no fim, indo pra floresta e participando do ritual ao redor da fogueira. Mas a maneira como o filme acaba é frustrante, do tipo que faz metade da plateia sair da sala xingando (o filme abusa um pouco do subjetivismo pra parecer mais sofisticado do que é).
-----------------
CONCLUSÃO: Filme de terror diferente que se destaca pela atmosfera, porém é decepcionante em termos de história, e tem um vilão mal desenvolvido.
The VVitch: A New England Folktale / EUA, Reino Unido, Canadá, Brasil / 2015 / Robert Eggers
FILMES PARECIDOS: The Babadook / Corrente do Mal / A Entidade / A Vila / O Homem de Palha
NOTA: 6.0
sexta-feira, 4 de março de 2016
The Hunting Ground
Nunca tinha ouvido falar desse problema dos estupros nas universidades americanas e quis ver o filme basicamente por ele ter sido indicado ao Oscar de Melhor Canção, e pela performance impactante da Lady Gaga na cerimônia (que levou aos palcos vários "sobreviventes" de abuso sexual).
O documentário, cuja função deveria ser a de alertar a população sobre um problema grave, conseguiu ser tão ruim na abordagem em termos de jornalismo que em mim teve o efeito oposto: me fez questionar seriamente se os casos apresentados se tratavam de estupros. Em um ou outro relato, fica claro que houve um crime e uma situação real de agressão. Mas essa não é a grande maioria dos casos apresentados (o documentário afirma que em torno de 20% de todas as estudantes são estupradas na faculdade - será que isso soa minimamente realista??). Em geral, as vítimas no filme parecem meninas pouco atraentes, que foram a festas de fraternidades (dessas que aparecem em filmes pornôs e onde todos sabem que o sexo rola solto), beberam, foram voluntariamente pro quarto com algum astro do time de futebol, e daí sim dizem ter sido "estupradas". Em um dos casos, o "estuprador" inclusive deu carona pra menina de volta pra casa em sua moto depois da "agressão", e só depois disso ela parece ter concluído que havia sido estuprada.
E a grande culpa de tudo é de quem? Dos homens, do capitalismo e da "ganância" obviamente. Afinal, há bilhões de dólares em jogo e as universidades não podem colocar em risco suas reputações sendo associadas a casos de violência sexual, portanto elas preferem encobrir tudo, no país inteiro, numa enorme conspiração contra as mulheres...
E a grande culpa de tudo é de quem? Dos homens, do capitalismo e da "ganância" obviamente. Afinal, há bilhões de dólares em jogo e as universidades não podem colocar em risco suas reputações sendo associadas a casos de violência sexual, portanto elas preferem encobrir tudo, no país inteiro, numa enorme conspiração contra as mulheres...
Pelo documentário, a impressão que fica é que tudo não passa de um circo criado por ativistas, feministas, que na prática acabam prejudicando as vítimas de violência sexual, pois os casos reais de estupro que deviam ser investigados e punidos perdem credibilidade no meio de tanta histeria.
Quem acha que eu estou sendo tendencioso por ser homem, veja essa jovem (aparentemente feminista) dizendo o mesmo sobre o filme:
https://www.youtube.com/watch?v=5uTqR-PUf4Y
Quem acha que eu estou sendo tendencioso por ser homem, veja essa jovem (aparentemente feminista) dizendo o mesmo sobre o filme:
https://www.youtube.com/watch?v=5uTqR-PUf4Y
The Hunting Ground / EUA / 2015 / Kirby Dick
NOTA: 3.0
NOTA: 3.0
Assinar:
Postagens (Atom)